A Maldição De Afrodite escrita por Rafael Piotto


Capítulo 15
Pegamos uma carona com papi




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Eu já havia feito uma serie de burrices durante minha vida, como tentar treinar com pesos amarrados nas pernas achando que isso me deixaria mais rápido (Não deu certo, apenas fiquei com algumas dores musculares por algumas semanas.) , ou tentar invadir o chalé de Apolo enquanto todo mundo dormia por que eu tinha uma paixonite por uma das campistas mais velhas e acabar entalado ao tentar pular uma das janelas do chalé. Mas ameaçar o Deus da Guerra? Isso com certeza estava no topo da minha lista de más decisões.

                –Gente, calma! – Disse aos meus amigos enquanto Ares ainda me puxava pela camisa, Franky e Marco estavam partindo em sua direção com pratos em mãos (Bela escolha de armas, pessoal.) e Sarah já estava armando uma flecha em seu arco. – Esse... Bem, esse é meu pai. Então provavelmente não é uma boa idéia enfrentá-lo. – Voltei a encarar Ares. – Porque você decidiu aparecer aqui, agora?

                –Porque não conversamos lá fora? – Não sei por que ele me perguntou isso se ele pretendia me arrastar pra fora da loja de qualquer forma. Os mortais nos encaravam como se estivessem presenciando uma simples briga de bar. – Ok, Len, o que você pensa que esta fazendo?!?

                –Tentando tomar café. Aliás, olá pai, como é bom te ver PELA PRIMEIRA VEZ EM MINHA VIDA! –Disse gritando com ele. Novamente, não era muito inteligente gritar com o Deus da Guerra. Mas eu não me importava com isso, ele era meu pai e pelo que vivi nos últimos anos, podia dizer que ele não estava fazendo um bom trabalho nisso. – Você sabe pelo que eu passei nos últimos anos? Ou pior, pelo que eu e Rin passamos! Você podia pelo menos fingir que se importa conosco e tentar evitar que seus filhos sejam seqüestrados!

                –Não tenho culpa se vocês são fracos. –Disse ele me olhando com certo desgosto. –E sim, eu sei pelo que você passou. Na verdade se não fosse pela MINHA ajuda, você nem estaria por perto! Você e sua irmã teriam sido mortos por aquele touro antes mesmo de fazer 10 anos.  – Lembrei de como Ares me emprestou seus poderes diversas vezes na época em que eu estava no circo. Se não fosse por sua intervenção quando éramos mais novos, Kikuo já teria nos matado há muito tempo atrás. Decidi pegar leve com ele, mesmo não tendo o perdoado totalmente. – E você não sabe, mas eu sei pelo que Rin passou nos últimos anos enquanto você brincava de casinha no acampamento meio-sangue. Ou pior, comia em restaurantes com seus amigos como se nada tivesse acontecendo!

                –Então ela está viva?!? – Ignorei tudo o que ele tinha dito ao ouvir aquilo, minhas esperanças estavam altas novamente. – Espere... Se você sabia então porque não me falou? Eu só não fui atrás dela antes porque não fazia idéia de onde ir.

                –Não era a hora certa. Eu entreguei Kikuo ao acampamento agora sabendo que você iria atrás de informações a partir dele. Ele já teria sido capturado ou morto há anos atrásse não fosse por minha intervenção, mas não era à hora certa para você ir atrás de Rin. Agora você já tem um ano de treinamento um bom time para ir nessa missão. –apontou para o restaurante, olhei para trás e vi meus amigos encostados na vitrine do restaurante observando nossa conversa com apreensão. Franky não devia ter entendido a parte em que eu disse que aquele era o Deus da Guerra, pois ele estava encarando Ares com uma cara de mal e socando a palma de sua mão provavelmente em uma tentativa de ameaçá-lo – Eles podem não ser muito inteligentes... Mas se você fosse sozinho atrás de Rin você morreria. Tendo companhia vocês podem ter uma chance, essa missão é incrivelmente perigosa e nós estamos contra o relógio. Quanto mais gente tivermos para te ajudar, melhor.

                –Mas eu mal sei onde ela está... E não tenho como ir até Atlanta de qualquer forma. Mesmo que ache um jeito de ir, não é certeza que ela vai estar lá! E o que você quer dizer com “estamos contra o relógio.”?

                –Ela vai estar lá. Atlanta é onde Pierre está morando. Bom, ele tem muitas residências pelo mundo, mas sua residência principal fica lá por ser logo ao lado do maior aeroporto do país, dessa forma ele pode enviar suas vendas para qualquer lugar do mundo. Ele não vende todos os semideuses que captura, alguns ele deixa em suas casas como empregados ou seguranças. Rin esta em sua cada de Atlanta, ela trabalha para ele como segurança por ser filha de Ares, mas também serve como troféu, uma espécie de lembrança de quando ele derrotou Kikuo. Não só isso, mas Rin esta crescida agora. Pelos rumores que ouvi entre os compradores dele, assim que seu corpo se desenvolver mais ela será usada como...

                –Já entendi, não diga mais nada. –Interrompi-o. Já sabia o que ele iria dizer, mas não queria pensar na possibilidade daquilo acontecer. – E eu tenho plena certeza de quem derrotou Kikuo fomos eu e Sarah, não ele.

                –De qualquer forma, ela esta lá. Eu passei meses indo atrás de seus compradores para recuperar ela eu mesmo, mas existe uma magia antiga que impede Deuses de se aproximar dele. Sempre que eu acho que encontrei sua residência, estou do outro lado do país. Ou se tento seguir o avião que ele seqüestrou para enviar sua ‘mercadoria’ eu sempre acabo me perdendo nos céus, são ilusões feitas para enganar qualquer um que tente se aproximar. Mas por terem sangue mortal pode ser que as ilusões não tenham o mesmo efeito sobre vocês. Agora, sobre como nós vamos chegar lá... –Ares fez aparecer uma limusine no meio da rua em frente ao restaurante, ela era preta com detalhes em prata, haviam caveiras pintadas nas rodas e na frente do carro que em geral parecia ser muito caro. Quem disse que só por que Ares é o equivalente divino a guerras, batalhas e sede de sangue que ele não pode ter estilo. – Vamos, nós conversamos no caminho, tenho muito a te explicar.

                Voltei ao restaurante para chamar meus amigos, todos olhavam para o carro como se ele fosse feito de ouro puro. Os quatro estavam com os olhos arregalados e bocas abertas e até Franky havia se esquecido do fato de que ele queria bater em Ares a momentos atrás.

                Depois de Ares entrar na limusine nós entramos logo atrás. Havia alguém dirigindo o carro, mas não consegui ver seu rosto devido à cabine do motorista ter janela que a separava de onde os passageiros sentavam. Por dentro a limusine parecia tão impressionante quanto por fora, o estofado era todo vermelho com desenhos de caveiras nos assentos (Um pouco clichê, mas eu gostei.), havia uma parte reservada para bebidas que de acordo com Ares eram infinitas e tinha espaço para nós seis sentarmos confortavelmente sem termos que disputar por espaço, mesmo com Franky por perto. Olhando pela janela percebi que todos os carros davam passagem para nós como se fossemos uma ambulância com a sirene ligada, então independente do transito que estivesse em Long Island, nosso carro podia chegar a mais de 100 km/h sem problemas.

                –Vou aproveitar essa chance para te explicar algumas coisas, Len. – Disse Ares enquanto tomava uma garrafa de uísque. – Primeiro, quantos de vocês além do Len já receberam a benção divina de seus pais? – Ninguém se manifestou. – Foi o que imaginei. Len, você já a recebeu mais de uma vez, primeiro um pouco desse poder foi passado a você ao enfrentar aquele touro e depois a benção completa caiu sobre você ao enfrentar Kikuo, sabe por quê?

                –Talvez você se sinta culpado pelo fato de eu ter sido torturado tanto mentalmente quanto fisicamente desde meus quatro anos de idade e decidiu compensar? Ou talvez pelo fato de que você deixou minha mãe sozinha, sem emprego, com dois filhos para cuidar fazendo assim ela se render as drogas e ao álcool e descontar toda sua raiva em mim? Ou talvez pelo fato de...

                –Haha, não. –Disse Ares rispidamente. – Mas é verdade que eu me sinto culpado por algo... é claro, se não fosse por isso eu não me daria ao trabalho de ir atrás de sua irmã como eu fiz ultimamente, nós Deuses temos filhos demais. Se eu fosse ter esse trabalho com todos meus filhos ficaria doido! –Disse ele rindo, obviamente ninguém riu junto dele. – Mas Len... Por culpa minha, você e sua irmã têm uma maldição.

                “Seria essa maldição o fato de eu ter seu sangue em minhas veias?” Pensei comigo mesmo, mas acho que ele não apreciaria a piada. – Como assim?

                –Há muito tempo atrás, Afrodite e eu brigamos. Coisa normal que acontece com os melhores casais, apenas 400 mortais acabaram mortos após essa briga pelo menos. Enfim, dessa vez após resolvermos nossas diferenças ela decidiu que não teria mais filhos com mortais e me fez prometer que eu faria o mesmo. Eu achei que isso talvez pudesse ser interessante então concordei em fazer o mesmo, ter filhos semideuses é algo bem complicado afinal. – Disse me encarando por cima dos óculos. – Mas acabei conhecendo uma mortal que me fez mudar de idéia e esquecer completamente Afrodite, essa era sua mãe.

                Nossa, imaginei como minha mãe devia ser incrível quando eles se conheceram. Por algum motivo senti falta dela naquele momento.

                –Afrodite, obviamente não encarou bem isso... Eu tentei falar com ela, mas quando ela esta brava ela vira uma pessoa extremamente teimosa. –Encarei Sarah pensando “Tal mãe, tal filha.” Mas ela evitou meu olhar como se eu fosse a própria medusa. – E assim que o parto de vocês dois terminou, ela colocou uma maldição sobre vocês. – Então ele começou a olhar para baixo, qualquer um podia ver que Ares odiava falar sobre aquilo e estava se sentindo incrivelmente desconfortável. – Afrodite é a deusa do amor, então é claro que suas maldições envolveriam isso também. Enquanto essa maldição estiver sob vocês, vocês não podem amar. Se estiverem apaixonados, a maldição não vai deixar com que vocês fiquem proximos – Naquele momento eu o encarava sem falar nada, quanto mais eu ficava sabendo sobre isso, mais bravo eu ficava. – Pense sobre isso, quando você era mais novo e morava com sua mãe, quem você mais amava em todo o mundo?

                –Rin. – Disse sem pensar duas vezes

                –Não, sua mãe. –Eu não lembrava direito, apenas tinha más memórias dela. – Por mais que ela tratasse mal vocês, é normal que um filho ame sua mãe, é mais um instinto de sobrevivência do que qualquer outra coisa. E o que aconteceu? Por puro azar, um sátiro que estava sendo perseguido pelo minotauro encontrou vocês, atraindo assim o minotauro junto e destruindo sua antiga casa. Desde então vocês nunca mais encontraram sua mãe de novo. Depois disso você passou a amar sua irmã cada vez mais, depois de anos no circo ela era tudo que você tinha e vice versa. Mas então novamente vocês dois foram separados. Após um tempo sem ela, você ficou muito apegado a Sarah pelo apoio que ela te dava e acabou desenvolvendo um tipo diferente de amor por ela, queria que Sarah fosse sua namorada e estivesse ao seu lado o tempo todo.

—Não precisa nem completar essa parte. – Disse Sarah. – Ele me ignorava a maior parte do tempo, de vez em quando ele agia como se eu nem estivesse lá

—Isso porque para ele, você realmente não estava! Como eu expliquei, ele queria que você o amasse de volta e se transformasse no mundo dele, então você não conseguiria chamar sua atenção nem que pulasse na frente dele. Ele simplesmente te encararia por alguns segundos e assim que se lembrasse de quem você era, você simplesmente sumiria! Vocês só conseguiram fugir juntos, pois quando Kikuo foi encontrado, Len já tinha se dado conta que não teria chances com você. – Ao ouvir aquilo, Sarah me olhou com um olhar pesado. Eu a conhecia bem o bastante para saber que ela estava se sentindo culpada por ter brigado comigo no acampamento.

—O que estou tentando explicar é que nem que vocês cheguem a Atlanta, vocês não conseguirão resgatar Rin não importa o quanto tentem. Sobre essa mancha marrom que você e sua irmã têm nos olhos, você no direito e ela no esquerdo? É um marcador, para Afrodite ter certeza de que nunca iria perder vocês dois de vista, ver vocês sofrendo e esfregar isso em minha cara sempre foi a diversão dela. Mas também foi o que permitiu que eu soubesse o que estava acontecendo com ela esse tempo todo, apesar de não poder interferir. A maldição também afetou sua mãe... Mesmo comigo por perto, ela não conseguia se lembrar de quem eu era. A maldição quase destruiu sua mente mortal fazendo ela se esquecer de tudo que me envolvia, até mesmo fazendo o amor que ela sentia por vocês se transformar em ódio.

Naquele momento eu estava furioso, queria matar Ares e Afrodite ao mesmo tempo. Então ele estava me dizendo que tudo de mal que eu e minha irmã sofremos, era por conta de uma briguinha de casal? – E então? Sugere que eu apenas desista?

—Não. Seus amigos vão para Atlanta atrás de Pierre, daqui a dois dias ele pretende se mudar para a America do Sul, aparentemente de lá vai ser muito mais fácil enviar semideuses para qualquer lugar do mundo então vocês precisam se apressar caso queiram pegar ele. Agora você – disse Ares me olhando nos olhos. – Vai ao Olimpio comigo, confrontar Afrodite.


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