Stay Strong - HIATUS escrita por Sakura Uchiha


Capítulo 6
Novos amigos


Notas iniciais do capítulo

Valeu pelos coments do último cap, aadorei, inspirada *-*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/380022/chapter/6

Acordei com aquele despertador infernal me chamando pontualmente as 6:00 da matina, meu quarto estava mais escuro do que o normal por causa das folhas de jornal que colei na janela para suprir a falta que eu sentia de uma cortina de verdade, mas minha preguiça de ir comprar um no shopping local.

Tomei um banho quente, estava meio frio o dia. Bom. Sem perguntas pelas roupas compridas. Quinze minutos depois eu já estava novamente de pé, procurei alguma coisa que prestasse no meu armário, mas no fim optei apenas por uma calça jeans, um moletom qualquer com o nome "Gun's and Roses" preto e por baixo, claro, minha blusa com gola alta. All Star preto nos pés e aquele típico coque solto. Peguei meus fones e a mochila e desci, mas ou menos 6:40.

Entrei na cozinha e lá estava aquele ruivo de costas para mim, folheava um jornal qualquer enquanto bebia café e ouvia o rádio. Credo, sua imagem parecia com aqueles pais responsáveis de filme, sabe?

- Pelo visto dormiu aqui, não? - perguntei, colocando a bolsa na mesa e abrindo a geladeira a procura de algo para comer.

- Eu nem ia, mas... Você já percebeu o tamanho da televisão que tem naquele quarto? - a pergunta dele me fez rir.

- Um dia você se acostuma... - peguei ovos e bacon, laranjas e leite, enquanto fui até a pia e comecei a preparar qualquer coisa. - Ou não, eu particularmente espero que não.

- Quem vai ter que se acostumar aqui é você, pois eu vou ficar aqui por muito, muito tempo! - ele falou em tom de deboche, enquanto ria.

Um barulho irritante começou e ele olhou para o celular. Uma mensagem. Fitou o aparelho por longos segundos, lendo a mensagem, para logo depois bufar e revirar os olhos, colocando seu celular dentro da minha mochila.

- O que foi? - perguntei, fritando um omelete. Ele me ignorou, cantarolando o refrão da música. - Quem era? - insisti.

- É a minha namorada... - percebi ele fazendo uma cara de nojo ao dizer a palavra "namorada".

- Quem é a coitada?

- Você logo vai conhecer, se chama Debrah - fez outra careta. Eu ri.

- Parece que você não gosta muito dela...

- Eu até gostava - começou a contar, voltando a ler despreocupadamente o jornal. - Só que depois de um tempo... Não dá para aguentar aquela garota! - bateu a cabeça na mesa e descansou o jornal em cima, mostrando o cansaço.

Pus os ovos em um prato e o coloquei ao lado de Castiel, que as sentir o cheiro da comida logo levantou a cabeça e começou a comer. Abri minha mochila e peguei o celular que ele tinha posto ali.

Nossa, tinha pelo menos umas trinta mensagens apenas de ontem para hoje, nelas estavam escritas coisas como "te amo fofuxo" ou "você sabe que é só meu".

- Eca - falei, fazendo-o rir. - Tem certeza de que essa não é a loira escandalosa de ontem? Combina muito com ela...

- Pode-se dizer que ela é uma Ambre de cílios postiços e com menos panos - deu um sorriso malicioso, provavelmente lembrando-se dela.

- Será que você poderia ser menos nojento? Caso não tenha percebido, está falando com uma garota! - falei, apontando para mim.

- Uma garota? Você é minha amiga, não uma garota - ele colocou as mãos na nuca preguiçosamente com um sorriso. Eu sorri instintivamente ao ouvir as palavras dele.

Comi qualquer coisa e depois apertei aquele botãozinho ainda de dentro da casa. Ele perguntou sem palavras o que era aquilo, enquanto bebia suco de laranja.

- É para chamar o motorista - expliquei, guardando o pequeno objeto na mochila. Peguei meu celular que estava ali e coloquei os fones, na verdade apenas um para poder conversar.

- Pode me fazer um favor? - ele perguntou, se levantando com a mochila nas costas e o celular na mão.

- Hm? - saímos da casa.

- Me empresta seu celular? - olhei para ele, o fuzilando. - Por favor, não quero ter de aturar Debrah a aula inteira com essas mensagens idiotas, você pode ficar com o meu, se quiser - ele ofereceu o aparelho.

Nesse momento o carro chegou e eu entrei, ele ao meu lado, ainda me fitando. Revirei os olhos, tirando os fones do meu celular e entregando para ele, logo depois pegando o dele e colocando qualquer musica para tocar.

Ele começou a fuxicar as coisas ali, passando por entre mensagens até as fotos, tinham coisas constrangedoras ali? Sim, as mensagens que eu tinha eram na maior parte de antigos quase-namorados que eu tive, que não passavam de garotos tentando me conquistar.

Eu sabia exatamente o que era ter alguém te mandando mensagens melosas idiotas o dia inteiro e o quanto era irritante, por isso não esitei em emprestá-lo a ele. Notei uma coloração vermelha nas bochechas dele quando lia as mensagens, não de vergonha, mas de... Raiva?

Um amigo ciumento, era só o que me faltava... Felizmente ele respirou fundo e não falou nada, passando direto para as fotos. Ficou vermelho de raiva novamente, nunca fui de ter muitas amigas garotas, a maioria das fotos então era de mim com meus amigos.

Mais uma vez não disse nada, colocando seus próprios fones nos ouvidos e logo depois saindo do carro, tinhamos chegado. Ele caminhava a passos largos, como se quisesse fazer o máximo para sair de perto de mim o mais rápido possível.

E eu aqui pensando que era ciumenta... Ele era bem pior.

Assim que meu carro foi embora, notei um outro do outro lado da rua, olhando para o colégio. Era um homem que usava óculos escuros e roupas formais, o vidro estava meio aberto e ele olhava diretamente para aquele garoto de cabelos azuis de ontem.

Ele suava frio, estava ao lado de uma garota que eu nunca notara, estavam sentados nas escadas da entrada e era visível que ele estava flertando com ela. A garota tinha a pele morena e um sorriso de desdém estampado nos lábios.

Alguns segundos depois de uma risada, percebi o vidro se abrindo um pouco mais e ele puxou o rosto da garota para um beijo feroz. Ela se assustou de inicio, mas logo correspondeu, provavelmente agradecendo mentalmente por ele ter feito logo aquilo.

Vi um sorriso aparecendo no rosto do homem no carro, que fechou o vidro e acelerou, saindo dali. Sério que fui eu a única que percebi aquela movimentação estranha?

As pessoas iam e vinham, passavam como se nada de anormal tivesse acontecido, e isso só fazia com que uma parte de minha mente gritasse algo que eu entendi como "vai tomar seus remédios".

O sinal tocou e todos correram como baratas quando a luz do banheiro se acende, o beijo dos dois também foi interrompido, a garota deu outro daqueles sorrisos de desdém e terminou com um selinho, depois saiu.

Ao invés de entrar, ele continuou ali, a cabeça pendendo sobre as mãos como se tivesse tantos problemas que nem mesmo poderia aguentar. Não sabia se deveria ou não, mas me aproximei dele e sentei ao seu lado. Ele levantou o rosto rapidamente, seu olhar estava cansado, quando percebeu que era eu, deu um sorriso mínimo e logo voltou à posição de antes.

- Não vai entrar? - perguntei.

- Sem cabeça para estudar.

- Aceita um ombro amigo? - sorri, ao notar que ele finalmente levantou a cabeça e não voltou à antiga posição.

- Não vai entrar? - ele repetiu minha pergunta, com um meio sorriso.

- Estou sem cabeça para estudar - seu sorriso se alargou ao ouvir a mesma resposta que ele deu. - Querendo desabafar?

- Deveria?

- Não é certo guardar as coisas só para si - eu disse, o fazendo suspirar.

- Tem coisas que é melhor guardar só para si.

- Ou não - ele sorriu.

- Acho que posso confiar em você... - ele disse, sua voz falhando um pouco. Esperei que ele continuasse a falar, mas ele permaneceu em silêncio, fitando as próprias mãos.

- Alguma coisa a ver com aquele cara no carro?

- Tudo a ver... - ele respirou fundo, provavelmente procurando coragem para dizer alguma coisa. - Aquele cara era o meu pai, ele anda me seguindo por todos os lados desde que um certo boato foi parar nos ouvidos dele. Não consegui dormir ontem de noite porque tive que ficar com uma garota... Não que eu não goste, longe de mim! Mas é que não costumo fazer essa coisa de "vai lá, usa e joga fora".

- Perai... - não disse nada, olhando fixamente para o céu enquanto juntava as palavras dele para formar algo em minha mente. - Deixa eu ver se entendi, ele descobriu que você não gosta de garotas e - ele me cortou.

- Mas eu gosto de garotas - suas bochechas ficaram coradas.

- Pensei que você jogasse no outro time... - ele deu um meio sorriso.

- Podemos dizer que eu jogo nos dois times - virou o rosto. - Pronto, agora que sabe disso, pode virar a cara com nojo de mim e ir embora...

- E por que eu deveria fazer isso? - ele olhou para mim, assustado.

- Meus antigos amigos pararam de falar comigo depois que souberam... - ele abaixou a cabeça mais uma vez, fitando o chão.

Não disse nada, apenas o abracei. Ele se surpreendeu, seus músculos estavam rijos, mas logo se conformou e aceitou o abraço, até correspondendo da forma que pode nas circunstâncias.

- Alexy - ele se apresentou.

- Beatriz - apertei sua mão, sorrindo. - Mas pode me chamar de Bê.

Nesse momento o sinal tocou e nos levantamos. Os professores estavam circulando pelos corredores, mas felizmente conseguimos entrar na sala antes do nosso professor. Sentei no meu lugar marcado no fundo da sala ao lado de Castiel, que me olhava furioso.

- Onde você estava? - perguntou no mesmo instante que minha musica era interrompida pelo barulhinho do celular avisando que tinha chegado uma mensagem.

- Só você pode matar o primeiro tempo? - respondi sua pergunta com outra pergunta, olhando a mensagem que tinha chegado e notando que não era apenas uma, mas sete. Sim, sete! - "Sonhei com você, sabia?" - li uma delas em voz alta, fazendo-o bufar. - "Ai bebê, aquela loira aguada estava espalhando pela escola que você anda com ela, é mentira, né?", "Foi impressão minha ou era mesmo você que saiu daquele carro com a vagabunda?" Essa biscate me chamou de vagabunda?!

- Nisso que dá ficar bisbilhotando... - ele falou, rindo.

- "Espero que você não tenha nada a mais com ela, ou nosso 'passeio' de hoje não vai rolar...", "Ela matou o primeiro tempo junto com o enrustido...", "Pra mim, ela está no mesmo time que ele!", "Ela não perde por esperar, quando menos notar, vai ter uma surpresinha a esperando no armário dela..." - levantei os olhos para ele, que colocava uma bala de morango na boca despreocupadamente. - O que isso significa?

- Acho que ela pode ser um tanto... Como dizer... - ele pensou um pouco antes de completar a frase.

- Maluca? - opinei, ele sorriu.

- Maluca, maníaca, um tanto psicopata... - ele dizia com tom de brincadeira. - São muitas possibilidades.

- Essa garota estava me ameaçando, e você nem ao menos muda de expressão?

- Isso acontece mais vezes do que você pode imaginar...

- E quando foi que você me avisou? Poderia ter te chutado da minha casa há muito tempo.

- Estou te avisando agora - ele deu um sorriso igual ao da garota que beijava Alexy, dizendo algo como "não ligo".

- E não vai me defender?

- Por que não pede pro seu amigo de cabelo azul? - perguntou, aumentando o volume da música.

- Sinto dizer, mas essa coisa de ciúmes não é tão fofinho como parece nos filmes, pode parar, o.k.?

- Quem por aqui está com ciúmes?

Revirei os olhos, enquanto o azulado se aproximava de mim com um sorriso largo nos lábios.

- Fiquei sabendo de uma festa que vai ter hoje na casa da Ambre e queria saber se você vai querer ir - ele disse. Sorri, poderia ser uma boa, me relacionar com mais pessoas, gente nova, amigos, possíveis relacionamentos...

- Obrigada, mas ela não vai querer - Castiel falou por mim. Eu apenas abri a boca, quase sem coragem de responder a uma coisa assim.

- Desde quando você fala por mim? - perguntei para ele. - Quando e onde vai ser? - olhei para Alexy.

- Se quiser eu posso dar uma passada na sua casa com o meu irmão - ele apontou o moreno que tinha me feito aquele pergunta ontem. Estranho. - Então nós vamos juntos, o que acha?

- Para mim está perfeito - respondi, escrevendo o endereço em um pedaço de papel e logo depois entregando para ele. Quando leu, arregalou os olhos.

- Só pode estar de brincadeira... É você que se mudou para a tal mansão?

- Avá, só pode ser carma... - falei comigo mesma. - É só uma casa como qualquer outra, igual a todas as outras que me lembro existir, nada demais!

- Quer dizer que você já morou em outras casas assim? - ele me perguntou, me fazendo revirar os olhos e o sinal tocou no mesmo instante. Bingo! Literalmente salva pelo gongo.

- Nos vemos mais tarde - disse, me levantando. Sai da sala, encontrando um butijão de gás com glacê na entrada esperando por mim.

- Já decidiu em qual clube vai entrar? - perguntou, impaciente. Droga, eu tinha esquecido totalmente disso...

- Quais são as opções?

- Basquete e jardinagem - era visível que tinha outras opções, mas ela ainda assim apenas disse aqueles dois nomes.

- Acho que vou ficar com o de basquete mesmo... - disse, retirando um sorriso dos lábios dela, que anotou meu nome em uma das listinhas que carregava.

- Isso é uma surpresa, você é a segunda garota que entra pro time... Parabéns pela coragem. Encontre o ginásio e veja se precisam de você para alguma coisa - e saiu pelo corredor balançando as banhas enquanto andava.

- Eca... - falei comigo mesma.

Olhei para frene e tinha uma garota parada do outro lado olhando diretamente para mim, ela conversava com uns garotos que provavelmente eram de algum tipo de clube dos sem noção. Ela tinha cabelos castanhos e seu corpo era bem... Estranho.

Visivelmente faltava muito pano na roupa dela e os garotos praticamente estavam se esfregando nela. Não sei aqui, mas na minha cidade isso costumava se chamar V-A-D-I-A.

Castiel saiu da sala naquele momento e todos os garotos sumiram no mesmo instante, deixando apenas a garota sozinha ali. Ele andou despreocupadamente até ela, as mãos nos bolsos e os fones no ouvido.

Ela se jogou nele, dando um daqueles beijos de televisão, mas não aqueles que você quer, aqueles de que você tem nojo, eca. Ela não fechou os olhos, ficava olhando para mim enquanto o beijava ruidosamente ali.

Ah, então essa era a vadia. Debrah.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hehe, ruim? Mandem um review ^-^



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Stay Strong - HIATUS" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.