Sem Direção escrita por Renan Suenes


Capítulo 17
Fuga




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17

O aviso foi rápido, mas não tanto quanto os passos frenéticos das criaturas. Sarah já estava dobrando a rua com um bando de esfomeados por carne fresca e viva, enquanto atrás de nós vinha mais outro bando. Estávamos cercados, a rua era praticamente um formigueiro, não havia becos, as casas eram trancadas e os muros altos anunciavam outra vez que não havia escapatória.
– Vamos morrer, não tem como sair daqui! – tentava gritar Jessie mais alto que os burburinhos ensurdecedores das pessoas andando.
Pesquisei, mapeie e detalhei a rua na minha cabeça como um matemático finalizando uma conta complexa. Sim, tinha uma saída, na verdade duas, mas a ideia era tão perigosa quanto deixar um escorpião andar sobre a palma da sua mão.
– Os bueiros... É a única solução que pensei! – berrei para todos ouvirem.
– De jeito nenhum, eu não entro lá dentro! É de lá que essas coisas vêm. – replicou Suzan.
– Eu concordo com Peter, teremos que fazer isso. – disse Beatrice.
– Quem quiser ir e tentar salvar a própria vida nos siga! Eu estou junto com ele! – falou Ben tentando induzir o grupo a descer e concordar com minha ideia.
Jessie parecia confusa, ficou parada sem reação, apenas observava Sarah e as pessoas se aproximarem cada vez mais. Abri uma das tampas, o cheiro era insuportável, parecia ser habitado por diversos animais mortos. Corri rapidamente e abri a segunda tampa, me assustei de imediato. Uma mulher sem nariz tentou me puxar para dentro, suspendeu o braço e pegou minha nuca. Beatrice chutou a cara dela, mas outras criaturas apareceram, tratei de fechar aquela entrada, sabia que não duraria muito tempo para que eles pudessem reabri-la.
– Escutem! Iremos descer só por esse lado! – Sarah estava a alguns metros de nós. – Um por um irá esperar e se acalmar lá dentro, ok? Não se desesperem... – as pessoas começaram a correr, uns mancavam, outros traziam junto a si pedaços de madeira e objetos cortantes. – Desçam! – gritei.
Jessie estava logo na frente e foi a primeira a entrar, seguida por Ben.
– Daniel – me direcionei a ele. – fique aqui, lute comigo contra eles.
– Seu verme. – ele cuspiu no meu pé, se abaixou e adentrou no bueiro.
– Eu fico Peter. – falou Suzan.
Mesmo magoada comigo, ela se impôs a lutar e defender o grupo, arranjando tempo para que pudéssemos nos salvar.
– Me desculpe Suzan, eu realmente não queria ter te machucado.
– Esquece isso. Cuidado! – me virei para trás, era um idoso com um pedaço de pau nas mãos, ele tentou me atacar, mas eu desviei. Dei uma rasteira que o fez bater com a cabeça no chão.
– Suzan! Precisamos ir! Realmente não há como detê-los, são muitos. Desça, desça! – mas quando ela tentou responder um objeto atravessou seu estômago. Uma ponta afiada de uma espada a cortou instantaneamente. Fiquei perplexo. Jessie chamava meu nome lá de baixo, mas eu queria ficar, ajudar Suzan, fazer algo.
– Corra Peter... Se salve. – disse Suzan, com uma lágrima no rosto.
Logo atrás dela estava Sarah, tirou a espada lentamente e deixou Suzan cair de joelhos no chão.
– Vá Peter, corra, faça o que ela está pedindo. – gargalhou alto.
– Não... – avancei como um leão sobre uma carniça. Dei um soco no nariz de Sarah e roubei sua espada. Apontei o objeto para a cara dela observando o sangue escorrendo pelas narinas. – Me diga, pra onde esse bueiro leva? – esperei alguns segundos pela resposta. - Me diga! – gritei na última frase e emperrei com força a espada no ombro dela. – É isso que acontece quando uma pessoa imbecil como você não responde as minhas perguntas.
Não havia mais tempo, milhares de pessoas já estavam me atacando, com a arma em minhas mãos tornei a matá-las raivosamente. Jessie e Ben abriram a tampa, pegaram as pernas de Suzan e levaram para dentro do local, me apressei e joguei meu corpo, que deslizou pelo chão adentrando junto com eles.
Tudo estava escuro, a única presença que eu sentia era o odor do ambiente.
– Peter? Cadê o Peter? Ele está aí? – falava Beatrice, sua voz estava diferente lá embaixo.
– Sim, o idiota está por aí. Ele conseguiu entrar... – respondeu Daniel com um desprezo incontestável.
– Beatrice? Eu não consigo enxergar. Onde vocês estão? – os barulhos que vinham acima da minha cabeça começaram a me assustar. Com certeza as pessoas estavam procurando por nós, por alimento. Sinceramente eu esperava que Sarah estivesse morta agora.
– Olá Peter – disse Ben, tocando sua mão no meu ombro. – vem cara, achamos uma espécie de túnel que nos levará á algum lugar.


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