A Maldição De Afrodite escrita por Rafael Piotto


Capítulo 1
Minha casa é atacada por um bode




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Eu pensava que minha vida estava tão ruim de forma que não poderia piorar. Eu estava definitivamente errado.

Olá, meu nome é Hanson Len e tenho 14 anos, sou um garoto loiro, extremamente pálido, hoje tenho perto de 1,75 de altura e meus olhos são um pouco diferentes do normal, meu olho esquerdo é azul claro, já o direito é verde com algumas manchas em castanho bem características,  desde sempre tenho o costume de deixar meu cabelo crescer até meu ombro, então prendo apenas a parte de trás dele em um rabo de cavalo deixando apenas a franja cobrir minha testa. Provavelmente você ficará assutado ao ouvir minha historia, a maioria deles ficou, porém não me leve a mal quando eu disser que você deveria prestar mais atenção na sua aula de mitologia grega. Pode parecer bobeira agora mas com o decorrer da historia você talvez me leve mais a serio.

Vamos voltar um pouquinho no tempo, para quando eu tinha 5 anos. Naquela época minha mãe tinha apenas 23 anos, ela ficou noiva do meu pai pouco tempo antes de eu nascer, apos isso ele se mandou deixando minha desempregada mãe sozinha com um casal de bebês chorões. Minha mãe sempre foi uma mulher forte, sempre vencia qualquer discussão com alguém nem que isso significasse ter que brigar com a pessoa. Eu não me lembro de ter nenhuma memoria dela demonstrando afeição ou alegria comigo nem com ninguém.

Nós morávamos nos Estados Unidos na época, no estado de Nova York em uma casinha pequena em algum bairro de classe media na capital, minha mãe conseguia dinheiro por trabalhar de manha de faxineira, voltava de tarde e passava um tempo arrumando nossa casa e depois saia de noite voltando apenas de madrugada, nunca soube o que ela fazia nessas noites mas ela dizia receber maior parte do dinheiro que sustentava a casa na madrugada. Preferia não saber.

Apesar de tudo isso ela sempre cuidava muito de sua aparência, tinha longos cabelos loiros que chegavam a sua cintura, olhos azuis claros e um rosto com traços fortes que mostravam confiança, mas que também abrigavam um sorriso acolhedor, ou pelo menos foi isso que eu ouvi dos meus vizinhos, desde que me conheço por gente nunca a vi sorrir. 

Ela botava a culpa em mim e em minha irmã meu pai ter a abandonado, e também por todas as outras coisas ruins que aconteciam conosco. Ela me batia sempre que ficava bêbada (coisa que acontecia frequentemente), uma vez acordei de madrugada com medo da chuva e encontrei ela sozinha no quarto injetando algo que parecia ser uma seringa em seu braço esquerdo, quando ela percebeu que eu estava la fui chutado do quarto imediatamente, acho que o tal do sorriso acolhedor dela tirou umas ferias nesse dia. Ela não era bem o tipo de mãe que todos querem, porém eu era obrigado a me acostumar com ela, o que um garoto de apenas 5 anos poderia fazer sozinho? Eu sempre sonhara em fugir daquele lugar e conhecer o mundo.

Como comentei antes, eu tinha uma irmã. Seu nome era Hanson Rin, ela tinha as mesmas características que eu por sermos gêmeos, porém o seu olho manchado era o esquerdo e o direito era o seu olho azul, enquanto minha mãe não tinha mancha nenhuma, isso sempre foi um mistério para nós tanto que nem ela sabia qual era a causa disso, ou pelo menos era o que ela nos dizia. 

Certa noite eu e minha irmã estávamos deitados, dormíamos juntos mas em noites como essa eu gostava de sentar ao pé da cama e ler um livro de imagens que eu ganhei de um dos meus vizinhos no natal, o livro era chamado "Histórias Gregas", ver todas aquelas lutas entre deuses e titãs era ótimo para deixar meu sangue fervendo, eu vivia me imaginando dentro delas e interagindo com tudo aquilo, apesar de minha dislexia eu conseguia entender as historias puramente pelas imagens, eu estava me divertindo como sempre quando ouvi de repente a porta de meu quarto abriu exibindo minha mãe em um estado lamentável.

Ela estava bêbada. Seus cabelos estavam soltos e bagunçados, sua camisa estava rasgada exibindo parte de seu seio e ela tinha manchas por todo o pescoço, percebi que tinham manchas em seu braço e pulso também.

—Vocês dois são uma desgraça!-gritou ela- Eu quero minha antiga vida de volta!-Ela gritou mais uma vez e jogou sua garrafa em minha direção, a base da garrafa bateu em minha testa e me fez tombar da cama, no mesmo momento minha irmã acordou e se escondeu embaixo da cama começando a chorar e gritar, minha mãe continuou gritando algo sobre meu pai e sobre como tudo em sua vida ficou pior após ele aparecer, só quando ela tomou outro gole de sua garrafa que ela se acalmou um pouco e decidiu ir a cozinha provavelmente procurando outra garrafa, senti sangue deslizar em minha testa e tudo ficou escuro em seguida.

Após ficar um tempo desmaiado eu acordo com Rin chorando em cima de mim e limpando o sangue de minha testa com a manga de seu pijama.

—Len! - ela falava em meio a lagrimas - acorda por favor!

—Rin? - Me levantei pesadamente - Oquê você está fazendo?

—Irmão! - diz ela sorrindo em meio a lagrimas - Ainda bem que você acordou!Estava com medo de...

—Pare com isso - digo dando um peteleco em sua testa - como se algo fosse acontecer comigo, tenho uma irmã chorona, eu tenho que ser forte por nós dois lembra?. - disse sorrindo com o canto da boca.

Nos levantamos pesadamente e estávamos a caminho da cama quando com um forte estrondo, um homem atravessou a janela de nosso quarto e rolou no chão, deixando atrás de si um rastro de sangue. Ele era moreno, usava uma camisa laranja e dreadlocks que iam até sua cintura, apesar da barba já cobrindo seu rosto ele aparentava ter por volta de 18 anos. Ele tinha uma estrutura forte e.... Um par de pernas de bode. Foi a partir desse momento que eu percebi que minha vida não seria nada normal.

Quando conseguiu se levantar, o homem nos olhou e começou a farejar o ar vindo cada vez mais próximos de nós 

—Estas crianças são semideuses? Quais são as chances disso acontecer, de todas as casas que ele poderia ter me arremessado e eu fui cair logo em cima de mais outros semideuses - Eu levei um momento para entender o que ele tinha dito, semideuses? Eu lembro de algo parecido com isso em meu livro.... - Não importa, tenho que salvar pelo menos vocês - disse ele estendendo a mão - venham comigo se quiserem viver!

Assim que ele disse isso eu tentei ser valente e fiquei na frente de minha irmã, estava pronto para gritar com o homem e mandar ele cair fora (afinal, quem aceitaria um convite desses de um homem bode coberto de sangue que acabou de atravessar sua janela? Mesmo com a mãe que eu tinha a oferta não foi muito agradável. Alias onde ela estava quando isso tudo aconteceu mesmo? Ah sim, vomitando na pia da cozinha, que lindo.) , quando de repente ouvi um barulho alto vindo de fora, como se um trem a vapor tivesse acabado de acertar a parede de meu quarto, e de repente tudo estava escuro.

Quando retomei meus sentidos, vi que uma das paredes do meu quarto tinha caído em cima de nós, mas graças ao misterioso homem-bode, eu e minha irmã estávamos vivos e relativamente bem.

Esse homem se levantou tirando varias pedras de cima dele e as jogando para o lado, seu braço esquerdo estava sangrando e pela posição em que estava parecia estar deslocado, assim que levantamos ele gritou: 

—S..Saia......Saiam daqui! - antes de conseguir terminar a frase, ele foi lançado para o longe por um vulto enorme. Eu me abaixei para me proteger e quando levantei a cabeça novamente vi que o vulto era mesmo enorme, era uma mistura de touro com pernas humanas, assim que o vi lembrei claramente do meu livro

—M..minotauro? Mas isso não f-faz sentido.. - tentava achar palavras para expressar meu medo naquele momento, porém tudo o que eu consegui fazer foi dar passos para trás enquanto tremia, minha irmã estava apagada desde o momento em que o quarto caiu em cima de nós, provavelmente o susto em si a apagou.

E então como um animal selvagem, ele atacou.


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