Quase um mês se passara, eu estava estudando em uma escola de L.A, não pude estudar na escola de Palm Woods porque só quem pode estudar lá são famosos ou futuros. Estava sentada à uma mesa no refeitório enquanto escutava "Toxicity" no meu iPod e lia "Entre espadas e palavras".

— Hey, você é Carol Garcia? — uma garota de pele clara, cabelos médios e olhos castanhos escuros.

— An... Sou eu sim — respondi um pouco assustada. Tirei meus óculos e o fone, e acenei para ela sentar.

— Sou Julie Hawkins. Do terceiro ano. — ela se apresentou, então deduzi ter 17 anos.

— Carolinne Garcia. Do primeiro ano. Então, alguém falando algo comigo aqui na escola é uma raridade.  — disse apontando para todos no refeitório, peguei a minha mochila que estava na cadeira ao lado e de lá tirei uma foto 15x15 dos garotos autografada por eles.

— Nossa, muito obrigada Carolinne... — ela disse me abraçando.

— Carol, por favor. De nada, um dia isso iria acontecer de qualquer jeito — e dalí a conversa fluiu naturalmente.

Ela meio rockeirinha e bastante simpática, gosta de Foo Fighters como eu, até que enfim alguém gosta deles... Fiz uma amizade naquela chatice que chamam de escola, é, eu sou muito anti-social.

Cheguei no apartamento e vi o novo capacete do Carlos (que todos compramos no seu aniversário, há uma semana) em  cima do balcão, a casa parecia vazia, até a srta. Knight sair do seu quarto.

— Já chegou, Carol? Tá cedo ainda, os meninos estão na gravadora e Katie está em uma sessão de fotos. — ela disse, aí me lembrei de uma coisa que há muito tempo queria falar com ela, à sós. Sentei no sofá e a chamei também.

— Tia, eu estou querendo conversar com você há tempos só que quando niguém estivesse junto. Logo quando cheguei aqui para as férias, comecei a ter pesadelos e...

— Que pesadelos são esses? — perguntou preocupada.

—Uma mulher entrega uma bebê, que no caso sou eu, à mamãe. Ela diz que a senhora e a tia Brooke a conhecem. Estou totalmente perturbada. Me diz se a senhora sabe de alguma coisa, por favor... —  pedi.

—Ora Carol, nem todos os sonhos são realidades, esse pode ser apenas um sonho qualquer. — ela disse apertando minha bochecha esquerda. Levantou e voltou para o seu quarto.

Fiquei sentada ali, apenas com o silêncio me rondando esperando alguém chegar.

James ~

Já se passou quase um mês, eu e Micaella viramos grandes amigos. Conversamos por Skype — que eu criei só pra conversar com ela. E por telefone, impressionei com a quantidade de ligações que  há no registro de chamadas do meu celular.

Eu e os meninos estávamos voltando pra Palm Woods junto com a Katie, quando meu celular começou a tocar Boyfriend, tinha colocado como toque da Mi.

— A namoradinha tá ligando... — Carlos começou com aquelas brincadeiras sem graça dele.

— Cala a boca.  — Logan deu um tapa na cabeça dele, em forma de repreensão.

Ligação On~

—Micaella? — perguntei ao atender.

— Não seu idiota, é a  vovó! — ela brincou.

— Ah vovó, nunca mais tinha lhe ligado. Como está? — entrei na brincadeira.

— Besta. E ai, como foi o dia? — perguntou e pelo tom, imaginei o grande sorriso no seu rosto.

— Foi bom, eu acho. Ahn... Já são 19h00 aqui, já não é muito tarde no Brasil? — perguntei pondo a mão no bolso da minha calça.

— Eu meio que... Estou te ligando escondido, meu limite de horário é até as 22h30. — ela riu e eu também. — Se eu te ligar durante o dia, ou eu estarei estudando ou você na gravadora, então esse é o melhor horário pra conversar. — ela disse bocejando.

— Vai dormir, amanhã não vou trabalhar. Então pode me ligar quando você acordar, okay?

— Sério? Então tá, boa noite... Beijos Sr. Pente da sorte.

Ligação Off ~

Chegamos no apartamento e corri para tomar um banho. O dia foi longo, Gustavo quer compor mais músicas para o novo álbum e está nos perturbando. Aproveitei e comecei há algumas semanas a escrever uma música, às vezes preciso de ajuda do Logan, que sabe compor também. Deitei na minha cama e fiquei olhando para o teto, até alguém me interromper.

— Hey, Jay. Falou com a Mi hoje? — Carol perguntou sentando na ponta da minha cama.

— Ela é perfeita, né? — falei olhando o teto do quarto.

— Que? — ela perguntou devagar e surpresa.

— Ah, nada não. — eu gaguejei e um sorriso apareceu no seu rosto.

— Você gosta dela? — perguntou brincalhona.

— Gosto, como amiga gosto — me fiz de desentendido.

— Dá pra parar de se fazer de Carlos? EU vejo que você está apaixonado por ela, imagina quando você está falando com ela. — ela empurrou meu ombro.

—Não, James Diamond nunca se apaixona — eu falei fazendo aquele movimento com as mãos.

—James, ninguém é de ferro okay? Agora vamos jantar, hoje a srta. Knight fez frangos em forma de dinossauros. — ela disse enquanto se levantava e ia em direção à porta.

— Obaa! — eu gritei a seguindo.

— Depois diz que já é homem... — ela riu.

Eu estava quase considerando o que Carol havia falado, mas era dificil. Eu gostava da Micaella, mas de alguma forma era um sentimento diferente.

(...)

 Eu estava ­— dificilmente — tentando me acostumar com a ideia que a Carol havia metido na sua cabeça de sei lá quantos centímetros que eu estava apaixonado pela Mi. Falar nela, Micaella não tinha nada a me contar neste últimos dias, deve tá se perguntando "Isso não é coisa de garota?" Também achei, mas eu gosto quando falo qualquer coisa com ela, mesmo sendo bobagens.

Estava na sala esperando minha vez no videogame, enquanto isso tentava em vão, achar alguma maneira de me falar com Micaella.

Micaella ~

Nesse momento, eu estava completamente odiando minha vida. Estou meio que de castigo por ficar conversando o dia todo com o James, resultado: tirei notas baixas no bimestre. Ou eu falava com ele por pelo menos três vezes na semana e estudava pra recuperar  as notas ou eu não ia pra L.A nas próximas férias.

Minha mãe estava viajando para Rio Grande do Sul com o meu padrasto em uma viagem à “Segunda lua-de-mel”, eles só voltariam depois de amanhã, graças a Deus, eu não queria ficar servindo de babá por nem mais um segundo nessa vida pro meu irmão. Era sexta-feira à tarde e eu estava sentada no sofá rodeada por vários livros de matemática, aturando o meu irmão a escutar rock no ultimo volume no seu quarto. Eu não conseguia me concentrar ao olhar o meu celular e ver o papel de parede nosso no aeroporto. no mesmo momento, o meu celular vibra em um toque de mensagem, era dele, como previ:

“Hey Mi, já te liguei várias vezes hoje e você não atende. Eu te fiz alguma coisa? Se fiz, por favor, me perdooa? Eu sei que sou muito ignorante, mas tenho bilhares de coisas para te contar. Ah, estou compondo uma música... XOXO, JD"

  Eu também sentia sua falta, falta da sua voz, daquele gesto que ele faz com as mãos, de  ver os seus olhos amendoados e seu sorriso. Faz um dia apenas que não falo com ele e isso tá me matando, mas se eu o amo, tenho que estudar pra viajar, certo?!. Olhei rapidamente para o centro de mesa e vi o notebook do meu irmão ali em cima, o liguei e conectei a internet.

Loguei a minha conta na rede social e fui logo para o perfil dele, havia vários tweets dele nos últimos dois dias:

@Jamesdiamond: Good morning, rushers! Recording a new song for All Over Again. XOXO, JD. ( Bom dia, rushers! Gravando uma nova música para o segundo album do BTR. Beijos e abraços, JD)

Esse tinha sido o ultimo tweet dele, desconectei rápido e desliguei o notebook. Estudo, estudo e estudo, é só até terça-feira.

Carolinne ~

— Carol, você sabe onde está o James? — tia Jennifer (srta. Knight) perguntou colocando os frangos em formas de dinoussauros em cima da mesa.

— Tia, sei não, acho que ele saiu... — eu ri.

— Ele está desde quando começamos a jogar videogame trancado naquele quarto — Katie se intrometeu na conversa quando foi beber água.

— Eu vou lá chamá-lo... — disse saindo de cima do balcão, fui até a porta do quarto dos meninos, mas estava trancada.

— James? Abre ai... — falei batendo insistentemente na porta. Carlos jogou uma chave, que deduzi ser a cópia do quarto deles e abri. James estava andando de um lado para o outro ali, o que rápido me deixou tonta.

— O que cê tá fazendo? — perguntei o parando.

— Um jeito de fazer ela vir pra cá... — respondeu voltando a andar. Eu revirei os olhos e depois de um minuto o observando ele parou e olhou pra mim sorridente.

— Já sei... — Ah Deus, não diz que é isso que estou pensando...