Essência escrita por AnaMM


Capítulo 9
Resistência


Notas iniciais do capítulo

Demorou pra sair, mas chegou! Estava naquele momento em que sabia que rumo seguir, mas ainda não estava no capítulo onde aconteceria o que já está programado, então estava meio perdida. Enfim, a criatividade agiu e o capítulo enfim saiu! Espero que gostem.



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– Você tem certeza disso, Nando? Sei lá, talvez eu seja um egoísta, mesmo, em pensar que poderia voltar e recuperá-la.

– Se tem uma coisa que eu entendo, Dinho, é de rejeição. Conheço o olhar de longe, e o da Lia era o oposto. Você errou, ela sofreu, mas um erro não apaga sentimentos, apaga?

– Espero que não. – Dinho sorriu esperançoso.

– Agora, nesse estado você se complica. Você quer mesmo recuperar a Lia? – Nando questionou.

– É o que eu mais quero.

– Então vem comigo. A gente precisa te fazer apresentável de novo, e você vai ter que ser um gentleman pra competir com o Vitor. Esse rapaz é o sonho de qualquer menininha. Mas quem é Justin Bieber perto dos verdadeiros músicos?

– Nando, eu não toco nada. – Adriano comentou, preocupado, enquanto caminhava com Nando para os fundos do Misturama.

– Eu não estava falando disso, garoto! Deixou a cabeça no mar? Primeiro, vamos lavar esse rosto, que com essa cara você não conquista nem o Robson! E as suas roupas, onde estão?

– Eu deixei no Orelha.

– Ótimo! Vamos até a casa do Orelha! – Nando respondeu empolgado, voltando para a rua, seguido por Dinho.

– É... Nando? – Adriano chamou sem jeito. O músico se virou para o adolescente, com um olhar confuso. – Você se importa se eu perguntar por que você tá me ajudando com isso?

Nando sorriu.

– Nós podemos não ter sido muito próximos, Dinho, mas se tem uma coisa da qual eu entendo é de corações partidos. Eu já perdi mais chances do que se pode imaginar. Você, meu caro, tem a sua felicidade na sua frente, basta saber segurar. – Nando explicou, inspirado. – E também porque eu sou um velho tão romântico quanto roqueiro e se tem uma pessoa que me preocupa nesse bairro é a sua ex. Eu sou próximo o suficiente da Lia pra perceber que você faz bem a ela.

Adriano sorriu agradecido e embarcou no táxi com Nando a caminho do apartamento de Orelha.

–x-

– Fatinha? – Vitor bateu na porta.

Ninguém respondeu.

– Eles já foram.

– Pra lua-de-mel? – O motoqueiro perguntou ao estranho.

– Sim. Antes que me pergunte, eu não sei qual foi o destino. – Respondeu o vizinho. – Prazer, Ricardão.

O vizinho do casal lhe estendeu a mão com um sorriso brilhante no rosto. Parecia saído diretamente de algum comercial de televisão. Por algum motivo, sua beleza incomodava o motoqueiro. Vitor apertou a mão do desconhecido talvez por mais tempo do que deveria. A voz do carioca bronzeado era um canto da sereia que desconfortava. Antes que pudesse entender a sensação que parecia prendê-lo à presença de Ricardão, Vitor recolheu sua mão e se afastou.

– Ei, não vai me dizer o seu nome? – Ricardão interrogou.

– É... É Vitor, prazer. – Respondeu com pressa.

Tinha urgência em sair dali e uma vontade inexplicável de ficar. A situação lhe lembrava alguns momentos que preferia esquecer, em que ficara sozinho com Gil, esperando por Lia. Ou talvez a sensação que tivera ao ver o sorriso do não mais desconhecido ex namorado de Lia. Eram olhares e sorrisos que o aqueciam por dentro. Talvez fosse a intimidação, ou a esperança de neles encontrar amigos? Ou não. Não se sentia de forma alguma acolhido por Adriano. A rixa começara antes de se conhecerem. Intimidação poderia ser, inclusive com Gil. Contudo, o que o intimidaria em Ricardão? A altura, concluiu. Estava intimidado por Ricardão.

– Você parece preocupado. Quer alguma ajuda? Um ombro amigo?

Talvez pudesse vencer a sensação estranha conhecendo o vizinho de sua amiga. Ricardão parecia ser uma boa pessoa. Aceitou o estranho convite para entrar e tomar chá e desabafou sobre suas inseguranças quanto à relação reestabelecida com Lia e a presença de Adriano. Torcia para que o olhar de um total desconhecido lhe desse uma visão mais crítica e aberta da situação.

–x-

– Lia, Lia... A fachada não durou muito tempo.

– Que fachada? Do que você tá falando? – A roqueira tentou parecer surpresa, escondendo da melhor amiga seu incômodo.

– Uma coisa é trocar olhares no altar. Sim, eu percebi. – Acrescentou antes que a amiga a interrompesse. – Ou passar uma apresentação inteira olhando pra ele...

– Onde você quer chegar? – Lia cobrou irritada.

– Beijar o Dinho na frente de todo mundo é outra história! – Ju riu, divertindo-se com o desconforto visível da loira. – Sabe que isso me lembra alguma coisa? Eu superei, já o Vitor...

– A gente voltou.

– Ah, então ele conseguiu ser mais idiota que eu e que o Gil! – Juliana apontou. – Pelo menos o Gil sabia que estava em um namoro de fachada.

– Não é fachada, Ju! Eu quero estar com o Vitor. Ele é o cara certo pra mim.

– E desde quando você, Lia Martins, escolhe o “certo”? Você fala como se eu não te conhecesse desde pequena. – A it-girl argumentou, calando a bff.

– Você tá me sugerindo que eu deveria voltar com o Dinho depois do que ele me fez? – Lia perguntou abismada. – Você tá maluca, Juliana?

– Não, Lia, a maluca aqui é você, sempre foi. – Ju zombou.

– Você acompanhou de perto o quanto eu sofri! Aliás, você mesma foi uma das vítimas! O Dinho é um moleque que só sabe brincar com os outros e jogar fora!

– Ele fez uma viagem meio longa pra conferir a lixeira, não fez?

– Ele veio pro casamento. Deve ter achado que seria divertido me usar de novo enquanto estivesse aqui. – Lia explicou.

– Pro casamento? pro casamento? Ah, Lia, fala sério, eu vi como ele tava olhando pra você! Você só consegue enxergar o que tá na sua frente por causa desse seu orgulho!

– Orgulho? Juliana, ele acabou com a minha vida! Ele destruiu a nossa amizade, nos traiu...

– Vai dizer agora que você não teve parte nenhuma quando ele me traiu? – Ju questionou, tentando controlar a voz. – Você não é nenhuma santa, Lia! Você traiu o Vitor na frente de todo mundo! Você quer mesmo insistir nisso? Não só você vai sofrer tentando ignorar de novo o que sente pelo Dinho, como ele também vai sofrer sendo traído!

Irritada, a loira pensou em uma resposta que fosse dura o suficiente, sem ferir sua amiga. Então era assim que Ju a via: como uma traidora tal qual Adriano. Juliana não havia superado e estava querendo se vingar jogando as verdades na cara de Lia de uma nova forma. Comparando-a a quem Lia mais detestava no momento. Não poderia permitir que a tratassem daquela forma em sua própria casa.

– Vai embora. – Lia pediu.

– O que? – Ju questionou decepcionada.

– Agora. Você não tem o direito de querer ditar a minha vida. Eu estou feliz com o Vitor, eu fiz a coisa certa. Essa Lia “errada” não vai mais existir, eu mudei.

– Você já se olhou no espelho? – Ju perguntou secamente. – Você continua a mesma adolescente perdida que não sabe admitir o que sente, nem pelo bem das pessoas que você julga amar. Você não mudou, Lia. Infelizmente, você está sendo tão imatura quanto há um ano. Sabe quando você realmente amadureceu? Com o Dinho.

– E serviu pra muita coisa, né? Fui humilhada publicamente! – Lia protestou com a voz trêmula.

– Ele tava bêbado, a festa tava cheia de mulher bonita, e sabe com quantas ele ficou? Sabe quantas garotas ele secou, ou pra quantas ele olhou? Uma: você. A Morgana me garantiu, e o Orelha até tentou esconder, mas admitiu. Eu não sei o que levou o Dinho a te trair com a Valentina, mas de uma coisa eu posso ter certeza: quando eu vi o beijo, no dia do seu aniversário, foi a Valentina que o encurralou e beijou o Dinho. Ele chegou a se afastar assim que pôde e ainda limpou a boca com nojo. Ele ainda não tinha me visto.

– Isso não muda o fato de ele ter ficado com ela na viagem e não me contado.

– Mas prova que, desde então, ele não se envolveu, não ficou, ou sequer se interessou por mais nenhuma. O Dinho mentiu por medo, como você já fez comigo.

As palavras de Juliana mexiam com Lia mais do que a roqueira gostaria. Não podia se entregar, não podia se deixar levar pelas ideias românticas de Ju. Era o mundo real. Dinho a havia traído da forma mais baixa e voltaria a fazê-lo. Não podia dar-lhe uma segunda chance e correr o risco de se despedaçar novamente. Aprenderia a amar o namorado, independente do que custasse. Mal sabia a roqueira que o “custo” bateria em sua porta tão logo Juliana saísse com Gil.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo. Teremos LiDinho em breve ;)