The Crush escrita por PrimadonnaBitch


Capítulo 5
Capítulo 5




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Quando acordo, Mike não está mais ali. Estou deitada no sofá com a televisão ligada, mostrando uma entrevista de um cara estranho da Audácia falando da explosão que acontecera no complexo. Nem dou bola. Ouço minha mãe sussurrando com meu pai na cozinha. Aproximo-me e escondo meu corpo na parede e fico escutando:

-... E se ela for como nós, hein? Ela vai ter que ir para a Abnegação e usar aquelas roupas caretas e não vai poder ser bonita! Ai, meu Deus. –suspira minha mãe. Nossa, ela é mais preocupada na minha aparência do que na minha segurança.

-Narissa, acalme-se. Ela não comentou nada sobre o teste? –pergunta meu pai.

-E nem poderia. Quando cheguei em casa, ela já estava dormindo.

-Ela chegou mais cedo que você? –diz meu pai. – Coisa boa não é.

-O que quer dizer com isso? –minha mãe parecia preocupada, seus olhos já estavam começando a ficar vermelhos.

-Eu quis dizer que quando eu fiz o teste, me mandaram pra casa mais cedo. Você não?

       Minha mãe começa a chorar imediatamente. Eles estavam com medo de quê? Que eu fosse Divergente? Mas isso seria impossível, meus pais não são Divergentes. E meu teste foi unânime, eu não sou uma.

-A Divergência pode não ser hereditária, Narissa. Jillian pode não ter nada, ela pode ser normal. –diz meu pai.

-Eu preciso... Preciso saber se ela... O que deu no teste dela. –diz minha mãe, em meio a soluços.

-Ela não vai te dizer. Teimosa e cabeça dura do jeito que é, vai falar que é proibido e não vai contar.

       Minha mãe não lhe dá ouvidos e grita meu nome. Eu demoro um pouco a responder, mas digo “o quê é?” e vou até eles.

-Oi. O que foi? –pergunto.

-Oi. –diz minha mãe, já recomposta. –Como foi seu teste?

-Normal. Nada de extraordinário. –falo já indo embora.

-Espera. Nada mesmo? –diz minha mãe. –Então porque veio para casa mais cedo?

-Eles disseram que eu ia dar com a língua entre os dentes e ia contar meu resultado. –digo.

Minha mãe suspira aliviada. Meu pai não se dá por convencido e diz:

-Não falaram nada mesmo? Tem certeza, Jillian?

-Sim, pai. Nossa, mas porque tanta curiosidade com meu teste? Foi normal. –digo, rindo.

-É que sua mãe estava com medo que você fosse uma, hã... Divergente. –ele disse essa última palavra tão baixo que quase não consigo ouvi-la.

       Começo a rir de uma maneira falsa, para não deixa-los preocupados com uma coisa tão perigosa e banal.

-Depois dessa, vou até dormir. Namestê, família. Boa noite. –falo.

-Jillian, só quero que saiba que estaremos aqui se precisar, não importa para qual facção irá. –diz minha mãe.

       Rumo até o quarto e deito-me na cama, fechando os olhos. Respiro fundo e passo a mão em meus cabelos louros, olho pela janela: talvez nunca mais visse essa “paisagem” novamente.                                 Tento dormir, mas só consigo pensar na Cerimônia de amanhã, que irá mudar minha vida inteira. Talvez escolher a Audácia não fosse uma ideia tão boa assim, talvez eu devesse ir para a Abnegação, seria melhor e mais seguro. Eu constituiria uma família com Mike, com quem eu acabaria me casando, teríamos uma casa e dois filhos e seus devidos cachorros. Não. Isso não vai acontecer, nunca. A Audácia é realmente o meu lugar. Tenho certeza.

                    +           +           +

       Estou em meu beliche, deitada sobre o peito nu de Tobias, seus braços envolvendo-me confortavelmente. Não consigo acreditar, mas parece uma cena tão comum e simples. Ele está acordado, mas com os olhos fechados, respirando profundamente.

-Jill. –ele suspira. –Acho que estou gostando de alguém.

-Sério? Quem? –digo, o fitando.

-Por você, boba. –ele ri.

       Sinto sua risada ecoando pela minha cabeça, me reconfortando. Parece que o amo, mas tenho medo de contar isso á ele. Tobias começa a mexer em meu cabelo, depois entrelaça seus dedos nos meus e me puxa para si. Nossos corpos unidos como um só. Sua respiração. A sinto, igualmente à sua batida de coração e sei que ele sente a minha também, totalmente descompassada.

-Eu acho que a amo, Jillian. Mas não conte a ninguém, ok? É o nosso segredo. –ele diz. E me beija.

       Ele me envolve ainda mais com seus braços. Eu nunca havia sentido tanta felicidade e satisfação em minha vida insignificante. Tobias me diz, em meio a beijos, no pé do ouvido:

-Você me ama?

       Não êxito em pensar em dizer que o amo mais que amo a mim mesma, enquanto ele beija meu pescoço, meus ombros e minha boca novamente. Minha pele arrepia.

-Eu o amo. Eu te amo, Tobias. Te amo. –digo, o mordiscando na orelha.

       Ele sorri e coloca a mão em minha nuca e me beija novamente. O sol entra pela janela devagar e toca meu rosto e seu corpo, nos aquecendo.  Eu sorrio disfarçadamente enquanto ele me beija de novo. Não me canso disso.                                            Abro os olhos. Nada disso não passou apenas de um sonho envolvendo a Audácia. Mas parecia tão real, eu sentia as mãos de Tobias, sentia seus beijos. Não sei, mas foi o melhor sonho que já tive.                        O sol atravessa as cortinas do quarto e a casa está em silêncio. Levanto pé ante pé para não acordar minha família e vou até o banheiro, onde tomo um longo e último banho.                                     Enquanto a água corre por meus cabelos e meu corpo, penso no sonho, como Tobias estava bonito ou como ele me beijava. Ah, legal.

             +           +           +

       Coloco uma calça jeans, uma camisa xadrez azul escuro que abotoo até o pescoço e fico de pé descalço, porque sei que minha mãe vai ter comprado um vestido da Amizade para ir à Cerimônia. Uni a franja com outra pequena parte do meu cabelo do outro lado e prendi com um grampo prata. Passei um pouco de rímel e sentei-me á mesa.          Minhas palmas estão encostadas na mesa fria, minha mãe sorrindo e brincando com a cadela, meu pai sentado ao meu lado com minha irmã no colo, rindo. Nada disso faz mais sentido pra mim, minha realidade agora é diferente. A partir de hoje.


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