– Ele está...

– Está o que doutor? Por favor, seja o que for me diga, eu não aguento mais ficar nessa agonia.

– Seu marido está com os movimentos das pernas comprometidos...

– Isso quer dizer que Carlos Daniel vai ficar paraplégico? – Ela falou e imediatamente sentou-se no sofá, pois estava muito atordoada com tudo que estava acontecendo, e chorava desesperadamente.

– Por favor, primeiro se acalme Senhora Bracho, no caso de seu marido, nem tudo está perdido, com muita fisioterapia, força de vontade e com o apoio da senhora, e de toda a família ele tem grandes chances de recuperar todos os movimentos e voltar a fazer tudo como antes. – Disse o doutor Varella sentando-se ao lado dela e tentando acalmá-la de alguma forma.

– O senhor tem certeza que ele poderá ficar bom doutor? Ay e pensar que tudo isso é por minha culpa! – Disse voltando a chorar.

– A culpa não foi sua, e sim do destino, se sentir culpada não vai ajudar em nada, pelo contrário. Sobre o estado dele, ainda temos muitos exames a fazer, mas ao que tudo indica sim, nesse primeiro momento ele não irá sentir nem conseguir mexer as pernas, mas com o passar do tempo a sensibilidade pode voltar e consequentemente os movimentos também. Por isso não podemos nos desesperar, nem perder as esperanças.

– Obrigada doutor. – Paulina forçou um sorriso, pois viu o empenho dele em tentar acalmá-la e as palavras dele lhe deram novas esperanças. – Eu posso entrar pra vê-lo?

– Claro, me acompanhe. – E assim ele a levou até o quarto da UTI onde estava Carlos Daniel.

Paulina não conseguia mais conter as lágrimas, ver seu amado ali deitado, preso a todos aqueles aparelhos e sabendo que ele por um tempo ele não poderá andar, lhe cortava o coração. Ela se aproximou e de leve acariciava o rosto dele.

– Por que isso tinha que acontecer logo com você meu amor? Será que nunca vamos poder viver em paz? Eu te amo tanto... Nisso Carlos Daniel dá sinais de que está despertando e ainda sem abrir os olhos ele fala com muita dificuldade: – Paulina é você?

Paulina por sua vez se alegra ao ver que seu amado acordou e segura em sua mão.

– Sim meu amor, eu estou aqui com você!

Ele sorri ao ouvir a voz de sua Paulina, devagar abre os olhos e ao perceber que estava no hospital pergunta: – O que aconteceu?

– Não se lembra do que aconteceu? Você sofreu um acidente, mas vai ficar tudo bem meu amor! – Paulina estava com medo que ele se lembrasse da cena do beijo e a desprezasse.

– Eu me lembro de... – Ele para e a olha. - Ter visto você e o Jorge se beijando...

Ele acabou se alterando, e Paulina ficou preocupada.

Por favor, meu amor, já falei que tudo foi um mal entendido, foi ele que me beijou, se acalme, você não pode se incomodar nem fazer esforço.

– Está bem, depois falamos disso, eu nem poderia fazer esforço porque esses remédios me deixaram tão amortecido que eu nem sinto minhas pernas.

Nesse momento Paulina gelou, ela sabia que não era só o efeito dos remédios, mas não podia falar a ele, não agora. Ela então respirou fundo, e voltou a acariciar o rosto dele.

– Vai passar meu amor, eu prometo, vai ficar tudo bem. – Ela deixa cair uma lágrima.

– Eu confio em você minha vida, e, por favor, não chore, como você mesmo disse, logo vai ficar tudo bem! – Disse acariciando a mão dela que estava sobre a dele.

Paulina não conseguindo mais esconder suas lágrimas, diz que ia avisar o médico que ele já havia acordado, e logo voltava. Assim que saiu da sala ela sentou-se no banco ao lado da porta e chorou desesperadamente, até que sentiu alguém a tocar em seu ombro.

– Paulina o que aconteceu com o Carlos Daniel? – Falou Rodrigo sentando-se ao lado dela, ele tinha sido avisado pela secretária que viu quando Paulina havia recebido a notícia.

Ela só consegue abraçar o cunhado, não parava de chorar, ele já estava muito preocupado e diz: – Por favor, se acalme Paulina, o estado do meu irmão é grave é isso?

– Ele está bem mas... – Ela não conseguiu terminar.

– Mas o que Paulina? – Rodrigo já estava muito angustiado por notícias e o desespero de Paulina só aumentava sua preocupação.

– Ele está paraplégico, pelo menos por enquanto...

– O que? Mas como? Me diz que isso não está acontecendo! – Fala Rodrigo chorando também.

– Como eu queria poder dizer que tudo não passa de um terrível pesadelo, mas infelizmente é a mais dura realidade, mas o doutor Varella disse que ele tem grandes chances de voltar a andar, que a perda dos movimentos pode ser temporária.

– Vamos rezar pra que isso aconteça!

Nisso o Doutor passa por ali e Paulina o avisa que Carlos Daniel havia acordado, e ele vai examiná-lo. Durante o exame Carlos Daniel questiona o médico sobre o fato de não estar sentindo suas pernas e pergunta se é por causa dos remédios.

– Eu queria muito poder dizer que sim senhor Bracho, mas infelizmente não é só isso!

– Como assim não é só isso doutor?