Feelings escrita por AnaBorguin


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Então, fic feita para o amigo-secreto do fórum MCR-Brasil.Feita para a Whatsername ^^espero que ela goste ^^ (P.S.: Possui pequeno trecho da música Feel, do Robbie Williams.)



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FEELings

Parado em frente àquele prédio pensou se seria certo entrar. Fazendo um balanço do dia anterior descobriu rapidinho que não. Mataria aula? Só precisava de um pequeno incentivo. E não demorou muito para ele vir.

- Já sei! Pensando em matar aula, certo? – Frank se aproximou sorrindo.

- Uhum.

- Estou surpreso por ter vindo hoje. Eu não teria essa coragem. – riu.

Gerard lançou o olhar mais “eu-vou-matar-você”, e já decidira o que fazer, dando meia volta se dirigiu para a rua novamente. Frank o seguiu.

- Ânimo, cara! – tentou consolá-lo.

Mas o outro não respondeu. Caminharam juntos, em silêncio, por vinte minutos, até chegarem ao Jack’s Bar. Entraram e sem cerimônias sentaram no balcão pedindo duas cervejas. Era nove horas da manhã e eles não eram de maior. Foda-se, o Jack não ligava pra detalhes simples assim.

Foi na terceira garrafa de cerveja que Gerard deixou a cabeça cair em cima do balcão e começou a chorar como uma criança.

- Que idiota que eu sou! – falou mais alto do que pretendia.

- Ei, ei, ei! Não fique assim, cara. A Cheryl não merece tanta...

- Não fale o nome dela! – gritou em tanto exaltado.

- Okay. Mas um dia você vai ter que encarar as coisas de frente, Gee. – bebeu um gole de cerveja – Cara, ela te dispensou.

- Ela não me dispensou! – gritou mais uma vez – ela me chutou, me pisou, me usou, me... me... aaaah, foda-se!

Not sure I understand.

Frank não disse nada. Passou a mão de leve pela cabeça do amigo. Sentia pena dele de certa forma. Cheryl era a paixão de Gerard de anos e mais anos. Havia algo no passado dele que justificava isso. Mas com o passar do tempo nunca teve muita esperança, fato. Ninguém se interessaria pelo gordinho depressivo da escola. Quer dizer... quase ninguém... – Com esse pensamento, Frank tossiu encabulado - Quando ela começou a notá-lo finalmente parecia que um milagre havia acontecido. É claro que dias mais tarde foi comprovado que o único interesse dela pelo amigo era o fato de precisar muito de média em artes para passar de ano. Isso se evidenciou quando ontem, indagada pelo fato de estar aos beijos com John McGold, gritou em alto e bom som que não devia satisfações alguma para um cara tão... tão... “asqueroso”. É, foi essa a palavra usada.

- Sabe… eu acho que você está fazendo uma tempestade em copo d’água...

- Fala isso porque não é você que foi alvo das risadas de um corredor inteiro. – gritou, batendo o punho sobre o balcão, fazendo com que a garrafa tombe, derrubando cerveja na camiseta inteira - Que droga! - pegou a garrafa e, sob o domínio do álcool, tacou na parede com tudo.

- Oh-oh! – Frank disse enquanto Jack voltava furioso ao balcão.

- VOCÊ É LOUCO, SEU FEDELHO DESGRAÇADO?

- Vem Gerard! – e puxando pela mão do outro, Frank saiu em disparada para a rua, correndo muito depois.

Sentaram para descansar em uma praça mais afastada. Frank estava ofegante e Gerard tonto. Foi tentar se levantar e escorregou no chão caindo e rolando um morrinho inteiro. Frank, exausto, foi caminhando bem devagar em direção ao corpo sujo de lama e álcool de Gerard. Quando chegou perto desabou no chão ao lado dele.

- Você ainda me mata, cara. – sorriu – depois volto lá e me ajeito com o Jack. Não podemos perder nosso fornecedor, né?

Frank era um amigão. Era tão maduro que nem parecia ser quatro anos mais novo que Gerard. Conheciam-se desde que Mikey entrou em sua sala, e o trouxe para passar a tarde em casa. Imediatamente algo chamou a atenção de Gerard. Era um garoto engraçado e hiperativo. Tornaram-se amigos instantaneamente, apesar da diferença de idade. Pensando nisso, Gerard virou o rosto, olhando diretamente para Frank.

- Caralho, cara! Você só tem treze anos!

Frank encarou Gerard.

- Hum... é. – se assustou com a exclamação. – mas você já sabia disso, Gee.

- Nossa! Você deveria estar na escola agora!

- Gerard… - Frank começou a rir da expressão de espanto do amigo bêbado. – desde quando você liga pra quantos anos eu tenho, pra se eu deveria estar na escola... e muito menos pra mim? – a ultima frase ele disse de maneira diferente, mas Gerard sequer notou, os olhou voltaram a se focar no céu e começou a chorar novamente enquanto murmurava coisas como “Idiota”, “Enganado” e “Cheryl”.

Not sure I understand.

- Sabe... – Frank voltou a falar – acho que você ainda tem uma chance.

Gerard olhou rapidamente.

- Sério. Você só precisa de um tempo – e de coragem, claro – pra falar com ela. – Frank parou de olhar pro outro, agora só encarava o céu enquanto falava – Eu... eu poderia dar um jeito de providenciar um encontro assim... – parecia incomodado em falar aquilo.

- - Mas... como??

- Tenho meus contatos. – disse simplesmente.

Uma chama se acendeu no peito escuro e frio de Gerard.

Cheryl Pelisser era realmente especial. A garota mais bonita do colégio, a líder de torcida e a namorada do principal atleta da equipe de natação. Mas não era ESSA imagem que atraia Way. Muito pelo contrário. Antes de ter tantos títulos de popularidade, Cheryl fora, simplesmente, a irmã mais nova de seu melhor amigo, Matt.

Lembrava-se com nostalgia do tempo em que ia para a casa dos Pelisser jogar videogame e aquela garota, tão novinha e pequena, entrava no quarto com a velha camiseta do Iron Maiden de seu irmão. Gerard tinha a impressão que ela fazia de propósito toda vez que ele estava lá.

Ainda possuía os cabelos castanhos, curtos na altura do queixo e uma franja grande cobrindo a maior parte de seus olhos, diferente do descolorido e comprido preso em rabo ajeitado e elegante de hoje.

Como era mesmo que ela ficava? Sentada na cama com as pernas balançando... Sorria tanto.

Já aos quatorze anos Gerard já a via com outros olhos. Cheryl tinha doze e nunca fora tão bonita. Possuíam uma espécie de relacionamento infantil. Beijos sem graça, inexistência de toques. Muito simples e significativo.

Mas as coisas não são pra sempre, muito menos nessa idade. Afastaram-se como amigos de infância costumam se afastar e reencontraram-se anos mais tarde no colégio: Gerard o loser, Cheryl, inexplicavelmente, a garota mais desejada.

Por mais que ela o desprezasse e parecesse esquecer de tudo o que viveram antes, não queria desistir. Alguma coisa dizia que havia uma esperança. Os sentimentos não morrem assim, tão facilmente.

Not sure I understand.

Cheryl se arrumava apressada. John passaria para buscá-la às oito horas, e ainda não havia achado a blusinha preta com strass que ele tanto gostava. O quarto de Cheryl era muito organizado em relação ao resto da casa. Filha de um mecânico nunca possuiu uma vida com regalias. Seus desejos fúteis eram sustentados pelos amigos de classe superior.Era realmente bom ser bem relacionada.

Abriu a porta do armário com violência. Faltava apenas uns quinze minutos para se ouvir soara buzina de um belíssimo carro estacionado na frente do “barraco” onde morava.

- Droga! Onde eu guardei essa blusa? – perguntava a si mesma enquanto jogava para for a todos os cacarecos visíveis. – Achei! – disse enquanto apanhava um tecido embolado negro.

Não demorou muito para perceber que não era a blusinha que procurava. Estendeu o tecido para ver melhor. Era uma camiseta muito larga e esgarçada. Havia uma estampa fraca e quase que inexistente onde podia se ler “Iron Maiden”. Escorregou de dentro da camisa um papel que ela pode identificar ser uma foto antiga. Havia duas pessoas impressas ali. Duas pessoas desconhecidas. Ou que ela gostaria que assim fossem. Um garoto gordinho com um rosto sério e uma menina de cabelos curtos e magricela agarrada ao seu pescoço apareciam ali. Sentou-se na cama e segurou a foto mais perto, para enxergar melhor. Um flash veio e ela se lembrou de uma tarde normal de uma vida passada, quando era embalada por uma casca de onze anos de idade.

- Olha só, Gee! – a garota disse muito alegre.

- Hum... legal. – disse ele, seco, como sempre.

- Essa foto ficou ótima! – sorriu – ainda mais com a sua cara de sério, hein.

Não disse nada.

- Vou guardar pra sempre. – abraçou a foto – lembrança do meu primeiro namorado.

Continuou sem dizer nada, mas agora corava. Ela lançou um olhar muito especial. Aqueles enormes olhos castanhos fixos nele.

- Ei, você poderia escrever algo pra mim, né?

- Hum?

- Sabe... uma dedicatória! – e entregou a foto a ele.

Apanhou um pouco receoso e com uma caneta começou a rabiscar algo.

Rapidamente virou a foto para ver se ainda estava lá. Sorriu ao contemplar o desenho de um velho buldogue rabugento sendo abraçado por uma gata esguia e sorridente, uma caricatura perfeita daquela momento. E em um canto com uma letra apertada podia se ler: “Você é muito especial.”

Parou por um instante para observar a imagem novamente.Aonde tudo aquilo havia se perdido?

Not sure I understand.

Foi despertada bruscamente por uma batida em sua porta.

- Estou me trocando, pai. – disse rapidamente.

- Hum... Cheryl Pelisser?

A voz não conhecida a levou a abrir a porta. Lá estava um garoto bem jovem. Parecia ter por volta de uns treze anos, mas até que era bem bonitinho.

- Quem é você? – perguntou, mesmo já fazendo uma certa idéia de quem era. Havia muito comentários sobre ele na escola...

- O meu nome é Frank Iero... – ele disse coçando a cabeça, um tanto constrangido - precisamos conversar...

- Desculpe-me, estou atrasada para sair e...

- É sobre o Gerard.

Seus olhos se arregalaram em surpresa, seu coração acelerou pela menção daquele nome. Mesmo tendo feito o que fez com Gerard, tentando apagá-lo de sua memória. Tentando tirar aquelas lembranças de um tempo que era um nada... mesmo com tudo isso, aquilo a perseguia. Obrigou Frank a entrar.

Conversaram longamente. Isso após ter inventado uma repentina dor de cabeça à John, que saiu bufando.

Not sure I understand.

- Porque estamos aqui, Frank? – Gerard disse desconfiado. – o que você pretende, hein?

- Não é nada - ele sorriu. Não era o mesmo sorriso sincero e animador de sempre. – O ginásio de noite dá bastante medo, não é?

- Eu não acho. Na verdade é bem agradável sem aqueles... brutamontes, sabe.

Frank se aproximou um pouco da margem da piscina onde a equipe de natação treinava.

- Para mim é tão assustador quanto...

- Ah, é... Esqueci do seu medo de água... Que infantil...- Gerard riu.

Frank olhou com vergonha e raiva.

- EI! Não é assim também! – bateu o pé – Eu só não gosto de... Você sabe... nadar... Eu só não sei... M-mas entrar na água eu consigo, está bom?

Gerard sentou em um dos bancos no perímetro da piscina.

- Aé? Prova.

- Você quer... Quer que eu entre aí?

- Se você não tem medo...

Ele vacilou um pouco.

- Mas é noite! E... E se alguém aparecer? Nos meteremos em encrenca...

- Foi VOCÊ que me arrastou aqui. Se alguém chegar estaremos em encrenca de qualquer jeito, dentro ou fora da piscina...

- Não me parece boa idéia... -abaixou a cabeça e murmurou – mas... Tudo bem, eu irei – disse com firmeza.

Gerard sorriu, meio que tomado de um desejo sádico de acuar o amigo.

Frank se postou em uma margem.

- Porque não admite logo que você não teria coragem? – Gerard sorriu. – você é bem medroso quando se trata de enfrentar seus medos.

- E você não? – assumiu um tom mais alto e enraivecido do que Gerard estava esperando. E sem que ele pudesse produzir algum tipo de resposta, Frank descalçou os sapatos e se atirou na água.

Os respingos atingiram as roupas de Gerard, que ficou olhando atentamente, ainda se perguntando sobre o porquê de Iero ter reagido daquela maneira.

Mas de fato havia algo de errado. A água parecia não querer se mover mais.

Gerard levantou-se sobressaltado.

- Espera, espera... quanto tempo um homem pode sobreviver embaixo d’água... três minutos? – falava sozinho, aflito, enquanto dava a volta nas margens procurando pelo amigo – e um homem de só treze anos? – notou uma mancha disforme dentro de lá. Ele teria que pular.

A água estava fria, como uma lâmina. Batendo os pés alcançou a mão solta e praticamente sem vida que procurava, o puxando em seguida para fora.

- Droga! Droga! – ficou desesperado – como funciona aquele negócio de respiração...? – aproximou o rosto, ainda um pouco confuso.Quando estava bem próximo sentiu um jato de água morna bater em seu rosto.

Frank, que acabara de cuspir tudo em Gerard, sorriu.

- FILHO DA PUTA! – Gerard gritou. – VOCÊ ME ASSUSTOU, SEU OTÁRIO!

Iero riu.

- Você se preocupou, não é? – riu um pouco, mas depois ficou mais sério – deveria ter me deixado lá.

Gerard olhou para ele. Estava todo molhados, os cabelos caídos sobre os olhos. A roupa grudando no corpo magricela de menino. Sentiu uma fisgada, só tinha vergonha de onde havia sentido.

- Idiota. – disse simplesmente, ainda tonto com aquele pensamento.

Frank sorriu malicioso.

- Hoje, eu vou enfrentar os meus medos – sua voz foi diminuindo – só porque é o último dia...

E inesperadamente, puxou o já tão perto rosto de Gerard para um beijo estranho e rápido. O outro se deixou beijar, ainda sem entender completamente. Fechou os olhos e foi envolvido por um ar quente que só sentia quando notava a presença de Cheryl em algum recinto. Hum... o mesmo ar também de quando ele batia uma espiando um bom filme pornô.

Sob um protesto silencioso, Frank se afastou. Levantou-se arrumando um pouco as roupas encharcadas. Sorriu novamente.

- Ela já deve estar chegando. –disse calçando os tênis – melhor se arrumar um pouco mais.

E sem dizer mais nenhuma palavra, foi embora, deixando um Gerard atônito.

Not sure I understand.

Não foi necessário muito tempo para ouvir o som de sapatos caros se aproximarem. Ela estava especialmente linda aquele dia. A luz e o tremular que vinha da piscina fazia com que ganhasse uma aparência ainda mais etérea.

- Eu olhei para a nossa foto hoje... E lembrei daquele tempo.

Ela se aproximava mais enquanto falava.

- Ainda guardo aquela camiseta na gaveta, e os nossos momentos na memória. – sorria – não me orgulho do que fiz para você depois... Mas você se afastou quando veio para cá, foi você que se esqueceu primeiro...

- Cheryl...– foi a primeira coisa que disse.

- Sabe... – ela olhou para o chão e depois para ele – eu ainda gosto de Iron Maiden...

E os dois se beijaram. Parecia um sonho. Uma ficção, como um desses filmes bobos para adolescentes, aonde milagres acontecem... Mas... Alguma coisa estava fora do lugar...

- Então... É um hábito seu vir dar uns mergulhos de noite? – brincou. – Acho que vou ter que me acostumar com isso. - Ele sorriu, ainda um pouco embaraçado...

- Foi culpa do Frank... – disse mais para si mesmo.

- Frank? Hum... Ele foi importante também para eu vir aqui hoje... Ele parece gostar muito de você... – ela sorriu - ...gostar um pouco demais, pra ser sincera. – empregou um tom maldoso na última frase.

- Hum...?

- Sabe... As pessoas vivem zoando vocês. Dizem que tem um caso. – ela riu.

- Era por isso...

- Também... Mas, não se preocupe. Comigo agora, você não será o mesmo. As pessoas vão te respeitar.

- Como assim?

Ela jogou os cabelos loiros para trás e sorriu impaciente.

- Eu tenho um estilo de vida, Gerard. Quer dizer... Eu ainda gosto das coisas de antes... E de você... Mas algumas coisas já fazem parte da minha realidade.

Falava rápido e o deixava confuso.

- E, veja bem, eu pretendo ter um futuro quando sair daqui... Ser filha de um mecânico não é algo bom para se ter em um currículo... – “O que raios ela está tentando dizer?” pensou – assim como não é bom ter um namorado – e ela piscou – com amigos tão... “diferentes” assim...

- Eu...

- Vou ser clara, okay? – resolveu ir direto ao ponto – Se você quer que o nosso namoro dê certo você vai ter que fazer umas concessões.

- Você quer que eu pare de falar com o Frank?

- Se você prefere colocar dessa maneira... É, sim. – começou a enrolar uma mecha do cabelo nos dedos. – aceita?

Not sure I understand.

- QUE IDIOTA! QUE IDIOTA! – exclamava enquanto corria alucinado – MIL VEZES IDIOTA!

- QUER MORRER? – um homem gritou do carro após uma frenagem violenta.

- NÃO MESMO! – e continuou a correr – não antes de...- murmurou.

Fora um tremendo idiota. Desperdiçou anos de sua vida correndo atrás de uma pessoa que ele acreditava ter preservado a mesma inocência de anos atrás.

As pessoas mudam, ele não deveria ter esquecido disso. A antiga Cheryl ainda estava presente no corpo daquela garota, mas era suprimida pela aspiração de uma vida mais glamurosa que Gerard nunca sonharia em ter. Agora podia vê-la como realmente é: uma garota oca. As coisas pareciam bem claras agora. Correu para o que achou que devia fazer.

Não demorou muito para chegar aonde queria: era aquela mesma praça de tantas tardes. Estava certo.

Not sure I understand.

Ali, deitado no gramado observando o céu salpicado de estrelas estava um garoto, quase uma criança.

Aproximou-se devagar e deitou ao seu lado.

- Algo de errado? – Frank disse, olhar ainda fixo no céu, como se não se importasse de fato.

- Ela não é o que eu esperava...

- Imaginei.

Ficaram em silêncio.

- Você disse que ia enfrentar seus medos hoje...

- E enfrentei. – suspirou – embora o último tenha sido realmente difícil para mim.

- Qualé, está falando que me beijar era tão difícil assim? – sorriu com o canto da boca.

Frank olhou para ele.

- E quem disse que era esse o meu medo? Depois que eu saí de lá fiquei deitado por dez minutos na Avenida Principal.

- Quê?? – Gerard reclamou.

- Beijar você era a parte mais fácil – Frank riu – Você é muito inocente. – Eram papéis invertidos.

Gee emburrou.

- Difícil mesmo... – suspirou – foi te deixar pra ela… - voltou a olhar para cima.

O silêncio voltou.

- Você não precisava ter feito isso... Você passou por cima dos seus sentimentos... E...

- Me acostumei.

Os dois se entreolharam.

- Você não precisa mais...

- Cala a boca, Gerard, você não precisa disso...

- Estou falando sério! Quer dizer, você é novinho...E somos homens, mas... Eu não me importo de verdade.

Frank riu. Era um riso seco e sem muita emoção.

- Você é patético!

- Ei!

Frank segurou o rosto de Gerard.

- Você me ama?

Gerard vacilou e ficou instantaneamente quente.

- Eu...

- Não, Gerard, você não me ama.

Ele consentiu.

- Relaxe, isso não é pecado. Só não pense muito em você quando decidir tomar uma decisão que no fundo só vai magoar outra pessoa. – e completou vendo o rosto interrogativo – me pedir em namoro assim... Você sabe que seria uma atitude tomada sem pensar... Você só acabaria mais comigo.

Ficou sem palavras.

- Os sentimentos mudam, Gerard. Mas isso exige tempo. E, me desculpe, mas eu não tenho esse tempo para dar pra você.

Way não disse nada, tamanha era a confusão interna que estava passado.

- Agora, se você quer realmente fazer um grande favor pra mim, - sorriu, tirando a angústia de seu rosto - você pode.

- Qual? – disse baixo, virando os olhos, evitando olhá-lo.

- Fica comigo esta noite. – Frank deu um sorriso muito bonito e largo. Gerard estremeceu e no segundo seguinte já rolavam na grama da praça vazia.

Not sure I understand.

Gerard sempre soube que Frank estava certo, e pode comprovar tempos mais tarde. Cheryl virou apenas mais uma página virada e conversar com ela um compromisso social. Preferiu assim. Não que fosse bom vê-la crescendo e casando com o cara mais idiota da face da Terra, John McGold. Mas parece que ela reagiu rápido ao denunciá-lo logo nas primeiras surras que levou. Hoje ela ajuda os Pelisser na oficina. E logo chegou aos ouvidos de Gerard que ela tinha muito talento pra isto. Os sentimentos que nutria por ela foram levados como folhas no outono.

Assim como Frank encontrou alguém a quem amar. Jamia era uma garota engraça e madura como ele. Não o fez esperar muito. Nunca o vira tão feliz.

Uma pena que isto nos leva aos dias de terrível incertezas que Way viria a passar. É... ele estava realmente correto. Os sentimentos mudam com o tempo. Assim como os de Cheryl, os sentimentos de Gerard mudaram. E vive assim os dias, esperando que a tortura do amor o abandone. Que deixe de amar mais uma pessoa impossível e agora inalcançável para sempre, Frank Iero.

I just wanna feel real love
In a life ever after
There's a hole in my soul
You can see it in my face
It's a real big place.

Not sure I understand.

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