Radioactive escrita por LastOrder


Capítulo 3
Acredito que esse chapéu me pertença.


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, é com muita felicidade e alívio no coração que declaro que as vagas estão encerradas. Ninguém mais entra. Agora a história só segue a diante.
O personagem da vez é Alice que não apareceu muito no capítulo anterior e cuja história eu já tenho mais ou menos em mente. Os personagens novos apareceram muito pouco por que eu ainda tô planejando onde encaixar, mas apareceram mais nos próximos.
Obrigada a todos que comentaram^^


OBS: Personagens feitos por mim
Kore: segundo nome da deusa grega perséfone, esposa de hades e deusa relacionada a mudança das estações do ano.
110 e 220: são as voltagens comuns nas casas.
Lewis Carter: Nome eu peguei do autor do livro "Alice no país das maravilhas"; o sobrenome é do cara em que o chapeleiro foi "teoricamente" inspirado. / idade: 17 anos/ Único até agora cujo nome é o verdadeiro.



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Alice acordou e não abriu os olhos. Não que o colchão fosse extremamente confortável ou que não tivesse nada para fazer hoje. Na verdade, tinha muita coisa para fazer, como lidar com um Snow pra lá de irritado por causa do que acontecera na noite anterior.

Forçou as pálpebras a se abrirem e encarou o quarto pequeno mal iluminado. O papel de parede com estampas de rosas era tão velho que saía da parede na maior parte do aposento. Havia um espelho barroco grande num canto e uma mesa cheia de frascos com líquidos coloridos, papéis amassados, lápis.

Ouviu passos se aproximando e virou o corpo. Fechou os olhos, acalmou a respiração e cobriu-se até a cabeça com o edredom verde. A porta abriu... Mais passos... Silêncio.

–Hmn...

Ouviu um timbre delicado e quase infantil murmurar. Alice obviamente sabia que só podia ser sua colega de quarto: Kore.

– Alice, você está acordada?

" É claro que não, sua maluca. Deixe-me em paz." A loira pensou e permaneceu imóvel.

– Alice! - Cutuco. Nada. - Alice! Alice!

Alice ignorou quando sua colega chacoalhou-a e continuou fingindo que estava dormindo. Era uma questão de tempo até que Kore desistisse, afinal a fama de seu sono pesado era bem conhecida.

Ouviu um suspiro e passos se afastando.

Estranho, a porta não fizera barulho algum.Será que Kore ainda estava no quarto? Alice resistiu a vontade de dar uma olhadela para se certificar que estava sozinha. Mas o forte cheiro azedo que invadiu seu nariz a obrigou a se levantar na hora.

– Você enlouqueceu?! - Disse com a voz nasal. Seu nariz estava ardendo muito e tampá-lo com a mão era o mínimo que podia fazer para se livrar daquela sensação incômoda.

Ao seu lado, Kore sorria inocente com um frasco de líquido transparente em uma das mãos e um algodão molhado na outra.

Talvez esteja na hora de descrever a nova figura da peça.

Kore era uma garota um pouco mais alta que Alice. Era dona dos cabelos castanhos mais compridos de toda a cidade (chegando quase aos seus joelhos ), como ela os mantinha? Um grande dilema que nem a própria sabia responder, simplesmente deixava do jeito que gostava, e pronto.

Seus olhos eram verdes e amigáveis. A pele clara cheia de sardas combinava perfeitamente com os vestidos floridos.

– Fico feliz que tenha acordado, Alice.

– Hmn. - Respondeu mal humorada. - Precisava disso?

– Sim, preciso de sua ajuda para ir até a cidade comprar mantimentos.

Alice jogou-se na cama. Cobriu todo o rosto com o cobertor formando um casulo verde ao seu redor e a única coisa para fora era um tufo de cabelos amarelos.

– Esqueça. - Murmurou. - Você não precisa de mim, peça para seu cavaleiro da morte te acompanhar.

Kore revirou os olhos e sentou-se na beirada da cama.

– Pare de ser infantil, Alice. O que deu em você hoje, afinal?

Uma excelente pergunta para a qual Alice não tinha a resposta.A verdade era que sua intuição lhe dizia que não era bom sair de casa hoje... Mas nunca diria isso em voz alta, ela não era do tipo que apostava a ficha em superstições baratas.

Ouviu um suspiro e sentiu as molas rangerem pela falta de peso. Virou-se ligeiramente para Kore e a viu abrir a porta do quarto.

– De qualquer forma você precisa vir. - Ela abriu a boca para contestar mais foi cortada. - Sem, desculpas, Alice. É nossa vez essa semana e Reaper está ocupado consertando os carros que vocês estragaram. - Kore deu mais um dos seus sorrisos maternais para a amiga. - Estarei esperando. - E fechou a porta.

Alice se virou com uma careta para as tábuas de madeira da cama de cima. Sentia-se tão cansada ultimamente, ontem havia sido uma noite especialmente exaustiva, ficara o tempo todo com o tal Ignis na mira e soube, no momento em que a fumaça tampara sua visão, que tudo acabara ali. Ah, mas não para ela. Que teve que ouvir de Snow durante todo o caminho de volta.

Levou as mãos até as têmporas... " Preciso aprender a andar de moto com Snixx" . A vantagem de tudo, pelo menos, foi que graças a Black Cat, saíram com a pedra de Urânio.

E não era esse o motivo da operação?

Ainda se perguntava: Por que Snow estava tão irritado? Tinham o que haviam ido buscar e ninguém estava ferido. Na verdade, Reaper era o único que tinha motivos para estar irritado, mas parecia que já esperava que pelo menos a moto de Snixx viesse amassada.

Franziu o cenho. "Qual seu problema, Snow?"

Resolveu levantar-se e foi até o armário procurar um dos seus vestidos para usar. Se demora-se mais um pouco. Kore voltaria a incomodá-la, isso se não mandasse uma daquelas crianças irritantes que faziam tudo o que ela queria.

Escolheu um vestido em estilo Lollita marrom com alguns detalhes dourados na barra. As mangas eram brancas e cheias de babados rendados. Calçou seus sapatos de boneca e penteou os cabelos, antes de sair escondeu uma pequena arma prateada na parte interna da cinta-liga.

E saiu.

A casa onde viviam era um grande sobrado antigo escondido no meio da única floresta que havia conseguido sobreviver ao clima extremo do Vale das Cinzas. Por ser uma área mais afastada das minas de carvão e das fábricas, o ar era mais limpo e o céu relativamente mais bonito.Algumas vezes alguns raios do sol atravessam as nuvens durante o crepúsculo. Ou era possível ver estrelas a noite.

Alice desceu do terceiro de quatro andares até o térreo. Onde ficava a sala, cozinha, sala de jantar e um banheiro que ninguém usava. Seus passos fizeram a escada ranger levemente, mas nenhum dos presentes na enorme sala fez questão de parar o que estava fazendo. De fato, o alvoroço era tal que duvidava que houvessem notado sua presença.

Os gêmeos, 110 e 220, brigavam aos gritos por uma chave de fenda que com certeza não lhes pertencia. Ambos tinham cabelos negros e olhos igualmente escuros.Idade? 9 anos. Problema? A grande energia que tinham para gastar somado a sua esperteza e ao fato de serem idênticos. Duas pestes que apenas Snixx, Snow e Reaper conseguiam controlar.

Snixx por ser a única com paciência e coragem de aplicar castigos em crianças desobedientes.

Snow por motivos óbvios.

E Reaper por ser... O "ídolo" deles.

Alice deu um passo para trás para deixar que três menininhas passassem correndo. Suspirou.

Viu que uma menina de cabelos laranja tocava calmamente o piano de armário num dos cantos da sala. O ritmo tranquilo se perdia no caos. Ela parou um momento... Pensou... Escreveu alguma coisa na partitura e continuou sua composição balançando o rabo de cavalo de um lado para o outro.

– NÃO! DROGA, PRO OUTRO LADO! - A loira virou o olhar para a poltrona de frente a lareira. O garoto tinha cabelos vermelhos muito vivos, mas já era possível notar a raiz loira nascendo. Usava fones enormes nos ouvidos e óculos verdes de realidade virtual. - Inferno...Morra maldito... - Resmungou antes de recomeçar a bater fortemente no teclado e ... - NÃO!NÃO!NÃO!

Os xingamentos que se seguiram foram em russo. Uma língua tão complicada que Alice tinha desistido de tentar entender mesmo depois de três anos convivendo com Echo.

E no meio da sala, entre os sofás e a televisão, sobre o tapete persa que Kore tanto prezava... Snow e Snixx discutiam aos berros , olho no olho, devido a altura privilegiada de Snixx ,que mais uma vez estava com um salto agulha de cinco centímetros .

Desta vez, a loira trajava uma regata azul discreta e uma calça jeans escura.

O líder esbanjava elegância em um de seus trajes do século XIV: Calça justa escura, botas de couro e camisa de linho branca de gola aberta. Em seus punhos haviam duas munhequeiras compridas de couro marrom escuro que escondiam facas pontiagudas banhadas de veneno paralisante. O símbolo da gangue costurado em cada uma delas: A raposa do ártico.

– Por que será que estão discutindo agora? - Alice perguntou baixo para si mesma.

– Por causa de ontem a noite. - Um sussurro disse ao seu lado. O coração da loira saltou de susto, mas ela fez de tudo para não expressar sua exaltação quando voltou-se na direção do som.

Seus olhos arregalados voltaram a velha posição semi aberta quando vira quem era: Black Cat, só podia ser.

– Snow não a havia perdoado por ter estragado mais um plano com sua imprudência?

– Sim. Mas Kore escondeu os cigarros do meu irmão de novo. Ele acordou irritadiço.

Alice olhou para a menina pelo canto do olho. Black Cat era albina como o irmão, mas seus cabelos curtos em formato channell eram lisos e a franja comprida praticamente cobria os sinistros olhos lilases que há muito tempo não viam a luz.

Se vestia de forma tão excêntrica quanto o irmão: Vestido rendado negro comprido até os tornozelos e repleto de babados na barra e nas mangas compridas. Tinha ainda um colar de pérolas brancas sobre a gola fechada, uma presilha de flores negras enfeitando o cabelo e um par de sapatilhas negras.

– E você sabe. - Não era uma pergunta. Todo mundo sabia que, embora fosse cega, Black Cat era a que mais via naquela casa. - Por que não contou?

A menina abaixou a cabeça, envergonhada.

– Concorda com Kore? - Alice pressionou mais um pouco.

Mesmo não sendo uma novata, ainda havia muita coisa que não sabia sobre a gangue e sobre os veteranos. Snow, Black Cat e Kore eram os que estavam a mais tempo naquela vida. Seguidos por Echo, Reaper e ela mesma.

Apenas um ano após sua entrada, encontraram os gêmeos vagando pelas ruas e eles se fizeram aceitar. Poucos meses depois era a vez de Rosa, ou Rosa de Sangue como era chamada pelos mais novos ou em ocasiões sérias. Sua entrada foi mais que bem-vinda visto que coração fraco de Kore não suportava mais limpar ferimentos profundos sem morfina.

Snixx e Lucky foram os últimos a entrar e talvez por isso - e pela personalidade explosiva dos dois - é que Snow continuasse com um pé atrás em relação a eles. Mas Alice não via motivo para a preocupação exagerada do albino, e sinceramente, se aqueles dois estivessem mesmo tramando qualquer coisa Black Cat descobriria.

E Falando nela...

A albina balançou a cabeça concordando uma única vez. Ela se preocupava muito com o irmão.

Alice olhou para frente. Snow ainda discutia com Snixx. Rosa havia parado de tocar piano e saíra pela enorme porta de madeira. Echo agora dormia no sofá, o óculos caído envolta do pescoço, mas os fones em seu devido lugar. Nenhum sinal dos gêmeos.

Suspirou e percebeu que Black Cat desaparecera... Típico. Girou nos calcanhares em direção a cozinha. O terceiro maior cômodo da casa, só perdia para a sala e a biblioteca do quarto andar.

As paredes eram lotadas de armários e bancadas. Haviam duas pias enormes grudadas de um lado. Do outro ficava o fogão de seis bocas onde quatro grandes panelas de ferro liberavam os mais diversos odores. Caminhou até a geladeira - que era duas vezes mais alta que ela - a abriu e tirou uma maça... Estava a ponto de morde-la quando a porta da geladeira fechou-se bruscamente na sua frente.

Pela segunda vez em menos de dez minutos, Alice teve que esconder o susto. Seus olhos voltaram ao normal ao ver quem estava ao seu lado desta vez.

– O que você está fazendo? - Reaper perguntou olhando fixamente para baixo, ou seja, para Alice, que tinha que inclinar a cabeça num ângulo desconfortável para encará-lo nos olhos.

– Comendo? - Respondeu o óbvio arqueando a sobrancelha.

Reaper era o mecânico e cozinheiro do grupo. Ele era alto, muito alto, dez centímetros mais alto que Snixx no seu maior salto, apenas para ter uma ideia. Seus cabelos negros compridos iam até um pouco abaixo dos ombros e os olhos eram negros, indecifráveis e impenetráveis. Basicamente uma fortaleza em pessoa.

E ficava ainda mais intimidador quando andava de um lado para o outro com os coturnos e jaquetas de couro. Felizmente, era só não mexer com ele que ele não mexia com você. Alice havia entrado dois meses antes dele e sabia perfeitamente disso, nunca haviam discutido, embora preferisse pisar nos jardins de Kore a vê-lo irritado.

Mesmo que uma coisa fosse levar a outra, inevitavelmente... Por que?

– Achei que fosse sair com Kore para buscar mantimentos. - Secou os cabelos com a toalha pendurada no pescoço. Provavelmente terminara de consertar a moto e fora tomar banho antes de fazer o almoço.

– Eu vou.

Bem, eles estavam juntos a dois anos agora e era contra as habilidades de qualquer um entender como alguém tão florido, colorido e meigo como Kore havia se apaixonado por um ser tão sinistro, intimidador e sombrio como Reaper.

–Ótimo - Lhe entregou um papel dobrado -Então diga para ela não comprar leite de soja de novo. - Ia em direção a pia para lavar as mãos. - Já disse isso mais de mil vezes , ninguém mais aguenta tomar aquela porcaria.

Ela respondeu com um "Aham". Guardou o papel no bolsinho do vestido e se dirigiu a saída da cozinha dando uma mordida na fruta. Passou pela sala agora apenas Echo dormia jogado no sofá. Nem sinal de qualquer outra pessoa.

Pegou um pano pendurado no cabideiro junto com um sobretudo escuro. E saiu pelas mesmas portas por onde Rosa havia saído antes.

Os raios fortes não atravessavam a camada de nuvens, mas ainda estava especialmente quente do lado de fora. O lado de dentro tinha uma temperatura agradável graças ao sistema de refrigeração construído por Reaper e projetado por Echo.

Mas o lado de fora era sufocante, obviamente, o centro da cidade era pior.

Colocou o casaco e desceu as escadas de mármore que davam para os jardins da frente, não eram grandes, mas a grama era bem cuidada e algumas flores nasciam em alguns arbustos. Continuou em direção a entrada onde uma van negra já a esperava. Entrou.

Kore usava as mesmas roupas que ela. O pano escuro enrolado em sua cabeça só deixava o rosto a vista.

– Demorou. - Disse num muxoxo fazendo uma careta.

Alice ignorou e passou a lista de compras para a amiga, esta leu e reconheceu a letra na hora. A loira mordeu a maça novamente.

– Fala sério! Carne! Será que ele ainda não entendeu como é que eles matam as vaquinhas hoje em dia!? - Kore reclamou batendo na lista com a mão livre. - Francamente - Ligou o carro.

Alice a encarou pelo canto do olho e voltou a fitar a janela com os olhos verdes.

– Reaper pediu para não comprar leite de soja. - Comentou.

– Hmpf. Tá bom, então.

A van levantou poeira na estrada de terra.


–--*---




Kore havia se encarregado de fazer a troca com o mercador. Metade da pedra de Urânio em troca de todas as mercadorias das duas listas que haviam trazido. Uma de mantimentos, outra de armas que precisavam ser repostas.




Em Battery City não havia eletricidade e tudo funcionava a base de energia nuclear. Cada casa tinha um pequeno reator que supria a habitação por meses desde que lhe fosse fornecido uma pedra de Urânio de tamanho considerável.


Por isso que tal pedra era tão importante. Tudo se comprava com energia.

Alice esperava perto da van do lado de fora da taverna com o rosto coberto pelo pano oscuro, seus olhos eram a única coisa que ficavam para fora.

Respirou fundo e limpou o suor que escorria pelas têmporas com a manga do casaco.

– Vamos logo com isso, Kore - Disse através do mini-comunicador preso em sua orelha.

– Ele está pesando a pedra, já está acabando.

A voz chiada respondeu.

Alice recostou o corpo no capo do veículo. Não estava em posição defensiva desta vez. A Taverna do Torh era área neutra, a Suíça de Battery City. Ele não servia nem às gangues nem às polícias do governo, estava apenas preocupado com ele próprio e qualquer ataque ali significava início de guerra.

Levou os olhos para o céu obscurecido. Algumas nuvens pareciam refletir os raios que vinham de cima delas. Continuou encarando até que o ruído de latas caindo no beco ao seu lado chamou sua atenção.

Pegou a arma escondida discretamente e se aproximou da parede. Passo a passo ia em direção à fonte do som. A rua estava deserta o que fez com que sua ansiedade aumentasse. Será que não tentariam mesmo um ataque, mesmo?

Respirou fundo e seu coração antes acelerado acalmou-se.

Alice focalizou a visão e contou até três antes de dar o passo final que a levaria para dentro do beco. Levantou a arma; apontou para todos os lados possíveis a espera de um inimigo. Relaxou, e abaixou sua pequena pistola prateada, guardando-a.

No entanto, algo no chão, escondido atrás das caçambas de lixo fez com que franzisse o cenho. Foi até o objeto e se agachou para pega-lo. Tudo bem, aquilo sim era novidade.

Era um chapéu... Não, uma cartola. Tão alta que chegava a se entortar para trás na ponta. Havia sido feita de um roxo berinjela estranho que já estava desbotado e com alguns remendos em outras cores como vinho, preto ou marrom. A fita lateral era laranja e muitos papeis estavam presos na parte de dentro dela, assim como uma enorme pena de pássaro azul. Quem teria sido o dono daquele chapéu velho? Devia deixá-lo ou levá-lo e tentar conseguir alguma coisa com ele?

Alice congelou quando ouviu passos atrás de si. Seus olhos se arregalam. Se fosse um inimigo com certeza morreria agora, Kore estava longe o bastante e ela mesma não seria rápida para se defender na posição em que estava.

Atreveu-se a olhar para cima, desta vez não havia mais medo em seus olhos, apenas ansiedade. Se era a morte o que a esperava pelo menos queria a dignidade de partir sabendo quem lhe havia tirado a vida.

Engoliu em seco. Agora nervosa. Nunca havia sentido tantas emoções diferentes em tão curto espaço de tempo.

Era um garoto, alguns anos mais velho que ela, mas nem por isso muito mais alto. Os cabelos eram escuros e arrepiados a pela morena, bronzeada pelo sol que não existia ali. Um olho era azul e outro era verde.

Usava uma blusa de mangas compridas com listras negras horizontais, calça jeans clara e tênis furado na ponta. Suas mãos estavam enfaixadas com gazes sujas, mas Alice ainda pôde ver que sua pele era manchada nas pontas dos dedos e por um momento se perguntou se havia mais delas por seu corpo.

Era uma figura estranha em todos os sentidos.

Ele sorriu colocando as mãos no bolso da calça, inclinou o corpo esguio ligeiramente para frente. Seus olhos se fecharam e os dentes extremamente brancos surgiram cortando seu rosto de lado a lado como se fossem uma adaga. Sua voz era amistosa porém, Alice segurou mais forte o chapéu entre suas mãos quando ele disse:

– Acredito que isso pertença a mim, senhorita.

Aquele havia sido seu primeiro encontro com Lewis Carter.


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Notas finais do capítulo

Capitulo não revisado
duvidas, criticas e sugestoes... Já sabem.
Au revoir