Arritmia escrita por Le arc en rouge


Capítulo 2
Penumbra


Notas iniciais do capítulo

Demorei um pouquinho para atualizar não é? Me desculpem, crise de inspiração. Capítulo curto só para vocês sentirem um pouco como é a relação dele com a noiva.

Ps: Vocês devem ter notado que ainda não dei a ele um nome nem características físicas, isto ainda está por vir, tenho tudo na cabeça, mas por hora deixo assim.

Boa leitura!



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Entrei no apartamento ainda escuro, meu turno acabara às 3 da manhã e aqui estava eu, uma hora mais tarde. Morávamos nas limitações da cidade, o que tornava o local bastante isolado, se eu tivesse que escolher sozinho, teria alugado um lugar perto do hospital, mas na época eu estava doido para agrada-la.

Fechei a porta com cuidado e pendurei as chaves no gancho acima do criado mudo, descalcei os sapatos e fui direto para o quarto. Deixei a mochila sobre a poltrona perto da janela e comecei a tirar as roupas, tudo isso sem precisar acender as luzes. Não sei se por não querer acorda-la ou por simplesmente gostar da escuridão, depois de passar tantas horas trabalhando sob luzes fluorescentes.

De cueca, fui para baixo dos lençóis, o corpo dela logo mudou de posição e veio ficar colado ao meu, ela me procurava mesmo no sono e agora eu achava isso irritante. Por um ou dois minutos fiquei pensando o quanto seria legal ter a cama só para mim às vezes, até que adormeci.

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Uma fatia de luz entrava pela brecha da cortina, vindo se projetar irritantemente sobre o meu rosto. O relógio marcava as sete da manhã, eu queria continuar na cama, mas precisava levantar e ir trabalhar dali a apenas mais uma hora, além disso, meu estômago roncava e vinha um cheiro irresistível de panquecas da cozinha.

Levantei e saí do quarto arrastando os pés, ela estava de pé perto do balcão, segurando uma espátula e vestida com um ridículo avental no qual as palavras “kiss the cook” estavam bordadas.

- Bom dia!

Ela disse e me beijou rapidamente. A luz que entrava na cozinha deixava os cabelos vermelhos dela flamejantes.

- Dia

Respondi, sentando à mesa e servindo uma xícara de café.

- Eu estava indo te acordar, tem plantão hoje não tem?

Ela perguntou enquanto empilhava panquecas em um prato.

Pergunta estupida. Sim, eu tinha que ir trabalhar, como eu tinha que ir trabalhar todos os outros dias da semana. Tanto quanto eu sabia que a quarta feira era dia de panquecas, que mulher nos dias de hoje tem tempo para cozinhar todas as manhãs?

Amber tinha. Filha de advogados irlandeses, ela herdaria uma pequena fortuna quando o pai chutasse o balde e por isso não precisava se preocupar com o futuro, é claro que ela foi à faculdade e tem um trabalho, mas para ela foi como um passa tempo e é claro que ela não precisa dar muito duro, trabalhando meio período como professora do jardim de infância.

Meu humor melhorou depois do primeiro gole de café, mas perdi a fome.

- Sim meu amor, estou saindo daqui a pouco.

Ela veio sentar ao meu lado e colocou sua mão sobre a minha, os cantos dos seus lábios se levantaram formando um grande sorriso. Eu percebi as sardas no seu nariz e o brilho nos olhos cor de mel. Meu coração se iluminou.

Tão doce, cuidadosa, atenciosa, perfeita. Ela me doava sua luz quando eu parecia ser feito de sombras. Um hospital não é exatamente o lugar mais feliz para se trabalhar, você vê coisas que não gostaria de ver e sabe de coisas que não gostaria de saber. A doença, a violência, não importa a idade, o sexo, a cor, no final todos sangram do mesmo jeito...e eu precisava estar lá para tentar salva-los e muitas vezes falhar.

Alguns dias eu a odiava, por que ela nunca veria as coisas que eu tenho que ver e ela nunca hesitaria antes de sorrir por que para ela a vida era tão vazia de preocupações. Estávamos juntos há dois anos, desde que eu tinha acabado a faculdade e naquela época eu acreditava em finais felizes. Hoje eu acredito que no fim, todos morreremos e é só isso.

Eu devolvi seu aperto na minha mão, lhe dei um beijo na bochecha e disse que iria para o banho. A água quente relaxava todos os meus músculos, mas não podia aquecer os pensamentos na minha cabeça, quando sai do banheiro ela tinha saído.

“Você parece chateado e eu não quero perturba-lo, imagino que seja algo do trabalho então vou te dar espaço.

Estarei pensando em você,

- Amber”

Dizia um bilhete que ela deixou sobre a cama, perto das minhas roupas. Eu odiava a forma como ela achava que podia ler meus pensamentos.

Droga!


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Notas finais do capítulo

Penumbra pode ser definida como meia luz e é a palavra que usei também para definir os sentimentos dele para com sua noiva. Deu para perceber que ele fica no meio entre o amar e o não amar, não é?
Que acharam? Reviews?