Shadow escrita por Shadow


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capítulo, espero que gostem :)



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Judith olhava para o raven na sua frente e tudo que ela conseguia pensar era no azar que tinha. Tuda dava errado na sua vida, qual era o problema com ela? O que ela havia feito de errado para merecer ser morta por um raven num beco escuro e ter o corpo encontrado no outro dia, todo deteriorado por causa do veneno do demônio?

O monstro havia quebrado seus dois braços e sua perna já estava machucada por causa de outra caçada, foi idiotice sair sozinha naquela noite e agora ela se encontrava em um beco sujo de Paris encurralada por um maldito monstro que tinha veneno pingando dos dentes.

- Precisa de ajuda? – perguntou uma voz sorridente, aparecendo por trás do monstro e acertando ele com um tipo de luz, que o fez virar pó instantaneamente.  – parece que meu bichinho lhe deu problemas, minha mãe sempre me dizia para não invocar ravens.

- Quem é você? – perguntou Judith, olhado para a bela mulher de vestido azul escuro e cabelos loiros e longos a sua frente. Ela não tinha nem uma runa tatuada no corpo, o que indicava que não era uma caçadora das sombras.

- Me chamo Cassandra, sou a alta feiticeira das redondezas. Quem é você? E porque diabos estava andando no meu território sozinha a noite? – perguntou a feiticeira. Ela não parecia brava com Judith, mas sim curiosa. Nunca tivera muito contato com caçadores das sombras além de seu amante Damian.

- Estava caçando. –respondeu Judith, envergonhada. – acho que não deveria ter entrado em seu território, me desculpe.

***

Esse foi o primeiro encontro de Judith e Cassandra. Daqui em diante a história vai ser corrida, pois tudo que vamos dar aqui é um prefácio para o desenrolar de uma outra história, onde Judith e Cassandra não são as principais.

***

Judith e Cassandra acabaram por ficarem amigas depois que a feiticeira levou a caçadora para sua própria casa e cuidou de seus ferimentos. Judith escondeu do conclave a localização de Cassandra, o que a feiticeira considerou um ato de coragem, eram poucos os caçadores que esconderiam algo do conclave para proteger um feiticeiro.

Judith ficou noiva pouco depois disso, de um caçador das sombras muito habilidoso e bonito. Ela estava perdidamente apaixonada por ele e dizia constantemente a Cassandra que ela iria levá-lo para conhecê-la. Judith e o noivo partilhavam de ideais sobre habitantes do submundo, defendendo que nem todos eles eram maus e deveriam ser destruídos.

Mas foi então que Judith ficou grávida e descobriu que seu precioso caçador das sombras tinha uma amante. Quando ela foi procurar Cassandra para desabafar sobre isso ficou sabendo que ela havia partido para longe dali, Judith logo descobriu porque: ela era a amante do seu noivo.

Aquilo destruiu qualquer resto de amor e compaixão que pudesse haver dentro do coração da doce Judith. Ela contou para o conclave do envolvimento de seu noivo com uma habitante do submundo e ele acabou por ser excluído e ter o nome riscado dos caçadores das sombras. Isso era maior vergonha para os caçadores.

Judith não queria ficar em Idris, cidade natal para onde os caçadores vão quando não estão em um instituto, por isso pediu para ser transferia para Arcade, uma ilha na América do Sul que era mantida pela clave. Com isso ela e seu bebê vieram para a ilha como pioneiros, ajudando a construir a cidade de Arcade. O menino de Judith Duncan se chamou Bastian Duncan, já que sue pai fora expulso da ordem dos caçadores.

Ela e o filho viveram sempre ali, fazendo missões no ocidente e mantendo o instituto de Arcade por várias gerações, o que nos leva...

...para os dias de hoje.

- Sal? Sal, onde você está? – chamava uma garota aparentemente desesperada. – Saaaaaaaaaaaal?

- Alice? – chamou alguém, saindo de uma sala do instituto.  – que gritaria é essa?

- Saulo Duncan! – gritou Alice, parecendo muito irritada agora que já tinha encontrado seu parabatai. – Onde diabos você estava? Faz anos que eu estou te procurando!

- Anos? Alice, faz meia hora que eu te falei que viria para a sala de armas. – disse ele, adentrando novamente na sala e pegando o pano para continuar a polir sua besta. Era a arma favorita dele, já que era muito bom de mira.

- Não sei do que você está falando, Sal. – respondeu ela, sentando no chão ao lado da cadeira de Saulo. – Miss Simpatia está te procurando.

- Quem? – perguntou ele.

- Miss Simpatia, seu papai querido. – disse ela. Alice odiava o pai de seu parabatai com todas as forças, e o ódio era recíproco. Saulo tentava amenizar as coisas, mas aparentemente Alice e seu pai jamais de dariam bem.

- Ele já chegou de viagem? Porque não me falou antes? – disse ele, jogando o pano que usava para polir a besta na cabeça de sua parabatai.

- Como assim não te disse antes? Faz horas que eu estou andando por essa porcaria de instituto procurando você! – disse ela, indignada, atirando o pano de volta.

Saulo revirou os olhos, mesmo ela sendo uma caçadora das sombras ela tinha a capacidade de se perder a todo momento. Mesmo ali, no instituto onde vivera desde os nove anos de idade.

- Você vem comigo ou não? – perguntou ele, estendendo a mão e puxando a garota do chão. Saulo nunca admitira, mas também se sentia pressionado na presença do pai. Alice sabia disso, e era por isso que, mesmo odiando o pai de Sal, ela tentava nunca deixar os dois sozinhos.

- Mas é claro que eu vou com você, não posso perder a oportunidade de atormentar o grande e respeitável Sr. Duncan. – disse ela, com um sorriso torto que Saulo retribuiu.

POV ALICE

Segui Sal até a sala do conselho, lugar preferido da pai dele. Aquele homem tem um complexo de poder tão grande que se pudesse dormiria na sala do conselho. Idiota. Ele era o tipo de pessoa que faria qualquer coisa por poder, inclusive catar crianças órfãs filhas de caçadores das sombras e “criá-las” dando educação especializada e treinamento intensivo. Eu fui mais uma agregada desse instituto, e o grande senhor Duncan sempre fez de tudo pra jogar isso na minha cara. Imagina como ele se sentiu quando descobriu que seu único filho de sangue escolheu a pequena órfã agregada para ser sua parabatai? Ele realmente não gosta de mim.

- Alice, onde você pensa que vai? A sala do conselho é ali. – disse Sal, puxando meu braço em direção a sala com uma enorme espada entalhada na portas. – você é distraída demais, por isso vive se perdendo.

- Já entendei, mãe. – eu disse em tom debochado. – vamos logo conversar com a Miss Simpatia.

Antes que ele pudesse falar qualquer coisa eu abri a porta e entrei. Se dependesse do Sal eu ficaria duas horas parada na frente da porta recebendo um sermão sobre como me portar na frente de meus superiores e os trinta motivos para não irritar um responsável por um instituto. Mas como sou muito mais esperta abri a porta e fui entrando, ouvi Sal bufar qualquer coisa antes de seguir a mim para dentro da sala, mas não dei atenção.

- Grande Sr. Duncan! – exclamei, sorridente, notando as outras duas pessoas na sala. -  vejo que está com visitas! Sejam muito bem vindo a nosso amado instituto! Saibam que nossas portas estarão sempre aber...

- Oi pai. – disse Sal, me dando uma cotovelada nas costelas e me fazendo tossir. Esse garoto não tinha noção da força que tinha? Acho que meus pulmões foram parar na garganta.

- Saulo. – disse Sr. Duncan, passando os olhos e analisando o filho. – está atrasado.

Saulo ia começar a responder, mas tomei a frente.

- Desculpe, foi totalmente minha culpa. – falei, dando para o Sr. Duncan um sorriso sem graça. Ele me olhava com ódio.  – me esqueci que ele havia falado que estaria na sala de armas e acabei rodando o instituto inteiro. Você sabe como eu me perco fácil, senhor Duncan.

- Cabeça de vento. – disse Sal, bagunçando meu cabelo. Olhei para ele surpresa, ele não costumava ser tão legal assim comigo com o pai dele por perto, em geral ele era todo negócios.

- Muito bem. – disse o pai de Sal, se virando para as duas visitas. – Tem um pessoal que quero que conheçam.

Ele indicou as duas pessoas que estavam paradas na sala, ambos olhavam com certa superioridade para mim e Sal, o que me deixou um tanto nervosa em relação a eles. Sal parecia, como sempre, calmo e controlado.

Eram dois garotos, ambos lindos como caçadores das sombras em geral eram. Eu podia dizer que era imune a beleza deles já que vivia cercada de garotos absurdamente bonitos, o próprio Sal era um garoto que possivelmente causaria alvoroço nas meninas caso andasse por ai sozinho, mas felizmente para ele eu estava sempre por perto, para afastar as loucas tietes para longe do meu parabatai. Mas enfim, havia um garoto mais alto que o Sal, o que era muito, com cabelos castanho escuro e olhos escuros, o outro era ruivo e um pouco mais baixo, tinha olhos castanho mel. Lindos, como eu disse, caçadores.

- Esses são Louis e Jean, eles são... – Começou o Sr. Duncan.

- Franceses? – perguntei, cortando ele. Não era a toa que ele me odiava.

- Alice, cala a boca se não eu juro que faço você engolir a cadeira mais próxima – sussurrou Sal. Eu não sou burra, então calei a boca.

O Sr. Duncan me olhava fixamente e eu esperava uma repreensão, mas aparentemente o riso do ruivo o fez pensar duas vezes e ele deu um sorriso afetado. Ótimo, estávamos tentando parecer legais, esses dois deveriam ser importantes.

- Sim, eles são franceses afinal. – continuou o Sr. Duncan. – Alice sempre prestativa.

- E inconveniente. – completou Sal, para o meu desgosto. Que tipo de caçador fala que sua parabatai é inconveniente? O do tipo Sal, claro.

- Continuando, esses são Louis – o Sr. Duncan apontou para o ruivo – e Jean – disse, apontando para o loiro.

- Muito prazer. – disse Sal.

Eu não disse nada, somente acenei com a cabeça. Não estava gostando nada do sorrisinho de deboche dos dois.

- Igualmente – disse o ruivo, Louis, com um forte sotaque francês. Tive que me segurar para não rir dele, o que o Sr. Duncan falaria que era falta de educação, mas ele ficava realmente engraçado forçando o português daquela maneira, provavelmente ele teve uma aula rápida antes de vir para Arcade.

O Sr. Duncan deve ter notado minha vontade de rir, aquele homem não deixava nada passar, por isso retomou a fala antes que eu dissesse alguma coisa.

- Pois bem, eles vão passar uma temporada de seis meses aqui como treinamento, vieram diretamente de Idris para ter a primeira experiência em campo.

- Quer dizer que eles nunca enfrentaram um demônio, é isso? – perguntei, um tanto surpresa. – eu achei que, vindo de Idris, eles teriam muita experiência e tudo o mais.

- Pois é, se eu não tivesse acolhido você aqui você também teria sido educada em Idris, teria mais conhecimento de runas, isso é certo, mas sabemos que o conhecimento não é seu forte, não é, querida? – ah, ele não perderia a chance de me alfinetar e dizer que eu era uma coisinha que devia devoção eterna para ele, claro que não.

- É verdade, mas o senhor tem sorte de ter acolhido ela, não tem noção de quantas vezes ela salvou a minha vida. – disse Sal. Qual era a dele hoje? Ele não era assim tão sentimental e nem gostava de discutir com o pai, acho que ficou arrependido de ter me feito andar por todo o instituto atrás dele antes. Mesmo assim eu sorri para ele, eu até gostava de receber um apoio as vezes.

- Bem, - disse o Sr. Duncan, mudando rapidamente de assunto. Mil pontos para o Sal! – mostrem o instituto para os dois e, por favor filho, não deixe Alice sozinha com eles, ela pode perdê-los por ai. Ela tem o costume de se perder pelos lugares, fico admirado que saiba o caminho da sala de jantar até o quarto.

POV SAULO

Eu odiava o jeito que meu pai insistia em tratar Alice. Era certo que ela também não colaborava, mas ele chegava a ser idiota algumas vezes, coisa que você não espera de um reitor de instituto. A sorte que eu tinha era que Alice não dava a mínima para o que meu pai falava, na verdade ela não dava a mínima para o que qualquer pessoa falava, o que me facilitava a vida para lidar com ela.

Ela parecia ter uma estranha necessidade em assumir a culpa pelas coisas, o que me faz pensar se ela não é masoquista, além disso, ela tinha uma estranha habilidade de irritar meu pai, o que a tornava uma pessoa extremamente singular, para não falar louca. Ela, aparentemente, não havia gostado dos dois novos agregados do instituto, mas em geral ela não gostava de ninguém, então não dei muita atenção a ela enquanto mostrávamos o instituto para os dois franceses.

Eles pareciam fazer questão de não mostrar surpresa pelas coisas que viam e tinham um estranho ar de desdém enquanto olhavam para os lugares. Alice estava quieta, o que era preocupante. Ela só ficava assim quando estava preocupada ou irritada, o que não era nada agradável. Eu decidi fazer meu papel como filho do reitor e ser simpático, mesmo que Alice fosse muito mais sociável que eu quando queria. Porque ela não era espirituosa quando eu precisava?

- Essas são as instalações e onde vocês vão ficar, podem escolher o quarto que quiserem . –falei, tentando sorrir. – os empregados arrumam os quartos duas vezes por semana, mas a arrumação das camas fica por conta de vocês.

- Temos que arrumar nossas próprias camas? – Perguntou o loiro Jean, franzindo o cenho.

- Garanto é que mais simples que matar demônios. – comentou Alice, falando pela primeira vez. – mas você não tem como saber, certo?

Jean lançou um olhar superior para ela, que ela simplesmente ignorou, o que fez ele ficar ainda mais irritado. Finalmente Alice dava sinal de vida, pelo jeito não havia encontrado nada que pudesse usar contra eles e decidiu simplesmente atormentá-los, assim como ela fazia com todas as pessoas que conhecia.

- Realmente, eu garanto que arrumar a própria cama não matará ninguém. – disse o ruivo Louis, tentando conciliar. Olhei agradecido para ele, mas Alice simplesmente olhou para ele sem interesse.

- As refeições são servidas as oito, meio-dias e vinte horas, respectivamente, mas vocês podem ir pra cozinha e comer qualquer coisa quando quiserem. - conclui, recebendo um aceno de Louis.

Jean fez menção de falar alguma coisa, mas foi cortado por Alice.

- Não, não tomamos chá das cinco e não, nossa cozinheira não sabe fazer croissant e nem bolachinhas de baunilha. – disse ela, com um sorriso enorme. Qualquer um que olhasse diria que ele era genuíno, mas eu sabia que ele estava somente sendo malvada.

- Porque não vai se perder em algum lugar? – respondeu Jean, irritado.

- Porque Sal disse que nunca mais ia me perdoar se tivesse que andar por horas porque eu tentei achar a sala de música. – disse Alice, alegremente. Eu não pude evitar de sorrir, porque era realmente verdade. Os únicos caminhos que ela tinha decorado eram os da sala de jantar e o as biblioteca, ela ainda se perdia as vezes indo para a sala de armas.

- Bom, é realmente cansativo ficar procurando ela por ai. – eu falei, entrando na brincadeira dela, afinal o loiro também me dava nos nervos. – já tive que tirar ela de dentro de um cofre.

- De que lado você está? – perguntou Alice, me dando um soco de leve no braço.

- Do lado dos que não gostam de ficar três horas arrombando um cofre. – respondi.

Alice bufou.

- Eu nunca engasguei e quase morri por causa de uma cenoura na sopa!

- Você ainda lembra dessa história? – perguntei, cruzando os braços.

- Claro que sim, foi semana passada!

- O que? Eu tinha treze anos!

- Angélica pode confirmar que foi semana passada!

Eu encarei ela por uns segundos, fingindo indignação.

- Certo, vamos discutir em outro lugar! – eu disse, puxando Alice para longe dos dois franceses. – se arrumem em qualquer quarto, venho buscar vocês para o jantar. – acrescentei para os dois, quando eu e Alice já virávamos o corredor.

Andamos alguns metros antes de cair na gargalhada, Alice chegou até a sentar no chão. Esses dois eram, aparentemente, um porre. Eu não estava acostumado a tratar assim as pessoas, mas eu realmente estava cansado do papel de guie e ter a Alice por perto as vezes vinha bem a calhar.

- Sal! Depois você diz que quem não presta sou eu! – disse Alice, sorrindo.

- Você não parecia nada feliz com aqueles dois por perto, fiz isso por você.  –respondi, indo em direção a cozinha. Alice me seguiu.

- Não brinca! Eles com aquele olhar superior... nunca lutaram com um demônio! – Alice balançou a cabeça. – até mesmo Angélica já matou um demônio, mesmo sendo um pequeno, e ela nem é uma caçadora!

- Isso não importa, aposto que meu pai vai nos fazer treinar os dois em campo. – eu falei, aborrecido.

- Sim, pensei nisso também, vamos mostrar pra eles como os verdadeiros caçadores são!

- Sim, não vamos, não vamos? – Alice e eu sorrimos de forma cúmplice, iam ser seis meses interessantes.


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Notas finais do capítulo

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