Quando os Anjos Falam escrita por lawlie


Capítulo 1
Chapter I O meu abismo




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Está frio. Muito frio. Minhas mãos estão congelando... Eu posso sentir a brisa do mar tocar a minha face com a mão da morte. Posso ver o sol quase sumindo no horizonte. Esta será a ultima vez que estarei vendo minha querida estrela vespertina se elevar no céu. Suspiro profundamente esse ar carregado. Meus pulmões doem à espreita do meu fim.

Não quero viagem de volta. Já que cheguei até aqui, o único destino que me resta é seguir em frente. Desgracei minha vida por completa. Mas o que mais me dói, é que eu acabei por destroçar a vida das pessoas mais amadas e próximas de minha infeliz existência.

Por mais que eu lamente, eu não consigo trazê-la de volta. Perdoe-me, meu amigo. Você foi o meu irmão durante todos esses anos e eu tão egoísta...

Tenho ciência do meu lugar. Não há salvação divina que me fará esquecer do meu pecado. Nem se um anjo falasse comigo, eu não teria minha remissão. Não há céu para assassinos. Minha agonia se eternizará no inferno. Adeus.”

 

As pedrinhas que estavam sob aqueles pés trêmulos caíram rumo ao precipício. Sequer atrapalharam a fúria do velho mar a quebrar suas ondas nas falésias. Um deserto era onde ele estava. Ninguém seria capaz de pará-lo. Mas, certamente, nenhuma alma convicta lhe daria apoio para desistir. A morte era sua punição mais justa para a vergonha de vida que tivera durante esses longos vinte anos.

 

O loiro suspirou mais uma vez, embriagando seu pulmão de ar para não esquecer da sensação de como é respirar e estar vivo. Fechou seus orbes azuis como o manto celeste e preparou-se para mergulhar no seu abismo de morte. Seus pés tremeram e numa fração de segundo, quase caminharam rumo sua queda suicida.

 

- Você acha que isso irá mesmo curar sua agonia? – perguntou uma fina voz às suas costas, vivamente carregada por uma esperança sussurrada em meio a um timbre doce e sonhador.

 

- Por que você está aqui? – perguntou o loiro conseguindo despertar do estado hipnótico provocado pela voz da garota.

 

- A paisagem me inspira. – falou ela quase que sussurrando.

 

- Hum. – murmura o loiro olhando para o mar. Seus olhos brilham, no momento em que contempla toda aquela beleza que antes estava escondida de sua percepção.

 

- Você ia mesmo se matar? – tornou a indagar a garota se aproximando.

 

- Se afaste! – gritou ele, ao ver que a garota estava a seu lado, na beira do precipício.

 

- Eu não tenho medo. – disse ela olhando as pedras ao fundo.

 

- Vá embora! Me deixe em paz! – tornou a gritar o loiro. – Você não vai me impedir!

 

- Não. Não vou. – disse ela serenamente. – Eu vim aqui apenas para buscar a minha paz. Falar com Deus.

 

- Eu não acredito em Deus. – disse ele brevemente.

 

- Você é jovem. Ainda tem muito o que viver. Devia agradecer todos os dias por estar vivo. – falou a garota.

 

Nesse instante, o loiro virou-se subitamente e ficou a encarar a garota a seu lado. Seus cabelos a bailar com a brisa marítima, num tom indeciso entre o azulado e o preto. Eram encantadores... Sua pele alva como porcelana, levemente rosada nas bochechas dava-lhe um leve ar tímido e acanhado, cheio de pureza. Seus olhos perolados faiscando com os raios de sol remanescentes estavam carregados de pura vitalidade.

 

Era impossível acreditar em tamanha beleza doce e imaculada. O garoto  virou o rosto, lacrimejou durante um momento, tentando esconder as lágrimas insistentes em seus olhos. Até que, duramente fitou o precipício sob seus pés.

 

- Você é um anjo? – perguntou ele com o fio de voz.

 

- Não. – ela fez uma pausa. – Sou aquela que sempre irá segurar sua mão quando você estiver prestes a cair.

 

E então, sutilmente, a garota segurou a mão do loiro. Rapidamente, o garoto foi sendo tomado por um enorme sentimento de vitalidade. Ele virou-se a encarar a menina a seu lado. Ela sorria gentilmente para ele e sua pele alva emanava uma luminosidade desconhecida e encantadora. Permaneceram presos nesse momento, apenas sentindo o frio vento acariciar suas peles enternecidas.

 

- Sou Hyuuga Hinata. – disse ela murmurando as palavras quase quem uma melodia.

 

- Uzumaki Naruto. – falou ele apenas balbuciando com os lábios, sem forças para falar. Ele só queria se perder na imensidão daqueles olhos puros e se trancar lá. Isso aliviava sua culpa, sanava seus medos e curava toda sua dor...

 

 


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