POV Ally

- Me explica tudo desde o começo. - Estávamos na casa do Dez arrumando o quarto dele (o único lugar da casa em que a Miranda não tinha entrado e limpado por dizer ser um espaço mais pessoal, mas eu acredito que seja o medo dela de achar algo no quarto dele que provavelmente provocará problemas futuros em sua sanidade mental).

- Quer saber de tudo mesmo Dez?

- Claro que sim, eu tenho que ser uma pessoa bem informada.

- Bem, a Tilly invadiu o apartamento do Austin e...

- Espera, que Tilly? Não é aquela estrela famosa de Hollywood que namorou ele durante um tempo?

- Ela mesma. - Ele ficou meio espantando mais depois deu um enorme sorriso e fez um tipo de reverência para eu poder continuar.

- Prossiga My Lady.

- Ui, que chique! Virei lady agora. - Comecei a rir e depois me sentei na cama (já arrumada) com ele ao meu lado. - Enfim, ela invadiu o apartamento dele, não sei como, o drogou e depois me mandou uma mensagem se passando pelo Austin dizendo que queria terminar tudo, o que eu acho que foi só para eu ir até lá e ficar magoada acabando mesmo com o nosso relacionamento. Agora ela está na cadeia ou delegacia, mas o que eu queria mesmo é que ela estivesse em uma daquelas cadeiras de tortura sabe? Seria bem melhor.

- Como você fez para denunciar ela? Tipo, você ligou para policia e explicou que tinha uma cobra na cama do seu homem?

- Na verdade eu armei um plano e depois bati nela com uma frigideira.

- Uma frigideira? - Ele sorriu debochadamente e depois começou a rir baixinho. - Não tinha uma panela de pressão não? Daquelas bem grandes? Seria bem melhor.

- Eu não queria matar ela ou causar qualquer tipo de sequela nela né bobão. No máximo uma amnésia ou uma dor de cabeça das fortes.

- Continue a história.

- Depois disso eu chamei os seguranças do apartamento dele que a levaram para uma delegacia, mas agora eu não sei o que vai acontecer.

- Resumindo, a louca da Tilly invadiu o apartamento do Austin e para tentar fazer um surubão com ele?

- Mais ou menos isso, só que sem a parte de envolver outras pessoas, só os dois mesmo.

- Que louco. Isto é tão estranho quanto eu já ter pego a Angelina Jolie.

- E você já pegou?

- Claro que não, por isso eu disse que é estranho. - Ele riu ainda mais e eu também. - Mas você sabe que não vai demorar muito até pelo menos metade do planeta ficar sabendo o que aconteceu, não sabe?

- Como assim?

- Minha querida e bobinha amiga com a cor de cabelo não definida, - mostrei a língua para ele neste momento - ela é famosa, óbvio que a mídia vai ficar sabendo e cairá em cima dela a pedido de respostas.

- Mas ela não vai ser boba de contar, vai acabar pagando um mico e feio.

- Talvez. - Lembrei imediatamente do Austin.

- Eu queria tanto não contar ao loiro o que aconteceu, até por que ele foi vítima disso tudo.

- Calma ai, você não contou a ele nada do que aconteceu ainda?

- Não. Primeiro que ele estava mal e segundo, acho que seria uma perda de tempo contar isto a ele.

- Confiança acima de tudo mi amore. Vocês devem ser fiéis um com o outro, sem segredos em uma relação, então conte tudo a ele.

- Não acredito que quem está me dando dicas é você. Quem te viu quem te vê em ruivo.

- Sabe, namorar não é tão ruim quanto eu pensava.

- Sério?

- É bem pior. - Comecei a rir de sua observação. - Não, não, estou brincando. É bom estar em um relacionamento sério, faz você amadurecer.

- Não acredito que estou ouvindo isto de você. Só posso estar sonhando.

- Você está bem acordada querida.

- Então chamem os jornalistas por que preciso avisar a eles que o mundo está acabando. - Ele jogou um travesseiro na minha cara enquanto eu ria loucamente.

- Agora vai, me ajuda a escolher uma roupa.

- Tudo bem. - Ele começou a me mostrar algumas roupas de seu closet enquanto eu fazia sinal de aprovação ou reprovação com os dedos. Algumas blusas ele simplesmente ignorava, até eu me levantar e procurar algo. Como eu sabia que sua mãe era uma mulher elegante e não muito exagerada, resolvi pegar uma blusa branca polo para ele juntamente com uma calça jeans preta e um sapato social.

- Aqui, simples e perfeito.

- Você quer que eu combine com as suas roupas acertei? - Olhei para minha saia e minha blusa e vi que as cores eram parecidas.

- Tanto faz, agora vai logo tomar um banho.

- Tudo bem, já volto. Tente não quebrar nada enquanto tomo meu banho.

- Vou tentar.

Ele entrou no banheiro e eu deitei em sua cama novamente pensando em algumas coisas. Eu ainda teria que contar ao meu pai sobre a faculdade de música e não sei ao certo como ele vai reagir, até por que nem fiz o teste ainda. Além de que, ele ainda acha que eu estou com o Elliot e se eu contar que estou com outro provavelmente vai ficar meio chateado já que o Elliot era como se fosse um filho ou mais especificamente um genro para ele...

- ALLY! - O ruivo me tirou completamente de meus devaneios.

- O QUE FOI DEZ? - Levantei-me rapidamente da cama e me aproximei da porta do banheiro.

- Esqueci de pegar uma cueca, pega uma para mim?

- Me recuso a pegar uma peça intima para você, principalmente uma que você usa para cobrir este bagaço.

- Pega logo sua bobona.

- Ok. - Relutantemente abri o closet do Dez e fui diretamente até sua gaveta de cuecas e meias. Acebei encontrando no meio daquelas peças uma calcinha vermelha e ri tanto que fiquei vermelha como  um tomate. A peguei juntamente com uma cueca preta. Aproximei-me do banheiro e bati lentamente.

- Ally?

- Já está em mãos. - Ele abriu a porta, mas só estendeu a mão para mim e eu como uma ótima amiga (lê-se isso com sarcasmo) estendi as duas peças a ele.

- Obrigada Ally, você é... QUE MERDA É ESSA?

- É a calcinha que estava em sua gaveta.

- Ah isso...

- É da Trish né? - Comecei a rir ainda mais.

- Ela deixou ai e acabou levando uma de minhas cuecas vermelhas por que ela disse que achava bonitinha.

- Vesti logo sua cueca homem, já sei que você não é tão gay a ponto de querer vestir calcinhas.

- Nossa, obrigada pela compreensão.

- De nada fofo. - Sorri ironicamente mesmo sabendo que ele não podia me ver de lá de dentro.

Alguns instantes depois ele saiu do banheiro já vestido, secando os seus curtos cabelos. Peguei o perfume dele e quase derrubei o produto inteiro em cima dele, para quando sua mãe chegasse ele ficasse totalmente apresentável. Ele arrumou os cabelos e depois se olhou no espelho dizendo que estava totalmente gostoso. Humildade acima de tudo...

Descemos as escadas e vimos a Miranda preparando um almoço especial e delicioso para nós. Aquilo estava  com um cheiro tão bom que eu provavelmente devoraria tudo... Ela olhou para mim com se soubesse que eu estava com fome e deu uma piscadinha singela que eu retribui sorridente.

Quando decidimos sentar no sofá o interfone tocou anunciando a chegada da mãe do Dez e foi ai que ele surtou de vez.

- Ally, minha mãe! Socorro! Eu estou apresentável? E se ela não aprovar o que eu quero fazer? E se ela me internar? E se...

- "E se" nada! Se acalma ruivo, vai dar tudo certo.

- Que ela te ouça e que você esteja certa.

Sorri para ele e tentei reconfortá-lo botando a mão em seu ombro. Ele ficou mais calma, mas ainda o sentia um pouco tenso. Quando a porta se abriu até eu mesma fiquei um pouco tensa.