A Filha da Sabedoria escrita por Annabel Lee


Capítulo 13
Definitivamente: odeio estátuas!


Notas iniciais do capítulo

Qual será a Coorte da Alexia? Será a Primeira? A Segunda? A Terceira? A Quarta? Ou a famosa Quinta?

Leia e descubra.



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A entrada do Senado é guardada por uma estátua.

Na verdade ela fica a alguns metros de distância do enorme prédio. É uma cabeça cinzenta com feições duras e uma coroa de louros. Eu e Jane caminhamos na direção dela quando levo um susto ao ouvi-la gritar.

- Armas!

Jane se vira para mim.

- Alguma arma?

Faço que sim com a cabeça. Ela pega mais um pão de queijo na sacola de papel e põe na boca com satisfação.

- Tem que por naquela bacia de prata ali - diz de boca cheia.

- Por que?

- Precaução - ela engole o pão de queijo - Júlio César, o original, morreu numa reunião do Senado, na Roma Antiga. Não queremos que se repita. Bom, nunca mais aconteceu... Mas Término não vai te deixar passar com isso aí.

Término. Deus romano das fronteiras. Puramente romano. Sua estátua estava olhando fixamente os pães de queijo de Jane, mas então seu olhar se vira para mim e ele dá outro grito.

- GRAECUS!

Merda.

Tento manter a compostura e a expressão neutra. Franzo levemente o cenho para ele e depois olho confusa para Jane, que me estudava cautelosamente depois da cabeça de Término ter gritado "O Grego" para mim.

- Isso significa "grego" não é? - pergunto para Jane, ignorando a estátua.

Ela assente.

- É como um xingamento entre nós... Mas Término não insulta as pessoas assim sem motivos.

- Bom, diga a ele que já passei por um interrogatório feito por um pretor e seus cães de metais preciosos. Estou "limpa".

Jane hesita por um momento, posso ver que ela desconfia um pouco de mim... Quem não desconfiaria, afinal? Por fim, ela olha para Término e diz para que ele pare de gritar.

Levanto a bermuda e tiro minha faca de bronze dali.

Ponho a faca na bacia de prata que Jane falou.

- Satisfeito? - pergunto para a estátua do deus Término.

- Não muito. Saiba que vou manter os dois olhos em você, mocinha.

- Engraçado, já me disseram isso hoje!

Jane encosta a longa lança que segurava hoje de manhã. e me puxa para dentro da fronteira. Eu havia contado minha conversinha com o pretor e ela ficou surpresa com meu "atrevimento". Eu apenas revirei os olhos e mudamos o assuntos.

E eu nunca imaginaria que enjoaria deste Acampamento tão rapidamente.

Deuses... quero voltar para casa!

- Não pode falar naquele tom com o deus das fronteiras! - ela diz.

- Desculpe, mas ele estava me chamando de graecus. Já estou tempo o suficiente no Acampamento para saber o que significa...

Ela solta minha mão e come mais um pão de queijo enquanto caminhamos até o Senado.

- Sinto muito por ele - diz após engoli-lo - quando implica com um semideus ele é terrível.

Faltam alguns metros. Acho que nesse meio tempo posso brincar um pouco.

- Você acha que sou parente, ou filha, de que deus?

Ela me avalia.

- Sua aura é forte - diz - portanto deve ser semideusa mesmo. Não dá para saber mais você usa uma faca... e a esconde num lugar bem improvável. Deve saber lutar muito bem com ela, tanto quanto com as armas de fogo que já usou...

Fico surpresa com a percepção dela e aguardo o veredicto.

- Deve ser filha de algum deus da guerra. - finaliza.

Sorrio.

- Como Marte - digo - ou Belona e Minerva?

- Bom Minerva não é uma deusa da guerra. Deve confundi-la com a forma grega.. Jamais faça isso!

- Como quiser.

- Ela é deusa das artes - Jane prossegue - da arquitetura, sabedoria e do artesanato. Mas como eu disse: é grega demais. Nós romanos encontramos deuses da guerra mais... privilegiados.

- Belona e Marte!

- Isso mesmo. Porém, eu não a vejo como filha de Marte... você parece ser uma estrategista. Vi como você me olhou na enfermaria. Observou os mínimos detalhes. Como se avaliasse se sou de confiança... ou se via as possíveis maneiras de me derrubar em batalha.

Uau! Ela descreveu uma óbvia filha de Atena e nem sabe.

- Sim, é verdade - eu digo concordando com as afirmações.

Entramos no Senado.

O lugar é enorme! E parece um auditório de escola, com uns dez assentos formando um semicírculo bem no centro. Os lugares estavam todos ocupados e os dois primeiros eram ocupados por... TAM TAM TAM... Madame Catherine e seu irmão Júlio Bundão César.

Tentei apagar os pensamentos infantis. Isso não é atitude da filha da deusa da sabedoria...

E desde quando eu me importo com a deusa da sabedoria?

- Vamos decidir em que Coorte você vai ficar - Jane murmura para mim.

- Coorte?

- São Cinco. São meio que grupos ou alianças, se preferir, feitas no Acampamento. Eu sou da Quarta.

- Saquei.

A pretora, Madame Catherine (gostei desse apelido para aquela vaca), se levantou e seu irmão fez o mesmo. Os dois fitaram a mim e a Jane por um momento, até Catherine falar:

- Alexia Garcia, você está em probatio, mas ainda não possui Coorte - então ela olha para os outros senadores presentes - alguém gostaria de apadrinhá-la?

- Eu - diz Jane.

- Jane Austin, você é membro efetivo da Legião, porém não é Senadora - diz o pretor - e esta é uma reunião de Senadores.

Jane não disse nem fez nada, embora ele tecnicamente tenha expulsado-a dali.

O garoto que estava guardando o Túnel junto de Jane se levanta. Era realmente muito forte. Qual era mesmo o nome dele? Tales. Sim, era esse. Não sabia que era Senador, embora desconfiasse que fosse Centurião (um oficial do exército romano)...

É. Eu disse que sabia um pouco sobre Roma.

- Eu, Tales Mazzoni, filho de Marte e Centurião da Quarta Coorte, irei apadrinha-la  - ele diz - todos os membros da Quarta concordam. Não é, Jane?

Jane abre um sorriso miúdo. Ele meio que a ajudou a buscar a cara dela, que tinha caído no chão depois do comentário super simpático de Júlio César.

- Bom, então ela está na Quarta Coorte - Catherine me olha de cima a baixo - a Quinta seria melhor...

Escuto alguns risinhos pelo salão. A Quinta Coorte não deve ser das melhores. Senti tanto ódio que me arrependi de ter deixado a minha faca com Término. Eles vão ver. O ataque do Acampamento Meio-Sangue virá...

E em breve.

- Pretora - digo pondo plano que armei com James West em ação, Catherine vira os olhares para mim - me disseram de uma rixa com os gregos...

- Sim. E daí?

- Em minhas viagens por Atlanta - digo - encontrei uma base grega.

- Impossível! Atlanta é um território oficialmente romano...

Dei de ombros.

- Eu só sei que vi dois jovens com armaduras um tanto diferentes das suas. Reconheço por gregas pois estudo história.

Os pretores trocam olhares.

- Se for verdade - diz Júlio César - nós os temos na palma da mão. Atlanta é nosso território.

- Providenciarei alguma coisa - a irmã responde, depois se vira para Jane - leve sua amiga para o treinamento. Ela deve começar a guerrear se quiser ser um membro efetivo da Legião.


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