House passou um longo tempo sentado em sua sala, assistindo, jogando, e pensando em Cameron, enquanto esperava os resultados dos exames de David, sua equipe estava no lab nesse momento, e o ligaram assim que saísse o resultado, mas House tinha quase certeza de que estava certo, quando Wilson entra no escritório.

‘e ai? Descobriu o que ele tem?’

‘ainda não, tô esperando os resultados dos exames’

Wilson sentou-se ‘o que você acha que é?’

‘tô desconfiado de Botulismo’

‘sério?’

‘é, o cara come flores, é vegetariano’

o telefone toca, House atente, em silêncio e sem pronunciar uma palavra desliga, Wilson curioso pergunta: ‘ e então?’

‘decepcionante, esse seu amigo, o diagnostico não durou um dia’ele levantou

‘onde você vai?’

‘avisar ao paciente’

‘você?porque?’

‘você acha que eu vou perder a chance de zoar com o fato de ele ter adoecido por causa da dietinha sem graça que ele faz?’

‘nunca’

‘exatamente’ ele saiu da sala em direção ao quarto de David.

Ao chegar lá, ele está deitado conversando com a esposa.

‘então oficial’ ele entrou 

‘descobriu o que ele tem?’ a esposa perguntou imediatamente.

‘claro, e é sua culpa’

‘minha, por que?’

‘o senhor está contaminado com a bactéria Clostridium botulinum, encontrada em alimentos acondicionado em vidro ou enlatados’

‘como pode ser minha culpa?’ Ela perguntou nervosa

‘querida, você podia ir buscar um pouco de água pra mim? Quando você voltar eu explico a você’

ela olhou contrariada pra o marido mas saiu mesmo assim.

‘pode continuar doutor’

‘a bactéria estava nas flores que você come, que ela guarda, e mesmo fervendo, não morre, o senhor está com Botulismo.’

‘tem cura?’

‘infelizmente pra você tem sim, ou seja, você vai ter que agüentá-la por um bom tempo ainda, provavelmente foi ela que fez o senhor comer essas coisas estranhas ’

‘foi sim, mas não é sacrifico algum, o senhor mesmo deveria saber’

‘eu? Como assim?’ House perguntou sem entender.

‘homens mais velhos quando amam uma mulher mais jovem fazem coisas que não fariam com nenhuma outra’

‘o que isso tem haver comigo?’

‘você e a loirinha que eu vi saindo daquele quarto ali’ ele disse apontando.

‘quem, acho que o senhor tá delirando também’ House engoliu seco

‘eu sei e você também sabe que não’

‘é só uma ex -funcionária’

‘a quem você ama, como eu disse quando estamos com uma mulher mais jovem, fazemos coisas idiotas, a Helen é vários anos mais nova que eu e...quando eu aceitei que estava apaixonado por ela fiz coisas realmente estúpidas, mas nada tão estúpido quanto quase transar em praça publica’ David falou sorrindo.

House ficou estático, seu paciente era o policial que flagrou ele e Cameron vários meses atrás.

‘é...sou eu mesmo, só uma pergunta: você já disse que a ama?David perguntou cruzando os braços e olhando para um House tão branco quanto as paredes do quarto. 

‘ Não espere muito, eu esperei demais e perdi preciosos anos’

‘eu não a amo, quer dizer...gosto muito dela, mas não amor, amor’ House disse ao policial, parecia que falar sobre seus sentimento com um estranho era mais fácil do que com um conhecido, ou era o fato que a muito tempo ele gostaria de poder dividir isso com alguém. 

‘o pior cego é aquele que não quer ver’David disse

‘não o pior cego é aquele que não sabe ler em Braille.’House falou irônico.

‘não tente fugir doutor, você a ama sim, como eu disse, pra você quase transar com ela em praça pública, ou ela é uma prostituta ou é uma mulher que você gosta tanto que mal consegue se controlar perto dela’

Nesse instante a esposa de David chegou com a água.

‘algum problema?’ ela perguntou ao ver a cara inexpressiva de House olhando para o marido.

‘não, quer dizer eu estou doente, mas tem cura’

‘ah, ainda bem, o que ele tem?’apontando pra House.

‘o doutor lembrou que tinha algo muito importante pra fazer’

‘eu tenho de ir’ House disse saindo rapidamente do quarto.

House tentou respirar melhor quando saiu do quarto. Ele sentia um turbilhão de coisas ao mesmo tempo.

‘amor? Quer dizer você gosta de está perto, sente falta, gosta do cheiro, da voz, do gosto, de quando fica irritada. Será que é tão difícil de aceitar isso, House? Você a ama seu idiota. Você sabe que sim, não é difícil escutar isso em voz alta.’ 

Ele pensava nisso enquanto caminhava para a sua sala. ‘ela sabe, não é? Quer dizer ela sente o mesmo, já te disse isso, não com essas palavras, mas disse, você também nunca disse com essas palavras a ela, se ela achar que você não a ama, e se ela não sentir mas isso, ela passou um bom tempo com o Chase, aaahhh!! Pára com isso...quando você ficou tão mole e inseguro. É fácil, só dizer, não é difícil.’

‘ é só dizer’ ele repetiu em voz alta já na sua sala, não notando a presença dos outros.

‘dizer o quê?’ perguntou Wilson.

House se assustou, afastou os pensamentos da cabeça, respirou fundo e disse: ‘Iniciem o tratamento do Law and Order lá’ os três saíram da sala sem falar nada.

‘você tá bem?’ Foreman perguntou encarando ele.

‘você tem que ir também, para eles não matarem ninguém’ ele saiu enquanto Wilson encarava House desconfiado.

‘o que houve?’

‘nada’

‘House?’ Wilson cruzou os braços, olhando para o amigo.

‘ é sério, só dor de cabeça, vou para casa’

‘ainda são três da tarde...e alguns minutos atrás você estava de muito bom humor’

‘você tá estragando minha desculpa, mas se sua garota perguntar você diz isso como se fosse uma verdade absoluta’

‘você devia ir para clinica’ Wilson falou a ele, o seguindo em direção ao elevador.

‘curei um cara em tempo recorde, um policial, e não enfia nem objeto indigesto em orifícios alheios, eu mereço’ ele entrou no elevador deixando Wilson sem palavras em frente ao elevador, que de acordo com os planos do House não ia pra saída e sim para a emergência.

House chegou ao ER e a procurou com os olhos, a achou perto de uma maca atendendo uma criança., se aproximou lentamente.

‘Oi’ ele disse.

‘Oi’ ela respondeu franzindo as sobrancelhas, estranhando a presença dele ali.’ O que houve? Já vai embora?’

‘já’ 

‘não é muito cedo não?’ela perguntou, enquanto colocava uma faixa na cabeça do menino na maca

‘para todos os efeitos, tenho dor de cabeça’ ele disse piscando o olho para ela e a fazendo rir. ‘ ta acordada?’ ele perguntou apontando pra criança.

‘não tá sedado, porque?’ 

ele se aproximou e baixo a voz para que só ela o ouvisse.

‘então..vejo você mais tarde?’

‘claro, chego as 7, porque vai preparar um jantar pra mim?’

‘claro’ ele respondeu a fazendo virar e arregalar os olhos para ele. ‘ prometo colocar a pizza num prato e vamos comer de garfo e faca’ ele completou a fazendo sorrir.

‘ eu vou indo, ate mais tarde’

‘até’ ele ainda ficou olhando para ela por dois segundos,antes de ir embora, com vontade de falar o que queria, mas com medo que insistia de permanecer nele desde de que a conhecera

____x_____

David estava sentado na cadeira de rodas perto da saída, enquanto a mulher tinha ido buscar carro, como já tinha recebido a fase inicial do tratamento e contratado uma enfermeira, conseguiu receber alta. 

‘Policial Harvey, fazendo o quê aqui só?’

‘doutor Wilson! Que bom vê-lo antes de ir, consegui negociar minha alta’ ele disse sorrindo.

‘cadê sua esposa?’

‘foi buscar o carro’

‘ah! O senhor sabe que qualquer coisa é só me procurar, eu diria pra procurar o House se ele não fosse o House, o senhor me entende?’ele disse sorrindo.

‘Claro...sabe quando o conheci, eu imaginava qualquer coisa, menos que ele era um médico brilhante."

‘quando o conheceu?’

‘é...a uns sete meses atrás, numa ronda, ele e a namorada, numa posição não muito discreta, se é que me entende’

‘namorada?’ Wilson perguntou sem entender nada.’você não confundiu com uma prostituta não?’

‘claro que não...mesmo que eu não a tivesse visto aqui hoje, a roupa que ela usava não tinha nada em comum com roupas de uma prostituta’

‘ela veio aqui hoje? Como você sabe que era ela?’ Wilson tentou falar de uma maneira que o policial pensasse que ele sabia da garota.

‘tentando me fazer achar que não é ela também doutor? Eu sei que era ela, seu amigo já sabe que eu sei, a loira...de roupa rosa, como ele disse, se for verdade, ex -funcionária dele’ David falou isso de costas para Wilson e não notou a expressão que apareceu no rosto dele naquele instante, parecia que ele tinha visto um acidente grave na frente dele.

‘Loi...ra’ ele gaguejou.

‘é..parece que eu acertei né?’ dessa vez ele levantou e ao olhar para Wilson disse: ‘ou não...acho que coloquei seu amigo numa enrascada né?’

‘não...acho que ele mesmo se pôs, sete meses você disse?’

‘exatamente’ o carro pára em frente ao hospital, a mulher de David desce para ajudá-lo a entrar no carro, enquanto Wilson continuava parado. 

‘doutor Wilson, boa sorte com seu amigo, talvez ele tenha motivo pra não ter contado’

‘será?’

David apenas sorriu pra ele e deu com os ombros quando o carro começou a sair, Wilson deu adeus e ficou sem reação até que todas aquelas informações se processavam na cabeça dele, quando conseguiu se movimentar foi direto na sala de Cuddy. 

Ele entra calado se senta e põe as mãos no rosto.

‘o que foi?’ Cuddy olha pra ele.’James o que houve?’ agora realmente preocupada.

‘você não sabe a bomba que eu tenho pra te contar’ ele disse olhando pra ela.‘é melhor você sentar’ ele disse ainda atordoado.

Ela apontou pra cadeira mostrando que já estava sentada

‘ah, você já tá’ Ele respirou fundo ‘o House tá saindo com a Cameron’

Cuddy deixou o queixo cair ‘o quê?!’

‘é..eu sei’

‘como...quando...como?’

‘não sei, mas aparentemente já faz sete meses’

‘o quê?’

‘é...eu sei’

‘mas....’

‘é... eu sei’ 

‘ele te disse?’

‘não, não foi o safado traidor que me disse, foi o paciente dele, o policial, que aparentemente os flagrou, de acordo com ele “uma posição não muito discreta”’

‘como assim?’

‘não sei, não quis entrar em detalhes, meu deus...ele não me falou nada, isso explica tudo que tá diferente nele ultimamente, o bom humor, sair no horário, chegar no horário, não ligar pra mim de madrugada pra falar besteira, finais de semana sem nos atrapalhar’

‘e agora você vai fazer o que?’

‘eu não sei’

‘você vai falar com ele?’

Wilson estava pensativo

‘James.... você vai falar com ele?’

ele olhou para ela e sorriu ‘não...eu vou fazer o que ele faria’

‘o quê?’

‘vou Jogar’

ela entendeu e começou a sorrir também ‘ o que você pretende?’

‘ainda não sei, eu vou pensar, me dá um tempo’ 

‘ei, eu quero participar’ ela disse antes dele sair 

‘pode deixar’ ele saiu e foi pra sua sala, vasculhar sua cabeça tentando achar uma maneira de jogar o jogo de House.