Filha da Lua escrita por Bia Kishi


Capítulo 20
Capítulo 20 - Reencontros


Notas iniciais do capítulo

Respirei mais fundo, e deixei o ar entrar em meus pulmões. Um vento suave começou, vindo do leste.
— Opa! Eu disse para minha barriga.
— Mamãe está ficando louca.
Aquele perfume suave e adocicado, tão envolvente. Fiquei pensando o que o desejo nos faz! Eu estava ali, no meio dos Estados Unidos, e sentindo o cheiro de alguém que estava lá na Itália.
Deixei as mãos caírem na barriga, fazendo carinho em meus vampirinhos.
— Ainda bem que ele não está aqui, mamãe está parecendo que engoliu uma melancia!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/37933/chapter/20

Aro parou por um instante, examinando a protuberância em meu ventre, em seguida sorriu e segurou minha mão estendida. Eu não tinha nenhuma intenção de ferir qualquer um, queria apenas assegurar que Renesme e minha família ficariam em segurança. Encostei a mão de meu pai de criação em minha barriga. Meus bebês se manifestaram no mesmo instante, com seu toque frio.

-                   Satine, minha filha!

-                   Consegue ouvi-los?

-                   Sim.

Aro me abraçou, descansando minha cabeça em seu peito e afagando meus cabelos. Naquele momento eu percebi que não havia guerra. Percebi que apesar de tudo, eu conhecia bem o homem que havia me criado – apesar de tudo, Aro me amava e havia compreendido minha intenção. Levantei a cabeça e olhei em seus olhos.

-                   Aro, meu pai. Percebe o mal que faria?

Aro deixou a cabeça cair, olhando minha barriga.

-                   Aro, eu sei que me ama. Sei também o quanto prima pela justiça, apesar de tudo.

Ele continuava a apreciar minha barriga com os olhos. Suas mãos a acariciavam cuidadosamente sobre o tecido fino de meu vestido. Eu continuei.

-                   Sabe que a atitude que tomar em relação à filha de Edward, terá que tomar também em relação aos meus. Reflita por um momento, meu pai, pense em mim. Pense no quanto eu o amo e no quanto confio em seu julgamento. Eu estou aqui, à disposição de seu julgamento.

Aro levantou a mão e tocou meu rosto, num gesto de carinho.

-                   Sabe que eu nunca a magoaria, meu amor. Eu entendo o que quer dizer, me perdoe.

Eu o abracei com toda a força que tinha naquele momento. Ele era meu pai, apesar de tudo, meu querido e amado pai, a quem eu devia minha vida.

Alice chegou alguns segundos depois, com o mestiço ao lado, e consolidou a paz.

Aro, ainda comigo em seus braços, continuou:

-                   Queridos, creio que nossos assuntos com os Cullen foram resolvidos. Não tenho razão alguma para bloquear a evolução. Como percebem, nossa querida Satine acaba de provar que é mesmo possível um vampiro gerar descendentes, eu só posso esperar que ela me perdoe, e que me permita participar de alguma maneira da criação destes pequenos, que também são Volturi, assim como participei de sua própria criação.

Em seguida, ele se voltou para mim.

-                   Querida, porque não nos procurou?

-                   É complicado, pai.

-                   Imagino que Caius tenha algo a ver com isso.

-                   Talvez.

-                   Espero que me permita vir vê-la, quando eles nascerem.

-                   Eu avisarei, meu pai, desde que prometa vir apenas com Marcus.

-                   Combinado.

Aro me deu um beijo na testa e virou-se para o exercito dos Volturi, partindo em retirada.

Eu me virei e sorri para meu irmão que segurava seu bebê nos braços. Tudo havia terminado bem, enfim. Foi quando senti um toque conhecido em meu ombro. Um toque que me privou dos sentidos momentaneamente. Demetri.

Eu me virei e o encarei. Minha batalha ainda não havia terminado, na verdade, estava apenas começando.

-                   O que quer, Demetri?

-                   Não tem nada para me dizer, Satine?

-                   Não.

Demetri deslizou a mão fria em minha barriga, fazendo meus bebês se agitarem.

-                   Porque não me contou?

-                   Porque não havia nada para lhe contar.

Levei a mão á barriga, tirando a dele.

-                   Isto, é problema meu.

-                   Como pode dizer isto? Você deveria ter me contado. Não acredito que vai cometer o mesmo erro de sua mãe.

-                   Demetri, eu realmente não quero discutir isso. Você fez uma escolha, e ela não me incluía, então não me venha censurar.

Dei as costas para Demetri e me virei para Jacob, que ainda estava em sua forma de lobo.

-                   Jake. Pode me acompanhar até em casa?

O lobo assentiu e mostrou os dentes para Demetri, ele recuou. Jacob me acompanhou até a casa de Billy. Quando nos viu, Billy sorriu.

-                   Pelo que vejo, tudo terminou bem.

Eu o abracei e Jacob lambeu-lhe o rosto.

-                   Sim!

Jacob entrou em casa e se vestiu. Em seguida seguimos para a casa dos Cullen – naquela tarde teríamos muito para comemorar.

Enquanto Jacob dirigia seu novo carro, tentou puxar assunto:

-                   Então quer dizer que não tem mesmo volta com o sanguessuga?

-                   Não.

-                   Satine, tem certeza de que ele fez mesmo alguma coisa?

-                   Jake. Eu realmente não quero discutir estes assuntos agora, além disso, você está parecendo o meu pai.

-                   Ok, não precisa me xingar! O sanguessuga é problema seu!

-                   Exatamente!

-                   Mas falando sério, obrigada.

Eu sorri, e dei-lhe um beijinho na bochecha.

-                   É para isso que serve a família!

Paramos no gramado da frente. Edward me aguardava. Quando desci do carro, ele caminhou suavemente até mim, e beijou minha mão, num gesto digno de príncipe encantado.

-                   Obrigada. Obrigada, minha irmã, por tudo que fez por mim. Você me fez permitir que Renesme nascesse e enchesse minha vida de alegria, e hoje você salvou-a novamente. Eu nunca poderei recompensa-la, eu não poderia existir sem elas.

Toquei minha barriga com as mãos e sorri.

-                   Eu sei, Ed Também não poderia viver sem eles.

Nós nos abraçamos e Edward me conduziu até a sala, onde todos estavam reunidos.

De todos os abraços que ganhei naquela tarde, um foi especialmente sincero. Bella, nossa nova vampira. Tenho certeza de que se ainda pudesse chorar, aquele seria o momento. Eu entendi, de mãe para mãe, o quanto significava ter Renesme em segurança. E percebi que havia ganhado uma amiga para sempre, mais que isso, eu havia ganhado realmente, mais uma irmã.

-                   Onde está meu pai?

Eu perguntei a Esme.

-                   Ficou na campina. Marcus queria conversar com ele.

Senti um frio na espinha.

-                   Ele ficou sozinho?

No mesmo instante a porta se abriu, e o Dr. Carlisle Cullen apareceu, lindo como sempre. Eu corri para ele.  

-                   Pai. Não está bravo comigo, não é?

Ele me segurou em seus braços e beijou minha testa.

-                   Como poderia querida, você nos salvou.

-                   Eu te amo pai.

-                   Também te amo minha filha. Por falar em amor, temos que conversar.

-                   Pai, se não se importa, não quero falar dos Volturi agora.

-                   Amor, não pode fugir para sempre. Você precisa saber a verdade.

Eu suspirei fundo. A última coisa que eu queria era falar de Demetri naquele momento. A ferida voltara sangrar no momento em que ele me tocou, e provavelmente demoraria muito para parar.

-                   Pai, não existe verdade maior do que a que vimos com nossos próprios olhos.

-                   Às vezes querida, enxergamos apenas o que queremos.

Ele não insistiu, sabia que não adiantaria. Eu era teimosa como minha mãe!

Naquela noite, apesar da tranqüilidade ter voltado a casa dos Cullen, eu não dormi bem. Nada estava agradável e eu sentia que minha cama estava cheia de pregos.

Desci as escadas e bati na porta do quarto de Jacob.

-                   Jake, você está dormindo?

-                   Agora não estou mais! Entre.

-                   Jacob Black, você está me saindo um velho resmungão!

-                   Não me diga que acordou as duas da madrugada apenas para me insultar?

-                    Não consigo dormir.

Jacob se sentou na cama e estendeu os braços para que eu me aconchegasse neles. Assim que eu o abracei, as lágrimas começaram a descer, molhando seu peito.

Eu me sentia tão sozinha. Precisava de conforto e carinho, mais uma vez, meu amigo lobisomen estava lá.

-                   Satine, porque você não o procura?

-                   Não sei se quero falar com ele Jake. Eu o amo tanto que vou perdoar, eu não vou conseguir olhar nos olhos dele e dizer que não o quero, porque é mentira.

-                   Puxa! E eu que pensei que o complicado era eu.

-                   Jake!

-                   Tudo bem, me desculpe, senhorita “eu resolvo os meus problemas” vem cá.

Jacob me puxou para si e me aconchegou em seu peito. Acho que consegui dormir pelo menos um pouco, porque quando acordei Jacob não estava lá. Antes de levantar da cama, senti um cheirinho de café, vindo da cozinha.

-           Jake, você cozinhou para mim? Que fofo!

-                   Precisamos alimentar esses lobinhos aí!

Eu me sentei na bancada e me servi de uma xícara de café fresco, enquanto Jacob preparava Wafles com calda de amoras.

-                   Acho que vou dar uma caminhada hoje, Jake.

-                   Eu acho que não deveria ficar andando por aí tão perto destas crianças nascerem.

-                   Eu estou bem, Jake. Estou me sentindo ótima!

-                   Vai adiantar seu disser que é bobagem?

-                   Não!

-                   Então prometa que vai se cuidar. E que levará um celular.

-                   Prometo.

Terminamos com nosso café da manhã especial, preparado pelas mãos de meu querido lobisomen, e saímos.

Jacob estava ancioso por ver Renesme e eu aproveitei para caminhar.

A maioria de minhas roupas não servia mais, então, eu só conseguia usar os vestidos que Alice comprara. Na manhã em questão, eu havia colocado um branco, de algodão bem fino e na altura dos joelhos. Eu estava me sentindo especialmente gorda com ele, mas Rosalie disse que ficava bom porque era possível ver bem o tamanho de minha “barriga de gêmeos”.

Andei pensando na vida. Como tinha muito em que pensar, acabei andando muito também. Eu me sentia inquieta e meus vampirinhos também. Uma sensação estranha no peito, seguida de um pequeno desconforto nas costas.

Quando chegamos no rio, bem ao norte da propriedade dos Cullen, eu me sentei em sua margem. Tirei os chinelos e deixei meus pés brincarem na água gelada.

-                   Ai! Crianças acalmem-se, vocês estão deixando a mamãe com dor nas costas!

Eu falei com minha barriga.

Eles não se acalmaram. Então veio outra pontada, e outra. Comecei a pensar se talvez não fosse melhor voltar e procurar meu pai, mas estava tão agradável ali, eu não queria encontra-lo. Ele iria me bombardear com perguntas e explicações que Marcus provavelmente criara para me fazer mudar de idéia, e eu não estava com paciência.

Comecei a respirar mais fundo, e deixei o ar entrar em meus pulmões. Um vento suave começou, vindo do leste.

-                   Opa! Eu disse para minha barriga.

-                   Mamãe está ficando louca.

Aquele perfume suave e adocicado, tão envolvente. Fiquei pensando o que o desejo nos faz! Eu estava ali, no meio dos Estados Unidos, e sentindo o cheiro de alguém que estava lá na Itália.

            Deixei as mãos caírem na barriga, fazendo carinho em meus vampirinhos.

-                   Ainda bem que ele não está aqui, mamãe está parecendo que engoliu uma melancia!

-                   Você está linda!

Um calafrio percorreu minha espinha. Eu sentia o som vindo de traz, mas não queria me virar. Eu tinha medo de estar certa, e tinha medo de estar errada. Não queria me virar e ver que ele não estava lá e que eu o queria ali. E tinha medo de me virar e perceber que ele estava realmente ali, e que eu não saberia o que dizer. Então, continuei parada, imóvel. E a voz continuou:

-                   A mulher mais linda que já existiu, a que mais amei e amo. E a que quero ao meu lado, pela eternidade.

Senti meu coração gelar – ele estava mesmo ali. Sua mão pesada e fria tocou a pele do meu ombro. Meu corpo se arrepiou em resposta.

Eu não conseguia me mexer. Estava paralisada. Tudo que eu havia pensado dizer, toda a raiva que eu havia sentido, sumiram naquele momento. Eu me sentia uma colegial boba e inexperiente. Outra pontada nas costas. Eu reprimi. E outra ainda mais forte, essa não deu para reprimir.

-                   Ai!

-                   Não, não, não - Eu pensei – não vão fazer isso com a mamãe! Agora não, agora não!

Demetri sentou-se ao meu lado, segurando meus ombros.

-                   Está tudo bem?

Eu queria ignorar a dor e conversar com ele, mas estavam cada vez mais difíceis. As contrações vinham cada vez mais ritimadas.

-                   O que você está fazendo aqui?

-                   Achou mesmo que eu iria deixa-la?

-                   Achei. Você me disse que se fosse minha vontade, você deixaria!

-                   Satine, meu amor. Quando olhei em seus olhos, naquela campina ontem, eu tive certeza de que não era sua vontade, assim como não era a minha também. Então, eu fiquei. Nós precisamos conversar.

-                   Precisamos mesmo, mas não agora. Eu preciso que chame meu pai.

Passei o celular para a mão de Demetri.

-                   É só discar o numero um, eu programei o celular dele.

-                   Amor, não tem área aqui!

Naquele momento eu quis xingar Jacob, aquele agourento! Tudo estava perfeito hoje de manhã, como as coisas podiam mudar tão rapidamente?

-                   Ai!

Outra contração me golpeou. Eu estava apavorada, não sabia o que fazer. Eu já havia feito muitos partos, mas não queria fazer o meu! Eu queria o meu pai comigo. Queria uma cama quente e anestesia, se fosse possível!

Quando não consegui mais controlar a dor, comecei a chorar. Demetri estava apavorado, olhando para mim com os olhos arregalados, sem saber o que fazer.

-                   Pelo amor de Deus Satine, me diga o quer que eu faça!

-                   Quero que vá embora! Aliás, nem sei porque você está aqui.

-                   Não acredito, que no meio do nascimento dos nossos filhos você consegue pensar em brigar comigo!

Aproveitei a dor imensa que eu estava sentindo e usei-a para ter forças de dizer o que eu pensava para ele. Então, ele achava mesmo que eu esqueceria tudo, só porque ele havia ficado em Forks.

-                   Primeiro, são meus filhos! Segundo, se você pode se esqueceu de tudo que aconteceu e ficou com aquela, aquela... aquela desfrutável novamente, não direito nenhum de estar aqui!

-                   Ficou maluca? Do que você está falando?

-                   Demetrius Ulrich Vendelstein, não finja que não sabe do que eu estou falando! Eu estou com muita dor para piadinhas!

-                   Puxa, meu nome humano! Devo supor que o assunto é mesmo sério?

-                   Demetri!

-                   Perdoe-me Satine, mas eu realmente não entendo. Naquela noite, em que você foi ao castelo, eu estava ferido. Lutamos contra um vampiro psíquico no sul, ele havia me tirado a consciência. Caius havia prometido que seria a última luta, por isso eu havia lutado. Quando acordei, soube de sua chegada e fui vê-la. Caius me disse que você havia mudado de idéia e pediu que eu me afastasse, tentei conversar com você, mas você não me deu chance. Você o beijou. E então eu a deixei ir.

O mundo girava ao meu redor. Um pouco pela dor, um pouco pelas revelações. Eu não conseguia acreditar, embora quisesse mais do que tudo.

-                   Está querendo me dizer que não esteve com Heidi?

-                   Satine, eu não estou com Heidi, desde a primeira vez que a beijei. Não existe outra mulher para mim, eu a amo, sempre amei.

-                   E a garota?

-                   Que garota?

-                   A garota morta, a que vocês sugaram o sangue e descartaram como uma coisa!

-                   Amor, eu não sei do que está falando. Eu não faço idéia. Não me alimentei de garota alguma. Na verdade nem ando me alimentando muito.

Eu olhei em seus olhos, o carmim estava escuro, quase negro. Demetri estava mesmo com sede e estava sendo sincero.

-                   Então, era isso que Marcus queria me dizer?

-                   Sim. Marcus descobriu a armação de Caius e me contou.

-                   Porque não me procurou antes?

-                   Tive medo.

-                   Medo?

-                   Eu não queria olhar para você e ver que Caius tinha razão. Eu queria tanto acreditar em Marcus que não queria ouvir você. Eu fui covarde.

Eu não sabia o que dizer, não conseguia me concentrar. Se não fosse pela dor absurda que eu agora sentia, eu provavelmente teria me atirado nos braços de Demetri. Graças a ela, eu não o fiz.

-                   Demetri por favor, eu preciso do meu pai.

-                   Quer que eu vá busca-lo?

Eu grudei em seu braço com toda a força que me restava.

-                   Não! Por favor, não me deixe aqui sozinha.

-                   Acalme-se, vamos dar um jeito. Eu prometo.

Demetri me segurou em seus braços e me ergueu do chão.

-                   Segure-se em mim, meu amor, eu vou leva-la para casa.

Eu me aninhei em seu peito, sentindo seu perfume adocicado e então, não me lembro de mais nada.

            Eu conseguia ouvir vozes ao longe, mas não podia me manifestar. Eu não sentia mais dor, não sentia mais nada. Não sentia nem meus bebês.

            Ouvi Jacob dizer alguma coisa como: “a cabana é mais perto” e “espere aqui com ela que eu vou busca-lo” mas nada fazia muito sentido.

            Ouvi a voz de Demetri me tranqüilizando e em seguida a voz de meu pai. Ele estava agitado e eu não conseguia entender porque.

-                   Vamos ter fazer uma incisão!

Opa, essa parte eu entendi – alguém queria me cortar. Será que havia algo de errado com meus bebês? Meu coração disparou e usei o pouco de forças que eu ainda tinha para perguntar:

-                   Pai, o que aconteceu?

-                   Acalme-se querida. Tudo vai dar certo. Eu mesmo vou cuidar de tudo.

Por mais que eu não conseguisse ficar calma naquele momento, eu também não conseguia dizer ou fazer mais nada. Deixei que o líquido em minha veia fizesse sua função e dormi.

Ser uma vampira ás vezes é complicado. A anestesia não ajudou muito e também não durou muito tempo. Acordei a tempo de sentir a lâmina abrindo meu ventre e grudei no braço do primeiro que passou por mim – Jacob.

-                   Ai! Calma aí garota, assim você vai arrancar meu braço!

Demetri apareceu e tirou o pulso de Jacob da minha mão, entrelaçando os dedos nos meus. Enquanto seus dedos brincavam nos meus, eu percebi que tudo daria certo. Nós dois havíamos caminhado tanto para chegar até ali, tudo teria que dar certo, e me acalmei. Logo depois, um chorinho acanhado ecoou na cabana da floresta. E outro se seguiu, um pouco menos tímido. Uma lágrima desceu, quente e sofrida por meu rosto – meus filhos estavam lá.

Meu pai sorriu, e levantou cada um no ar.

-                   Mais um Cullen!

Edward veio até mim, com um de meus pequenos nos braços, uma menina. As lágrimas não me deixavam vê-la como eu queria, mas era linda e delicada.

Jacob pegou o outro e trouxe pelo outro lado. Um menino, grande e robusto, como nossos amigos lobos.

Eu ainda sentia muita dor e enquanto meu pai suturava minha barriga, com meus bebês em segurança, eu desmaiei.

Acordei algum tempo depois, eu estava limpa e vestida, deitada em minha cama. Demetri ao meu lado.

-                   Como eles estão?

-                   Está tudo bem, meu amor, eles estão ótimos.

-                   Eu quero vê-los.

-                   Vou chamar, fique aqui e não se levante. Você ainda deve ter tonturas.

Eu assenti com a cabeça e Demetri saiu.

Quando voltou, trazia nos braços meus pequenos vampirinhos. Uma linda garotinha dos cabelos dourados e os olhos quase amarelos, pele branca e bochecha rosada. E um garotinho dos cabelos pretos e lisos e os olhos de um castanho profundo. A pele dois tons acima da minha e um sorriso quente na boquinha vermelha. Minha vampirinha e meu lobinho.

Demetri sentou-se ao meu lado e colocou-os em meus braços com cuidado.

-                   Já pensou em algum nome?

-                   Ainda não. Quero apenas que ela se chame Marie, como eu e minha mãe.

-                   Então serão: Gavriel Ulrich Cullen Vendelstein como o Conde dos Cárpatos, meu avô. E Amellie Marie Cullen Vendelstein, Amellie como minha mãe, a princesa da Irlanda; e Marie como sua mãe, grande ancestral dos lobos.

-                   Perfeito!

-                   Tem mais uma coisa, Srta Satine Marie Cullen.

Demetri ajoelhou-se ao pé da cama e tirou do bolso uma caixinha de cristal.

-                   Quero que seja minha.

Eu sorri, afagando os cabelos de meu Gavriel. Enquanto Amellie tentava se aninhar do outro lado.

-                   Eu sempre fui e sempre serei, por todos os dias de minha eternidade.

-                   Acho que não entendeu bem, amor. Eu a estou pedindo em casamento. Quero que seja minha esposa.

-                   Demetri eu... eu... nem sei o que dizer.

-                   Diga que sim, e será eternamente minha senhora.

Eu estendi os braços para ele, e ele se aproximou. Toquei sua orelha com a ponta de meu nariz, sussurrando em seu ouvido.

-                   Sim!

Demetri me beijou, demoradamente. Amellie resmungou em meu colo – tão pequena e já brigando pela atenção de um homem!

Ele a segurou nos braços e beijou sua testa, ela sorriu. Amellie era a mais parecida com Demetri. Uma princesinha, com seus cabelinhos louros e sua pele de porcelana. Foi quando senti um cheiro conhecido perto da porta.

-                   Alice, pode para de fingir que não estava ouvindo e entrar!

-                   Me desculpe, mas é que eu não resisti!

-                   Tudo bem, Alice, não é um segredo.

-                   Não? Então, posso chamar os outros?

-                   Pode Alice.

Antes que disséssemos qualquer coisa, todos estavam no quarto – ter irmãos com poderem mentais, ás vezes era bem irritante!

Quando meu pai entrou no quarto, com minha mãe ao seu lado, Demetri assumiu a postura do general que era:

-                   Carlisle, se não se importa, eu sou um homem de outros tempos.

-                   Eu também, meu amigo.

-                   Sendo assim, gostaria de lhe pedir a mão de Satine em casamento. Sei que cometi erros, mas quero que saiba que daqui para frente, eu farei tudo que puder para faze-la feliz, todos os dias de minha eternidade.

-                   Todos nós cometemos erros, meu amigo. Satine sempre pertenceu a você, antes mesmo de mim. Eu jamais separaria um amor como o de vocês. Quero que saiba que eu entrego em suas mãos, meu bem mais precioso. Ame-a como ela merece, e terá minha eterna gratidão.

Demetri veio até mim e abriu a caixinha, tirando dela uma aliança de ouro e rubis absolutamente linda.

-           Esta, foi a aliança de minha avó, a condessa dos Cárpatos. Ela e meu avô tiveram uma vida longa e feliz juntos, como será também a nossa, minha princesa.  

Alice interrompeu, é claro. Assim que Demetri colocou a aliança em meu dedo.

-                   Ai que lindo!

Alice era mesmo impossível. Ela abraçou Demetri, e em seguida quase arrancou Gavriel de meus braços, levanto-o no ar.

-                   Precisamos começar a pensar na festa da mamãe!

Naquela noite estrelada, eu fui a pessoa mais feliz do universo. Demetri, o homem de minha vida estava lá. Eu sentia seu perfume no ar; e sentia suas mãos fortes em volta de mim, enquanto afagava o rosto de meus bebês. Nada poderia me dar mais felicidade. Eu tinha todo o amor de que precisava ali, em meus braços. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Filha da Lua" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.