“Abri os olhos. Comecei a ouvir um grito vindo do quarto da Jenna, são gritos que me dão puros calafrios, e medo. Quando abro a porta do quarto, vejo um homem matando Jenna. Fecho os olhos não querendo acreditar naquilo. Quando os abro, vejo que estou novamente no orfanato que me da medo. Estou sozinha, e meu quarto é uma prisão. Escuto vozes aterrorizadoras dizendo fortemente ‘você vai ficar aqui! Você nunca mais vai sair daqui!’ ”

– Emily, acorda, está tudo bem!

A primeira pessoa que vejo sentado na minha cama é Matt com Jenna ao lado. Sem pensar, o abraço.

– Vocês vão me levar de volta para o orfanato? Vocês vão me levar de volta para o orfanato? É por isso que estão aqui? – pergunto rápido. Paro de abraçar ele e me levanto da cama.

– Não meu amor. Estamos aqui para lhe acordar. Estava tendo um pesadelo. – fala Jenna preocupada.

Em um segundo impulso, abraço Matt, e começo a chorar.

– Por favor, não me mandem de volta para lá. Eu gosto daqui, e gosto de vocês. – tento transformar a minha voz embargada em uma voz comum, mas não consigo.

– Nunca vamos te mandar de volta. Lembra o que eu te disse?

Por algum motivo, Jenna saiu do quarto e fechou a porta. Matt ficou frente a frente comigo, enquanto ainda estávamos sentados na cama.

– Quer me contar o pesadelo? – perguntou.

– Vocês me deixavam de novo naquele orfanato. Não quero que isto aconteça Matt.

– Eu e a minha mãe te amamos muito. Quero que você saiba que você não veio da barriga da minha mãe, mas veio do coração dela, que é a mesma coisa.

– No orfanato, diziam que uma mãe tem amor pelo filho, pois ela demorou muito para telo. – falei depois de fungar.

– Isso não deixa de ser verdade. Sabe Emily, nós esperamos dois anos para te ter aqui com a gente. Imagina o tamanho do amor que nós temos por você.

– Mas a Jenna não deve ter sofrido por mim. – funguei novamente.

– Como não. A cada dia que se passava e nada de você vir, ela chorava muito. Eu ouvia do quarto – ele me fez rir.

– Desculpe por ser tão chorona. – limpei minhas lagrimas.

– Eu desculpo se você parar de pedir tantas desculpas. – comecei a rir, esquecendo totalmente da tristeza.

– Ta.

Ele me deu um beijo na testa e saiu do quarto dizendo:

– Depois de se arrumar desça para tomar o café da manhã.

Depois que ele fechou a porta, comecei a sorrir e sorrir e sorrir! Meu primeiro café da manhã com uma família de verdade!

Fiz a minha higiene, coloquei um a camiseta com a bandeira da inglaterra e fundo azul. Vesti um shorts jeans escuro.

Depois de me arrumar, desci para a cozinha.

Eles tomavam o café da manhã no balcão de mármore marrom.

– Huuuuum. - falei ao ver o lindo café da manhã.

– Ficou bonito? – perguntou Jenna colocando uma linda jarra de suco no balcão.

– Além de bonito parece estar uma delicia. – comentei.

– Que bom que não achou muito exagerado.

Me sentei em um dos bancos com almofadas, os três fizeram o mesmo. Fiquei meio envergonhada de pegar por primeiro. Matt percebeu essa minha timidez e já perguntou.

– E então, o que quer primeiro Emily?

– Podem pegar por primeiro.

Ele riu em silencio, e encheu meu copo com suco de goiaba.

– Gosta de goiaba. – perguntou Jenna.

– Gosto muito.

Logo nós já tínhamos nos servido e estávamos comendo delicias.

– E agora o que vamos fazer mãe? – perguntou Matt á Jenna.

– O que vocês querem fazer? – perguntou ela.

– Eu não sei. E você? – perguntou Matt para mim.

– Eu nunca soube muito sobre aqui, então eu não sei onde nós podíamos ir. – consegui me livrar de um constrangimento de falar.

– Aaah, já sei. – manifestou-se Jenna, com os olhos brilhando. – Para nos conhecermos melhor vamos ir lá no jardim.

– Mas como assim no jardim, mãe?

Também não havia entendido o que ela quis dizer.

– Se lembra quando nós íamos lá na praia e falávamos o que gostávamos e o que não gostávamos.

– Me lembro.

– Isso é uma boa idéia. – comentei.

– Que bom que gostou.

– Então vamos fazer agora? – perguntou Matt.

– Claro.

Nós nos levantamos.

Na cozinha havia uma porta de vidro de correr, Matt a abriu, e pude avistar um lindo mar azul, nunca tinha visto o mar. É lindo e brilhante.

– Quando vocês falaram em praia, eu não sabia que a PRAIA era aqui. - falei espantada com a beleza.

– Esquecemos de te informar isto. – disse Jenna rindo pela minha expressão.

Quando cheguei á praia me ajoelhei na macia areia, não me privei de deitar de bruço e me esticar. Sentia-me ótima. Os dois riam juntos.

– Nunca tinha visto a praia. – os informei enquanto relaxava.

Meus olhos estavam fechados. A brisa é tão gostosa de sentir.

Abri os olhos e me levantei para não rolar constrangimento.

– Não sabia que vocês moravam na frente do mar.

– Desculpe, deveríamos ter informado á você.

– Tudo bem. Mas então, vamos jogar. – falei animada.

Sentamo-nos no chão em um circulo, estávamos bem descontraídos e ansiosos para falar o que gostávamos. Sentei-me de perna-de-índio, Jenna estava também sentada como eu, já Matt estava com uma perna cruzada á sua frente, e a outra embaixo desta perna.

– Então como se joga?

– É assim Emy – começou Matt – cada um fala sobre você mesmo. E depois nós podemos fazer perguntas sobre essa pessoa ou em geral.

– Ta. Então quem vai começar? – perguntei.

– Eu. – Jenna levantou a mão - Para você perceber como que é.

– Ta ok. – falei enquanto me posicionava para ficar mais confortável com a situação.

– Bom, meu nome é Jenna – rimos por ela falar algo OBVIO -, eu amo cavalos, não gosto muito de gatos, acho eles um pouco desamigaveis, mas mesmo assim amo animais e não faria nenhum mal á eles. Minha comida predileta é Fast-Food, pois é muito mais pratico e simples, a comida que mais detesto é Pizza, não sei o porquê, mas não vejo graça. O meu sonho é ver vocês dois crescidos, bem de vida, felizes, e tudo de bom. Acho que é só.

Que linda. Minha... mãe é linda, tem sonhos, é maravilhosa. Segurei o choro, “já que estava ali só para observar, e aprender um pouco mais sobre a percepção”.

– Alguma pergunta para a senhora Jenna? – perguntou Matt. Fiz que não com a cabeça. – Pode ser eu agora?

– Siiiiim. – falamos.

– Bem, meu nome é Matt – rimos -, eu tenho uma namorada chamada Lisa, já estamos um ano namorando. Tenho 17 anos, e já estou no 3º ano do Ensino Médio. Gosto de ler, amo ler, e não gosto de fazer compras. – ele fez uma cara de “não, não gosto” haha. -, também gosto muito ver o sorriso dos outros, a minha fraqueza é ver meninas ou mulheres chorando, teve até uma vez que uma menina da minha sala do 1º ano do ensino médio, começou á chorar por que um menino á chamou de gorda e feia, eu fui lá e dei um soco no menino. Minha comida preferida é Lasanha, e o que eu não gosto é...é...é... ainda não sei o que não gosto de comer.E o que eu mais gosto de fazer nas horas vagas, é ver Anime, e tocar violão. Acho que é só. Alguma pergunta?

– Eu tenho, o que é anime? – perguntei.

– Anime é desenho japonês, aqueles que tem olhos grandes, tipo Pokemon, Digimon.

– Nunca ouvi falar, um dia você me mostra?

– Claro.

– Acho que agora é a minha vez. A coisa que eu mais gosto de fazer é ver o por do sol, eu sempre me sinto relaxada quando o vejo. O que eu não gosto de fazer é ser obrigada a dormir cedo.Sinceramente não sei qual é a minha comida favorita, e nem qual eu mais gosto. Nas horas vagas eu gosto de ler, e estudar inglês. Só.

– Acho que isso encerra a nossa “brincadeira”.

– Ah, posso fazer uma pergunta? – falei.

– Claro. – falaram os dois.

– Eu não tenho... pai? – falei devagar, não queria ofende-los com minha pergunta rude.

– Sim, você tem, mas ele já está no céu. O nome dele era Miguel. Morreu enquanto dirigia o carro. – disse Jenna com pesar.

– Obrigada por me responderem.

– Do que você tem medo Emily? – perguntou Matt.

– Tenho medo que me obriguem á fazer coisas que não quero fazer.

– Você não vai ser obrigada á fazer algo que não queira irmãzinha. Mas acho que vou fazer algo que você não queira.

– O que?

Ele se levantou e me pegou no colo, claro que me assustei.

– Que tal tomar um banho agora? – falou ele enquanto ria.

– Não não não não não nãooooooooooooooooo! – gritava enquanto ria.

Ele me levou até ao mar e entrou comigo. Quando estávamos um pouco já no fundo ele me soltou.

Meu primeiro mergulho. A água é gelada, como eu imaginei, enquanto estava no fundo senti ondas passarem a cima de mim. Sem nenhum som, sem nenhuma preocupação, me senti tão segura. Nunca senti isto antes.

Matt me pegou no colo novamente. Limpei meus olhos para tirar a terrível água salgada.

– Que mágico. – relatei.

– Achei que o seu primeiro mergulho na água da praia tinha que ser emocionante.

– Pode acreditar, foi. Foi muito emocionante.

Ele me girou e me jogou novamente na água, começamos á brincar e foi muito divertido, sinto que esta família foi escolhida por Deus, para mim.

Estava na sala assistindo á Disney Channel, estava passando um tal programa chamado Bio, eles falavam inglês muito rápido, não conseguia acompanhar nada, mas era bom para eu aprender. Minha família fala inglês para mim bem devagar para eu entender melhor.

– Ei, Emily venha cá, quero te mostrar uma coisa. – sussurrou Matt na escada, para não acordar Jenna que dormia no sofá ao lado.

Desliguei a TV e cobri Jenna com o cobertor que me cobria. Subi as escadas e segui-o até o quarto dele.

Ele se sentou na cama, segui os movimentos dele, me sentando na cama também.

Matt pegou o seu notebook e começou a passar algumas fotos, eram fotos de uma menininha loirinha.

– Quem é? – perguntei me aproximando do computador.

– Você.

Fiquei abismada. Fotos de mim criança? Como assim? Depois de umas 4 fotos passarem, o computador voltou a tela principal.

– Como... como você conseguiu pegar essas fotos?

– Estava no site do seu orfanato.

– Nunca tinha visto eu criança. Nunca ninguém me mostrou estas fotos.

– Queria que você visse essas fotos, pois eu vou revelar elas.

– Revelar? Pra que?

– Opa, a nossa mãe queria contar para você, mas agora eu vou ter que contar, né?

– Contar o que? – perguntei.

– Nós vamos fazer uma reuniãozinha para você, convidando os parentes.

– Sério? Mas, será que eles vão gostar de mim?

Ele riu.

Quando fui para meu quarto não parava de pensar nisto, e dormi.