Desejos escrita por Vivian Sweet


Capítulo 6
Capítulo 6 - O Passado me acompanha




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Alguns flashes do passado vieram à sua mente.

“Não dá mais pra continuar assim, Nicolas. Acho que a gente tem que dar um tempo. Agora até nos finais de semana você trás esses amigos sem-noção aqui pra casa. Não dá mais!”

“Aconteceu uma coisa horrível, a Talita me ligou chorando muito por quê? Fala!”

“Eu vou voltar com o Nicolas, eu sei que ele vai tentar de novo. Aconteceu alguma coisa. Ele não quer me falar.”

“Como assim o seu padrasto sumiu? O que aconteceu com ele? Meu Deus! Será que o sequestraram?”

“Nicolas, aconteceu alguma coisa tão grave assim? Por que não me conta?”

“O Nicolas mudou. Tem uma sombra dentro dele.”

E agora, três anos depois, aquela imagem deixou-a muito preocupada. Eram armas, pistolas automáticas, munição. “O que ele pretende com isso? Será que ele está pensando em suicídio? Ah não! Eu não posso deixa-lo fazer isso!”

Julie saiu do notebook, deixou exatamente como estava. Aquilo tinha acabado com sua noite.

Nicolas voltou muito bem arrumado. Passou gel no cabelo, deixou meio desarrumado. Lindo e sedutor.

– Estou pronto, que tal? Acha que estou à altura?

– Você parece muito bem. – falou sem esboçar nenhuma emoção.

– Vamos?

– Não, eu não quero mais sair. Perdi a vontade. – não conseguia disfarçar.

– Ãhn? Você não quer mais? Mas o que aconteceu? Não pode ter mudado de opinião tão rápido!

– É. Eu não to bem, to com dor de cabeça. É isso, muita dor de cabeça.

– Então fica aqui em casa, dorme aqui comigo. Não quero que você vá embora!

Ela tocou seu rosto carinhosamente. Mas se lembrou que seus pais a esperavam.

– Mas eu não posso. Disse pros meus pais que eu voltaria.

– Amor, liga pra eles. Ainda é cedo.

– Tá bom. Mas só se você me responder uma coisa.

– Fechado! Qual é a pergunta?

– Por que você está procurando armas?

– Que? Como assim? De onde você tirou isso?

Ela cruzou os braços e olhou séria pra ele.

– Eu não sei de onde você tirou essa ideia. Que bobagem! Vou na copa pegar um remédio pra você.

– Eu vou descer também. Você não vai me responder e minha cabeça vai continuar doendo por causa disso.

– Julie, eu não sei mesmo do que você está falando. Você quer ir embora, eu te levo. Ok. Acho melhor a gente não brigar mais hoje. – mas ele parecia estar preocupado, nervoso.

– Também acho melhor. – falou emburrada.

– O que tá acontecendo com a gente hoje? – Nicolas perguntou.

– Não sei Nic. Eu espero que não seja nada do que eu estou imaginando.

– Eu vou te levar em casa, tá? Não existe problema nenhum. Toma esse remédio aqui. Te levo em casa.

Nicolas levou-a de carro, em silêncio, compenetrado em algum pensamento obscuro. Ela tentava decifrar seu comportamento, mas era inútil. A cabeça dele estava a milhão. Parou o carro em frente sua casa e desceu para abrir a porta pra ela. Foi com ela até a porta e antes de ir embora, abraçou-a.

– Julie, eu não quero te perder.

– Por que está falando isso?

– Não sei. Tenho medo. Só isso.

– Vamos apagar essa noite. Definitivamente essa noite foi uma das piores que já passamos nos últimos meses.

– Eu vou embora. Vou esperar você entrar. – e lhe deu um beijo.

– Tchau, Nicolas.

–Tchau, amor.

.......

Ele voltou pra casa pensando na pergunta dela. “Por que você está procurando armas?”. Como ela soube disso? “Deve ter aberto meu computador e bisbilhotado tudo. Mas eu não escrevi sobre isso.” – pensava alto. “O que será que ela tá pensando que eu vou fazer?”...

Suas lembranças vieram à tona. Isso aumentava o desejo de se vingar.

Chegou em casa e foi direto pro quarto, correu e abriu seu computador. Bingo. Mas que programa estúpido, x9. Por que essa droga fica rastreando os sites que eu abri!

Pegou seu celular e ligou pra alguém.

– Oi! Olha só. Não mande mais nada pra cá. Quero receber essa encomenda lá no hotel.

E desligou. Ele fez uma limpeza no computador, pra não deixar mais nenhum rastro. Mancada sua deixar isso à mostra. A Julie deve estar preocupada comigo, mas não é isso. Não vou repetir a besteira de descontar esse ódio em mim.

Julie tinha se deitado pra dormir, mas quem disse que conseguia! Ficou muito preocupada com essa ideia do Nicolas. Principalmente porque ele negou. “Por que ele ia querer uma arma?”

Talita estava quieta em seu quarto. De repente Nicolas entrou.

– Oi. Vim ver como você está.

– Estou ótima. – ela disse chateada.

– Não. Não está. Talita, eu quero te pedir uma coisa.

– Não peça. Aliás, sai daqui.

– Por que está me tratando assim?

– Você não sabe?

– Não, eu não fiz nada. O que foi que eu fiz?

– Nada. Você está certo. Não fez nada.

– Eu só queria te pedir pra parar de provocar a Julie. Vocês precisam se entender. Isso é infantilidade sua! Não gostar da Julie só porque acha que vai perder a minha atenção! Isso nunca vai acontecer! Sou seu irmão, sempre vou ser.

– Esse é o problema, Nicolas. Pra você eu sempre vou ser sua irmã.

Eles se encararam por alguns segundos. Mas ele cortou o olhar. Levantou-se da cama porque tinha sentido algo estranho.

– Boa noite. – disse pra ela e saiu do quarto pensativo.

Talita estava contrariada. Se fosse outro cara já tinha sido o suficiente pra entender que gostava dele. O Nicolas só teria um jeito. Falar com todas as letras e correr o risco de ouvir um não. Ela dormiu pensando numa maneira de chamar sua atenção. Mais uma vez.

No outro dia, à tarde, no horário que Nicolas geralmente chegava em casa, Talita começou a por um plano em ação. Tinha ligado pra sua amiga Fabiana e marcado de saírem. Dessa vez ia matar o “irmão” de ciúmes. A intenção era essa.

Nicolas não tinha notado que entre as roupas que Talita escolheu havia uma que não tinha nada a ver com o clima da Inglaterra. Um vestido curto, sandália e bolsa, cor de bronze. Era uma roupa fina e caiu muito bem nela. Ficou lindíssima. Tinha secado o cabelo com escova e fez uma maquiagem discreta. Estava muito atraente.

Nicolas tinha chegado em casa e estranhou que a irmã não tivesse ido ao seu encontro, como sempre faz. Foi direto pro quarto dela. Bateu na porta e como estava destrancada, abriu e entrou. Mas ficou paralisado ao vê-la daquele jeito. Não tinha nenhuma festa que ele soubesse. Onde será que ela achava que ia?

– Oi.

– Oi, Nicolas.

– O quê é isso?

– Isso o quê?

– Essa roupa?

– Ah! Essa roupa que eu vou sair?

– Vai sair pra onde?

– Vou num aniversário.

– Assim? Precisa disso tudo? Aniversário de quem?

– Tá bom. Não vou a aniversário nenhum. Eu vou sair com a Fabi pra comer uma pizza.

Nicolas riu, não acreditando.

– Essa sua roupa não tem nada a ver com esse tipo de programa.

Ele chegou mais perto. – Fala logo onde você pensa que vai.

– Vou sair pra dançar. Hoje é sexta-feira. Tem uma festa no Dark Side, que termina cedo. Mas vai ficar lotada. Vou me divertir muito.

– Espera. Eu vou ligar pra Ju e a gente vai com você.

– De jeito nenhum! Eu marquei de encontrar com a Fabi. Ela vai me apresentar um amigo dela.

– Olha! Não estou gostando dessa sua história.

– De que parte não gostou? De não querer segurar vela pra vocês dois ou de saber que vou me divertir?

– Quem é esse amigo da Fabi?

– Um cara aí.

– Nome.

– Guto.

– Não é o Guto Boca não, né?

– É o próprio. Muito gato ele.

– Você não vai.

– Claro que vou. Ficou doido?

– Esse cara é o maior comedor da sua escola. Eu conheço a fama.

– Ah Nicolas. O que é que há! Todo mundo tem sua primeira vez.

– Talita! Não me provoca! Isso não é jeito de uma mulher se comportar! Você não vai! Pronto e acabou.

– Eu vou pronto e acabou. Estou só esperando a Fabi me ligar.

– Tá Ok. Não vou falar mais nada. Boa festa.

Nicolas subiu pro seu quarto.

Pegou seu telefone e ligou pra um “amigo”.

– Conhece o Boca?

– ...

– Quero que dê um jeito dele NÃO CHEGAR a balada nenhuma hoje. Dá um jeito dele nem dobrar a esquina. Mas pega leve. É só pra dar um susto.

Passado 40 minutos, finalmente a amiga de Talita ligou, pra dizer que não iam mais sair. Ela ficou sabendo que o Guto tinha brigado com um cara na rua e apanhado muito. Mas não sabia o motivo.

Talita desligou o telefone, incrédula. Era muita coincidência ou o “irmão” estava metido nisso?


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