– Por que você me escolheu para ser a sua aprendiz? Por que eu logo uma Sangue-Ruim, uma Nascida-Trouxa?

– Ah, minha cara! Será que nunca se perguntou por que eu só havia torturado você na Mansão Malfoy? Não se perguntou por que deixei a poção tão a vista? – Hermione paralisou nesta hora – Nunca se perguntou por que você sempre quis ajudar, mas tendo uma leve vontade de matar as vezes? Não ‘querida’?

Hermione não respondeu, então, ela prosseguiu.

“Pois eu lhe digo, garota! Naquele dia em que te torturei. Eu deixei a marca do mal em você! Tudo sempre foi um plano meu! Eu sempre soube que você era fraca para recusar um gole da poção. A poção só fazia efeito para quem tinha o coração puro, sem trevas! Oh! E adivinhe querida! Você não tinha! – Ela soltou aquela risada escrota dela e continuou – Eu planejei você desde o começo! Eu sou a sua madrinha! Antes de você nascer eu era amiga de seus pais! Ou pelo menos fingia ser! Sua mãe me deu o cargo de sua madrinha! E então, naquele dia eu comecei meu trabalho em você! Deixei a marca do mal definitivamente em você quando te torturei! E quando tomou a porção, tudo foi questão de tempo! Você teria sido o meu orgulho, você teria sido tudo o que eu sempre quis ser! Você teria a glória! Mas não! O seu lado Grifinório veio a tona! O seu amor pelo meu ‘querido’ sobrinho desestabilizou o poder que eu tinha sobre você! Ah sempre o mesmo amor sempre quebrando maldições, superando tudo! Mas a minha maldição só acabará quando eu quiser! Só eu posso retira-la!

Foi aí que eu me lembrei de tudo o que eu havia aprendido. As maldições estavam ligadas a força vital do seu provedor. Não tive tempo de mais nada. Hermione tinha corrido até Bellatrix e metido um soco em sua cara.

– Você é a Sangue-Ruim aqui! Você não vale nada! Por que VOCÊ não teve o amor de quem sempre quis! Você nunca foi amada! Você nunca vai conhecer o amor! Você é um ser desprezível e você merece morrer! Você não merece mais ir para um lugar como Azkaban! Porque seria pouco! – O rosto Hermione agora estava banhado de lágrimas, essas que lavavam sua alma. – Você é uma pessoa horrível! Eu vi tudo o que você fez a ela! Eu vi as coisas que falou a ele! Eu vi você a trazendo para o mal! Eu vi você o manipulando, o induzindo a manipula-la também! Eu entrei dentro de você! Eu vi os seus segredos mais profundos! Eu sei o que você sente! E você vai acabar de sofrer agora! Mas não por mim! Vai ser por alguém que realmente queira acabar com você, alguém que sempre amou você! Uma pessoa que sempre tentou ser sua amiga! Uma pessoa que você sempre teve ódio!

Nesse momento minha mãe entrou no centro da discussão. Hermione correu para mim e me abraçou.

– Olá irmã! – Foi o que minha mãe disse. – Há quanto tempo imagino o dia que pudesse dizer a você o quanto eu te odeio, agora! Por que eu sempre tentei ser sua amiga, tentei te entender! Mas foi só quando eu me casei com ele que eu entendi o seu ódio por mim, mas mesmo assim eu tentei conversar e o que você fez? Me mandou embora!

– E-eu não sei do que está falando Nar! – Bellatrix estava encolhida.

– NÃO ME CHAME ASSIM!! Você SEMPRE teve ciúmes de mim! Dos meus poderes com magia branca! Você teve inveja da minha aparência! Você teve inveja porque eu tive um filho e você não! Porque o primeiro homem que você amou era trouxa e é o pai da garota que você tentou trazer para o mal e, como sempre, fracassou! Isso mesmo Bella! Chore! Você tentou se vingar deles trazendo a filha deles para o mal! É, eu sempre soube! Eu via em seus olhos, antes de eu me casar com Lúcio o quanto de amor doentio você nutria por ele! Mas aí, a sua vítima mudou! Você quis roubar o meu marido! Você quis roubar o homem por quem eu me apaixonei! Fez de tudo, mas não conseguiu! Depois foi Sirius! Ah! Uma amarga ilusão, não é irmãzinha? Ah! Mas a última cartada tinha sido Você-Sabe-Quem! Mas ele nunca te amou! Não é?

“E sabe por que eles nunca te amaram? Por que VOCÊ nunca se amou! Você afastava aqueles que tentavam se aproximar e continuava insistindo nos seus amores platónicos! Nas suas obsessões! E agora eu te digo: VOCÊ É UM PERFEITO FRACASSO!! Você não é nada! Nunca foi! Se escondeu a vida toda atrás da magia negra e...

– Avada Kedavra!

Nesse momento tudo pareceu acontecer em câmera lenta. Bellatrix lançou o feitiço. Minha mãe ainda estava viva. Meu pai estava ao chão. Ele havia se sacrificado. Eu pude ouvir os gritos de minha mãe. Eu podia ver o sofrimento nos olhos dela. Corri até os dois não me importando mais com o que Lúcio havia feito. Me ajoelhei ao lado da minha mãe, olhei nos olhos dele e pude perceber arrependimento. Ele pedia perdão. Abracei minha mãe de lado e peguei a mão dele no chão, a apertei e como um gesto de perdão, fechei seus olhos quando estes saíram de foco. E então a ficha caiu sobre mim.

Meu pai havia sido morto para salvar a minha mãe, ele havia se redimido para salvar a sua família, ele, nos últimos segundos de vida, tinha sido um homem digno de ser chamado de pai. Me levantei com a varinha em punho para Bellatrix. Ela tinha aquele sorriso sádico e louco nos lábios. Seus olhos irradiavam loucura e maldade.

– Triste pelo papai, Draquinho? – Ela soltou a sua típica risada.

– Sim, mas você não sabe o que é isso não é? Se sentir triste pela família? Pelas pessoas que ama. Por que você nunca amou ninguém se não a si própria! Por que você nunca recebeu amor! – Eu percebi o ódio invadir seus olhos e sua varinha se levantar. Mas eu era mais rápido. Afinal os treinamentos serviram para algo. Lancei um feitiço, mas ela se defendeu. Estava na hora.

– Ora, ora. Vejamos que alguém aprendeu a lutar. – Ela riu e soltou sua gargalhada. – Avada...

– Petrificus Totalus! – Lancei o feitiço e ela não se defendeu. Seus olhos ainda tinham o brilho louco.

– Reducto! – Lancei o segundo feitiço e ela começou a se desintegrar. O vento levou as suas partículas e tudo o que se ouvia era um silêncio tenso.

Lancei um olhar a Harry e ele entendeu. Peguei Hermione nos braços e caminhei até a minha mãe, aparatei dali com as duas, não sem antes lançar um último olhar para onde minha tia acabara de se desintegrar por mim.

Aparatamos no St. Mungus. As duas foram levadas pelos Medi-Bruxos enquanto eu fui encaminhado a um quarto. Ali eu adormeci, com uma sensação de dever cumprido. Eu sabia que meu pai havia morrido como um herói, que eu tinha matado a minha Tia. Mas nada disso importava contanto que as duas mulheres da minha vida estivessem bem.

Tudo voltaria ao normal e todos poderiam respirar aliviados novamente. Bellatrix estava morta. Lúcio também. Hermione voltaria ao normal e ela e eu também. Eu cuidaria de minha mãe e casaria com Hermione. Tudo ficaria bem. E eu tinha certeza, não uma daquelas certezas momentâneas, mas uma certeza fiel. Agora eu entendia o valor das coisas.