Dear Dakota escrita por Thay


Capítulo 2
To: Dakota Cooper. From: Claire Marshall.


Notas iniciais do capítulo

Quero agradecer a todos que leram o primeiro capítulo e opinaram sobre.



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Querida Dakota,

Cinzas de cigarros espalhadas no chão. Noites intermináveis dirigindo com o motor acelerado. Pequenos furtos em lojas de conveniência. Isqueiros acesos para lutar contra a escuridão. Cacos de vidro das garrafas de uísque da madrugada passada espalhados no asfalto. Danças nas mesas dos bares. Gritos no vácuo. Homens embebedando nossas almas. Inocência roubada cedo. Liberdade e juventude que pensávamos ser eterna. Promessas e sonhos espalhados pelo vento. Suas lágrimas caindo no meu casaco. Pactos de sangue jurando amizade inquebrável. Corações desprovidos de amor. Eu sinto falta de tudo isso. Mas principalmente, Dakota, de você.
Acho importante você saber também, que eu ainda tenho a fita com as músicas que você gravou e me deu no meu aniversário de dezesseis anos. Quando eu me sinto sozinha e desprotegida, coloco-a para tocar e sinto que, de alguma forma, você está aqui comigo. Mês passado chorei ouvindo The Runaways e sentindo falta da época que ouvíamos tão alto que o som chegava a ser ensurdecedor e conseguíamos sentir as paredes vibrando. Lembra de quando brincávamos uma com a outra de que eu era a Cherie e você a Joan? Você sempre pareceu muito com ela, não digo isso só pela tintura preta passada no seu cabelo com a raiz castanho-natural sempre aparecendo na luz do sol, mas também de como você agia: nunca esteve nem aí para nada e sempre procurou seguir seus sonhos, independente do que e de quem.
Tivemos vários momentos puros e verdadeiros. Um dos que me lembro com clareza foi da primeira vez que vi você chorar: era uma manhã fria de maio quando tudo estava dando errado para você. Entrei na sua casa e Alice estava dormindo no sofá e te escutei no banheiro. Fiquei te observando encostada na porta, até que você me contou que não gostava de chorar em público porque ninguém conseguia te entender. Eu também me sentia assim, então eu lhe disse que nessas horas a solidão era o pior remédio e você me abraçou. Passamos mais de meia hora em silêncio, só conseguia ouvir o som da sua dor, sentir seu corpo contra o meu e suas lágrimas quentes rolando pelo meu pescoço. Comecei a chorar também e disse que não aguentava mais a solidão. Você apenas respondeu “eu também não, mas a tentativa de enfrenta-la é em vão. Talvez seja melhor assim”. Eu levarei essas palavras durante a vida toda.
O dia da sua morte foi o mais fodido de toda a minha vida. Você era a única pessoa que eu tinha e a ideia da sua inexistência era absurda para mim. Eu iria ter que seguir minha vida sem você, a única pessoa que podia me entender e me fazer realmente feliz no mundo inteiro. Foi como se tudo em minha volta tivesse desmoronado e eu fosse obrigada a reconstruir. Tudo que eu respirava era a sua vida, tudo que eu pensava era em nossos momentos e eu realmente não queria lhe perder. Não queria e não podia. Embora eu soubesse que mais cedo ou mais tarde tudo isso ia acabar. De certo modo, fico grata que só tenha acabado com a morte de uma de nós duas, mas me entristece saber que foi com a sua e não com a minha. Você tinha tanto futuro pela frente, tantos sonhos a serem realizados e eu nunca tive nada.
Todas as manhãs quando acordo, consigo ouvir os pássaros cantando e tenho a sensação de que tudo está tão calmo, sinto como se eu estivesse conseguindo conviver sem a dor e a solidão de antes. Queria que você estivesse aqui para compartilhar isso comigo. Peço todas as noites para eu não sentir sua falta, mas de alguma maneira, eu sinto a cada milésimo de segundo. Fico me perguntando o que estaria fazendo hoje se você estivesse comigo e a dor de pensar nisso é insuportável. E eu juro, Dakota, eu desistiria da eternidade para te tocar. Sua amizade foi a coisa mais próxima do “paraíso” que jamais conheci. Espero que você esteja numa melhor, salva e em paz com Deus (mesmo sabendo que você nunca teve uma religião concreta e nunca acreditou nessa coisa de “força superior”).

Te encontro em breve,
Claire Marshall


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