Já haviam se passado dois dias desde aquele dia do jantar aqui em casa. Eu e Jake não haviamos nos falado muito desde então.

O despertador tocou e eu me arrastei até o banheiro para me arrumar. Quando já estava pronta ( http://www.polyvore.com/cgi/set?id=88095190&.locale=pt-br ), descia as escadas e encontrei meu pai tomando café da manhã.

Hoje era um dia que trazia muitas lembranças e eu sabia que era esse o motivo do silencio na mesa do café da manha.

- Será que você poderia ir para a escola com o Jake hoje? - meu pai perguntou - Eu quero que o motorista me leve a um lugar hoje

- Claro - respondi - Esse lugar seria o hospital?

Meu pai apenas assentiu e continuamos a comer em silencio. Depois de acabar de comer fui até a casa de Jake e toquei a campainha. Sarah abriu a porta para mim.

- Bom dia Natalie - Sarah falou fazendo um gesto para que eu entrasse 

- Bom dia Sarah - falem desanimada enquanto entrava em sua casa

- Está tudo bem querida? - perguntou

- Sim

- Jake está em seu quarto, pode subir se quiser. Segunda porta a esquerda

Decidi subir para seu quarto. Chegando lá bati na porta e ninguem respondeu, então, eu entrei. O quarto estava vazio e o chuveiro ligado. Me joguei na cama de Jake q fiquei olhando para o teto. Senti lágrimas começarem a rolar pelo meu rosto. Como eu odiava aquele dia.

Foi então que ouvi a porta do banheiro sendo destrancada. Sequei minhas lágrimas rapidamente.

- Você não acha que ta meio folgada não? - Jake disse sorrindo - Você estava chorando? - perguntou indo em direção a uma gaveta e pegando uma cueca boxer preta.

- Claro que não - respondi rápido

Só agora que eu notei que ele estava só com uma toalha presa na cintura, deixando seu corpo escultural a mostra. 

- Nath acho que tem um pouco de baba escorrendo no canto da sua boca - Jake falou cínico

- Cala a boca idiota - falei jogando a primeira coisa que eu vi nele, que era um bichinho de pelúcia

- Hey, cuidado com o Billy - falou abraçando o bichinho de pelúcia. Eu comecei a rir descontroladamente

Jake acabou de se arrumar e fomos para escola. As primeiras aulas um tédio e na hora do intervalo a Lola e o Carlos ficaram quase se comendo perto de mim. Meu dia tava cada vez melhor.

Depois do intervalo nós tinhamos aula de educação física. Todas as meninas já tinham saído do vestiário, só ficamos eu e Lola.

- É hoje o aniversário dela não é? - Lola perguntou apreensiva 

- Sim - respondi quase em um sussurro. Podia sentir as lágrimas caindo.

Lola se aproximou, me abraçou e falou: 

- Vai ficar tudo bem. Eu vou estar sempre aqui pro que você precisar

- Eu sei, e te amo por isso

- Também te amo e não é pouco não 

Sorrimos uma para o outra então eu disse:

- Pode ir pra aula, eu já vou

Lola me conhecia o suficiente pra saber que eu não iria para aula tão cedo, mas ela também sabia que eu queria ficar sozinha. Ela era uma das únicas pessoas que sabiam o que aconteceu.

Eu assentei no chão do vestiário e comecei a chorar. Eu odiava aquela sensação de vulnerabilidade

- Nath?! - Jake disse quando entrou no vestiário e veio até mim.

POV Jake

Todos os meninos já tinham saído do vestiário, só estava eu lá. Quando já estava pronto saí do vestiário. Estava perdido em meus pensamentos, quando ouvi um choro vindo do vestiário feminino. Sem pensar duas vezes eu entrei. Natalie estava assentada no chão chorando.

- Nath?! - falei indo em sua direção

Assentei ao seu lado e a abracei. Ela começou a chorar mais e minha camisa estava encharcada, mas eu não ligava. Vê-la chorar fez meu coração se despedaçar, eu só queria protege-la e fazer de tudo para não vê-la chorar novamente.

Eu esperei ela se acalmar um pouco e então preguntei:

- Você quer falar sobre o porque de estar chorando?

- Eu não sei - ela respondeu em meio aos soluços

- Se você quiser falar eu estou aqui - falei a abraçando, na esperança de que aquele abraço a protegesse de tudo que pudesse machuca-la.

- Hoje é o aniversário da minha mãe

- Então por que você está chorando - perguntei confuso

- Poque ela ta em coma Jake. Ela ta em coma à quatro anos. Quatro anos!! Você tem noção disso? São  quatro anos de sofrimento, quatro anos sabendo que sua mãe ta viva mas ela não pode te colocar pra dormir, ela não pode falar que te ama ou te abraçar e falar que vai ficar tudo bem quando alguma coisa ruim acontecer com você. Ela ta em uma cama ligada a varios aparelhos e isso por causa de um caminhoneiro bêbado que não parou no sinal vermelho - ela começou a chorar mais. Era como se ela estivesse falando tudo que estava preso dentro dela durante anos - Você não sabe como é ficar com medo toda hora que o telefone toca, porque pode ser do hospital falando q sua mãe morreu. Eu só queria que ela fizesse alguma coisa, que ela mexesse um dedo que fosse. Eu só queria poder ouvi-la dizer que me ama mais uma vez. Saber que sua mãe está em uma cama, imóvel, e que você não pode fazer nada pra mudar isso dói muito.

Eu podia ver a tristeza nos olhos de Nataliee isso estava acabando comigo.

Natalie me abraçou e encostou sua cabeça em meu peito. Então eu sussurrei em seu ouvido:

- Vai ficar tudo bem você vai ver

- Obrigada por me ouvir e me desculpa pela sua blusa - ela disse forçando um sorriso

- Eu que te agradeço por confiar em mim

Me levantei do chão e estendi minha mão na intenção de ajuda-la a se levantar também. Natalie exitou, mas logo cedeu e se levantou também. Ela já tinha parado de chorar, mas seu nariz ainda estava vermelho e seus olhos inchados, mas mesmo assim ela continuava linda.

POV Natalie

Contei tudo para Jake e estava me sentindo um pouco melhor. Saibia que podia confia nele. E agora estávamos eu e ele no vestiário, um olhando para o outro e um silencio constrangedor. Então resolvi falar:

- Eu devo estar horrorosa, com a cara toda inchada

Jake não disse nada, em vez diso, ele deu um passo para frente. Foi tudo muito rápido. Em um instante Jake estava a um metro de distancia e, em seguida, suas mãos estavam em minha cintura e ele me puxava para perto dele. Meu corpo impactou contra seu peito. Estávamos tão proximos que eu podia sentir sua respiração. Meu coração começou a bater freneticamente, não sei porque. Então Jake se inclinou e me beijou.

Seus lábios era macios e ele foi surpreendentemente gentil. Nos separamos quando o ar foi necessário e quando abri os olhos vi Jake me encarando com um sorriso bobo na cara. Mas eu não estava muito diferente disso.