O Outro Lado do Livro escrita por Mirela


Capítulo 5
Continue a nadar...


Notas iniciais do capítulo

Ooi ooi ooi!!
Emily sabera a verdadeira dor neste capitulo.
Sabera o que é sentir medo, o que é não ter esperança. Mas, no escuro sempre tem um "continue a nadar"

Espero que vocês gostem, beijos da autora :*



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Sinto alguém abrir meu olho, uma enorme luz branca invade minha visão. A luz vai embora, então consigo ver um homem, vestindo branco, que observa de baixo dos meus olhos e minha boca.

Não sei o que está acontecendo.

Todos estão tão apressados.

Estou numa maca, logo sei.

Tento olhar para os lados, para cima para baixo, mas não consigo movimentar minha cabeça, então tento meus olhos. Mas o que vejo é muitos enfermeiros ao meu redor.

Me sinto fraca, sem poder movimentar nada.

– Emily... – uma voz tremula invade o mundo que está ao meu redor.

Quem é? Penso.

Sua mão toca a minha. Mas não vejo seu rosto. Não sinto sua respiração longe de mim... Nada.

Começo a passar meus dedos gelados em sua mão suave e quente. Observo suas veias que saltitam cada vez mais forte. Depois comecei sentir suas pequenas imperfeições, como a linha da vida, do amor, seus pequenos riscos. Sua unha curta. Seu calor.

Quando tento dizer algo para está pessoa que está se preocupando tanto comigo, ela se afasta, tira a mão da minha, e sai.

Me levam numa sala escura, com pouca luz.

Um médico cobre meus olhos com seu rosto.

– Oi mocinha. – diz ele enquanto acaricia meus cabelos – Como você está se sentindo.

– Enjoada. – digo com a voz embargada e seca.

– Enjôo é ruim, né? – ele faz uma cara de nojo, fechando um dos seus olhos azuis piscina.

Balaço a cabeça positivamente. Não estou com muita vontade de conversar. Sinto que a qualquer momento vou desmaiar, ou até mesmo vomitar.

– Então, me conte sobre sua família. Aquele lá fora é seu irmão?

– Quem?

– O que segurava sempre a sua mão. – enquanto conversava comigo, ele lia o meu relatório, e fazia sinais para as enfermeiras e enfermeiros..

– Ele é sim. – digo ainda muito fraca.

– Me diga como ele é.

– Cabelos pretos – me engasgo com minha própria saliva – olhos pretos, alto, bonito.

– Ele se parece com você? – vejo uma agulha em suas mãos.

– Não...sou adotada...

– Então eles devem te amar mais ainda, né?

– Por quê? – o olho estranhando.

– Bom, por que você foi escolhida á dedo, e esperaram mais do que o norma.

Penso em suas palavras...

– Agora Emily, conte de 10 á 1, consegue?

– Aham.

Ele enfia a agulha em um fio que vai até mim.

– Dez, nove, oito, sete – minha voz começa á ficar fraca e sem conteúdo – seis, cinco...

Vejo tudo escurecer...

***

Abro os olhos.

Ao invés de ver muitas luzes em mim, observo que estou no quarto do hospital. As paredes todas azuis, e os móveis de lilás.

Agora já conseguia mover meu rosto.

Vi Matt sentado numa poltrona bege á alguma distancia de mim. Ele lia um livro da escola, provavelmente.

– Que bom que acordou minha querida. – disse Jenna me dando um beijo na testa.

– Estou no hospital? – faço a pergunta mais obvia da face da Terra, mas não sei o que dizer.

– Sim. - Matt vem ao meu encontro e acaricia meu rosto com sua mão – Se sente melhor?

– Acho que sim. Que bom que está aqui Jenna. – falo á olhando e tocando em sua mão. Ela retribui o meu sorriso.

Olho para o relógio e me assusto com as horas.

– Já é sete horas? Mas e á festa? – pergunto me alterando, a festa que teria hoje com a sua famili... quer dizer, a nossa familia!

– Não se preocupe com isso meu anjinho. A gente faz outro dia. – seus lábios encontram minha testa.

Ouço um bater de porta, e logo vejo o médico anterior.

– Ooi. – fala ele em sussurro – Como você está?

– Melhor. Aquele enjôo horrível passou.

– Que bom. Bom, posso falar com vocês dois. – ele aponta para Jenna e Matt.

– Claro. – diz Jenna – Já voltamos meu amor. – ela me da um beijo na testa, e vai com o doutor e o Matt para fora do quarto.

Paro para pensar nas lindas palavras do doutor: “- Então eles devem te amar mais ainda, né?

– Por quê? – o olho estranhando.

– Bom, por que você foi escolhida á dedo, e esperaram mais do que o normal.”

Então eles me amam muitooo.

Não sei se consigo chamar Jenna de mãe... mas acho que vou tentar, bem, ela é minha mãe.

Antes que imagino, eles voltam.

Observo entre os dois, e não vejo Jenna.

– Onde ela está? – pergunto olhando entre eles.

– Quem? – pergunta Matt seguindo meu olhar.

– Jenna.

– Ela foi dar uma passadinha no banheiro.

Observo seu rosto abalado e abatido.

– O que houve? – pergunto.

Ele chega perto de mim e segura a minha mão.

– Vamos esperar nossa mãe chegar.

Sei que não é coisa boa que está acontecendo.

Minha respiração fica agressiva, mas tento me acalmar.

Depois de alguns minutos Jenna chega no quarto. Em uma das mãos, segura um lenço branco.

– Agora me digam o que está acontecendo comigo?!

Mas não tem resposta. Os três ficam calados.

– Falem! – me altero.

– Você precisa ficar calma. – diz Matt, massageando de leve minha mão.

– Acho que devo ir direto ao ponto Emily. – se pronuncia o médico vindo até mim – Você está muito doente.

– Ta, mas, que tipo de doença?

– Emily... Minha querida, você adquiriu câncer.

– Que? – digo ao tom de um riso.

Olho para o lençol que estou mexendo com os dedos trêmulos. Sinto lagrimas escorrendo de meu rosto. Lagrimas que não consigo segurar, que não consigo explicá-las.

– Mas estamos ao seu lado, e sempre estaremos. – sorri Jenna, segurando minha mão com força.

Eles vão estar ao meu lado, mas... Não podem parar isto...

– Posso ficar sozinha, por favor? – digo com a voz tremula, ainda olhando para o lençol, que agora amasso em minhas mãos.

– Claro meu anjo. – diz Jenna se retirando junto com o doutor, mas Matt permanece ali.

– Quero ficar sozinha, Matt.

O olho.

Minha visão já esta embaçada. Mas ainda consigo ver seu rosto abatido.

– Sei que não posso mudar o que é – começa ele – mas sei que posso te ajudar á passar por isso.

– Ninguém pode me ajudar á passar pela morte.

– Mas pela vida sim!

Fico sem palavras...

– Sei que a dor não vai mudar! Sei que o medo não vai sumir! Mas sei que eu te amo muito, e que eu vou estar sempre ao seu lado.

Olho para o lençol. Penso em suas palavras.

– Por que Matt? Por que quando eu estou feliz tudo desmorona? – o olho.

Ele corre para me abraçar.

Desabo em seus braços.

Depois de passar um tempo no hospital, vou para a casa.

Minha casa não é mais a mesma. Sinto tudo tão vazio, e escuro.

Matt me leva até o meu quarto.

– Quer algo? – pergunta ele.

– Quero ficar sozinha, por favor. – digo ao sentar na cama.

Fecho a porta e me jogo na cama.

Por que isso tinha que acontecer? Por quê? Por quê?

Nunca fumei, nunca bebi, nunca cometi um só erro para receber está praga!!!

Enfio meu rosto no travesseiro. Sinto lagrimas quentes molharem a fronha.

Meu Deus, eu vou morrer? Morrer por nada? Morrer jovem?

Este é o meu destino? Este era o meu sonho?

Morrer tão jovem? Morrer careca e feia?

Sem me casar? Sem ninguém para me amar? Sem filho?

Meu Deus, socorro!

Estou com medo....Muito medo

Começo á sentir raiva, muita raiva, algo dentro de mim, uma raiva que cresce e que só aumenta.

Me sinto como um peixe fora d’agua. Com o desespero de morrer.

Sinto-me com nojo de mim mesma, com raiva, ódio...... medo.

Me levanto e começo á jogar meus livros no chão, quebro meu abajur, chuto minha escrivaninha. Me unho, me furo.

O que eu vou fazer da minha vida? O que vai ser de mim? O que?

Estou com medo, muito medo.

Medo de morrer

– “Eu quero respirar, é doloroso aqui’’. – digo entre o desespero.

De repente me vem as palavras de minha amiga Aline do orfanato.

“Quero que saiba que se tiver dias ruins, sempre, em hipótese alguma pare de nadar. Sempre minha Emily continue a nadar.”

– É isso que eu vou fazer, continuar a nadar!

Corro para a escada. Vejo Jenna e Matt no sofá da sala. Vou para a frente deles, e digo:

– Eu não tenho câncer. – começo.

– Emily...

– Por favor, me deixa falar – interrompo Jenna – Eu sei agora o que eu tenho, e sei que tenho pouco tempo de vida. Eu quero aproveitá-la, ao máximo, até onde eu puder. Eu só peço á vocês que me apóiem. Me fazem ter uma vida boa, me fazem ter uma vida invejável, me faça testar tudo o que a vida oferece!

Caio de joelhos no chão. Não suportando mais o peso, a cruz que tem em mim.

– Por favor, mãe...

Jenna vem até mim e me abraça, Matt vem e me abraça também.

Continue a Nadar...


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Notas finais do capítulo

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Beijos da autora Miri :*