O Outro Lado do Livro escrita por Mirela


Capítulo 10
Noticias, Noticias e mais Noticias.


Notas iniciais do capítulo

Espero q gostem :)



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– Tive que contar, ele começou á fazer perguntas de mais. - explicou Frida.

– Mas, mas, cara, ele não poderia saber!

– Na sua época eles chamam as pessoas de "cara"? – perguntou o doutor abismado.

Fiquei olhando para a cara daquele médico tão curioso!

– Será que o senhor poderia examinar o meu braço?

– Ah, isso já foi feito. Apenas quero perguntar se a senhorita tem alguma doença, para eu receitar um remédio, por que provavelmente vai doer depois de um certo tempo.

– Bem, será que poderiam me deixar sozinha com o doutor, Frida?

– Sim - Ela fez uma reverencia e saiu.

– Tem algo que não pode ser dito na frente dela? - perguntou o doutor compreensivo.

– Á uma coisa sim. Doutor, eu tenho câncer.

Ele arregalou os olhos.

– Já faz dois meses que descobri.

– Como se agüenta em pé?

– No meu tempo, quem tem câncer faz um tratamento chamado quimioterapia, se o senhor ver no meu cabelo terá umas falhas.

– Posso? - perguntou ele, quase encostando as mãos em meus cabelos.

– Claro.

Virei de costas para ele, e tirei meu prendedor de cabelo, deixando meus cabelos soltos.

Ele examinou meus cabelos com cuidado e atenção, também aproveitou para me examinar.

– Emily, você não tem nada, pelo que examinei.

– Que?!! Como assim?

– Pelo que vi. Não tem nenhuma falha em seu cabelo. Nem câncer, nem nada.

Me virei para ele colocando a mão em meus cabelos.

– Mas agora eu estou me lembrando, quando eu cheguei aqui, eu vi que estava sem essas falhas, devo ter me esquecido, por, por ter acontecido tantas coisas estranhas. - falei, com os olhos para baixo.

– Mas, quando você estava na sua era, a senhorita tinha esse tipo de coisa?

– Sim, sim, eu até usava cabelos falsos, que na minha era se chama aplique, para esconder esse tipo de coisa.

– Mas, se você tinha essas marcas e agora não tem, só á uma explicação para isso. - ele se levantou, ainda olhando para mim, com o dedo levantado - Me diga, me diga que ano você nasceu.

– Bom, eu nasci em 1997, tenho 16 anos agora.

– E quando você descobriu que tinha essa doença?

– Faz um ano mais ou menos, por que tantas perguntas? Estou nervosa. - digo meia agitada, odeio esse tipo de suspense!!

– Isso quer dizer que, neste ano, neste século, você não tinha câncer, pois era pura, provavelmente ainda estava em outro lugar, sem estar na Terra.

– Espera, espera um segundo - fiquei pensando e logo disse - então, eu to livre do câncer? Mas se eu voltar para a minha era, eu voltarei ter câncer, pois eu estarei na era que eu terei câncer.

– Isso mesmo!

Não sei se fico triste ou feliz.

Eu me libertei da minha doença! Mas só aqui isso acontece, se eu voltar, eu irei...morrer....

– Então, quer dizer que... - começou ele.

– Se eu ficar, eu vou viver, mas sem a minha família. - continuei.

– Mas se ir embora, você morrerá, em pouco tempo...

Fiquei em estado de choque, com os lábios separados, escolher entre a minha família, e a minha vida.

–-

Quando voltamos para casa Agnes já me esperava no sofá. Quando me viu, se animou e segurou pelas mãos, me levando para o sofá, para sentar.

– Por que tanta felicidade? - perguntou Frida, ainda com Emma nos braços.

– Emily, minha querida, achei um noivo para você.

– Noivo?

Ainda não podia parar de pensar no que aconteceu, então não conseguia dar mais expressão do que olhos arregalados.

– Não pensei que sua expressão seria essa. Por que está assim? - perguntou Agnes compreensiva.

– Acho que deveria ler isto. - Frida esticou o braço, dando o jornal para Agnes.

Ela assustada, leu com toda a atenção que pode dar.
Sei o que tinha naquele jornal, minha foto defendendo o moço. Pensando nele, nem o vi, estava e estou tão surpresa com o que o doutor disse, que até esqueci dele.

Agnes abaixa a cabeça, e coloca uma das mãos na testa. Depois levanta, e diz:

– Não acredito que você fez isto.

A imagem mostra eu defendendo o rapaz.

– Sabe, não me arrependo pelo que fiz. - digo.

– Não se arrepende? Como assim não se arrepende? Logo saberão que você é dessa família, e o que as pessoas vão dizer?! - ela se exalta, se levantando e fazendo vários gestos com as mãos.

– Eu não sei o que vão dizer. Eu não sei o que esse povo fútil vai dizer!!! Eu só sei que fiz o que é mais do que certo, ouviu? Eu lutei por um direito bom, por um direito que EU sei que é o certo, e que eu tenho total certeza que vocês sabem que é o certo. Mas sabe por que não seguem? Porque tem medo de perder a suas vidinhas fúteis e medíocres!! Eu não vou me parar de salvar alguém para você ficar com essa vidinha!!! Quer me expulsar? Beleza, to indo!! Mas não me diga para não salvar uma pessoa que está na minha frente pedindo ajuda!

Saí e fui subindo as escadas. Iria arrumar as minhas coisas o mais rápido possível. Nunca iria querer morar com pessoas não humanas, pessoas que vêem essas pessoas pobres e pisam nelas!

Já estava no meio da escada quando senti mais palavras entaladas na minha garganta, não agüentei, e tive que falá-las:

– E este noivo que você falou, diga tchau para ele.

Subi para o quarto que era meu.

Peguei minha bolsa, joguei tudo o que é meu dentro dela. Tirei aquela roupa, despenteei meus cabelos, e tirei minha maquiagem, tinha que parecer uma mendiga pra ter que usar roupas não recatadas como as únicas que eu tenho.

Quando já tinha arrumado tudo, sentei na cama. Olhei para tudo aquilo que por um certo tempo foi meu.

Alguém bate na porta.

– Pode entrar, se quiser, esse quarto nem é meu.

Agnes entrou e fechou a porta.

– O que quer? - perguntei.

– Não quero que vá embora, minha querida.

– Essa "minha querida", é ironia?

Ela riu, e se sentou na cama, na minha frente.

– Eu não quero que vá embora. Muito menos que se sinta triste.

– Por favor, não entenda mal. Eu não sei, mas, não consigo ver alguém sofrendo e ficar parada!

– Igual a ela.- pensou Agnes olhando para baixo.

– Que? Como assim igual a ela? Igual a quem?

– Igual a minha mãe. - ela olhou para mim sorrindo.

Pude ver que seus olhos brilhavam á tocar na palavra "mãe". Percebi que esse assunto é muito especial.

– Se quiser me contar. - digo, dando um pouco de amor no olhar.

– Minha mãe sempre defendeu os escravos, desde pequena, mas piorou quando nasci.

– Piorou como? - pergunto super curiosa.

– Eu tinha 7 anos de idade quando ela fez um plano para uns escravos fugirem. Meu avô descobriu o plano dela, na verdade, a pegou mostrando o caminho. Eu estava dormindo, ouvi os barulhos, gritos. Os gritos vinham de uma igreja perto de nossa casa.

Meus olhos estavam arregalados de emoção, como uma mulher podia ser tão forte, e seguir o que pensa.

– Eu era muito esperta pela idade. Fui rapidamente para a igreja - ela abaixou a cabeça, vi uma lagrima cair no chão. Senti um aperto imenso no coração. Com cuidado levantou a cabeça - Vi minha mãe pendurada numa cruz de madeira, com fogo em volta. Corri para protegê-la, mas meu avô me segurou. Gritavam coisas horríveis para ela, como: "sai demônio" "como você pode ter se juntado aos sem almas?". E outras coisas mais, que tento esquecer. Um padre a matou, com a desculpa que ela era um demônio. Todos os escravos fugitivos foram mortos com a mais crueldade possível. Não quero que essa família sofra o que eu sofri e sofro. Quero ficar longe desse tipo de coisa.

– Nossa. Me desculpe por ter feito isto ter vindo a tona. - me sinto muito culpada por isto.

– "Tona"?

– Por ter feito isto voltar ao presente.

– Não foi sua culpa. Apenas, não faça isso novamente.

– Não precisa se preocupar Agnes, vou embora.

– Não quero. Fique minha querida, vai dar tudo certo, apenas terá que se casar, e seguir minhas regras.

– Que regras? - arqueei uma sobrancelha.

Ela pensou alguns segundos e logo disse:

– Você fará aulas de etiqueta.

– Que? Não não não não e não. - me levanto, fazendo nãos com as mãos.

– Como conviverá com a sociedade sendo que não é igual a ela?

– Taaaaaaá. - desisto.

Me jogo na cama, deito, deixando meus braços bem esticados.

– Então, você conhecerá seu noivo amanhã.

– Amanhã?! Não é muito cedo?

– Precisamos ser rápidos, se não alguém pode desconfiar.

– Como ele é?

– Bom, ele é um dos sócios de minha empresa. Muito rico.

– Como ele é na aparência.

– Bom, usa óculos, tem cabelos ruivos, é bem magro, usa óculos redondos, e é bonito.

– Assim espero. E na personalidade?

– Ele é muito tímido, sempre quando fala com alguém mexe nos óculos, é bem querido, e é um homem bom.

– Ainda bem. Não sei o por que, mas estou animada, quero conhecê-lo.

– Ah, Emily, bom, ele tem um probleminha... Ele tem câncer.

Arregalei os olhos. Ele tem a mesma doença que eu? Que?

– O tadinho perdeu a família com essa doença. Ele pode morrer a qualquer momento. Por isso marquei o encontro amanhã, para que tudo seja rápido.

– Huuuum, entendo.

Não vou contar para ela que já tive essa doença. Não quero ser jogada de lado, e se tiverem medo de mim?

– Mais uma coisa.

– Nossa. Mais? - digo ficando sentada.

– Sim. Contei sobre você, da onde você vem.

Arregalo mais os olhos.

– Porque?

– Ele tem vários amigos que são cientistas podem te ajudar.

– Huuuum. Não tenho roupa para ir á este encontro.

– Por isso voltei mais cedo, para sairmos, e irmos ás compras. - disse ela toda animada.

Agnes é uma pessoa muito amável. Mesmo que as vezes ela pareça brigar, ela apenas quer o nosso melhor. Acredito que ela é uma verdadeira mãe.

Ela me puxou pela mão, e me levou para o quarto de Ester, que já estava lá se penteando.

– Minha filha, Ester...


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Notas finais do capítulo

Deixem comentarios :D
Tchau :*