Todos acordaram cedo. Emma não teve nenhum sonho aquela noite e isso há deixou um pouco melhor. O clima na casa estava tenso; Liz suspirava toda hora, Mandy estava deprimida- Emma achava que era porque ela tinha acordado cedo. – Cody tentava esconder, mas tremia toda hora, na verdade Emma disse pra ele que não precisava ir, já que Cody nem tinha nascido em Hud e que ele ia se arriscar muito, mas o rapaz disse que ia assim mesmo, e Austin parecia o menos preocupado, mas ele não tinha falado nada desde que acordou. Joseph pelo contrario ficava toda hora falando coisas positivas para todos, mas ele não estava feliz, afinal suas duas filhas estavam indo para uma missão e não tinha garantia de que as duas iriam voltar. Liz e Mandy eram tudo para Joseph. Emma tentou imaginar o que ele estava sentindo.

Quando todos já estavam prontos, Emma percebeu que havia chegado a hora de todos dizerem adeus. Despedidas nunca são fáceis, mas nessa pelo menos, ninguém chorou – Bom, Liz fez o maior esforço para não chorar na frente de todos. – Joseph lançou um olhar para Austin e Cody, Emma achou que ele estava querendo dizer que como os dois eram os únicos homens do grupo, deveriam ser responsáveis por Emma, Liz e Mandy, o que Emma achou um pouco estúpido porque tanto Liz como Mandy, podiam se defender sozinhas, porém ela própria não poderia dizer o mesmo. Todos já estavam fora da casa e encarando a floresta que tinham que enfrentar.

- E agora? – perguntou Mandy para Austin, que estava com o mapa de Hud nas mãos.

- Vamos para a Vila do Amanhecer e procurar por Helena, certo Joseph? – Joseph concordou com a cabeça.

- E quanto tempo vai levar até chegarmos lá? – perguntou Emma.

- Uma noite. – respondeu Austin.

Emma não gostou daquilo. Não gostou de ter que passar uma noite na floresta. Por mais que a presença de Austin fizesse ela se sentir mais calma, Emma não podia ignorar as possibilidades de ataque. E se os guardas aparecessem? Ou um monstro pior? E se até mesmo Rose? Tá, talvez Rose não fosse tão idiota assim, mas Emma já havia entendido o lema de Hud; em Hud tudo pode acontecer.

- Então vão – disse Joseph. – Estão perdendo tempo.

Mandy e Liz abraçaram Joseph.

- Você vai ficar bem pai? – perguntou Liz.

- Vou sim filha, não se preocupe.

Depois de alguns segundos de silêncio, Mandy deu um soluço.

- Te amo pai.

- Te amo – disse Liz.

- E eu também amo vocês duas. – quando elas se afastaram de Joseph, Mandy começou a limpar as lagrimas e saiu de perto de todos, ela foi em direção a floresta.

- Mandy não gosta de chorar na frente dos outros. – sussurrou Liz para Emma.

Austin apertou a mão de Joseph e também seguiu para floresta. Liz olhou mais uma vez para o pai e depois foi atrás de Austin. Emma olhou para Joseph, seus olhos estavam preocupados mas ele tentava passar confiança.

- Tudo vai dar certo – ele disse. – Não se preocupe.

Emma suspirou.

- Vou tentar acreditar nisso. – ela olhou para Cody que estava ao seu lado. – É sua última chance Cody. Pode ficar aqui, não quero que... não quero que se machuque.

- Eu te devo isso Emma.

- Como?

- Você vai entender.

- Vocês têm que ir – falou Joseph. – Boa sorte e vamos manter contato.

Emma se virou e foi para floresta, onde Austin, Liz e Mandy estavam esperando. Emma não olhou para trás. Ela não queria ver Joseph... Não daquele jeito.

- Preparados? – perguntou Liz.

- Acho que sim. – Emma respondeu.

E assim eles entraram na floresta, sem nenhuma garantia que iriam sair dali.

[...]

Pelas contas de Liz, eles tinham entrado na floresta há uma hora, porém para Emma parecia que fora 3 horas. A floresta era linda. Ali não havia flores iguais do mundo mortal, mas sim flores totalmente diferentes. Liz disse que algumas podiam curar qualquer doença, outras o cheiro era tão forte que poderia hipnotizar uma pessoa, porém também havia flores nada agradáveis, segundo Liz, algumas até matar eram capazes. Emma pensou ter visto em alguns troncos de algumas árvores, boca e olhos. Deveria ser sua imaginação ou só de ter passado aquele tempo, ela já estava enlouquecendo.

Eles passaram por um rio e tanto Cody como Emma, ficaram encantados. A água era incrivelmente limpa, e como tinham alguns galhos em cima do rio, a água refletia neles. Liz chegou ao lado de Emma e colocou um dedo na água e em seguida tirou. Segundos depois, uns 10 peixes apareceram. Dois eram vermelhos, três eram amarelos, dois azuis, dois verdes e um branco. Eram lindos. Liz sorriu e Emma pode ver pelo canto do olho que Cody observava a loira. Emma também sorriu com a situação.

E então eles seguiram, mas desta vez em silêncio. Mandy e Liz iam na frente. Elas pareciam se sentir bem na floresta. Austin estava atrás delas, e Cody e Emma por último. Em um momento, Emma ficou observando  as plantas e não percebeu que tinha se aproximado de Austin.

- Está achando bonita? – perguntou ele, fazendo ela se assustar.

- Hã? O que? Eu?

Ele sorriu.

- Está achando bonita a floresta?

- Ah sim. Claro, estou achando. Acredito que seja o lugar mais lindo que eu já vi.

-  Também acho tudo isso maravilhoso. Mas faz tempo que eu não entrava na floresta, não conseguia  já que da última vez, perdi minha mãe e meu irmão, claro, sua irmã também.

- Como ela é?

- Quem?

- Lauren, minha irmã.

Depois de alguns segundos, Austin respondeu.

- Ela é brilhante. Ela é curiosa, mas não curiosa de um jeito feio sabe? Ela sempre quer entender melhor as coisas e quando finalmente entende, seus olhos enchem de alegria. Ela também é corajosa. Ela nunca desiste de algo, e mesmo que seja impossível ela insiste. Mas ela não é aquele tipo de pessoa que se acha e pensa que é melhor que os outros, não, Lauren ensina, ouve, aconselha, ela é uma ótima amiga. Nós todos podíamos estar bravos e tristes, e ela sempre estava com um sorriso no rosto tentando nos agradar. Principalmente Erick, meu irmão, ela o tratava como se ele fosse o irmão dela. A verdade Emma, é que Lauren é uma pessoa maravilhosa, e que nós sentimos falta dela.

Emma olhou para o chão. Não parecia que Austin estava mentindo,  e Lauren realmente era daquele jeito. Mas Emma não sentiu ciúme ou inveja, pelo contrario, ela quis que Lauren estivesse ali.

- Vamos trazer ela de volta. – disse Emma. – Ela, Nicole e Erick.

- Eu também espero. – e eles caminharam mais uns minutos em silêncio.

- Você está com medo? – Emma sussurrou.

- Estou com medo por vocês, por Joseph, Lauren, minha mãe e meu irmão. Tenho medo o que Rose pode fazer, mas a única coisa que eu sei é que vou lutar.

- Disso eu não tenho dúvida.

Austin  sorriu.

- E você? Está com medo?

- Sim, estou – admitiu Emma. – Ainda está tudo confuso e eu acho que estão esperando muito de mim. Não sou isso.

- Você pode não ser, porque você cresceu longe de tudo isso, mas não quer dizer que você não pode se tornar uma heroína, uma pessoa corajosa. Basta você ter vontade.

- E se mesmo assim eu não for?

- Eu vou estar aqui – disse Austin. – Eu, Liz, Mandy e até mesmo Cody. Não vamos te abandonar e sim te ajudar com todos os desafios.

- Mas...

- Te dou a minha palavra.

Emma olhou para Austin. Emma já confiava nele. Ela se assustou, Emma não era de confiar nas pessoas tão facilmente, mas Austin... Era Austin, e para ela bastava. Emma não considerava que ela estivesse apaixonada, mas sim descobrindo uma nova amizade. Ela o queria como amigo e ele parecia querer o mesmo.

- Obrigada.

- Não tem que agradecer princesa de Hud. – ele sorriu e Emma também.

Depois de mais algumas horas, eles pararam para descansar. Liz deu água a todos e comida também. – frutas, lanches, grãos.

- Falta muito? – perguntou Mandy.

- Falta. – respondeu Austin.

- Eu acho que aqui em Hud deveria existir aquelas maquinas legais que andam igual no mundo mortal. – comentou a irmã de Liz.

- Maquinas que andam? – perguntou Emma.

- Acho que Mandy quis dizer, que em Hud deveria existir carros. – sorriu Liz.

- Isso, carros, ia facilitar muito a nossa vida.

- É, mas até lá temos que ir a pé mesmo.

- Vocês conhecem essa Helena? – perguntou Cody.

- Não – respondeu Liz. – Nunca ouvi falar nela, nem sei como meu pai a conhece.

- Acho que é namorada dele. – sorriu Mandy.

- Mandy!

- Que foi Liz? Papai tem direito de achar um novo amor, por mais que eu ache amor uma coisa ridícula, mas ele merece ser feliz.

Liz revirou os olhos.

- Vamos? – disse Emma.

Quando eles estavam arrumando as coisas novamente, eles ouviram um barulho.

- O que...

- Shh!

Eles se abaixaram e se esconderam atrás de alguns arbustos que havia ali. Escutaram um outro barulho e Emma congelou quando ouviu uma voz.

- Você acha que elesss essstão perto?

- Não sssei. Masss sssinto um cheiro diferente.

Eram os guardas de Rose. Os monstros cobra.

Rose não gostava de esperar.

Ela andava de um lado para o outro no salão dos tronos, que finalmente havia ficado do jeito que ela queria. As paredes cinzas, os quadros antes alegres, agora mostrando sofrimento de pessoas. As cortinas também eram cinzas. Seu trono era branco, sem muitos detalhes. O tapete era preto e o clima era frio, um clima apavorante. Rose gostava disso.

Ela havia chamado seu conselheiro\guarda para conversar, Dylan. Era um rapaz de 27 anos, alto, moreno, olhos castanhos, forte, e tinha experiência com guerras.

- Eu disse que poderia ter ido no lugar daqueles seus guardas tolos. – disse Dylan, observando Rose andando, impaciente.

- Não Dylan, preciso de você aqui no castelo. Se essas cobras forem idiotas como o outro, que ficou no mundo mortal, nunca mais vamos vê-los.

- Entendo. Mas Rose sei que o menino Austin e as duas fadas estão com a princesa... Eles não são uma ameaça para nós, claro, mas para seus guardas, não acho provável que eles vão trazê-la.  

Rose sorriu.

- Não se preocupe. Mesmo se ninguém trazê-la, irei eu mesma fazer isso. Dylan, Emma não vai escapar de mim.

- Não duvido de sua palavra.

- Eu sei.

Depois de alguns minutos em silêncio, Dylan disse:

- O que você está tramando Rose?

Ela riu.

- Nada meu caro conselheiro. Apenas preciso saber mais.

- Mais?

- Sim. Tenho que saber qual é o objetivo deles. Por que Joseph mandaria suas crianças para a floresta e não iria junto? O que aquele caçador ridículo está planejando? Só preciso saber disso.

- Rose, perdoe-me, mas como você vai descobrir isso?

- Informante, noticias, pessoas – ela sorriu, e aquilo não fez o menor sentido para Dylan. – Com o tempo você vai saber de tudo e entender tudo.

- Não faça nenhuma loucura Rose. – disse Dylan. – Vou descansar se precisar, chame.

Rose parou de andar e se sentou em seu trono. Quando Dylan saiu ela simplesmente deu uma gargalhada.

- Em breve vou te ver, sobrinha.