Força Especial da Marinha escrita por Vlk Moura


Capítulo 24
Marcas


Notas iniciais do capítulo

Oie!!!!!!!!



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Juares começara a me tratar com mais respeito. Eu sabia que era bom, mas ainda assim não era como tratava a Charles, não o mesmo respeito e confiança, eu não gostava, mas nem mesmo o próprio capitão Charles me tratava como uma capitã. Ele estava surpreso, eu entendia, mas eu mereço respeito, sou do mesmo patamar que ambos, mas não vou forçar.

– Como sabia que daria certo? - Juares me perguntou durante um treino.

– Digamos que eu já tenho certa experiência em ataques parecidos - sorri para ele enquanto terminava de fazer um nó e jogava a corda para ele que deveria fazer o mesmo.

– Você é muito nova par ao posto que assume, não acha? Não é muita responsabilidade?

– Nova? - eu balancei a cabeça, a arma em punhos, havíamos mudado de estação - Eu ainda não o superei.

– A quem se refere? - ele atirou e acertou o alvo, o meu tiro saiu meio torto, mas dentro dos limites. Apontei com a cabeça para Charles que acompanhava outro capitão. - Ah... - ele o olhou e depois par amim, agora eram flechas. - O quão bom ele é?

– Um dos melhores, se não o melhor do Brasil. - eu acertei e entreguei o arco a ele. - Por que essa curiosidade?

– Porque vocês dois me surpreenderam. - ele me olhou, acabamos o circuito e nos juntamos aos outros.

Juares esperou até que todos terminassem. Estávamos em um grupo mesclado, muitas mulheres e homens.

– Iremos usar um treinamento que veio do Brasil - olhei o capitão a nossa frente - dois grupos, meninas contra meninos, usaremos paint-ball - eu sorri - Meninas, aquele é o uniforme de vocês, meninos, o nosso. - olhei para a roupa, um short, uma camisa preta, colete e as armas com refil.

– Posso usar uma calça? - perguntei, Charles me olhou. - Shorts me incomodam.

– Não, esse é o uniforme - Juares falou e me olhou analisando.

– Certo. - falei decepcionada. Charles me olhava ainda.

Coloquei a roupa, eu sabia o que faziam, me olhavam, analisavam minhas marcas. Peguei a arma e corri, me juntei as meninas e começamos o jogo. Durou duas horas, perdemos.

Juares nos fez pagar, ainda sujas de tinta laranja, 200 abdominais e 100 flexões, depois todos foram dispensados. Segui para meu dormitório, arranquei a roupa com tanta força que a camiseta rasgou, deixei a água cair e passei as mãos pelas marcas de meu corpo. Com o cabelo ainda escorrendo e pingando um pouco caminhei até o refeitório, um silêncio tomou conta das mesas dos Capitães. Eu sabia o motivo, todos sabiam, apenas me sentei ao lado de um deles, agora eu conseguia me sentar com eles.

– Então - olhei Charles, eramos um dos poucos na mesa - sobre o que falavam quando cheguei?

– Nada - ele me olhou e sorriu, não retribui - Você sabe - ele suspirou - falavam da sua perna.

– Eu sei. - falei fechando os olhos - Sabe que as vezes eu adoro aquelas marcas, mas outras eu simplesmente tenho vontade de arrancá-las fora. - ele segurou minha mão e sorriu.

– Yeva, não, Capitã Yeva - ele sorria da forma mais meiga que sempre me encantava, era raro e quando ocorria eu observava cada músculo seu - você tem de ter orgulho, lembre o motivo de as ter, foi algo épico - eu ri - Sério, não ria assim - ele riu comigo me fazendo rir ainda mais - Você sabe do que estou falando. - confirmei e o olhei diretamente, ele deu tapinhas em meu ombro e sorriu mais uma vez se levantando - Vamos descansar, o treino foi puxado hoje.

Entrei, folheei o que nos foi dado para analise, meus olhos pesavam, mas eu tinha de terminar de ler, bateram a minha porta, olhei sonolenta e com preguiça de levantar.

– Quem é?

– Sou eu. - abri a porta e dei espaço para Charles passar - Como está sendo?

– Oi, estou muito bem e você? Perguntar isso não machuca, sabia?

– Olá, Yeva - ele sorriu.

– Como entrou?

– Os seguranças gostam do meu futebol - deu de ombros e sorriu - Vejo que está trabalhando. - confirmei.

– É para amanhã - ele olhou as folhas e depois me olhou - Algumas coisas eu não estou entendendo, sabe, meu espanhol não é dos melhores.

– Quer ajuda?

– Você poderia?

Ele confirmou, pegou algumas folhas, eu havia marcado as palavras mais difíceis, Charles estava sentado em uma ponta da cama e eu em outra, ele me apontava as folhas e traduzia os sublinhados, no final já era mais de quatro da manhã, as seis eu teria de sair e ele tinha treino as oito. Tinha olheiras enormes e parecia lento demais para qualquer esforço.

– Quer atestado? - ele me olhou e sorriu - Eu consigo um de auxilio ao militarismo e você pode ficar dormindo aqui.

– Você faria isso?

– E ainda mando entregar lá.

– Sério? - ele sorriu e logo bocejou - Irei aceitar.

– Irei pedir um, me levantei, juntei as folhas, peguei a tradução das palavras. O meu uniforme pendurado no cabide do banheiro balançava com o vento que entrava pela janela. Troquei a roupa e o cobri, o jogador já dormia.

Estavam pedindo o atestado, Charles passou por mim, não me questionou, apenas cumprimentou, eu estava cansada demais, agradecia de ter trabalho apenas na parte da manhã, a tarde tentaria dormir um pouco. Mandei que enviassem ao centro de treinamento.

Entrei na sala de reunião, Juares estava sentado em um ponta, Charles ao lado de uma cadeira vazia, alguns outros espalhados pela mesa, me olharam, voltaram-se para o da ponta.

– Licença. - falei e me sentei.

– Yeva - Juares se levantou e jogou a minha frente uma pilha de formulários - Por que não nos informou sobre suas condições?

– Desculpa, sobre o que o senhor está falando? - eu o olhei, não busquei por Charles, por mais que soubesse que ele me olhava.

– A sua... - ele não falou, eu sorri.

– Ah! A marca? - ele confirmou - Porque não era algo a ser notificado - dei de ombros - São restos de uma missão antiga, nada que interfira nesta.

– Será mesmo?

– Viu interferir na anterior?- ele negou - Então...

– Depois iremos falar sobre isso. - confirmei.

A papelada que passei a noite estudando era referente bando que estava roubando os mares, eram formados por mais ou menos 300 homens que roubavam barcos e os trocavam por dinheiro. Estávamos planejando o ataque ao bando.

Saímos após a reunião, fui para o quarto, Charles havia saído, não deixou nenhum bilhete para trás. Troquei a roupa e me deitei, o cobertor parecia algo confortável. Aos poucos caí no sono.

Uma batida firme a porta, levantei e a abri, não reconheci Juares, ele me fitava.

– Ah, você - falei abrindo a porta, ele a fechou em suas costas - Veio falar comigo?

– Com um dos marinheiros que não foi, do contrário não estaria em seu dormitório. - balancei a cabeça concordando, sentei e voltei a me cobrir. - Yeva, sobre sua perna - ele olhou - por que não contou?

– Não faz diferença.

– Claro que faz. - ele falou, eu o olhei - Não podemos ter uma manca em nosso time, você sabe que isso compromete a missão, o que seus superiores tinham na cabeça quando a mandaram?

– Juares, do que você está falando? - eu me ajeitei entre o cobertor e voltei a me encolher friorenta - Você viu que consegui invadir aquele navio, eu não sou manca, nem irei comprometer a missão.

– Yeva, a quem está tentando enganar? Aquela coisa em sua perna é enorme, deve te comprometer em algo.

– Já me recuperei daquilo e foi até por isso que fui mandada, porque já me recuperei por completo, se ainda estivesse comprometida não teriam me enviado.

– Yeva, eu a julgo incapaz de se colocar em nossa missão, pode comanda-la daqui, mas não tem permissão de ir par ao campo.

– Juares! - eu quase gritei, ele não me ouvia - Eu aguentei seu treino como ou até melhor do que os outros, como pode me julgar incapaz da missão?

– Foi minha última palavra.

Ele se levantou ia até a porta, joguei meu travesseiro nele, numa atitude infantil e burra, admito isso, por que eu o fiz?

Ele parou e se virou raivoso para mim.

– Saía desse quarto agora! - ele gritou, ele me puxava ou empurrava, era tão bruto que eu não sei dizer o que era feito - Agora, 50 abdominais - ele falou, eu o olhei tentando entender - Vai! - ele gritou e me empurrou para o chão - 50 flexões - ele colocou o pé em minhas costas. - 10 voltas pela quadra. - eu fiz e apoiei nos joelhos ofegante - Agora, para a piscina.

Eu fui, estava cansada. Mais 50 abdominais, depois 20 flexões, 10 voltas em torno da piscina, parei para respirar. Juares se aproximou de mim e me empurrou na piscina, eu o olhava pela água, voltei desesperada para pegar ar, ouvi alguém entrando, duas pessoas entraram, conversavam ou discutiam, eu não sabia dizer, Juares não os notou ou pareceu não perceber.

– 10 voltas nadando. - ele falou.

– Juares - eu falei ofegando - eu não vou conseguir, estou cansada demais.

– Vai logo! - ele gritou, eu comecei.

A roupa molhada pesava em meu corpo, eu nadava muito lentamente e ele pedia braçadas mais rápidas, eu tentava, meus ombros doíam, meu corpo afundou, eu estava cansada, subi uma vez, ouvia os gritos.

– Ei! Vamos, deixe de preguiça.

– Juares - era o Capitão Charles eu reconheceria seu vulto calmo - Juares! - ele gritou assustando o homem - Ela não vai aguentar mais, deixe-a ir.

– Não, ela me desrespeitou, deve pagar por isso.

– Eu irei falar com ela.

– Char... - eu estava me afogando, meus braços e pernas estavam esgotados - Char... les... - senti meu corpo afundar.

Baques atingiram minha cabeça, levantaram meu corpo e colocaram na beirada.

– Vai chamar um médico - Charles falou.

– E a deixar com você? Não mesmo. - Charles respondeu.

– Não sei se percebeu, mas você é o único que o médico irá escutar.

Um xingamento e passos correndo. Fiquei ali tossindo e tentando abrir os olhos que ardiam. Senti o piso tremer com Charles e o médico ajoelhando ao meu lado, Charles estava do meu lado apertando minha mão. O médico fez todos os procedimentos pós-afogamento, fiquei os recebendo, mas eu estava fraca, acho que sou fraca, começo a aceitar isso, meus olhos se fecharam.


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Notas finais do capítulo

Demorei, mas postei =3