A Garota Que Caçava Pássaros escrita por Duda


Capítulo 3
Capítulo 3 - Ovos, Bacon, Brandon, Eu e o Emprego.


Notas iniciais do capítulo

Olá coisas lindas.
Depois de seculos reapareci. Novo capitulo na área.
Espero que gostem.
Boa leitura!



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Acordar com a porta batendo é terrivelmente enfermo. Abri os olhos com alguma dificuldade e olhei para a cama ao lado, estava já feita e arrumada. Com certeza a alma que desconhece a existência de uma maçaneta era Beth. Estranho, ontem nem dei conta da entrada dela.

Meu estômago emitiu um rugido tão nojento que eu fiquei com vergonha mesmo sem ter mais ninguém no quarto. Amarrei as mãos na barriga, eu estava morrendo de fome. Ontem graças ao gelo e a Brandon não jantei e isso é o maior castigo que uma viciada em comida pode receber. Levantei-me talvez por perceber que não tinha mais sono ou concluindo que mesmo com algum sono não conseguira dormir de novo por causa do ogro que grunhia em meu estomago.

Abri a porta do quarto e olhei para os dois lados do corredor. Não havia ninguém, o campo estava livre. Caminhei sem fazer muito barulho e em pontas de pés cheguei até a geladeira. Abri a porta e fechei muito rápido, voltei a abri e certifiquei-me mais uma vez que ninguém me espiava.

Mas afinal eu tava fugindo de quem? Que idiota que eu sou. Ri de minha patetice. E peguei na caixa dos ovos e no bacon. Fechei a porta com o pé, para me equilibrar e  pousei tudo ao lado do fogão.

Liguei a frigideira e enquanto a manteiga derretia fui preparando os ovos. Juntei pimenta, sal e por fim bacon. Virei tudo no tacho e quando aquilo ganhou alguma cor, peguei uma espátula e retirei meus ovos mexidos da frigideira. Botei a língua de fora, encostado no canto de meus lábios e joguei no prato, tentando não fazer asneiras. Tinha muito bom aspeto.

_ Bom Dia. – saltei quando a voz de Brandon me assustou. Esse garoto não tinha modos, não?

Estava com o cabelo desarrumado  e com um sorriso de fazer um girassol perder o rumo do sol e aquela covinha maldita que é tão lambível, porque tinha que estar lá, mesmo?

_ Bom dia. – obriguei minha garganta a falar.

Senti ele muito perto, mais do que devia e num rápido movimento de perita em fugas, joguei meu prato na mesa e alapei a bunda na cadeira, fugindo daquele cheiro insanamente divino.

Ele coçou o olho esticando os braços e seus abdominais se contraíram delimitando seus ossos por baixo do tecido. Dei uma garfada enchendo a boca, relembrando a meus hormônios que a única coisa comestível dentro daquela cozinha eram os ovos e o bacon e desviei meu olhar de seu corpo intimidante.

Eu apenas pedia, para Deus não obrigar meus lindos olhos verem Brandon todos os dias de manhã, daquele jeito. Só em cueca e camiseta, porque se assim o fosse a permanente convivência de nós dois dentro do mesmo espaço durante um tempo indeterminado  não terminaria muito bem.

 Ele vasculhou vários armários, procurando sei lá o quê, no final apenas pegou um garfo e se sentou na minha frente, admirando meu prato com um sorrisinho esfomeado. Muito semelhante ao de Garfield quando tinha um prato de carbonara na frente.

Puxei instintivamente minha refeição pra mim e fiz um careta. Ele que fizesse pra ele. Eu tinha fome, muita fome e esse prato de ovos e bacon era meu, só meu.

_ Deixa de ser egoísta, seu estomago não é assim tão grande para caber tanta comida.

_ Não subestima meu estômago, tá! – apontei o garfo pra ele se afastar.

_ Tá bom. Deixa eu provar! Só provar eu juro que não abuso de sua generosidade. – ele juntou as mãos e fiz um ar de princesa, piscando tantas vezes os olhos e me deixando muito confundida e alarmada também, em relação á sua sexualidade.

_ Isso soou muito gay!

_ Não me obriga a provar que não sou um. – Devo dizer que até gostava que ele me provasse que não era gay, apenas por curiosidade é claro. Mas naquele momento a prioridade era encher minha barriga.

Ele abriu a boca pedindo por alguma coisa e eu espetei o garfo em meu pranto enfiando depois na boca dele, satisfazendo o pedido do bebê. Uma fina camada de gordura fez seus lábios reluzirem e com a língua ele logo tratou de limpa-la.

Satisfeito Brandon afundou os dentes do garfo dele no prato e sem eu contar entupiu minha boca com uma garfada muito grande que não permitia meus dentes mastigarem os ovos.

Vinguei-me introduzindo ainda mais comida na boca dele. Acabamos os dois rindo, encostados na cadeira com as mãos em cima do estomago e morrendo de pena pelo prato já ter terminado. Eu sem duvida queria brincar disso novamente.

Notei que Brandon queimava o olhar em minha boca, e isso me deixava desconfortável.

_ O quê? – perguntei.

Ele pegou um guardanapo e antes de eu deixá-lo encostar o papelzinho branco em mim peguei no meu e limpei. Que raio de intimidades eram aquelas.

_ Bom, eu acho melhor começar a limpar toda essa bagunça. – apoiei as mãos na mesa e me ergui com dificuldade. Definitivamente eu tinha comido demais.

_ Quer ajuda.

_ Eu pedi? – falei irônica sem razão nenhuma.

_ Não, estava apenas tentando ser útil. Não vá você me considerar um idiota.

_ Brandon, você é um de qualquer jeito.

Ele saiu da cozinha sem responder e eu desviei o olhar para seu traseiro. Eu precisava retirar ele de meus pensamentos, minha mente sã, não podia ficar possuída por uma silhueta mega irreal que fazia meu cérebro pensar em coisas obscenas. Eu teria que agradecer para a mãe dele, porque realmente soube fazer um filho.

(…)

Caminhava pelo campus da faculdade em direção a saída. Tinha a voz de Vanessa Amorosi ecoando em meus ouvidos no volume máximo enquanto eu expressava minhas capacidades vocais acompanhando a letra de This Is Who I Am, num tom baixinho.

Senti um fone ser puxado na melhor parte da musica de meu orifício auditivo e eu estava capaz de matar com um soco o medíocre que o fez quando vi Brandon de meu lado.

_ Ei! – cumprimentou.

_ Ei! – respondi. Se fosse outro já estaria no chão mas como era Brandon eu facilitei. Se bem que ainda refletindo bem nisso, pois desde quando eu facilito com Brandon?

_ Quer uma carona?

Seria muito bom aceitar mas eu precisava achar um emprego o mais rápido possível.

_ Ah, eu adoraria mas tá chegando o final do mês e eu tenho que pagar pra seu irmão o aluguel, e caso tenha esquecido eu foi despedida. Tenho que procurar um trabalho o mais rapidamente possível.

_ E você acha que a essa hora vai encontrar alguma coisa? – ele apontou para o relógio, atado a seu pulso.

_ Eu era garçonete no turno da noite, acho que será fácil achar emprego, pois conheço várias pessoas.

_ Ótimo eu vou com você. – Aí era que ele estava enganado. Não queria que ele me acompanhasse.

_ Brandon eu sei me arrumar sozinha e não preciso de um cachorro de guarda, se assim o fosse eu com certeza já tinha comprado um. Agora tchau. – roubei meu fone e caminhei, estava perdendo tempo  demais.

_ Vai apanhar um táxi? – ele era persistente.

_ Supostamente.

_ Guarda seu dinheiro, eu te levo. – ele estendeu a mão e eu fiquei estática por segundos. Ou aceitava ou rejeitava.

A razão para aceitar era o dinheiro e a poupança dele, a razão para rejeitar era minha teimosia e orgulho. Resolvi fazer a sua vontade, afinal sempre é bom termos umas poupanças e deixei meu mau feitio de lado.

Descobri que ele tinha um carro e que sabia dirigi, que descoberta inteligente a minha. Era praticamente novo, preto e muito dentro do estilo dele.

Entrei no carro e sentei no banco da frente, Brandon agarrou o volante e apitou duas vezes, esticando seu peito, muito direito e arrumado. Aqueceu a garganta e depois me olhou:

_ E para onde deseja ser levada, Senhorita? – ri e cutuquei seu ombro.

_ Para junto da praia, naqueles clubes e esplanadas.

_ Seus desejos são ordens, Madame.

Rapidamente chegamos lá e Brandon ofereceu sua companhia, nessa busca de trabalho.

Entramos em vários lugares mas por alguma razão Brandon encontrava um defeito em todos e quando eu estava prestes a falar que aceitava prestar serviços , ele falava por cima e me arrastava estabelecimento fora. Esse menino  estava o quê, achando que  tem perfil para papai?

Sinto muito, mas ele estava completamente errado. De cabelo branco e voz grossa ele não tinha nada.

_ Chega! – falei me soltando do braço dele. Que pela oitava vez me puxava para a calçada principal. – Qual é a sua?

_ Qual é a minha? Você viu aquele short minúsculo que eles exigem que vista.

_ Meu querido, aqui quem tá procurando um trabalho sou eu e não lembro de ter contratado um agente. – deslizei meu indicador por seu rosto e estalei o dedinho feito patricinha. Foi no que deu a triste convivência com minha irmã. Ela tem um jeito meu deus, acho que se contar para alguém que a gente é gémea ninguém acredita.

Brandon respirou e olhou para o nada, apenas não querendo me encarar. Exalou um suspiro profundo e depois dirigiu a atenção de novo para mim.

_ Que idade você tem? – perguntou com a testa franzida, um ar tremendamente sexy e com as mãos refletidas nos quadris.

_ A suficiente! – protestei. Eu estava tentando me ver livre dele e Brandon me questionava sobre há quanto tempo o planeta tem a felicidade de me ter como cidadã?

_ Você é uma mulher!  - ah? Que raio ele estava relacionando?

_ Um homem não sou com certeza. Tenho tudo fechado aqui em baixo. – Ele deslizou o olhar até depois de minha barriga e eu corei.

Aproximou seu corpo do meu e me olhou com um ar ameaçador e confuso. Pude sentir o cheiro a hortelã saindo de sua boca e foi um risco não desmaiar.

_ Nesse clubes só tem homens pedindo por sexo, você tem que ter cuidado. – ele apontou parar a grande fachada de portas e casinhas colorias , franzi a testa e prendi as mãos em minhas laterais. Se soubesse que as coisas iam ser assim nem a carona teria aceitado.

Não estava histérica, pois esse não era meu estado normal, estava calma e com suavidade falei, removendo uma mecha de cabelo que acabou colada a meu rosto.

_ Eu sou cuidadosa o suficiente agora dá para ficar aqui enquanto eu vou falar com o dono daquele clube? Eu preciso trabalhar, preciso de dinheiro e preciso de um teto. Dá para facilitar as coisas? –não esperei ele responder, pois não era de meu interesse sua resposta. – Muito obrigada pela compreensão.

Ajustei a bolsa no ombro e rezei para tudo dar certo. Eu precisava mesmo desse emprego.


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Notas finais do capítulo

Se gostaram deixem opiniões, pois adoraria lê-las.
Sam precisa um emprego, e Brandon precisa saber se ela está bem. Mas será que ela realmente tomará cuidado? Avisada ela foi.
Beijos e aguardem os próximos capítulos.
Duda ♥