3. minha, quer dizer, nossa clareira
Edward Pov.:
Levantando às seis horas da manhã, com sorriso no rosto e disposição. Só tinha que ter um motivo: Isabella Swan.
Infelizmente, ela ainda não falou comigo, mas eu espero, sei que ela vai falar comigo, não vou forçar a barra.
Eu sempre sento com ela nas aulas e conto pra ela sobre meu dia. Apesar de não falar, ela presta atenção no que eu digo e meio que interage do jeito dela. Não sei explicar, mas eu entendo o que ela quer dizer para mim; consigo entendê-la, é como se ela fosse transparente pra mim, era só olhar em seus olhos... e eu sabia o que ela queria dizer, o que ela estava sentindo.
É estranho o quanto ficamos ligados nesse pouco tempo. Eu nunca tive essa... “sintonia” com alguém; era como se fossemos um só, e um sentisse o que o outro sentia.
- Oi Bella. - eu disse me sentando ao lado dela. E, como sempre, ela me devolveu o cumprimento com um lindo sorriso.
As aulas passaram-se lentas e vagas, poucos estavam prestando atenção; ou mesmo, acordados. O sinal tocou, todos se preparavam para sair... inclusive Bella, a segurei pelo braço:
- Que tal matarmos o resto das aulas de hoje? – ela me olhou confusa.
- É que, bem, eu quero te mostrar um lugar... mas é surpresa. - ela me olhou desconfiada, mas concordou.
Nós pegamos nossas coisas e fomos, discretamente, em direção ao estacionamento. Nós estávamos caminhando até meu volvo, quando sinto pequenas mãos me segurarem pelo braço:
- Onde você vai Ed? – Alice perguntou, sempre curiosa.
- Eu vou dar uma volta. - respondi vagarosamente
- Com a Isabella?! Você sabe muito bem que a Hilary não vai gostar nada disso. – me disse, repreendendo minha atitude.
- Ela não se importará pois não vai saber não é Liice? – fiz minha melhor cara de coitadinho.
- Tá bom, tá bom... mas se ela descobrir, eu não me responsabilizo!
- Valeu maninha, você é demais! - eu disse a levantando do chão com um abraço.
- Eu sei, eu sei! Agora me solta Edward! – Ajeitou seu vestido e foi embora.
- Então, vamos? - eu disse me virando para Bella.
Com exceção à Carlisle, Alice era a única que sabia de minha amizade com Bella, apesar de, às vezes, me interrogando sobre ser apenas ‘amizade’
Besteira da Alice, exagerada como sempre. Até porque se eu sentisse algo a mais em relação a Bella, eu terminaria com a Hilary... eu acho.
Meu pai sempre incentivava nossa amizade, ele diz que faço bem a ela. E eu gosto disso; de saber que eu faço tanta, ou quase, diferença na vida dela, quanto ela faz a mim.
Parei o carro perto da trilha que teríamos que pegar.
- Bem... a gente vai ter que andar um pouco. - eu disse apontando para a trilha que entrava na floresta. Ela fez uma cara assustada, me fazendo rir.
- Vamos, não seja medrosa - eu disse me divertindo. Ela fez uma cara feia pra mim.
- Estou só brincando... vem, eu te ajudo. - eu disse dando a mão a ela.
Seu silêncio sempre me foi confortável; era intrigante e, de certa forma, apreciativo não conhecer seus pensamentos, o que a faziam ser o que ela é. E o que ela realmente queria expressar.
Suas mãos quentes, apesar de pequenas em comparação às minhas, pareciam querer me proteger de tudo ao redor de nós. E me faziam sentir um gostoso bem-estar, só por estarem ali: junto às minhas.
Nós fomos andando com calma até onde eu queria levá-la. Vez ou outra eu contava alguma coisa sobre mim pra ela.
Tirei um galho de árvore que nos impedia de ver minha clareira. Que agora eu compartilharia com ela, seria a nossa clareira.
Percebi sua expressão de maravilhada. E, realmente, o lugar era extraordinário.
- Eu sei, é lindo não!? - ela acenou positivamente.
Sem precisar dizer nenhuma palavra, a conduzi ao meio da clareira, e a abracei, colocando um braço sobre seus ombros; e ela se aconchegou em mim.
Fiquei no meu monólogo sobre escola, os Hale, em resumo, a minha visão que tinha da vida.
De repente comentei:
- Sabe... você é a primeira pessoa que eu trago aqui. – Acariciei seus cabelos. Nem meus pais ou irmãos sabem dessa clareira. –continuei - A Descobri já faz alguns anos, mas venho aqui mais quando quero ficar sozinho, refletir. É como se fosse meu pequeno paraíso particular, bom... agora é nosso – sorri, e ela retribui com um estonteante sorriso, depois me olhou culpada.
- Não – me apressei - , você não está invadindo minha privacidade, nem nada do tipo, te trouxe porque quis, eu queria dividir isso com você. – continuei – é... meio que, estranho, eu entender o que você quer dizer né!? Mas, acho que estou indo pelo caminho certo – dei um sorriso torto, e ela assentiu, sorrindo tímida para mim.
Passamos o resto da manhã ali, deitados e apreciando a clareira; desfrutando... um da companhia do outro. Era tão bom estar assim com ela, nunca me senti assim com alguém antes.
Quando o telefone toca:
- Alô?
- Ed. Cadê você? A aula já acabou!
- Já?! Desculpe,perdi a noção da hora!
- Percebi né?! Sorte sua que a Hilary acreditou na desculpa que você não tava muito bem e foi embora mais cedo!
- Valeu mesmo Alice, você é a melhor irmã do mundo!
- Eu sei, eu sei... você já disse isso - ela falou rindo e eu a acompanhei brevemente - tchau Ed.
Fomos para o colégio pegar a picape dela e cada um foi pra sua casa. Chegando em meu quarto, encontro uma baixinha batendo o pé.
- Pode me falando agora onde o senhor foi. - disse ela autoritária.
- Tudo bem mamãe, senta aí... – indiquei a cama.
Eu contei pra ela sobre eu ter levado Bella em um lugar especial. Sobre o sorriso dela, sobre o silêncio confortável, e sobre eu entendê-la sem precisar de palavras.
- Você fala com tanta... devoção, sobre essa menina.. - Ela disse, já se levantando.
-Ela é especial Alice.
- Deve ser, pra ter fisgado o coração congelado do meu irmão. - ela disse piscando pra mim. - Boa noite Ed. - Eu bufei e revirei os olhos. - Boa noite nanica.
Porque essa menina que mal fala comigo consegue ter esse efeito sobre mim? O sorriso, o olhar de quem conhece as dores do mundo e ao mesmo tempo possui uma inocência singular. Ela é diferente, é madura, nunca tinha conhecido alguém como ela; acho que foi isso que me despertou, mas o jeito dela que me fez – hesitei, em meio aos meus próprios pensamentos, digerindo, esse sentimento novo – me apaixonar.