Primeira Carta
Aquelas palavras ecoavam em minha mente como se não pudessem sair. E não podiam, pois, aquilo era verdade... Eu estava com leucemia. Um cancêr no sangue que poderia me matar a qualquer momento. E estava alojado em um lugar que poderia ser curado apenas com remédios, pois com quimeoterapia podiam me machucar.
O médico me olhava penoso e lágrimas desciam de meus olhos sem eu me dar conta das palavras de consolo a minha volta. Era doloroso pensar naquilo, doía. Eu não queria morrer... Eu não podia morrer...
Meu nome é Yume. Takegawa Yume. Tenho 16 anos. E agora, acabei de descobrir que minha vida está em jogo. Por causa que eu tenho a rara leucemia. Extremamente rara na minha cidade pelo menos.
- Tente não pensar demais nisso, querida... - Tranquilizavam meus avós, mas eu simplesmente não conseguia processar as palavras deles. A única coisa que processava em minha mente era: Vou morrer... Vou morrer... Vou morrer... Estou morrendo... Estou morrendo...
- Isso é... Injusto... - Eu disse entre lágrimas. - Eu mal vivi minha vida e já estou partindo? Isso é injusto...
- Se acalme senhorita, a senhorita não vai morrer. Eu não vou deixar. - Ele disse, eu olhei para ele. Meus olhos imploravam ajuda, eu estava com medo... Muito medo... "Eu não quero morrer..." Dizia minha mente. "Não quero..."
---
Já tinha saído do hospital, estava na casa dos meus avós como sempre. Meus cabelos longos e rosados estavam presos em um rabo. Eu tinha acabado de tomar outro remédio que o médico passara. Meus olhos prateados latejavam.
Vesti um vestido branco bem longo de mangas longas, assim como um casaco longo e cor beje. Me sentei no chão de madeira em frente a mesinha, 10 conjuntos de envelopes e papeis de cartas estavam a minha frente naquela mesa.
Sempre gostei de colocar minhas emoções no papel, por isso eu estava ali, pronta para escrever. Mas eu não iria escrever normalmente. Eu mandaria uma carta para Deus. Eu mandaria... Uma carta... Para Deus...
Escolhi o conjunto número 7. O bloco de papel era um papel cor de creme, com umas figuras abstratas em um tom rosa-claro. E o envelope era vertical em um tom amarelo cheio de flores pequeninas.
Peguei um papel do bloco e guardei os outros. Tomei a pena na mão (escrevo a moda antiga mesmo) e comecei a escrever:
"Querido jesus,
Acho que eu sou a primeira pessoa no mundo a mandar uma carta para Deus. Eu normalmente não sei seu endereço, mas onde chegar, chegou. Eu espero que você me ajude, meu Deus. Preciso apenas agora, desabafar.
Meu nome é Takegawa Yume, eu tenho 16 anos e sempre gostei de escrever cartas. Nas cartas eu posso ser sincera, eu posso me deixar levar com os meus sentimentos. Pois, na vida real, eu sou muito, muito reservada.
Deus, descobri que tenho Cancêr, Leucemia. A todo momento posso morrer e isso esta me deixando tão triste e tão para baixo que eu sou capaz de me matar agora mesmo para acabar com essa dor.
Eu fico imaginando se eu fiz algo errado, pois, até onde eu sei eu nao fiz nada. Mas a vida sempre me castiga, nunca é diferente. Então, eu não deveria estar muito esperançosa... Deveria?
Bem, Jesus, Deus e a todos os santos que olham por mim. Preciso mesmo da ajuda de vocês, quero apenas uma companhia para me dizer vai dar tudo certo. Estou mandando essa carta para os ares mas espero que o Senhor me de um sinal.
Com carinho...
Yume."
Terminei de escrever a carta, a dobrei e a pus dentro do envelope o lacrando com um adesivo transparente com leves cores que formavam uma flor amarela. Escrevi um endereço inventado por mim mesma:
Rua 9
Bairro 7
Casa 10
Coloquei no correio, no fundo, eu queria uma resposta que me agradasse... Uma resposta de consolo e de animação. Foi quando senti um liquido escorrendo. Toquei o liquido o vizualizei na ponta dos meus dedos. Era sangue.
Corri para o banheiro e fui o lavando apressadamente.
Medo...
Eu tinha chances de sobreviver?
Socorro...
Deus... Me mande um sinal...
---
Enquanto isso... Na rua 9, Bairro 7, Casa 10...´
Ponto de Vista: Yomikawe Takara
Me levantei depois de um cochilo rápido e foi quando vi o carteiro saindo. Me levantei da minha tradicional casa de madeira japonesa. Fui até o correio e o abri. Minha casa, normalmente em meio a uma densa floresta.
Tinha uma carta delicada no correio, a peguei. No envelope pude ler as palavras: De: Takegawa Yume.
Para: Kami-sama.
Quem achou que estava escrevendo para Deus?
Me sentei no chão que estava coberto de neve, peguei a carta que estava dentro do envelope e a vizualizei. Por um momento, comecei a le-la. Mal acreditei no que estava lendo. Uma garotinha chamada Yume estava com leucemia e achava que escrevia para Deus. Provavelmente enviou achando que essa rua, esse bairro e essa casa não existiam... Mas sim, existe...
Fui até dentro da casa e peguei um papel em branco, peguei uma lapizeira e me pus em frente a carta. Eu não podia simplesmente escrever: Esta não é a casa de Deus errou o endereço. Por isso tentei algo diferente...
"Querida Yume-chan,
Sinto muito pela sua leucemia, desabafar as vezes não faz mal, é necessário. Desejo-lhe melhores, espero que sua leucemia se vá. Pois, parece ser uma garota delicada e gentil, por mim, não mereces morrer.
Yume-chan, se dizes que nada fez errado, então não há com o que se preocupar. Se a vida lhe castiga, então algo de bom vai a acontecer com você no futuro. Quando a vida nos tira muito, ela vai nos dar algo mais precioso em troca. E quando ela nos da muito, ela vai nos tirar tudo...
Bem, Yume-chan, castigar a ti é realmente uma tristeza. Zelo por suas melhoras. E eu lhe aviso, não perca a esperança! Ela é seu bem mais precioso em momentos assim, Yume-chan. Mas também peço que não tenha muita esperança, por isso lhe criará ilusões demais...
Tudo na vida tem um motivo, então isso terá um motivo também. Espero que melhores rápido, Yume-chan.
Com carinho,
Kami."
---
Ponto de Vista: Takegawa Yume
Sim, Kami-sama tinha me respondido... Realmente estava lendo uma carta que foi escrita pelo Kami-sama, não estava? Não não, Yume isso é simplesmente impossível! Mas... Deve ser um sinal... Sim...
Deus quer me ajudar...