Mutant World escrita por Jenny Lovegood


Capítulo 32
Ferocidade


Notas iniciais do capítulo

Bom pessoal, o capítulo está pronto e preciso saber se vão gostar. Fui escrever hoje totalmente sentimental, já que meu gatinho morreu e eu estou triste por isso. O primeiro beijo Clato está aqui, mas o momento Romione ficou pro próximo capítulo.

Música ao verem o sinalzinho *
https://www.youtube.com/watch?v=Y-cVJwl8CD0



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Era completamente evidente que algo ali estava errado. Havia algo errado com o grupo e a causa disso cada um guardava para si dentro de suas mentes. Obviamente as divergentes opiniões sobre o clima completamente tenso rondando aquelas pessoas causava polêmica. Talvez, porque cada um via a situação de uma forma diferente. Pra uns, perigo. Pra outros, obstáculos que precisavam ser vencidos.

Hermione não estava em paz. Tudo bem que ela já não sabia o significado daquela palavra há algum tempo, mas desde que Lilá se juntou ao grupo, o tormento da mutante de asas começou. Tentou vasculhar a confusão dos seus novos sentimentos desde que chegou na ilha, e procurou verificar se tudo aquilo não era apenas implicância com Lilá. Mas, não era. A sensibilidade sobre-humana de Hermione nunca falhava. E daquela garota estranha, Hermione não captava nenhum tipo de sensação agradável, capaz de fazer o bem. Pelo contrário. Hermione sabia que Lilá e ela iriam se enfrentar.

– Então você é capaz de se teletransportar de um lugar para o outro.. - Lilá colocou uma das madeixas loiras de seu cabelo atrás de sua orelha, enquanto comentava notoriamente ao lado de Rony, o garoto cujo um despertar de interesse havia surgido e era perceptível na mutante hidrocinética. Bom, pelo menos para Hermione aquele interesse estava completamente estampado nos olhos da loira. - Impressionante, Rony.. - Elogiou, abrindo um sorriso caloroso para Rony, que retribuiu. O ruivo estava se fazendo de bobo ou estava cego ao ponto de não captar os raios lasers que Hermione lançava a ele e à Lilá.

– É. - Rony sorriu de volta. Hermione, de longe, esfregou uma mão na outra enquanto inspirava e expirava pesadamente. - Ultimamente venho tentando enxergar algum lado bom em tudo isso que está acontecendo.

– O que quer dizer? - Lilá se arrastou um pouco no chão, sujando seu short rasgado com a terra vermelha, se aproximando um pouco mais do corpo de Rony ao seu lado. Desviou seu olhar que estava fixo no mutante, e encarou os olhos rutilando raiva de Hermione do outro lado da mata.

– Bom, suponhamos que nós não tivéssemos nascidos assim.. que tudo isso não passasse de histórias em quadrinhos.. - Começou o ruivo, olhando Lilá por cima do ombro. - Algo que as pessoas acreditavam, até algum tempo atrás.

– Claro. - Lilá riu, e permitiu Rony continuar. O garoto tinha sorrido junto.

– Então.. não acha que se todos nós fossemos normais, na infância iríamos desejar ter algum super poder para sermos super-heróis um dia? - A suposição de Rony fez Lilá sorrir ainda mais.

– Acho que sim né. - A garota disse, mexendo novamente em seus cabelos e encarando o olhar do ruivo.

– Parece que alguém aqui não está gostando do que está vendo, não é? - Rose brincou, quando se aproximou de Hermione e não recebeu atenção da garota, que olhava fixa a proximidade de Rony e de Lilá.

– Ele está adorando, não está? - Balbuciou a morena, rodando os olhos e tentando desconcentrar sua atenção daquele momento tão desnecessário entre o novo casal.

– Parece que sim. - Rose foi sincera, enquanto ria. A ruiva não riu de Rony e de Lilá, até porque, aparentemente, o ruivo parecia apenas estar a fim de se descontrair em uma conversa boa. Não que Lilá aparentasse ter as mesmas intenções, a loira realmente tinha outro brilho em seu olhar. Mas o ciúme evidente nas atitudes de Hermione chega a ser cômico. Mas, não que Rose quisesse passar pelo mesmo. - Não fica bolada com isso, temos outros problemas.

– Quem disse que eu tô bolada? - Rebateu Hermione, prontamente. A mutante agora encarava Rose, de pé em sua frente. Hermione acompanhou o olhar de Rose observando os movimentos por entre a mata, até parar na figura de Harry Potter aconchegando Gina em seus braços, as mãos do moreno acalentando-a calmamente enquanto mexia nos cabelos ruivos, e os olhos vermelhos da mutante se fechando, a expressão em seu rosto parecendo lutar contra algo, forte e doloroso.

– É, você não tá. - Rose disse, dispersa. - Sabe, tentei falar com ele.. - Rose continuava a encarar Harry em seu abraço com Gina. A ruiva percebeu o olhar de Hermione direcionando-se a ela. - Eu sei que é perigoso. Dá pra ver que ela tá lutando com muita força pra não fazer nada de errado.

– Ela é uma pessoa incrível. - Hermione comentou, relembrando os momentos em que passou quando fugiu de casa e se abriu na casa de Gina. - Sempre foi. Gina não merecia nada disso.

– Poderia ter sido qualquer um. - Rose pareceu pensativa. - Scorpius não estava muito a fim de aceitar ela no grupo.

– Ela e a Safira, né. - Rebateu a morena.

– Mas olha lá. - Rose desdenhou do próprio eu-interior de Scorpius, que há algumas horas receava totalmente a presença da criança mutante entre eles, mas naquele momento, era ele quem tomava conta da menininha, e até conseguia sorrir verdadeiramente vendo-a brincar com a terra vermelha do chão.

– Eu não culpo ele. - Confessou Hermione, vendo a cena. - Ele só quer que tudo termine. Assim como nós.

– Scorpius tem um temperamento difícil. Mas ele é uma pessoa incrível também. - Comentou Rose, novamente dispersa, se deixando sorrir fracamente com seu pensamento vislumbrando os olhos azuis do loiro.

– É, acho que não sou a única aqui que estou confusa em relação aos sentimentos. - Hermione brincou com a situação, vendo Rose rir e rodar os olhos.

– Ele é um idiota. - A ruiva agachou-se frente a Hermione, sentando no chão logo em seguida. - Mas eu senti uma puta falta daquele idiota.

– Falar palavrão alivia o que estamos sentindo? - A morena acompanhou Rose em sua risada.

– Acho que sim. - Admitiu a ruiva, tirando alguns fios do cabelo de frente a seu rosto.

– Que ótimo. - Hermione suspirou. - Porque tudo isso tá foda pra caralho. - A garota fez Rose novamente rir.

– Pensa pelo lado positivo.. - Rose olhou em volta novamente. - Estamos todos juntos.

– É. - Novamente Hermione era notada observando Gina conversando com Harry, e a expressão de dor no rosto da amiga ainda era perceptível. - Preciso falar com ela.

– Gina? - Rose viu Hermione assentir.

– Ela precisa saber que vamos dar um jeito de ajudá-la. - Hermione suspirou novamente.

– Eu não quero ser pessimista.. - Rose tentou amenizar suas palavras. - Mas nem ao menos sabemos se tem como.

– Mas vamos descobrir. - Rebateu a garota, confiante. - Gina não vai morrer. Pelo menos, não desse jeito.

– E eu achando que a pessimista era eu. - Rose franziu as sobrancelhas, enquanto falava retoricamente. Viu Hermione se levantar do chão, arrastando suas costas volumosas pela árvore onde se escorava. - Acho melhor tomar cuidado. - A ruiva alertou Hermione, vendo a pistola da garota quieta sobre o chão ao lado do espaço onde a mutante alada se sentava.

– Não vou precisar levar. - Hermione balançou a cabeça negativamente, enquanto Rose assentia e encolhia os ombros.

Calmamente, Hermione caminhou por entre a mata. Chegava a dar calafrios apenas em pisar sobre uma folha seca que se quebrava no instante seguinte, ou arranhar a pele de seu braço em algum galho caído pelos trocos das árvores. Se a garota conseguisse sair viva daquela ilha, não iria querer ver mato tão cedo em sua vida.

Era engraçado que, em meio a passos e suspiros naquele lugar, o desenrolar de toda aquela história sempre vinha a tona. Os pais dos mutantes lutando a vida inteira para proteger os filhos, escondê-los do mundo, e no final, toda aquela luta fora em vão. Será que ainda importaria sair vivo daquele conto de terror?

– Você está bem? - A voz gélida aos sentidos de Gina bateu contra os ouvidos da garota, ainda a metros de distância de Hermione.

– Hermione, não.. - Gina tentou adverti-la, e Harry segurou a garota pelos ombros. Por Deus, parecia um bicho que viveu enjaulado a vida toda e não permitia contato físico com alguém. Era doloroso para Hermione ver a amiga naquele estado.

– Harry, por favor. - Hermione lançou um olhar suplicante ao moreno, para que ele soltasse Gina e permitisse que as duas garotas pudessem se aproximar.

– Sai daqui Hermione. - Pediu Gina, mordendo a própria boca e ferindo ainda mais seus lábios. O cheiro de Hermione atiçava ferozmente os sentidos de vampira da garota.

– Não. - Hermione foi firme. - Você não pode continuar assim, longe de todo mundo.

– É até conseguirmos ajudá-la.. - Harry corrigiu a morena.

– Não. - Rebateu Hermione. - Já faz horas que vocês apareceram, e até agora ninguém pode ao menos se aproximar de Gina.

– É melhor assim. - Gina rangiu as presas em sua boca. - Não quero atacar ninguém, e se eu fizer isso, vou ser expulsa do grupo.

– Você não vai atacar ninguém. - Hermione demonstrou seriedade no olhar. - Escuta, não sabemos como te ajudar. Não sabemos o que fazer agora, não sabemos como vamos sair daqui. Precisamos ficar juntos. Todos nós.

– Eu já falei pra você sair daqui. - Rugiu Gina, quando sentiu os ombros serem soltos pelas mãos de Harry. O moreno deu alguns passos para trás, lentamente, enquanto mantinha seu olhar fixo nos movimento de Gina.

– Eu não vou sair! - Hermione ergueu a voz, dando dois passos a frente, quebrando um pouco mais a distância entre ela e a amiga. Gina semicerrou os olhos e respirou fundo, ouvindo o pulsar das veias da amiga pela corpo dela. Merda, Gina estava faminta. - Gina, olha pra mim. - Pediu a morena, sem resposta alguma. - Por favor, olha pra mim. - Insistiu, e viu alguns instantes depois os olhos da mutante em um vermelho vivo que queimava, encará-la. - Escuta.. - Hermione teimou em se aproximar ainda mais, lentamente. Não só Harry observava as duas, mas o grupo assistia a cena apreensivos. Rony já estava de pé, e o receio de Hermione ser atacada o fez ficar de arma pronta nas mãos.

– Sai daqui. - Gina bufou, mostrando as presas para Hermione, que respirou fundo, sem desistir.

– Você é nossa amiga. - Hermione falou calmamente, tentando acalmar Gina com as palavras. - Ei, você é minha amiga, lembra? - A morena sorriu de canto, mas só o que recebia em troca era a fúria no olhar da garota. - Você não precisa ter medo, vamos te ajudar. - Hermione falava, enquanto receosamente levava as mãos em direção ao rosto de Gina, os corpos já estavam próximos o suficiente para isso. Gina recuou com a cabeça quando sentiu os dedos de Hermione tocando suas bochechas, mas viu a insistência da amiga em tocá-la e tentar acalmá-la. As mãos de Hermione seguraram o rosto de Gina com as mãos, e a vampira pôde ouvir os batimentos cardíacos da mutante alada. Os olhos vermelhos dela rutilaram. - Não precisa ficar longe de nós.

– Eu te avisei. - As palavras de Gina cortaram o ar quando saíram por entre suas presas, e subitamente a ruiva agarrou Hermione pelos cabelos, girando o corpo da mutante e prendendo seu corpo contra o dela.

– HERMIONE! - Rony correu até as duas, mirando a arma em direção a Gina, mas teve seus passos impedidos quando Lilá entrou em sua frente.

– Não! - A garota loira repreendeu-o. Rony lançou-a um olhar repleto de indignação. - Se você ameaçar atacá-la, a mutantezinha ali é mordida antes de você conseguir disparar um tiro.

– Gina, solta ela agora! - Harry ordenou, entrando na visão de Gina, suplicando com o olhar para a vampira soltar o corpo de Hermione. Gina segurava a amiga pelos cabelos e sugava o cheiro do pescoço da morena, que semicerrava os olhos naquele instante, preparando-se para ser mordida.

– SOLTA ELA! - Rony gritou, totalmente desesperado. Era tudo uma grande e estúpida brincadeira do destino, ou aparentemente Hermione seria morta por alguém que lutava para sobreviver?

– Eu avisei, porra! - Scorpius tinha as mãos enfiadas entre os cabelos, Rose ao seu lado estava estupefata; protegia Safira com seu corpo.

– Gina. - Hermione cerrou os dentes, tentou mover seu corpo mas estava totalmente presa contra a amiga. - Eu sei que você não quer fazer isso.

– É culpa sua. - Gina cuspiu as palavras, enquanto puxava com mais força os fios de cabelo de Hermione, arrancando um gemido de dor da garota.

– Gina, solta ela agora. - Rony, sem mais paciência, se livrou de Lilá e caminhou até as garotas, mirando sua pistola em direção a cabeça de Gina, ficando próximo demais das garotas.

– Vai me matar? - Gina ergueu seus olhos vermelhos em direção a Rony, sem quebrar a distância das presas em sua boca na pele branca do pescoço de Hermione. - Atira! - Ordenou, quando percebeu a hesitação no semblante do amigo. - Atira logo! Você tem cinco segundos pra atirar, ou eu vou fazer a vontade que esta me matando por dentro.

– Não faz isso, Rony. - Harry mandou, estava completamente exasperado.

– Seus segundos estão passando. - Gina o alertou, feroz, puxando os cabelos de Hermione e machucando o pescoço da garota com suas presas. Hermione soltou um grito abafado.

– Solta ela Gina. Agora. - Rony ordenou mais uma vez, seu dedo no gatilho da pistola estava pronto para disparar. - Eu não quero te machucar.

– Mas eu quero machucá-la. - Mesmo tentando lutar contra seus instintos, Gina não conseguia vencer aquela maldita vontade de provar excessivamente sangue. - Seus segundos acabaram, Rony Weasley. - A mutante partiu para atacar Hermione, tentando perfurar as veias do pescoço da garota com suas presas, mas imediatamente sentiu um chute nas pernas e se desequilibrou, fazendo Hermione se libertar dos braços da vampira e partir para atacá-la, da forma como foi atacada.

– Você tem que se controlar. - Hermione existiu aquele comportamento da amiga, quando avançou contra o corpo de Gina e segurou-a pelo pescoço. As mãos de Gina tentou agarrar os braços de Hermione, a respiração da vampira estava completamente descompassada, e os olhos vermelhos lutavam contra os castanho-mel de Hermione.

– Eu sou uma vampira agora. - Praguejou a garota, tossindo, sentindo falta de ar.

– E nós ainda somos mutantes. - Rebateu Hermione, furiosa. - Acho bom você se controlar, sabe que não está lidando com meros humanos. - A garota deu seu último aviso, e enfim soltou o pescoço de Gina, vendo a mutante respirar com dificuldade quando teve a oportunidade. Os olhares ainda estavam vidrados um no outro, e Hermione tentou manter seu alto controle mutante e enfrentou a proximidade dos corpos; sua mente imaginando se seria atacada de novo. Mas não foi. Gina nada fez, a não ser encarar por longos minutos o olhar da amiga. Seu peso na consciência bateu mais rápido do que normalmente aconteceria, e ela lutou internamente contra seus próprios instintos, se sentindo extremamente tola por ter atacado alguém que lhe fazia tão bem.

– Você está bem? - Rony quis saber, demonstrando total preocupação quando viu Hermione se afastar da vampira. O ruivo baixou a pistola em sua mão e entrou frente a garota, percebendo ser ignorado por ela. - Ei, você está bem?

– Que porra você ia fazer? - Hermione exalou fúria ao vidrar seus olhos nos de Rony. O garoto pareceu não entender.

– O que? - Rony entreabriu os lábios, confuso.

– Você ia atirar na nossa amiga! - Rebateu a garota, tentando empurrar o corpo de Rony para longe do dela, mas em vão. Ele era forte.

– Eu queria te defender! - Rony retrucou, notoriamente indignado. Como ela podia estar furiosa com um ato de defesa vindo dele?

– Eu não pedi. - Ela desdenhou, irritada. Viu Rony rir, completamente sarcástico e incrédulo. - Eu tinha o controle ali.

– Eu vi. - Debochou ele, deixando-a ainda mais irritada. - Você ia virar presa de vampiro se não fosse..

– Se não fosse o que? - A garota ergueu a voz. - Se não fosse você? - Desdenhou ela novamente. - Você ia matar a Gina? Era isso?

– Eu não.. - Rony tentou se defender, mas foi cortado no meio da frase.

– Olha, fique sabendo que suas novas companhias estão te fazendo muito bem. - Hermione cuspiu as palavras, denunciando seu claro ciúme em relação a Lilá. Rony arqueou as sobrancelhas e tentou desvendar os olhos da mutante naquele instante. Segurou-a pelo braço quando ela tentou escapar.

– Então, isso tudo é.. - Rony começou, mas foi novamente interrompido com as palavras, quando Hermione puxou seu braço com força e se livrou das mãos deles.

– Vai se ferrar, Rony. - E passou pelo garoto, sem mais delongas e sem mais palavras. Rony ficou desconcertado. Ela estava com ciúmes da Lilá? Então, ela estava nutrindo algum sentimento por ele, assim como ele nutria por ela?

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Minutos de silêncio se transformavam, aos poucos, em horas torturosas. Tudo a volta estava completamente calmo, as folhagens pelo chão nem ao menos se mexiam, o vento não estava presente por ali. Vez ou outra a paisagem mudava, as árvores sumiam, e o que era antes visualmente um matagal enigmático, dava lugar a um campo rodeado de flores coloridas, e depois, tudo voltada a ser como era. Cato e Clove pareciam estar andando em círculos.

Já fazia um bom tempo desde que se arriscavam pela ilha a procura de Draco, que Cato pensava em falar com a garota. Nem que fosse uma única palavra. Mas aquele silêncio todo entre eles, vindo principalmente dela, chegava a ser desconfortante. Clove era tão temperamental, sempre tão cheia de si, que quando estava calada demais parecia totalmente indefesa e inofensiva, e aquilo não combinava com ela. Cato preferia irritá-la a vê-la quieta daquela forma, odiando-o.

– Ainda acha que não vamos sair vivos dessa história? - Ele tentou puxar um assunto, quando passava por entre duas árvores grande e deformadas.

– Só porque eu vim atrás do Draco contigo, não quer dizer que eu queira conversar. - Retrucou a garota, de prontidão. Aquele gene dela era o que mais cativava Cato. Talvez, ele tivesse se descoberto masoquista.

– Sempre tão simpática. - Debochou o garoto, parando de andar quando Clove entrou em sua frente. O loiro abriu um sorriso sedutor. - E tão linda.

– Cato, vamos fazer uma coisa? - A morena torceu os lábios. - Você não fala comigo, eu não falo com você, a gente encontra o Draco e volta pro grupo, pode ser?

– Não. - Cato respondeu, depois de vários segundos vidrado no olhar de Clove, deixando a garota sem jeito a ponto de se afastar dele. - Ei, volta aqui. - O loiro apressou os passos até ela e segurou-a pelo braço, tendo novamente aquela reciprocidade na intensa de olhares.

– Me solta. - Pediu ela, tentando medir forças e puxando seu braço. Cato balançou a cabeça negativamente, e puxou o corpo da garota, deixando os rostos cara a cara. Clove respirou fundo, se matando internamente por estremecer naquele momento. - Cato, me solta. - Mandou ela novamente, a fim de parecer autoritária. Mas apenas conseguiu denunciar a sua respiração acelerada por estar tão próxima dele.

– Por que está me evitando, hein? - Cato quis saber, percebeu a mistura de sua respiração em meio a dela.

– Porque você é um idiota. - Retrucou ela, olhando intensamente o garoto nos olhos. - E eu não estou te evitando.

– Então como se chama isso? - O loiro colou seu corpo no dela, e viu-a ficar ainda mais estremecida. - Não deu uma palavra comigo até agora, diz que está com ódio de mim. Eu posso saber por quê?

– Não. - Ela rebateu, mantendo seu ar superior. - Você não pode. Então agora me solta antes que eu te encha de pancada, imbecil.

– Você se acha muito esperta, não é? - Cato umedeceu os lábios e Clove o observou fazer, sentindo ainda mais descompassos dentro do peito. - Acha que eu não percebo como fica quando tá perto de mim, desse jeito? - Ele fez questão de roçar seu corpo no dela, vendo a garota arfar e tentar se libertar daquela proximidade toda, que a fazia ficar fraca. - Acha que eu não sei que ficou morrendo de ciúmes por me ver com a Lilá, quando me encontrou?

– E você se acha muito especial, não é Cato? - Clove resolveu revidar as palavras. - Acha que só porque a sonsa da Lilá ficou caindo de amores por você, eu vou fazer o mesmo?

– Você fica ainda mais linda escondendo seu ciúme desse jeito. - O loiro sorriu novamente, enquanto Clove bufava e puxava seu braço, tentando se soltar.

– Quer saber? Vai pro inferno. - A garota se irritou, se soltando das mãos dele. - Quer achar o Draco? Procure ele sozinho. É uma pena pra ele ter um irmão feito você.

– Pode continuar irritada assim, você fica gostosa demais. - Cato a provocou, quando viu Clove lhe dar as costas.

– Já falei pra ir pro inferno. - Praguejou a garota, irritadiça.

– Você vai embora assim? - O loiro acompanhou a mutante com o olhar.

– Não aprendi ir voando ainda. - Retrucou Clove.

– Ei! - Cato percebeu que a garota falava sério, quando a viu cruzar as duas árvores que haviam passado minutos atrás. O mutante começou a caminhar até ela. - Ei, espera! - Ele puxou-a pelo braço, quando a alcançou. Em um solavanco, Clove se soltou do garoto, irritada.

– Me deixa em paz, Cato! - Clove encarou nos olhos por alguns segundos. - Eu tô sem paciência pra você. Vai atrás do teu irmão, acha ele e depois volta pra tua nova amiguinha. Tenho certeza que ela vai te dar muito mais atenção, a atenção que você merece aliás! - A morena desdenhou com suas palavras, e deu as costas para Cato novamente, tratando de sair dali, e principalmente, de perto dele.

– Quer saber de uma coisa? - Ele ergueu a voz, quando viu Clove se afastando, apesar de prestar atenção no que o mutante tinha a dizer. - Se for pra me odiar, que pelo menos antes você saiba que é você que tá aqui nos meus pensamentos. Dos mais insanos aos mais românticos. - Cato viu Clove cessar seus passos, e ficar de costas para ele, ouvindo suas palavras. - É, eu sei, não pareço ter nada de romântico. Mas desde que você apareceu, tudo pareceu virar ainda mais de cabeça pra baixo, e tá tudo diferente.. aqui dentro. - O loiro sussurrou as últimas palavras contra o pescoço de Clove, quando se aproximou da garota novamente. Pôde ver os pelinhos da pele dela se eriçarem. - A minha vontade é de ter você, e aquela garota não tem nada a ver com isso. Ao contrário do que pensa, ela me ajudou a perceber que eu não sinto nada dessas coisas por outra, a não ser você. Não sinto meu coração acelerar, ou minha respiração ficar acelerada. Então, se for pra você me odiar, que seja sabendo de tudo isso.

* A intensidade que invadiu a troca de olhares, quando Clove se virou e ficou de frente para Cato, foi completamente surreal. Ela tinha os lábios entreabertos, a denúncia do efeito inebriante das palavras dele no corpo dela eram emitidas pelos olhos que rutilaram com fervor, ao encontrar a íris azulada do garoto. Não, Clove nunca havia se sentido daquela forma antes. Ela não sabia explicar bem, mas, naquele momento, tudo dentro dela pareceu chacoalhar, o sangue em suas veias corria com muito mais pressa, seu coração batia tão rapidamente quanto a respiração que escapava por seus lábios. Clove não sabia se deveria bater em Cato por fazê-la se sentir totalmente entregue naquelas palavras, como uma boba apaixonada, ou se deveria pular no pescoço dele e se deixar levar pelas sensações aquecendo seu corpo. Impulsivamente, ela escolheu pela segunda opção.

A morena enfiou as mãos entre os cabelos de Cato e o puxou para ela, quebrando subitamente a distância entre eles e sentindo um choque elétrico em seu corpo quando os lábios se encontraram. Cato agarrou-a pela cintura precisamente, nem ao menos sem ter o trabalho de pedir para corresponder aquele beijo. As línguas se encontraram, se conhecerem e dançaram com ardor.


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Notas finais do capítulo

Aeeeee, beijo Clato! Quem gostou? Não esqueçam de comentar, e continuem recomendando a história gente! (Leitores fantasmas fãs de Clato, apareçam, deixem um reviewzinho)
Me perdoem pelos erros ortográficos..

Xoxo, Jen