Entre Cobertores E Chocolate Quente escrita por ohhoney


Capítulo 1
Entre Cobertores e Chocolate Quente


Notas iniciais do capítulo

OE MINNA! Essa do Kagami eu escrevi duas da manhã, morrendo de sono. Espero que gostem e perdoem os possíveis erros de português, apesar de eu ter corrigido umas duas vezes.

Como eu tinha dito para Anna Nyan, AliceB e Axel Grimm, AQUI ESTÁ! Pra vocês ♥ Não me matem se ficou muito ruim, ok?

PS: menção à história Entre Latidos E Xícaras de Chá



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Aquele ruivo não fazia parte da Geração dos Milagres, o que na verdade era uma surpresa. Com seu 1,90m, a força tremenda e o talento puro, o tigre dava medo em qualquer um.

Kagami Taiga tinha todas as qualificações para se tornar um membro da Geração dos Milagres, mas não se tornou um. Infelizmente, agora ele estava morrendo de tédio, sentado na cadeira da praça de alimentação só ouvindo aquela menina chata falando. Na verdade, Kagami nem prestava atenção, somente olhava ao redor e se fingia interessado de vez em quando.

-Ah é? Que legal – ele murmurou depois que a garota começou a rir.

Ele sabia que não deveria ter deixado Kise arranjar uma garota para ele. O loiro dissera que todos da GdM estavam namorando (inclusive Aomine!), portanto o ruivo deveria arranjar uma garota também. Kagami se perguntava se deveria bater em Kise ou arrancar fora as próprias orelhas naquele momento. Ele decidiu que faria os dois.

-Você está se sentindo bem, Kagami-kun? – a garota perguntou, virando a cabeça de lado e abaixando o doce que comia. O doce que ele tinha pagado.

-Ahn? – ele ergueu o olhar ao perceber que foi chamado.

-Está se sentindo bem? – ela parecia preocupada.

-Estou, estou... Talvez um pouco cansado, tive treino do basquete hoje e a técnica não perdoou.

-Ah, entendi.

Kagami tinha topado sair com aquela menina. Foram ao cinema e agora terminavam de jantar na praça de alimentação do shopping. Lá estava cheio de casais sorridentes e a conversa fluía solta. Não era muito tarde, mas estava bem frio naquela noite. A garota era a pessoa mais chata que o ruivo já conhecera; era bonita, sim, mas nada além disso. Ela era totalmente vazia e fútil. Kagami procurava alguém de conteúdo, muito difícil de achar naqueles dias. Além do mais, não vestida com uma sainha de algodão para mostrar as pernas quando está 7 graus do lado de fora. Garotas podem ser estilosas e estarem quentinhas, ele pensava.

Não muito longe dali, outra garota também queria arrancar fora as orelhas. Ela estava quase morrendo naquela mesa, tentando não dormir na frente do garoto com quem tinha saído. Ele era muito chato e não tinha o menor senso de humor. Ela ainda não compreendia como conseguiu aceitar o convite daquele cara. Ele era rude e grosseiro, machista e não parava de falar de si mesmo. A garota já estava ficando louca com a quantidade de “eus” que o garoto soltava. Ok, ele era bonito e fazia o estilo badboy, o que ela gostava, mas fora isso era uma total decepção para a garota.

Kagami apoiou o queixo na mão direita e continuou varrendo o local com os olhos. Todo mundo ali parecia entediante. Um homem preparava sushis na esquerda. Uma moça entregava um copo de suco na direita. Kagami bocejou e semicerrou os olhos, ainda ouvindo a garota falar mais alguma coisa pela qual ele honestamente não se interessava. Os olhos do garoto pousaram num outro garoto da sua idade, mais ou menos longe de onde ele estava. Ele era alto e forte, cabelo preto e falava sem parar. Na frente dele, praticamente deitada na mesa, provavelmente a garota mais bonita do shopping inteiro olhava para ele. Taiga sentiu os pulmões se contraírem e o ar sair num jato. Seus olhos se arregalaram e sua cabeça escorregou de sua mão.

Com o coração disparado no peito e a adrenalina a toda no sangue, Kagami desviou o olhar rapidamente e voltou a encarar a garota que sentava no banco a sua frente. Ela sorriu gentilmente e continuou falando. Ele queria olhar para ela de novo. Virou a cabeça rapidamente, e viu que aquela garota olhava para o cara em sua frente mexendo suas mãos nervosamente. Um segundo depois, os olhares se cruzaram de novo. Taiga mordeu o lábio e virou a cabeça de novo. Agora ele tinha certeza: era a garota mais bonita do shopping inteiro.

Kagami olhou de novo. Dessa vez, os olhares se prenderam. O ruivo tratou de respirar fundo para não desmaiar de falta de ar. A garota que ele olhava tinha cabelo médio de um verde-azulado, grandes olhos da mesma cor e vários anéis nos dedos das mãos. O cabelo estava meio preso, e contrastava com o elegante casaco preto de botões prata que usava. Ele observou a garota sussurrar alguma coisa para o garoto na frente dela e levantar-se. Como um instinto, Kagami levantou-se também, apoiando as mãos na mesa e arrastando a cadeira para trás, sem desgrudar os olhos dos dela nem por um segundo.

-Kagami-kun? – a acompanhante do ruivo perguntou, olhando para seu rosto.

-E-Eu... – ele tentou falar, vendo que a outra garota ainda mantinha os olhos nele e andava para longe da mesa. Ele precisava falar com ela – E-Eu tenho que ir ao banheiro. Já volto.

E saiu sem nem olhar para a cara da garota. A outra estava mais para frente naquele corredor, e frequentemente virava para trás para ver se o ruivo a seguia. E ele seguia. Ela parou no caixa de uma sorveteria e pediu um de chocolate. Kagami estagnou no meio do corredor um pouco mais para trás. A garota esperou seu sorvete ficar pronto enquanto batia nervosamente os dedos no balcão. Os pés de Taiga foram para frente no momento em que uma moça entregava o doce nas mãos da verde-azulada. Quando ela se virou, deu de cara com o casaco preto do ruivo e soltou um pequeno grito ao ver a sua bola de sorvete rolar chão abaixo.

-Desculpe, desculpe...

-Ah, mas que merda.

-Desculpe, de verdade, eu... – Kagami esqueceu por um segundo o que estava falando ao ver a garota levantar a cabeça e o olhar nos olhos – Eu compro um novo pra você.

-Não precisa, deixa pra lá – ela sorriu sem graça.

Kagami já tinha posto uma nota no balcão e pedia outro sorvete. A garota mordeu o lábio enquanto olhava para cima. Ela era muito pequena perto dele, batia aproximadamente em seu peito.

-O-Obrigada.

-Não há de que, sério. – Kagami sorriu desajeitado – Mas me diga, não está um pouco frio para tomar sorvete?

-Não brinca! Nunca está frio demais para tomar sorvete. – a garota enfiou uma mão no bolso e esticou a outra – Prazer, Ono Hiyori. – sorriu.

-Kagami Taiga – ele apertou a mão dela, mesmo que a sua estivesse tremendo um pouco. Com a outra, pegou o sorvete e entregou a ela.

-Taiga? – a garota franziu as sobrancelhas, rindo um pouco.

-É – coçou a cabeça mecanicamente.

-Soa como tiger. Tigre em inglês. – ela sorriu.

-Vem daí mesmo.

–Tiger. Eu gosto disso – e lambeu um pouco de seu sorvete.

O tigre não sabia como continuar o assunto, só sabia que queria conversar mais com ela.

-Você... Você quer dar uma volta?

O coração de Hiyori quase pulou do peito e caiu no chão ao lado da bola de sorvete. Desde o momento em que pôs os olhos naquele ruivo alto, sabia que ele era muito mais interessante do que aquele moreno chato com quem tinha vindo.

-Eu quero, mas tenho que me livrar de um cara antes. Me encontra na frente da loja de calçados daqui cinco minutos.

-Ok.

Os dois voltaram a suas mesas. Kagami desculpou-se com a garota chata, dizendo que teria que ir embora, mas que a acompanharia até a saída se preciso. Ela aceitou e lá ela foi pela direita enquanto ele foi pela esquerda. Esperou a menina se distanciar e voltou correndo para o shopping, parando na frente da loja de calçados e aguardando ansiosamente.

Olhava os modelos de tênis quando viu a verde-azulada parada ao seu lado. Além do casaco preto de botões prata, ela vestia um shorts com meia-calça e botas da mesma cor, e uma bolsa vermelha pendurada no ombro. Kagami não tinha a menor noção de como se comportar perto de uma garota.

-Você parecia morrendo naquela mesa – ela comentou, terminando seu sorvete – Aquela garota era tão chata assim?

-Nem me fale – enfiou as mãos nos bolsos – Nunca vi pior. Ela fala de um jeito estranho, cheio de “né?” e “tipo”.

-Imagino então que não deva ser sua namorada – ela riu consigo mesma e ofereceu o sorvete ao garoto – Quer? Pode ficar.

-Obrigado – ele aceitou – E não, pelo amor de Deus. Ela era bonitinha, mas não tinha muito senso de moda – lembrou-se da sainha de algodão e estremeceu.

-E você acha senso de moda importante?

-Claro! Não tem nada mais decepcionante do que uma menina mal vestida.

-Que sorte que sou estilosa então! – e riu – Quer dizer, eu acho.

-É sim, não se preocupe – Kagami olhou para o outro lado, meio envergonhado.

-Vamos andar? – Hiyori virou-se de costas e o olhou pelo ombro – Ou vai comprar algum desses tênis?

-Se bem que eu preciso de um par novo...

Kagami e Hiyori deram algumas voltas no shopping conversando banalidades.

-Aquele cara que estava com você... – a pergunta estava entalada na garganta do ruivo.

-Um chato – ela o interrompeu – Não sei por que ainda aceito conselhos da minha prima, honestamente.

Kagami franziu as sobrancelhas para a garota.

-A vadia da minha prima disse que aquele cara queria sair comigo, e ele era bonitinho, então aceitei. Só que, caramba, que cara insuportável! – ela balançava a mão enquanto falava. Taiga achava isso uma mania muito fofa – Nunca vi mais machista, e eu odeio caras machistas.

-Que sorte que não sou – o ruivo gabou-se. Hiyori não podia querer mais.

-Esse encontro foi um fiasco. Ainda bem que você apareceu, Taiga, senão juro que teria arrancado fora minhas orelhas. – e tocou de leve o braço dele com seu cotovelo, olhando para baixo.

-Eu também estava chegando nesse nível. Você salvou minha noite. – desviou o olhar. Hiyori achava legal como ele não tinha jeito com ela.

Pouco a pouco, as lojas começaram a fechar e as pessoas iam embora. Quando não havia mais ninguém naquele piso, Kagami sugeriu que fossem dar uma volta no parque na frente do shopping. Colocando seu cachecol vermelho no pescoço, Hiyori aceitou e os dois foram andar por entre o chão congelado e o vento cortante.

-Desculpe, não sabia que estava tão frio aqui fora. – Kagami desculpou-se ao ver a garota encolher-se dentro do casaco por causa da brisa congelante.

-Ah, relaxa. – ela esfregou o nariz no tecido vermelho – Eu gosto de frio.

Toda vez que falavam, uma pequena nuvem se condensava a frente. Estava realmente frio aquela noite.

-Também gosto de frio. Mas é ruim quando se mora sozinho.

-Pois é, o ideal é ter alguém pra ficar agarradinho em baixo do cobertor.

Hiyori, Kagami notou, era bem direta. A garota tinha feito de tudo para mostrar que tinha se interessado pelo ruivo, e esperava ansiosamente por um sinal de correspondência.

-Vendo aquele programa idiota da meia-noite e tomando chocolate quente. – ele respondeu, tentando ser direto também – Depois ir dormir em baixo de cinco cobertores e acordar morrendo de calor.

-Parece que você já fez isso antes, imagino? – a voz da garota soou meio triste, apesar de ela tentar esconder ao máximo.

Kagami simplesmente riu enquanto chutava uma pedrinha.

-Quem dera... – olhou para os olhos brilhantes da garota – Como se alguma garota fosse se interessar por um cara como eu.

-Sempre tem alguém, Taiga. – Hiyori divertia-se soprando o ar e vendo as nuvens se formando.

O caminho de terra congelado por onde passavam era suavemente iluminado por uns postes baixos. De cada lado, a grama estava coberta de geada e os bancos de madeira pareciam congelados. As árvores sacudiam levemente e algumas folhas caíam pelo caminho. O único barulho era o da conversa e das folhas tremelicando. Kagami estremeceu ao sentir algo gelado em seu nariz. Olhou para cima, e viu que pequenos flocos de neve caíam do céu lentamente.

-Está nevando – Hiyori esticou a mão e deixou que alguns pequenos flocos se acumulassem lá – Que droga, esqueci minhas luvas.

-Pode usar – Kagami entregou as dele. Hiyori as vestiu, vendo que eram o dobro das mãos dela

–Ficou meio grande – riu um pouco – Mesmo assim, obrigada.

–De nada.

Kagami não conseguiu deixar de reparar o quão bonita Hiyori ficava enquanto era cercada por floquinhos brancos, enrolada em seu cachecol e com a ponta do nariz vermelha. Ele sentia vontade de ficar perto dela não importasse o que. A garota não conseguiu controlar a vermelhidão nas bochechas ao ver que o ruivo a olhava com curiosidade. Só voltou a realidade quando recebeu uma mensagem no celular.

This bitch, oh my god, I’m gonna kill her. – ela resmungou enquanto tentava digitar em seu celular.

–Você fala inglês? – o garoto perguntou, surpreso.

–Claro que falo! – ela fechou o celular depois de mandar a mensagem – Eu tenho internet, sabia? – sorriu de lado.

–É meio raro achar alguém que fale inglês por aqui.

–Você fala?

–Eu morei praticamente minha vida toda nos Estados Unidos. – afastou um floco do nariz - E quem é a vadia?

–Minha prima, a mesma que me arranjou o maldito encontro.

–Falando nisso, tenho que matar um loiro filho da mãe. Ele também me arranjou aquele encontro de merda.

Hiyori riu, e Kagami riu da risada dela. Continuaram andando pelo parque em meio à neve que caía. Kagami quis oferecer seu casaco à garota, mas ela se recusou a pegar e simplesmente agarrou o braço dele.

–Você é grande e forte, que nem um tigre. – ela observou, apertando ainda mais o braço dele – Tem a ferocidade de um também, consigo sentir. Seu nome lhe cai muito bem. Tigre. Tiger. Taiga.

Kagami não sabia o que responder, estava vermelho até as orelhas. Ela era incrível e sempre falava o que pensava, era forte, objetiva e determinada. O olhar dela incendiava que nem uma fogueira. Incendiava o peito de Kagami e o apagava, somente para tocar fogo mais uma vez. Taiga a dava arrepios; mas arrepios dos bons. Ficar perto dele era o mesmo que ficar ao lado de um animal selvagem, ele era quente e grande, transmitia segurança e conforto. Hiyori se pegava pensando em como seria bom assistir programas idiotas da meia-noite tomando chocolate quente em baixo da coberta agarradinha com Kagami. É, definitivamente parecia bom.

Não muito longe dali, um sino tocou, anunciando a meia-noite. Hiyori quase pulou de surpresa, pegando o celular para conferir o horário.

–Caramba, já está tarde! Eu tenho que ir para casa – anunciou.

–Eu te levo até lá – o ruivo ofereceu.

–Ah, obrigada mesmo, - ela soltou uma risadinha simpática – mas eu moro longe. Tenho que ir de trem. O último sai meia-noite e vinte. Tenho que ir para a estação.

Kagami mordeu a língua para não sugerir que ela ficasse essa noite com ele. Eles tinham acabado de se conhecer e não parecia apropriado.

–Melhor corrermos. – falou no lugar.

A estação, por sorte, não ficava longe. Em cinco minutos correndo pela rua coberta de gelo e deserta, estavam lá. O trem estava parado com as portas abertas. Hiyori correu e comprou a passagem, parando na frente da porta do transporte, encarando Kagami.

–Gostei de sair contigo, Taiga. Vamos sair de novo – sugeriu.

–C-Claro. Quando?

–Fim de semana que vem. Estou livre no sábado à noite.

–Vamos ver um filme. Sabe onde fica o cinema?

–Sei. Te encontro lá às sete. Depois jantamos em algum lugar.

–Ok.

Trocaram telefones rapidamente e a garota entrou no trem junto de mais três pessoas. Ela acenou da janela enquanto ia embora. Kagami sentiu um aperto no estômago. Não era fome.

____


-Como você pode estar apaixonado por uma menina que você só viu uma vez na vida e falou por umas poucas horas? – Kuroko tomou mais um gole de seu milk-shake. Ele e sua luz estavam na lanchonete de sempre.

-Se eu soubesse, não teria te perguntado! – Kagami enfiou um hamburger na boca.

-Você está apaixonado por ela, Kagami-kun?

-Eu já disse que não sei! – o ruivo apoiou a cabeça na mão e olhou para o nada – Ela é demais, quero ficar com ela. Naquela noite, ela me mandou uma mensagem dizendo que tinha ficado com as minhas luvas, e depois a foto de uma caneca com chocolate quente.

-Chocolate quente?

-Longa história. – suspirou – Acho que ela gosta de mim também, você deveria ter visto as indiretas bem diretas que ela mandou.

-Ué, então fala pra ela que você quer ficar com ela. Não parece tão difícil.

-Então fala pra tal da sua “Mai-san” que você quer ficar com ela também!

-N-Não é tão simples... – Kuroko desviou o olhar – Eu tomei coragem, mas na hora não consegui.

-Viu? É mas difícil do que parece.

Kuroko sugou mais uma vez o canudo e suspirou.

-Vou ver se falo com ela. Kise-kun estava combinando com o pessoal de sairmos todos nós, e falou para te convidar também. O pessoal vai levar as garotas. Kise disse que temos apresenta-las propriamente. Chamo ou não chamo a Mai-san?

-Chama. Eu vou chamar a Hiyori. Vamos sair amanhã, eu e ela.

Os dois se despediram. Kagami mandou uma mensagem para a azul-esverdeada falando que queria ver o filme novo. Ela concordou. Ele disse que iria busca-la na estação ao invés de esperar por ela lá. Hiyori ficou feliz com a notícia. Os dois adoravam se provocar por mensagem.

-Te trouxe uma coisa – a garota anunciou logo que saiu do trem e encontrou com o garoto.

-O que é?

-Aqui. – esticou a mão e o entregou uma sacola branca – Vi isso e logo pensei em você. – abafou uma risadinha.

Kagami suspirou e abriu a sacola. Desembrulhou o papel e corou violentamente, fazendo uma careta de surpresa. Hiyori caiu na risada.

-QUE ISSO?!

-Eu disse que pensei em ti quando vi.

Kagami enfiou a mão na sacola e de lá tirou uma cueca com estampa de tigre. O ruivo não sabia onde enfiar a cara.

-Eu tive de comprar, desculpe.

-O-Obrigado pelo presente. – ele fez mais uma careta e colocou a cueca na sacola.

-Não precisa mentir, sei que você odiou. Mas tudo bem, se você não quiser, eu fico com ela. Posso pregar no meu mural ou...

-R-Relaxa. - o ruivo se sentia péssimo por não ter comprado nada para Hiyori.

No cinema, Taiga estava louco para roubar um beijo da garota, mas ela parecia tão entretida com o filme que achou melhor deixar pra lá. O filme todo ela ficou encostada no peito do ruivo, enquanto um braço dele a cercava. Para compensar o presente que recebeu, Kagami pagou o jantar num pequeno restaurante e o sorvete de depois. Já era tarde quando foram passear no parque mais uma vez. Nevava de novo.

-Ah, esqueci de devolver – a garota remexeu sua bolsa e achou as luvas grandes – Obrigada de novo. Hoje trouxe as minhas – e mostrou um par pequeno.

-Mas esqueceu o cachecol – ele reparou, apontando para o pescoço nu da garota. Ela usava um colar com um pequeno leão na ponta.

-Pois é. Mas tudo bem, não estou com... Com... – ela espirrou duas vezes.

-Eu disse que estava frio demais para tomar sorvete.

-Nunca está frio demais para tomar sorvete.

Kagami desenrolou seu próprio cachecol e o passou no pescoço da garota. Ele afagou o cabelo dela, desprendendo-o. Segurando o rosto dela entre o polegar e o indicador, roubou um beijinho. Hiyori quase caiu dura para trás de tamanha surpresa.

Apesar do vento, Kagami se sentiu quente. A neve caía ao redor dos dois pacificamente, acumulando-se nos galhos de árvores acima de suas cabeças. Hiyori estava levemente corada nas bochechas. Em algum lugar ali perto, uma música suave começou a tocar.

-Que música mais legal – a garota olhou ao redor tentando descobrir de onde vinha. Qualquer coisa para esconder o rosto.

-Vamos dançar.

Em pleno parque, Kagami colocou uma mão na cintura de Hiyori e pegou a dela com a outra. Ele a puxou para perto e a posicionou em cima de seus pés, assim diminuindo um pouco a diferença de altura. Ela ficou na ponta dos pés, o nariz batendo no queixo do garoto. Taiga começou a andar e girar suavemente, a mão da garota apertava levemente seu ombro. Os olhos vermelhos do garoto estavam escuros pela falta de luz, mas brilhavam como se houvesse um poste logo ali. Ela afastou a franja dele e sorriu suavemente ao roubar mais um beijinho dele. O ruivo a apertou mais forte e fez uma careta quando ela pousou as mãos geladas em seu pescoço.

Taiga caminhou até uma das árvores e a colocou de pé em cima da raiz, fazendo a garota ficar da altura dele. Hiyori tinha os braços ao redor do pescoço do ruivo, e encolhia-se atrás do cachecol. Kagami foi para frente de novo e beijou a bochecha da garota. O garoto deu pequenos beijos até chegar na boca dela. Ela apertou os rostos, sentindo os lábios quentes do garoto em contraste com os seus frios. Kagami estremeceu e sussurrou:

-Seu nariz está gelado – riu um pouco. O nariz de Hiyori encostava na bochecha dele quando se beijavam.

-O seu também – ela sorriu de volta, colando a boca na dele de novo.

Assim, todo fim de semana Hiyori pegava o trem, e todo fim de semana ela e o tigre se encontravam, assistiam programas idiotas da meia-noite com uma xícara de chocolate quente agarradinhos no sofá e dormiam em baixo de cinco cobertores, acordando morrendo de calor.


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Notas finais do capítulo

Como eu tinha dito pra alguém e para a Axel Grimm, em breve sai uma contando esse episódio de todos saírem juntos, que tal? Acho que vai ser bem legal de escrever. Espero que tenham gostado ♥

Ok, esse sim é o capítulo final. Então chorem comigo T-T