Foi fácil convencer os Gregos de que os Romanos estavam ali em paz. Difícil foi convencer os chefes dos chalés a irem para a reunião com os “amigos” roxos. Todos olhavam desconfiado para Reyna e Octavian. Piper analisava Jason, tentando ver se ele era mal ou não e também se tinha alguma chance com ele. Percy não se importava se os Romanos fossem inimigos, Hazel e Frank eram seus amigos. Os líderes só pareciam à vontade com Hazel e Frank também, talvez por que notaram que Percy gostava do casal. De certa forma, com exceção de Piper e Thalia, ninguém conseguia olhar para o rosto de Jason.

– Gregos... e Romanos... – disse Quíron. – Isso é uma conversa amistosa. Ou seja, Clarisse, guarde sua lança.

– Sério? – Clarisse perguntou indignada.

– Sério. – Quíron a censurou com o olhar.

Clarisse praguejou em grego antigo de propósito, para não dar chances aos roxos de entenderem. Annabeth sabia que Clarisse falava palavrões normalmente, mas aqueles foram bem pesados até mesmo para ela.

– Ao que parece algum deus Romano mandou os pretores do Acampamento Júpiter e seu áugure em uma espécie de... intercâmbio não autorizado. Precisamos levar nossos irmãos Romanos de volta a casa, mas antes, vocês precisam convencer seus chalés de que eles são nossos amigos. – disse Quíron.

– Que deus? – perguntou Katie.

– Eles não são nossos amigos! – exclamou Butch.

– Não podemos confiar nele! – Will disse apontando para Octavian.

– Gregos confiando em Romanos? Que piada de mau gosto! – disse Clarisse.

– Gente qual é! – Percy exclamou. – Eles SÃO nossos amigos! Tá legal que o Octavian é a exceção, mas não podemos tratar Jason, Reyna, Frank e Hazel mal por causa dele.

– Percy está certo! Hazel é uma boa pessoa! – disse Nico.

– Olha Nico, gostamos de você e da Hazel, de verdade, mas ela é Romana! – disse Travis.

– Os Romanos não gostam tanto assim dos Gregos. E não é preciso saber história para isso. – complementou Connor.

– Não é questão de saber ou não história! – Annabeth disse séria. – É questão de fazer ou não história!

As mini conversas cessaram. Até Reyna e Quíron pareceram impressionados com a fala de Annabeth.

– Como assim criança? – Quíron cruzou os braços.

– Não há motivos para brigarmos com os Romanos! Não há motivo para ódio! Podemos ser amigos! Aposto que deve ser o desejo de vida de Irene! – disse Annabeth séria.

– Quem é Irene? – Clovis perguntou acordando.

– Não sabia que você tinha uma irmã com esse nome. – disse Castor.

– E não tenho. Irene é a personificação da paz na Mitologia Grega, correspondente a Pax na Mitologia Romana. – explicou Annabeth.

– Ah sim. – disse Reyna.

– Temos uma deusa que corresponde à paz? – perguntou Clarisse. – Cara, ela deve ser muito chata!

– Menos Clarisse, você sabe que não deve insultar os deuses. – lembrou Quíron.

– Hera é a exceção! Aquela vaca! – disse Percy.

– Enfim... – disse Annabeth ignorando Percy. – Podemos trabalhar juntos! Pode haver paz entre Gregos e Romanos, basta querermos. O Acampamento Meio-Sangue será seguro para os Romanos se nós conselheiros dissermos aos nossos chalés que eles são nossos amigos! Chega dessa guerra histórica entre Romanos e Gregos! É hora de FAZER história e colocar um acordo de paz entre nós! – Annabeth estendeu a mão para Reyna.

– Paz? É sério? – disseram Frank e Clarisse por reflexo.

– Sabidinha... – alertou Percy.

– Annabeth está certa. – Quíron disse dando um sorriso. – Chegou a nossa hora de fazer história!

– Falou o centauro mais velho que metade dos Olimpianos e que é imortal. – zombou Nico.

– Se a paz reinou na casa dos Grace antes de Jason sumir e Thalia fugir, então acho que dá para haver paz aqui. Afinal, é isso que minha mãe representa: esperança. Se há esperança de paz entre Gregos e Romanos, então contem com o Chalé Quatorze. – disse Butch.

– Plutão e Hades são bem parecidos, eu creio. – disse Nico. – Mas farei esse acordo de paz por minha irmã, Hazel Levesque. – ele sorriu.

– Obrigada Nico. – disse Hazel.

– Bem, não sei como eles retratam Poseidon, mas... se Annabeth está dentro, então eu também estou. – disse Percy.

– É Netuno. – disse Jason.

– Que seja. – respondeu Percy.

– Bem, Apolo é basicamente o mesmo na cultura Romana, então... pode contar com o Chalé Sete. – sorriu Will.

– Com o Quatro também. Contanto que eles mantenham a paz da mesma forma que nós. – disse Katie.

– Com o Onze também! – disse Travis corando.

– É, mas... pregamos peças em todos. Romanos, Gregos, Africanos, Russos... é natural de Hermes! – Connor deu um sorriso maroto.

– Clovis? Castor? Clarisse? Piper? Leo? – disse Quíron.

– Ah...? – disse Clovis acordando. – Sim, sim, sim! Seja lá o que for! Meus irmãos e eu dormimos muito, não ligamos para as atividades desse ou de qualquer outro acampamento! Então, é... paz me parece um bom acordo!

– Tá brincando? – Leo exclamou e deu um abraço em Jason. – Mas é claro que sim! E qualquer um do Nove que discordar, irá virar churrasquinho!

– Não sei se irei conseguir convencer meus irmãos, principalmente, a Drew, mas... paz é uma boa resposta! Pelo menos, eu acho. – Piper disse sem jeito e Jason corou.

– Baco é querido pelos Romanos... – analisou Castor. – Então contém comigo!

– Clarisse? – disseram Quíron e Annabeth.

– Eles idolatram Ares. – lembrou Nico.

– Então tudo bem! Mas se vierem comprar briga, eles irão ver a fúria do Chalé Cinco! – ela cruzou os braços.

– Thalia? – disse Annabeth.

– E precisa perguntar? É meu irmão! Claro que sim! – disse Thalia.

– Como os Três Grandes se pronunciaram definitivamente, então... temos um acordo de paz. – Quíron virou-se para Reyna. – Pretora, espero que o seu lado o cumpra da mesma forma que nós iremos cumprir o nosso.

– Juram por suas vidas? – perguntou Jason.

– Juramos pelo Estige. – disseram Nico, Thalia e Percy firmes como seus pais.

– E nós juramos por nossas vidas. – disse Reyna. – De fato Annabeth está certa, não é sempre que há uma oportunidade de fazer história. E acabar com a guerra entre os semideuses Gregos e Romanos... não vejo uma forma melhor de ser lembrada.

– Os Romanos amam o poder não é? – Frank perguntou para Percy.

– Cara, eu não faço a mínima ideia. – Percy sorriu.

– Paz? – perguntou Jason.

– Paz. – Percy respondeu.

– E então, o que eu perdi? – disse Rachel chegando.

– Ela. – disse Octavian com desgosto.

– Onde tártaros você estava? – perguntou Thalia.

– Ajudando o Chris, ué! Ele descobriu quem é o dono do blog e vocês não irão gostar. – disse Rachel.

– Quem é? – todos perguntaram.

– Ah... – Rachel ficou pálida.

– Rachel, diz logo ou você terá que se ver comigo! – disse Annabeth impaciente.

– É o Percy. – disse Rachel.

– EU? MAS EU NEM SEI ENTRAR NO GOOGLE! – gritou Percy.

– O sinal vinha do Chalé Três e encontraram um tablet debaixo do seu beliche. – disse Rachel.

– Qual é gente, o Percy é lesado demais, mas daí a deixar a prova do crime debaixo da própria cama?! – disse Nico.

– Valeu primo. – Percy sarcástico.

– Nico está certo, Percy é lesado, mas nem tanto. – disse Thalia. – E como é que ele conseguiu a foto dele beijando a Annabeth no Monte Santa Elena?

– Ainda bem que eu tenho bons advogados. – Percy sussurrou.

– Não há só um campista no Chalé Três. – disse Leo.

– Qual é Leo! Dylan e Tyson? Eles são dois amores! – disse Piper.

– Piper está certa, os meninos de Poseidon nunca iriam fazer algo assim. – disse Annabeth. – São lesados demais.

– Obrigado Sabidinha... EI! – disse Percy.

– Acalmem-se! – exclamou Quíron. – Não é a primeira vez que um campista coloca pistas para incriminar outro aqui. Creio que todos lembram bem do verão que Percy chegou e da missão dele com Annabeth e Grover. Sem contar Dédalo e S..

– Silena foi uma heroína! – gritou Clarisse.

– Eu ia falar Sunny e Lola. – disse Quíron.

– Ah... é. Aquela safada da Lola! Mereceu o fim que levou! Incriminando a tapada da Walker por nada. – disse Clarisse.

– Incriminando? Mas foi a Sunny quem descobriu o livro! – lembrou Percy.

– Quando é que você vai botar na cabeça que nunca te contam tudo? – disse Annabeth.

– Isso é bullying contra meu cérebro de algas. – Percy brincou.

– Pois bem, Annabeth, quero você nessa investigação. Chame Malcolm se quiser ajuda. Descubram quem é essa “Gossip Olympus” antes que Zeus saiba dessa história e decida castigar o acampamento. – disse Quíron.

– E quanto a nós? – perguntou Hazel.

Quíron olhou para os chefes dos chalés, nada melhor em um acordo de paz do que deixar o inimigo bem acomodado debaixo de seu teto.

– Vocês podem voltar aos chalés que correspondem aos de seu pai ou mãe na versão Grega. Porém... Reyna, eu sinto muito, mas sua mãe não é Minerva. Espero que não seja um problema pedir para que você mude de chalé. – disse Quíron com sua voz serena.

– Claro que não Quíron. – Reyna forçou um sorriso. – Eu compreendo perfeitamente.

– Ela irá vir pro nosso? – perguntou Connor.

– Não. Mandarei Reyna para um chalé especial. – disse Quíron.

– CONSTRUÍRAM O CHALÉ 69?! – exclamaram Will, Percy, Connor, Travis e Leo.

– Não senhores hormônios à flor da pele. Reyna ficará no Chalé Dois. – disse Quíron.

– LÁ VEM A VACA TODA DE BRANCO E ZEUZA DE SUTIÃ E TAMANCO! – Clarisse brincou.

– Mais respeito com meu pai! – disse Jason. – E com a senhora Juno também!

– Olha Pikachu, não sei como é Juno, mas Hera, é uma vaca! Uma Vadia com V maiúsculo! Não sei se há ou não diferença entre elas, mas minha querida avó Hera, não presta! – disse Clarisse.

– E por isso vocês zombam dela? Não é certo! – disse Jason.

– É para nós! – Thalia sorriu. – Nossa nada querida madrasta é pior que o cão chupando manga!

– Nunca entendi esse ditado. – disse Percy, percyzando.

– Isso, claro, se você não se incomodar Reyna. Não estou lhe xingando minha jovem, mas é que não temos nenhum chalé para sua mãe, já que ela não é Grega. Mas se preferir pode utilizar o Chalé Vinte e Dois. Não creio que Perséfone vá se incomodar. – disse Quíron.

– Vinte e Dois então. – disse Reyna.

– Tá, repetindo a pergunta... O QUE FOI QUE EU PERDI? – disse Rachel.

– O Percy. – Will sorriu sarcástico.

– Eu falei da reunião. – Rachel disse ignorando a indireta.

– Paz entre Romanos e Gregos. – disse Percy. – Eu não entendi Will, como assim ela me perdeu?

– Ai minha santa Atena, mas é burro viu! – exclamou Butch.

– Vão para cama! E Will, veja se consegue segurar o Chalé Sete por mais uma semana, não quero ver um arranhão em Octavian que não seja das atividades do acampamento. – disse Quíron.

– Di Immortales, eu já tinha tudo planejado! – resmungou Clarisse.

– Farei meu melhor! – Will disse com uma cara de dor eterna.

Enquanto todos os campistas foram dormir, Jason chamou Hazel e Frank para explicar como eram as coisas no Acampamento Júpiter. O Chalé Vinte e Dois era dividido em duas partes, uma toda enfeitada, cheia de flores por fora e por dentro e era nessa parte que Reyna colocou suas coisas. Na outra havia neve, gelo e terra seca. A reunião entre os Romanos foi silenciosa. Hazel ficou encantada com a descrição do acampamento e Frank mal via a hora de chegar lá.

– Não devemos confiar nos Gregos! Estão é fazendo um novo Cavalo de Tróia. – disse Octavian.

– De novo, por que o chamamos para essa reunião? – Jason perguntou à Reyna.

– Ele é Romano e nós o conhecemos há anos. – disse Reyna.

– Isso É um Cavalo de Tróia! – exclamou Octavian.

– Octavian, cala essa boca tá legal! Eles juraram pelo Estige. – lembrou Hazel.

– E? “Hades”, “Zeus” e “Poseidon” fizeram isso na Segunda Guerra Mundial e duas crianças nasceram. – disse Octavian.

– Primeiro, pode ir tirando as aspas, estamos em solo Grego e devemos respeito aos deuses deles. Segundo, o juramento pelo Estige funciona de forma diferente para os semideuses. Eles podem ser mortos, os deuses não. – disse Reyna séria.

– Acredita mesmo naqueles brutamontes sem cérebro? – disse Octavian.

– Acredito sim. Ao contrário de você, Octavian, eu procuro a paz. Não fico por aí atrás de brigas e profecias para salvar ou destruir o mundo. – disse Reyna. – Enquanto estivermos aqui, seremos pacientes com os Gregos, eles estão sendo amigáveis e nos ofereceram moradia ao invés de nos matar.

– Ah fala sério! – exclamou Octavian.

– Está questionando seus pretores? – disse Jason.

– Não. – Octavian respondeu seco.

– Então... essa rixa entre Gregos e Romanos... é por causa dos deuses ou por questões territoriais? – perguntou Frank quebrando o clima de briga.

– Não se sabe ao certo. Mas acredita-se que é somente por causa dos semideuses. – respondeu Jason. – Há quem diga que as divindades Romanas e Gregas se dão muito bem. O que impede uma convivência tranquila são os meios-sangues.

– Então se essa trégua der certo, Annabeth está certa! Podemos estar construindo história! A tão esperada paz entre laranjas e roxos. – disse Hazel.

– Sim, e com toda certeza Pax ficará muito feliz. – disse Jason.

– É algo tão simples! – sorriu Frank. – Por que não foi feito antes?

– Talvez por orgulho de ambos os lados. Annabeth é muito orgulhosa, nem sei o que a fez ter essa ideia de paz. – confessou Reyna.

– Bem... vai ver que o orgulho às vezes é derrotado pelo bom senso. – disse Jason. – Annabeth é muito inteligente.

– Não acredito que vocês estão confiando e elogiando Gregos! – bufou Octavian.

– Se você não se calar, irá sofrer uma punição quando voltarmos para o acampamento. – Reyna disse séria.

Octavian fechou a cara. Ele tinha certeza absoluta que era um Cavalo de Tróia. E não ia esperar que o Acampamento Júpiter estivesse em chamas para fazer algo. Já que ele estava em território Grego, então era hora dos laranjas conhecerem um pouco de seu próprio remédio. O Cavalo de Roma.