The Secret Of The Spy escrita por Fafa Moraes


Capítulo 6
Capítulo 6 - Palavras Mágicas


Notas iniciais do capítulo

Nada à declarar.



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Voltamos para a escola e estava tudo perfeitamente em seu devido lugar, sem dúvidas ninguém estava preocupado comigo ou com a Emilly, e eu já sabia disso...Todos sabem que eu e ela saímos daqui quando bem entendemos e, na verdade, ninguém liga para quando ela falta as aulas, até mesmo porque nós temos uma espécie de permissão especial para isso por sermos mais do que só alunas desse lugar.

A primeira coisa que eu fiz quando cheguei ao quarto foi pegar o livro. Sim, eu ia finalmente começar a traduzi-lo, algo dentro de mim me dizia que essa era a hora de começar a fazê-lo e, de qualquer forma, eu estava muito curiosa para saber mais sobre ele, para saber o porque dele ter aparecido na minha vida e forma tão inusitada, para saber se ele tinha algo a ver com as coisas tão estranhas que estavam acontecendo..Eu estava curiosa para saber cada vez mais sobre esse mundo, sobre o mundo ao qual eu verdadeiramente pertenço. Provocação ao meu pai? Em um certo ponto sim, mas, eu realmente queria saber, e a Emilly, sem dúvidas também estava curiosa.

- Finalmente você vai começar a traduzir esse livro, Julliet! Eu já estava tendo um treco de tanta curiosidade! - Emilly, sempre tão histérica... -

- É, eu enrolei o máximo que pude, mas, acho que agora eu realmente vou ter que começar a fazer isso...E odeio isso. Na verdade eu tenho medo...

- Medo? Julliet Baker Night, com medo?

- Eu estou falando sério, Emy! E se tudo que está acontecendo tiver alguma relação com o livro? E se a partir do momento em que eu começar a traduzir o que está escrito as coisas piorarem? Não estamos falando de pesadelos comuns ou de um livro comum, Emilly, estamos falando de pesadelos quase que reais, e de um livro milenar que contém segredos poderosos de magia.

- Ok, eu já entendi, Julliet, a coisa é séria. Agora, para de falar assim, me da arrepios...Você vai ou não traduzir essa coisa?

- Vou, ao menos começar eu vou, mas, acho melhor você não ficar aqui...Só por precaução, sabe?

- Ah, mais porque?!

- É magia, Emilly, eu não sei o que pode acontecer...

- Ok, eu saio! Mas, você tem que me prometer me mandar um SMS ou me ligar a cada cinco páginas traduzidas, mocinha! Eu não fui até aquela biblioteca com você a toa!

- Ok, eu prometo.

- Cinco páginas, em! - ela reforçou, saindo do quarto -

Respirei fundo, encarando o livro em minhas mãos; eu realmente queria poder ignorá-lo, devolvê-lo na biblioteca e fingir que nada havia acontecido, mas, realmente não podia...Não conseguia, eu precisava fazer aquilo, era agora ou nunca e nunca não era uma opção.

- Aperire, ostendere, te exhibe nocte ac die - Abra,  mostre-se, revele-se noite ou dia - sussurrei três vezes, devagar e calmamente, esperando sentir algo grandioso dentro de mim assim que a proteção do livro fosse desativada, e assim foi...

Fui folheando o livro pouco a pouco, ficando cada vez mais encantada com as páginas decoradas perfeitamente com espirais e luas, desenhadas à mão, página por página, sendo provavelmente mais do que um desenho decorativo, representando algo mais forte do que eu poderia entender naquele momento, não eram apenas desenhos, e eu sentia isso...

Depois de um tempo hipnotizada pela textura de cada página, pela letra tão bela e delineada em preto, que mostrava palavras conhecidas e desconhecidas, na língua mais misteriosa de todas: o latim, eu finalmente voltei ao começo do livro, pegando papel e caneta para anotar as traduções e um dicionário de latim, que eu havia achado a bastante tempo atrás na mesma biblioteca, caso eu tivesse alguma duvida, já que graças ao meu querido pai, a minha mãe não me ensinou completamente o latim.

Tamquam magicis carminibus personat

arcana inibi continentur, exercere potestatem, totum universum, in omni verbo, vel versutia possit adhiberi sapienter signa destinatum.” - li, em voz baixa, logo reconhecendo algumas palavras e então escrevi a tradução no caderno: Magia fala como magia,

os segredos aqui contidos, exercem força sobre todo o universo, cada palavra usada com sabedoria ou com ingenuidade pode selar um destino. -

Respirei fundo, só esperava estar usando o conteúdo do livro com sabedoria, e não ingenuamente...

Prossegui, sem esitar, eu sentia algo dentro de mim, algo encantador, aquele livro possuía poder, possuía mais magia em si do que eu poderia imaginar ser possível e eu sentia isso, sentia de uma forma sublime e poderosa...

“Solis lunae omnia dicere non possum,

Diem nox, quia non intelligunt,

Luna singulis ejus apicem,

Unusquisque secundum suam virtutem,

Lucis est in aequilibrio,

Tenebras, absolutam

Lumen confortans,

Tenebris segante,

Tenebrae sunt tenebrae,

Lumen de lumine ut ...”

*As luas dizem tudo que o sol não pode dizer,

A noite sabe tudo que o dia não consegue entender,

Cada lua em seu ápice,

Cada uma com seu poder,

A Luz é o equilíbrio,

As trevas, o absoluto,

A luz é o confortante,

As trevas, o cegante,

As trevas são a escuridão,

A luz, simplesmente a luz...”

Aquilo era algum tipo de aviso, algo que eu não conseguia compreender, algo que diferenciava a luz das trevas, algo que provavelmente seria necessário no livro, porém, eu não queria pensar naquilo...Se era mesmo um aviso, significava que algo ali poderia ser perigoso. Estremeci, tentando não pensar nisso, então simplesmente ignorei e prossegui, passando de página.

Essa página era decorada com espirais diferentes, que acabavam de cada lado em luas crescentes, ao contrário da página anterior, que não possuía nenhuma lua, apenas espirais somente por metade da página, que eram em um tom dourado, ao contrário da escrita, que era feita somente em tinta preta.

“Nocte vocat,

noctis invocat,

dimittam magicae earum

Eligite luna,

Etiam conscendens

Nova nulla

Libera te

Arebant ut sic,

Impleri non

Clama in fortitudine tua

Magicae invenire,

Signa destinatum”

Assim que eu li esse trecho, as luzes do quarto se apagaram, e eu senti algo muito forte, eu conhecia aquelas palavras..Eu as conhecia de algum lugar.

De repente, a minha cabeça começou a dor de uma forma incontrolável, e as mesmas palavras foram sussurradas na minha mente, eram as palavras do sonho.

A dor era indescritível, toda a minha cabeça girava, até que de repente o livro se fechou.

Sozinho, como se tivesse agido por conta própria, minha cabeça parou de doer, o sussurrar em minha mente foi substituído por um silêncio sepulcral, e de repente, tudo parecia ter voltado ao normal.

Peguei o livro e o guardei de volta em uma gaveta que era trancada por chave e saí do quarto, indo procurar a Emilly para dizer o mais rápido possível a ela o que tinha acontecido, que era assustadoramente estranho.

Eram as mesmas palavras do pesadelo, ao menos algumas delas, e disso eu tenho certeza, até mesmo porque a minha cabeça começou a girar e a doer da mesma forma que antes. No fundo eu sempre soube que esse livro tinha algo a ver com as coisas estranhas que andam acontecendo ultimamente, porém, algo dentro de mim me fazia querer negar com todas as forças possíveis, algo dentro de mim queria que esse livro já mais tivesse entrado na minha vida, o que era, sem dúvidas, impossível de acontecer.

Procurei a Emy em vários lugares até finalmente encontrá-la no refeitório, onde ela estava conversando com Mary. Admirava muito o fato dela fazer amizade com uma novata, não posso deixar de admitir isso, porém eu não podia esperar, sem dúvidas o que eu tinha à dizer era muito mais importante do que o início de uma amizade que na verdade já havia sido iniciada, ou ao menos eu achava que era.

- Emilly, eu preciso falar com você. - disse diretamente, sem nem ao menos me preocupar em direcionar alguma palavra a Mary. -

- Mas agora? Eu e a Mary estamos conversando, e acho que você adoraria saber que...

- É sério, Emy, eu preciso falar com você, agora. - continuei com um tom sério e imponente, deixando bem claro que era algo realmente de suma importância, o que sem dúvidas era verdade -

- Tudo bem... - ela se deu por vencida - Depois você continua a me contar o que estava dizendo, ok, Mary? - a garota que estava sentada sobre uma cadeira e encarando fixamente a mim e a Emilly como se quisesse nos perguntar o que era tão importante assim assentiu, deixando claro que não se importava em ter a conversa interrompida, embora algo no fundo de seu olhar revelasse que no fundo ela não queria que a Emy fosse comigo. -

A Emilly começou a andar juntamente comigo, e assim que saímos do refeitório ela logo foi disparando um milhão de perguntas sobre a minha atitude.

- O que foi aquilo, Julliet?! Foi você mesma que disse que a Mary era legal e que seria uma ótima amiga e agora você a tratou como se ela fosse invisível! O que você quer tanto falar comigo que é tão importante assim? - Suspirei, fechando os olhos com força e sendo obrigada a admitir para mim mesma que eu realmente deveria pedir desculpas para a Mary mais tarde -

- Depois eu falo com ela, ok? O que eu tenho a dizer realmente é importante, mas, não posso falar aqui, vamos para um lugar mais reservado, e com isso quero dizer reservado mesmo. Alguma dica?

- Vamos para a sala do meu pai,  ele está dando aula agora e não vai se importar se formos até lá. - Emilly disse, e sem demora começou a andar até a sala de seu pai -

Assim que chegamos à sala de Jack, Emilly foi logo pedindo explicações, como eu já sabia que seria; quando ela ficava incomodada com algo isso era realmente bem visível, e deu para entender que ela não gostou nem um pouco de ter a conversa com a Mary interrompida.

- Ótimo, já estamos em um lugar mais reservado como você queria...Agora desembucha logo!

- Ok. Eu estava traduzindo o livro, como você sabe, até que eu li umas coisas e aconteceu o mesmo que no pesadelo.

- Como assim? Vai me dizer que apareceram um bando de pessoas estranhas, até mesmo aquele garoto não tão estranho do shopping formando um círculo em volta de você?

- Não, e você entendeu muito bem o que eu quis dizer, Emy! A dor...As palavras sendo sussurradas dentro da minha cabeça de forma torturante, como no sonho. E eram aquelas palavras. O que está escrito no livro faz parte do sonho, e eu tenho certeza, porque assim que eu as li, mesmo em latim, consegui reconhecê-las e logo minha cabeça começou a doer, e bom, você sabe o que aconteceu. E agora, o motivo por eu ter te chamado é ou não realmente importante?

- Ok, você estava certa, isso é muito, muito importante. E confuso. E estranho. E sinistro.

Eu sei... - disse, suspirando logo em seguida - Eu só queria saber o porque disso tudo estar acontecendo, porque o livro caiu, porque aquele “terremoto” aconteceu...

- Eu também queria, Julliet, e queria principalmente não ter que me envolver nisso.

- Você está dizendo que você não vai me ajudar, Emilly?

- Não; eu estou dizendo que queria  não me envolver nisso, mas, que tipo de amiga eu seria se não te ajudasse, Jullie?

- Obrigada mesmo, Em. Acho que vou contar tudo para o tio Chris, talvez ele nos ajude, sei lá...Ele pode me ajudar a falar com a minha mãe, o que seria bem útil já que ela estava no pesadelo.

- Acho que podemos falar com ele agora, já é noite, os alunos já saíram da sala, só temos que procurá-lo.

- Piscina. - eu disse, sem expressão -

- Como?

- Ele deve estar na piscina; que outra pessoa além de nós você vê na piscina a noite, Em?

- Só ele. É, você está certa, ele deve estar na piscina.

- Vamos até lá. - eu disse, já começando a sair da sala, até que ela me interrompeu...

- Ei, Julliet!

- Que foi?

- Já que vamos até lá, será que a gente não poderia...

- Sim, Emilly. - respondi antes mesmo de terminar de ouvir a pergunta - A gente pode ficar na piscina, vamos no quarto trocar de roupa primeiro, ok? - ela assentiu -

Fomos até o quarto, e enquanto a Emilly vestia sei biquíni eu aproveitei para checar se o livro continuava na gaveta onde eu o havia colocado, embora eu soubesse que sim.

Abri e a gaveta e, como o esperado o livro estava lá. Não o abri, tinha medo de fazê-lo e acabar começando com tudo de novo: a dor de cabeça, as palavras...Apenas fiquei observando-o e dedilhando suavemente as três luas de metal que decoravam sua capa de couro; fazer aquilo me fazia bem de uma forma que nem eu mesma conseguia compreender, era como se eu me sentisse mais segura, mais protegida, mais calma...Até que algo foi sussurrado em minha mente:

- Procure-o.

Dessa vez não tinha dor, não tinha confusão mental e nem latim, era apenas uma palavra sussurrada somente na minha cabeça.

- Procure-o.

Novamente, e então eu percebi o quão estranho aquilo tinha sido. Peguei o livro e coloquei-o de volta na gaveta, trancando-a e escondendo a chave; queria não pensar no que havia acontecido, mas, sabia que isso não seria possível.

Procure-o. O que aquilo queria dizer? Estavam obviamente me mandando procurar alguém, mas, quem? Quem eu tinha que procurar, e porque? Porque a cada vez que eu tocava no livro algo estranho acontecia?

Todas as perguntas foram caladas assim que a Emilly saiu do banheiro, apenas sorri para ela, sem contar nenhum detalhe do que havia acabado de acontecer e disse:

- Vamos; teremos uma longa conversa com o Tio Chris.

- - -

Fomos até a piscina e, como o esperado o Christophe estava lá, curtindo a piscina e observando as estrelas no céu, esse é um ponto que temos em comum: eu também amo observar o céu a noite, as estrelas, a lua, as nuvens....Fazer isso é como se por um momento nada além daquilo existisse, como se eu percebesse o que realmente o universo é e ao mesmo tempo como se as estrelas fossem muito mais do que mais que imensas bolas de fogo a milhares, talvez milhões de quilômetros de distância.

- Olá, meninas, vieram se juntar a mim na piscina? - Tio Chris perguntou, assim que nos viu chegando -

- Sim, e também acho que está na hora de você saber sobre o meu pesadelo daquele dia, tio.

- Ok, tudo bem; na verdade eu iria te perturbar até você resolver me contar sobre o pesadelo se não fizesse isso por vontade própria, Julliet. - ele disse, fazendo sinal para mim e a Emilly entrarmos na piscina, e o foi o que fizemos; pouquíssimos minutos depois eu já estava contando absolutamente tudo para ele: Sobre o pesadelo, o circulo em volta de mim, a dor que eu senti, o cara estranho que vimos no shopping, sobre a minha mãe estar no sonho, sobre como tudo parecia se alterar entre três realidades...Sobre tudo, menos sobre o livro; precisaria de um pouco mais de tempo para isso, precisaria descobrir mais sobre aquele livro, sobre o que aquilo tudo significava antes de revelar para alguém - até mesmo para o meu tio que é alguém totalmente confiável - sobre estar com o livro.

Depois de um tempo e de alguns mergulhos, finalmente o tio Chris conseguiu dizer algo:

- Normalmente em pesadelos as pessoas sonham algo com muitas aranhas ou monstros, não com círculos aparentemente mágicos e nem ficam com dores de cabeça.

- Nossa, tio, foi a coisa mais útil que você já disse na vida! - eu lancei um olhar um tanto maléfico para ele -

- Ok, eu já sei o que você quer: descobrir mais sobre esse pesadelo estranho. - ele finalmente chegou onde eu queria -

- Sim, e eu acho que deveria falar com a minha mãe sobre isso... - respondi, quase em um sussurro -

- Com sua mãe? Como você vai conseguir falar com ela sem que o meu querido irmão saber e sem contar o porque quer falar com ela pra ele?

- Boa pergunta...E, é meio que por isso que eu vim falar com você, eu quero pedir a sua ajuda, tio Chris...Você sabe o quanto é difícil enganar o meu pai, e eu não conseguiria fazer isso sozinha.

- Tudo bem, eu te ajudo. - ele suspirou - Mas, acho que se seu pai descobrir ou ao menos desconfiar sobre algo a terceira guerra mundial acontece.

- Ou...Ele me interna em algum tipo de clínica maluca porque acha que eu estou ficando louca.

- Ele não consegue aceitar mesmo quem você é, não é? - ele passou um de seus braços em volta de mim  -

Não mesmo. - eu respondi, suspirando - E o pior é que eu não entendo o porque! Ele não sabia que ela era uma bruxa? O que faz ele descontar tudo isso em mim? Eu simplesmente não entendo porque ele não pode simplesmente aceitar que eu não sou como ele, que eu não sou humana e que nunca vou ser? - meus olhos se encheram de lágrimas repentinamente, que ameaçavam começar a escapar a qualquer momento, tio Chris, notando isso deu um longo suspiro e se voltou para a Emilly:

- Ei, Emy, você pode nos deixar sozinhos por um tempo?

- Hã? - Emilly, que até agora estava totalmente hipnotizada, encarando o nada despertou de seu tranze - Sim, claro que posso...

Assim que ela já havia se afastado o suficiente, Christophe continuou...

- Olha, Julliet, eu imagino o quanto isso tudo deve ser difícil pra você, e agora mais ainda com tantas coisas estranhas acontecendo e, sem poder falar com sua mãe e com seu pai te proibindo de ser quem você é o tempo todo deve ser mais difícil ainda, mas, eu só quero que saiba que você pode contar comigo, tudo bem? Afinal, eu sou seu tio...Sem dúvidas um comediante nato onde na personalidade o sarcasmo e a ironia reinam, mas, eu também sou um adulto, um adulto que se preocupa com você, de verdade...Eu odeio dizer isso, mas, talvez eu me preocupe com você mais do que o seu pai, mas, acredite, ele te ama, provavelmente ele tem um coração, embora eu ache que deveriam ser feitos estudos bem detalhados para chegarmos a essa conclusão e não apenas tirarmos conclusões precipitadas com o meu achismo, mas, ele te ama Julliet, talvez não a parte de você que não é humana, mas, mesmo assim ele é o seu pai.

- Eu fico impressionada como até fazendo um discurso totalmente sentimental você consegue ser um palhaço, mas...Talvez ele não me ame nem um pouco, e na verdade eu não sei se eu realmente me importo com isso...Apenas seja sincero, tio, você realmente não se importa que eu não seja totalmente humana?

- Nem um pouco, Julliet, eu nunca me importei, na verdade eu acho que isso só te torna mais especial pra mim, e não é á toa que eu fiz uma promessa a sua mãe.

- P-promessa?

- Sim, no dia em que seu pai separou vocês duas eles tinham brigado, foi a briga mais feia que eles tiveram...No início de tudo o seu pai ficou totalmente encantado pelo fato de sua mãe ser uma bruxa, ele queria saber cada vez mais e mais, até mesmo pelo fato de saber o quão importante os livros mágicos guardados no FBI são, antes de sua mãe ele já sabia, assim como eu sobre a existência de bruxas e de magia e aceitava isso perfeitamente, mas, eu não sei o que deu nele pra ser assim com você e eles brigaram exatamente por isso. Seu pai amava todo esse lance de magia, de sobrenatural, porém ao perceber que isso também te afetava ele começou a mudar...Começou a não querer te envolver nisso tudo embora soubesse que você sempre esteve envolvida nisso e então eles brigaram, foi uma discussão longa, seu pai queria afastar você dela e de todo esse mundo mágico o mais rápido que pudesse e sua mãe nunca concordou com isso, ela gritou com ele mais do que nunca, e ficou muito abalada com a decisão que foi tomada, porém, ela não podia fazer nada, ele era e ainda é uma grande autoridade e ela “só” uma bruxa, que tipo de juiz ia acreditar no argumento “Dane-se se ele é um espião do FBI, eu sou uma bruxa!” é, nenhum...E então ela foi falar comigo, ela sempre soube que eu não concordava com as atitudes do meu irmão e então me pediu que tomasse conta de você, não como ele fazia e ainda faz, mas, que nunca deixasse você se esquecer de quem realmente é, do que realmente é, pediu para que eu nunca deixasse o seu pai extinguir esse lado de você, para que sempre te consolasse quando ele passasse dos limites e, acredite, Julliet, ela chorou muito tendo que te deixar, eu passei horas abraçado a ela consolando-a e prometendo mil vezes que tudo iria ficar bem, que você sempre ia ter orgulho de quem é, que nunca ia deixar as tolices do seu pai te impedirem de ser, acima de tudo, uma bruxa. -

Eu estava totalmente sem palavras...Não esperava ouvir aquela história, e depois daquilo tudo eu não pude mais segurar: as lágrimas finalmente rolaram pelo meu rosto.

- E-ela realmente...realmente te pediu isso?  - perguntei, ainda chorando -

- Sim, e eu prometi a ela que iria cumprir. Acredite, Julliet, eu já mais quebraria uma promessa desse tipo; não importa o que eu tenha que fazer, eu não vou deixar seu pai impedi-la de ser quem você realmente é, não se preocupe. Eu não sei se você se lembra muito bem da sua mãe, mas, ela te ama, tudo bem? E eu vou tentar arrumar um jeito de juntar vocês duas novamente, eu sei o quanto você quer e precisa falar com ela sobre tudo isso que está acontecendo...

- Obrigada, de verdade, tio, muito obrigada. Como você vai passar por cima do meu pai para fazer isso?

- Ele te proibiu de falar com sua mãe, mas, não proibiu a mim, até mesmo porque eu já mais aceitaria ordens dele...Eu prometo que vou falar com ela, tudo bem?

- S-sim. - eu disse, gaguejando. Tudo aquilo estava acontecendo muito rápido; quanto mais eu precisava da minha mãe e de tudo que ela poderia me contar mais o meu pai me insistia em afastar dela, quanto mais eu chegava perto de descobrir algo realmente importante sobre mim mesma, mas ele me afastava do que eu realmente sou, eu simplesmente não aguentava mais ser vigiada por ele vinte e quarto horas por dia. E então, as lágrimas continuaram a escorrer, cada vez mais intensamente...

- Tudo vai ficar bem, Julliet, eu prometo. - Tio Chris me abraçou, me segurando com força e, por incrível que pareça eu me sentia protegida ali, com ele. Qualquer outra garota ficaria com vergonha de estar abraçada com o seu tio sarado e considerado super gostoso em uma piscina, porém, eu já havia perdido a conta de quantas vezes ele havia me consolado, abraçado e protegido daquela maneira enquanto o meu pai apenas me ignorava. 


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Notas finais do capítulo

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