~ Não vou mentir ~

Capítulo único

Por que ele tinha que ser daquele jeito? Tão irritante e intrometido?

Eu não havia gostado do modo de ser de Tomoe Yoh desde o primeiro momento que o vira, não havia gostado dele nem de sua ousadia.

Eu me lembro claramente do dia em que ele havia chegado ao colégio Seigetsu. Fora apresentado pelo professor e, na primeira oportunidade, se aproximou de Tsukiko já dizendo que se conheciam há muito tempo e se aproximando dela.

Tão irritante!

Eu senti vontade de matá-lo!

Vê-lo perto dela fazia minha barriga doer, e eu me obrigava a aguentar tudo aquilo quieto, era a minha obrigação demonstrar sempre calma e paciência, ser o exemplo de tranquilidade que eles precisavam, mas minha vontade era de esganá-lo sem qualquer arrependimento.

Para ser sincero, eu sentia ciúmes e inveja dele. Seu modo espontâneo de ser com ela era tudo o que eu não poderia nunca fazer, porque eu era o irmão mais velho, a mãe, a pessoa que ela não via como homem, eu era tão próximo que ela já estava familiarizada comigo.

Vê-los brincando me irritava, e vê-la sorrir para ele me deixava inquieto. Por que ela não podia sorrir daquele modo para mim? É irônico não? Mesmo sabendo que ela sorri para todos do mesmo modo, eu não conseguia deixar de me sentir irritado e confuso com o seu comportamento.

Quando ele disse que iria partir, eu confesso que fiquei dividido entre aliviado e triste. Eu programava a despedida dele com felicidade e aborrecimento por sua ida. Vê-la triste me deixava do mesmo modo, mas só de pensar que ele não estaria mais ali para se esfregar nela, para tomar de sua atenção ou para dizer que gostava dela eu já me sentia em paz. Meus sentimentos eram tão conflitantes que eu nem queria avaliá-los.

Um coração apaixonado é realmente complicado. Yoh era meu amigo e meu rival, e eu não poderia baixar a guarda ou ele, ligeiro, se aproveitaria.

Vá com Deus, Tomoe.

É só o que posso desejar com sinceridade.