The Secret Of The Spy escrita por Fafa Moraes


Capítulo 2
Capítulo 2 - Night


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridos espiões, sendo vocês metade bruxos ou não! *0*
Sabe aquela história que você planeja por meses, se segurando para não postá-la, até ter capítulos o suficiente para não ter que escrever sob pressão, e quando finalmente à posta, esperando ter vários leitores e comentários, só uma pessoa comenta? Pois é, triste isso, não é? Querem mudar essa situação? Eu adoraria...
Eu tenho mais de um leitor aqui? Por favor, digam que sim! *0*
A partir desse capítulo, a história começa a ficar mais misteriosa...
Boa Leitura
P.S.: Desculpem qualquer erro de ortografia



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Acordei no dia seguinte com o sol entrando pela janela do quarto, eu simplesmente odeio quando esqueço de fechar as cortinas, embora seja algo que eu sempre faça, vai saber porque...

A preguiçosa da Emilly ainda estava dormindo, o que me deu o grande prazer de acordá-la, eu adoro perturbar minha melhor amiga, é realmente um dom que eu possuo, bom, ao menos é o que a Emy diz em uma frequência assustadora.

Peguei meu celular que estava em cima da escrivaninha, pluguei os fones de ouvido, fui até a cama da Emilly, coloquei os fones nos ouvidos dela e simplesmente coloquei a música mais barulhenta que eu encontrei, e corri para o outro lado do quarto, eu amo provocar a Emy, mas, também conheço o humor da minha melhor amiga de manhã, que, sem dúvida não é dos melhores, principalmente quando eu acordo ela, mesmo isso já sendo algo que eu faço a muito, muuuito tempo.

Um segundo depois de eu estar em uma distância segura a Emilly tirou os fones de ouvido, me olhou ainda totalmente sonolenta, mas, ainda com um olhar mortal, e disse:

-         Sorte sua que eu não tenho uma faca por perto, Julliet... – Acabei levando cinco travesseiradas na cara e por sorte, a Emilly não pensou em jogar o celular  em mim também dessa vez, sim, isso já aconteceu, várias vezes, e eu aprendi uma lição muito importante: se você for metade feiticeira e for acordar sua amiga estressada, sempre saiba um feitiço de levitação ou tenha o número de um médico. Ok, esqueçam a parte do médico, acho que eu exagerei um pouco.

         - Já parou de jogar coisas em mim ou eu vou ter que me trancar no banheiro que nem da ultima vez ? – eu disse, rindo da cara que ela estava fazendo –

         - Já parei, mas, que horas são Julliet?

         - 7:45, acho. É melhor nos arrumarmos, temos alunos para amedrontar, cara Hastings...

         - Evidentemente, querida amiga, mas, creio que isso seja um evento mais divertido nas aulas da tarde.

         - Está correta, mesmo assim, acho que...Porque que a gente tá falando desse jeito as 7:45 da manhã mesmo? São  7:45  da manhã!

         - Boa pergunta. Pode tomar banho primeiro, vou dormir mais, já que uma CERTA pessoa me acordou...

         - Você, dormir depois de já ter acordado e tido seu ataque me bombardeando com travesseiros? Duvido. – Havia uma coisa um tanto inusitada sobre a Emilly, uma vez acordada, ela só conseguia dormir de novo á noite, isso era um dos fatos por ela odiar quando eu a acordava, e o motivo pelo qual eu adoro fazer isso...

         - Até eu duvido disso, Julliet...

         Nos arrumamos e fomos até o refeitório, onde o café da manhã seria servido, eu como sempre, estava armada, não sei o porque de sempre estar armada estando dentro de uma escola de espionagem de segurança máxima, os alunos sempre acabam tendo mais medo de mim quando estou com uma arma, é claro, mas, não é só por diversão a custa de novatos que eu sempre estou armada, na verdade, eu nem sei porque, talvez já esteja acostumada com a presença de armas, talvez me sinta mais segura com uma, mesmo não tendo o porque de não me sentir segura, já que consigo ser tão mortal sem uma arma do que sou com uma.

         Ao entrar no refeitório é obvio que todos os alunos novos ficaram um pouco receosos, menos Mary, é claro, e eu já estava totalmente acostumada com isso. No geral no começo é sempre assim, todos ficam com medo, mas, depois percebem que eu não mordo e que eu adoro intimidá-los, mesmo assim é algo total e completamente divertido.

        Emilly e eu fomos para uma mesa bem longe de todos, onde poderíamos conversar em paz sobre qualquer assunto.

         - Você vai nas aulas matinais, Emy?  - perguntei, mergulhando minha colher na tigela de cereal –

         - Não. Eu não sou necessariamente obrigada a frequentar as aulas matinais, já que são totalmente inúteis para espiões, e, também sou uma ótima amiga, Julliet! Não poderia deixar você aqui sozinha, tão solitária, tenho que te fazer companhia! – Dei uma risada fraca, Emilly. Sempre arranjando um motivo esfarrapado me envolvendo para fazer o que ela faz, essa é minha amiga, ou ao menos uma pequena parte dela... –

         - Ok, eu também não tenho nada pra fazer mesmo, e ficar no escritório do meu pai ouvindo o quanto ele não quer que eu faça você-sabe-o-que não é exatamente a melhor opção do dia...

         - Julliet, eu acho que você realmente tem que falar com o seu pai sobre isso...Quer dizer, faz parte de quem você é, ele não pode simplesmente te proibir de fazer você-sabe-o-que pro resto da vida, bom, até mesmo porque você continua fazendo mesmo sendo proibida.

         - As chances do meu pai me ouvir são mínimas,  prefiro continuar com o meu trabalho clandestino.

         - Julliet.

         - Que foi?

         - Acho que qualquer pessoa que ouvisse essa conversa acharia que estamos falando sobre sexo e que você é uma prostituta. – Meu Deus, ela estava certa, não pude evitar, tive um ataque de riso, e, acreditem ou não, meus ataques de riso são coisas históricas.

-         - O pior é que você tá certa, Emy!

-         - Eu sempre estou, Night, isso é um fato... – mesmo com a Emy usando o tom profissional-sério-piadista eu não consegui parar de rir –

         - Socorro, eu não consigo parar de rir!

         - Vai me dizer que seu pai e os malucos que trabalham mas investigações químicas do FBI inventaram um gás do riso e resolveram testar em você? Meu Deus, Julliet, você está chorando de tanto rir! Eu não vejo você ter um ataque de riso tão grande desde que eu cai da escada  ano passado, pelo menos dessa vez você não está rido as minhas custas...

         - Não duvidaria nada que tivessem feito isso, Emy, mas, acho que agora eu consigo me controlar. – finalmente consegui parar de rir, suspirando –

         - Você precisa de um médico, Julliet...

         - Não, eu preciso de férias.

         - Até que isso não é tão má ideia... – O sinal tocou, fazendo com que todos os outros alunos fossem para suas salas e que eu e a Emy ficássemos sozinhas –

         - Eles foram para sala, não há ninguém por aqui além de nós... – eu disse, sorrindo maliciosa –

         - Julliet Baker Night, o que você está tramando, mocinha?! – Emilly me olhava com um olhar suspeito, sabia que eu estava pensando em algo, que poderia ser algo muito divertido ou algo muuuuuito errado e muito divertido  -

         - O que faz você pensar que estou tramando em algo, Emy?

         - Eu te conheço.

         - Ok, eu estou pensando em uma coisa, e, dessa vez é algo errado e divertido.

         - Hmm...Minhas categorias favoritas, prossiga...

         - Não tem ninguém por aqui, talvez um ou dois professores apareçam, mas, ninguém estranharia a gente andando pelo colégio, já que é isso que eu e você fazemos a maior parte do tempo, então, que tal usar esse nosso privilégio para ir até a biblioteca?

         - Nossa, Julliet! Ir a biblioteca realmente é algo proibidíssimo! Deveríamos ter pena de prisão perpétua!

        - Sua ironia me encanta, Emy...

         - É, eu sei, mas, ainda não entendi o que há de tãaaao emocionante em uma biblioteca...

         - Em uma escola de espionagem qualquer coisa pode ser emocionante, Emilly, principalmente quando Julliet Night está envolvida...Eu não estou falando em simplesmente ir até a biblioteca que todos os alunos freqüentam, cara Hastings, eu falo da parte secreta da biblioteca, a parte que apenas funcionários tem acesso, onde há livros sobre tudo que você imaginar, onde ficam os livros que os alunos só podem ter acesso com a folha de permissão de um professor, a parte da biblioteca de onde eu roubo coisas...

         - Você está falando em livros de magia, Night? Está falando em livros proibidos dos quais apenas agentes secretos sabem? De livros particularmente interessantes?

         - Exato, minha cara...

         - Julliet, você é de mais!

        - Eu seei...

Depois dos corredores ficarem completamente vazios eu e a Emilly fomos até a biblioteca, um lugar totalmente não movimentado, obviamente, já que esse lugar aqui não é nem de perto uma escola comum; mas, se você parar para procurar, e tiver acesso – sendo permitido ou não – as partes mais legais da biblioteca, ela pode se tornar um paraíso...

Entramos na biblioteca da forma mais escondida possível simplesmente pelo fato de que eu nunca vou a biblioteca, não de uma forma considerável normal ou fácil, então, se a bibliotecária me visse lá a primeira coisa que faria seria contar ao meu pai; não que eu realmente ligue pra isso, mas, não estou a fim de uma terceira guerra mundial e nem de ficar ouvindo um discurso enorme do meu pai dizendo “Não-use-seus-poderes,-você-é-uma-espiã-não-uma-bruxa” ou algo parecido...

Já estávamos dentro da biblioteca e fora de vista, agora, o que tínhamos que fazer era conseguir entrar na parte proibida, onde estavam as melhores coisas; não que realmente isso fosse difícil, já que eu tinha a chave de lugar. Ah, eu preciso deixar uma coisa clara: Não é como se aqui fosse que nem nos desenhos e filmes hollywoodianos que alguém puxa um livro de uma prateleira e uma passagem secreta se abre, não, estamos no mundo real, não em uma fantasia idiota de filmes. Mas, sim, as coisas aqui tem segurança máxima, bom, a maioria delas, protegidas com sistemas de segurança de alta tecnologia, ou, simplesmente coisas totalmente comuns e simples as quais apenas as pessoas certas tem acesso, e, acreditem ou não, isso dá totalmente certo; não que eu realmente seja uma pessoa considerada “certa” para entrar em todos os lugares que eu entro, mas, eu sei perfeitamente como conseguir enganar os sistemas de segurança, ou, simplesmente, como desativá-los; é nisso que dar deixar uma adolescente – híbrida ainda por cima – entrar em lugares secretos do FBI e ensinar a ela tudo que se consegue saber sobre essas coisas, estão vendo? A culpa não é minha!

Mesmo esse lance de espiões não ser que nem nos filmes, os detalhes ainda são muito, muito, muito importantes; quando se é um espião, você não pode olhar algo como um todo, mas, sim, prestar atenção nos detalhes, são os detalhes do crime que revelam o assassino, certo? Assim é que funciona o mundo da espionagem, em todos os sentidos que você possa imaginar, até mesmo para achar a entrada de um lugar...

Como eu já tinha vindo aqui antes milhares e milhares de vezes, eu sabia perfeitamente onde ficava a parte consideravelmente importante e/ou perigosa da biblioteca, e sabia perfeitamente como entrar lá.

Um papel e parede muda tudo. Sim, a porta da entrada da biblioteca secreta está escondida em baixo de um papel de parede, e a fechadura mais o mecanismo de segurança em baixo de um quadro, que fica em cima do papel de parede. Realmente, é muito útil ser filha de um dos melhores espiões do FBI, você acaba aprendendo muitas coisas úteis, e muitas coisas que também não deveria...

Retirei o quadro, digitei a senha de segurança, e coloquei a chave na tranca da porta, abrindo-a, e finalmente entrando na parte divertida da biblioteca...

-         Julliet, como você consegue fazer isso parecer tão fácil enquanto na verdade uma pessoa consideravelmente normal levaria horas para conseguir descobrir onde fica a entrada pra esse lugar, e depois mais horas para descobrir como entrar, e depois mais horas para descobrir a senha? – Emilly perguntou, observando bem o lugar –

         - Pratica? Nem vem com isso, Emy! Você sabe que minha vida toda se baseou em espionagem, e a sua também mocinha! Sabe perfeitamente como isso consegue ser fácil para nós, senhorita Hastings!

         - Tudo bem, tudo bem, sem mais perguntas, Night.

         Entramos na parte secreta da biblioteca, altamente equipada e moderna, com livros antiguíssimos, com capas que pareciam coisas de filme  e que eram mantidos a uma temperatura exata para que nem o calor e nem o frio danificassem  o conteúdo de suas páginas. Pois é, esse é o mundo da espionagem, onde a ficção as vezes se torna realidade.

         - Esse lugar é suuuuper sinistro, Julliet! Sei lá, parece até coisa de filme de ficção científica, onde o mocinho descobre um lugar super de mais, como, sei lá, o esconderijo secreto do cientista maluco e no final de tudo há uma armadilha... – Emilly olhava aquilo tudo com os olhos arregalados, mas, no fim das contas ela estava certa, parecia mesmo coisa de filme, mas, não estava nem perto de ser isso, e, sem dúvidas não havia nem um vilão maluco –

        - Relaxa, Emy. Agora vamos ver que tipo de livros temos aqui, apenas me siga e você não vai se perder, eu conheço esse lugar direitinho...

-         Passamos pelos corredores repletos de livros totalmente protegidos e guardados em cabines de vidros blindados. Haviam livros de todos os tipos e assuntos: livros com coordenadas militares de armazenamento de bombas e armas nucleares, livros com formulas químicas secretas do FBI, que iam a tentativas de curas para doenças raras ou de estrema gravidade  até fórmulas de drogas com efeito irreversível, e, talvez até segredos de mutação genética, livros científicos de vários temas, que poderiam ser de vários e vários séculos atrás, se julgados pela capa, papéis com informações ultra secretas e importantes, como: projetos da NASA em expedições para outros planetas e segredos sobre o universo que mais ninguém além deles haviam descoberto, códigos de alta precisão para comunicações em casos de tragédias extremas, e todo o tipo de material ultra secreto que você é capaz de imaginar. Poderíamos espionar isso tudo, mas, depois. Agora o que nos interessava era a parte mais antiga desse lugar, que continham segredos dos mais diversos povos, segredos mágicos.

-         Ok, Julliet, já estou totalmente convencida de que esse lugar é mais fantástico do que poderia ser, mas, acho que temos que ir ao que queremos logo, até mesmo porque seu pai vai estranhar não nos ver em lugar nenhum... – Emy estava mais uma vez certa, por isso apertamos o passo e fomos até uma pequena porta, no final da enorme sala – Uau, quando eles vão parar de inventar essas coisas e deixarem tudo bem óbvio e mais fácil para adolescentes  preguiçosas como nós fazermos coisas que não deveríamos de forma mais fácil?

         - Eu acho que nunca, Emy. Por um lado é uma boa ideia, por outro, fica tudo mais chato... – peguei uma das chaves que estavam guardadas comigo e coloquei na fechadura da porta, abrindo-a – Voualá, Emilly, entramos no antro central de segredos do FBI, onde coisas inimagináveis nos aguaram..Mas, antes, um pouquinho da ajuda da magia, já que tudo isso aqui é mágico e eu duvido que muitos humanos se arrisquem a vir aqui, até mesmo porque só necessitariam de ajuda mágica em casos extremos, e, com extremos eu quero dizer extremos de verdade.

         -Tipo apocalipse zumbi?

         - É. Ou algo consideravelmente pior, bem pior.

         - Tipo o que?

        - Sei lá, não consigo pensar em nada pior do que um apocalipse zumbi agora, mas, deve existir, ou não. – dei de ombros, guardando as chaves novamente e tentando me lembrar de algum dos poucos feitiços que eu já havia decorado - Magicae cum magica, permissio data erit, non maledictiones, nulla poena, occulta reveletur.*Magia sobre a magia, a permissão será dada, nenhuma maldição, nenhuma punição, o oculto pode ser revelado*  – disse, praticamente em um sussurro, e por um milésimo de segundo a sala inteira sumiu e apareceu, provavelmente agora sem a proteção mágica que a envolvia –

         - O que você fez, Julliet? – Emilly estava meio intrigada com o que aconteceu, e me olhava de uma forma estranha, eu dei alguns passos para dentro da sala, fazendo-a me seguir, e, finalmente a respondi:

         - Eu não vim aqui muitas vezes, até mesmo porque eu sinto uma grande presença de magia nesse lugar, e, sou só uma híbrida. Mas, da primeira vez que tive aqui, simplesmente me encantei por isso tudo, e, há um livro aqui, como se fosse um sumário, só que gigante, porque, por Deus, esse lugar é gigante, estavam escritas algumas coisas sobre essa sala, e sobre os livros em si, e, dizia, que esse lugar foi protegido por um feitiço para que os livros pudessem ficar aqui, não, não é só a alta proteção do FBI que conta, mas, proteção mágica também, e, para que alguém entrasse aqui com segurança, sendo feiticeiro ou humano precisaria recitar o feitiço que acabei de fazer, assim, a barreira mágica se enfraqueceria, deixando os segredos daqui a mostra para  quem dissesse o feitiço. O feitiço não pode ser quebrado, ao menos eu acho que não, mas, existe outro feitiço que precisa ser feito quando se saí daqui, para fortalecer novamente a barreira, que se enfraquece a cada vez que alguém entra nesse lugar. Eu não sabia disso antes, consegui entrar pela primeira vez aqui por ser híbrida, e, na verdade acho que pouquíssimas pessoas sabem sobre os segredos que esse lugar guarda, porque, se muita gente soubesse, nada aqui estaria em segurança... – Emilly parecia meio chocada com o que eu havia dito, e precisou de um tempo em silêncio para conseguir digerir o que havia ouvido –

         - Nossa, Julliet! Isso é, sei lá, de mais! Mais uma vez parece coisa de filme!

         - É como eu sempre digo, minha cara...A vida imita a ficção.

         - Julliet, você só disse isso duas vezes na vida.

         - E daí? Foram duas, não uma, já dá pra ser um “como eu sempre digo”.

         - Que seja, agora, o que exatamente estamos procurando aqui?

         - É uma ótima pergunta, pena que eu não tenho a resposta. Esse lugar é tão grande, se não maior do que a biblioteca normal e a biblioteca secreta não-mágica juntas. Á milhares, se não milhões de livros e pergaminhos antigos aqui, contendo todo o tipo de informação e magia. E, por incrível que pareça, estão em ordem alfabética. Bom, ao menos no livro em forma de sumário diz que isso aqui está em ordem alfabética, o que, eu realmente não duvido nada. Com uso da magia eu também poderia colocar, sei lá, todos os livros do mundo em ordem alfabética, cronológica ou por esquema de cores em questão de segundos.

         - Ok. Então, você tem ao menos alguma idéia de por onde começar?

         - Talvez pelo começo. Os livros daqui são enormes, eu só consegui ler ao total três deles, e, admito que eu não decorei muitos feitiços, anotei alguns mais interessantes, mas, é algo difícil, porque a maioria dos livros não se encontra totalmente na nossa língua, e sim em latim, é difícil achar um feitiço nas línguas atuais, e, antes de fazer um feitiço eu tenho que traduzir as palavras, procurar, traduzir, selecionar e anotar com o meu pai tentando me vigiar e me manter longe disso tudo 24 horas por dia torna tudo muito mais difícil.

         - Eu nem tinha pensado nisso ainda, mas, eu acho que seu pai realmente... –  Emilly foi interrompida, de repente, tudo começou a tremer, era um terremoto, ou ao menos pensávamos que era, o chão e as paredes se sacudiam de forma drástica, mas, as prateleiras pareciam nem se mover, minha cabeça girava, eu não sabia o que estava acontecendo, e aquilo era muito estranho:

         - O que está acontecendo, Julliet? – Emilly gritava, tentando se apoiar em uma das prateleiras, assim como eu –

        - Eu não faço idéia! Isso nunca aconteceu antes!  - gritei de volta, era o única forma como conseguíamos nos ouvir, um ruído horrível penetrava em nossos ouvidos –

          - Vamos logo sair daqui!

        - Sim, vamos! – Mas, antes que pudéssemos dar mais um passo se quer o tremor parou e tudo voltou ao normal. Não havia nada fora do lugar, não havia nenhuma rachadura ou qualquer outro tipo de dano no chão ou nas paredes. As prateleiras continuaram impecáveis, com os livros arrumados na mesma ordem que estavam antes do terremoto, eu e a Emilly ficamos totalmente impressionadas e paralisadas com aquilo...

         - Mas que diabos...? – eu disse, ainda tentando processar aquilo tudo –

          - Julliet!

         - O que foi, Emy?

         - Atrás de você, no chão, tem um livro... – eu me virei, observando o livro caído no chão e pegando-o rapidamente. –

         - Como isso aconteceu? Quer dizer...Eu não ouvi nenhum barulho, e, não me parece ter nenhum livro faltando aqui... – eu estava realmente intrigada com aquilo tudo, que, admitamos, era algo muito estranho. Emilly chegou mais perto para observar o livro junto comigo –

         - A capa. Está escrito “Night” o seu sobrenome, Jullie. – era verdade. O livro era aparentemente bem antigo. A capa era de couro preto, com símbolos que eu não reconhecia traçados delicadamente, no centro, o nome “Night” juntamente com a imagem de três luas: Uma lua cheia no centro, de um lado uma lua crescente e do outro uma lua minguante. As luas eram feitas de algum tipo de ferro que ao meu ver parecia ser prata, e, aquilo era como se fosse uma chave para o livro.

         - Isso é...Estranho. Acho melhor sairmos daqui, Emy.

         - Eu tenho certeza.

        - É, mas, eu vou levar o livro. Não é todo dia que uma coisa dessas acontece, e, se justo um livro com o meu sobrenome na capa foi cair bem atrás de mim depois de um tipo de terremoto estranho, sem dúvidas não foi coincidência, até mesmo porque coincidências não existem.

         - É, mas, se seu pai descobrir que nós estivemos aqui, ou melhor, que pegamos o livro, estaremos muito, muito, muito encrencadas.

         - Sim, Emy, mas, eu corro esse risco. – fomos em direção á porta, mas, eu ainda tinha uma ultima coisa a fazer...

        - O que foi, Julliet? Vamos logo dar o fora daqui...

         - Ainda não, Emy. Depois do que aconteceu é que eu não deixo esse lugar aqui sem o feitiço de proteção.

        - Ham..Ok.

         - Magicae circa magicae, secreta tuto magicae, magicae circa magicae. *Magia sobre magia, segredos protegidos, magia sobre magia *

Saímos da biblioteca o mais rápido que pudemos e fomos até o meu quarto, por sorte, não havia ninguém pelos corredores. Eu e a Emy precisávamos descobrir o que havia acontecido o mais rápido possível.

Depois de trancar a porta e as janelas e me certificar de que o meu pai não havia colocado nenhum tipo de câmera ali, finalmente começamos a falar sobre tudo aquilo.

        Julliet, eu acho que eu não deveria ter ido lá com você, vai ver foi por isso que aquilo aconteceu, já que eu não sou feiticeira... – Emilly estava me encarando como se eu soubesse a resposta para aquilo tudo, mas, infelizmente, eu não sabia –

         - Não foi por isso, Emy. Aquele lugar é raramente aberto, e, provavelmente o ultimo feiticeiro que foi lá sem ser eu, foi a minha mãe, a cinco anos atrás, então, vários humanos entraram lá antes de você.

         - Nisso você realmente tem razão... – ela suspirou, tentando pensar em alguma explicação para aquilo –

         - Eu realmente não entendo como isso aconteceu, Emy! Quer dizer, é meio obvio que aquele tremor só aconteceu lá dentro, se não a maioria das pessoas não estaria dentro do prédio e os corredores não estariam totalmente vazios, e sem dúvidas meu pai teria acionado um alarme de emergência.

         - Isso deixa as coisas mais estranhas ainda, Julliet. Como isso pode ter acontecido só lá dentro? Mas, não foi coisa da nossa imaginação..Foi?

         - É claro que não. Nós duas sentimos, certo? Seria impossível imaginarmos a mesma coisa ao mesmo tempo, e tendo uma sensação tão forte. E daí que nada de lá se danificou? Aquele lugar é mágico, já é uma justificativa pra isso, mas, nada acontece por acaso, muito menos no mundo da magia... – Me deitei na cama ao lado de Emy, observando fixamente o livro... –

         - Temos que ir para o refeitório, Julliet. Daqui a pouco o sinal da hora do almoço vai tocar, e não aparecer lá vai gerar muitas suspeitas, e, não queremos isso, certo?

         - Nem um pouco. Mas, eu vou levar o livro.

         - O que? – ela levantou, subitamente, me encarando –

         - Eu vou colocar ele na minha mochila e não vou desgrudar dela, mas, Emilly, eu tenho que levá-lo, e se meu pai de repente inventar de invadir meu quarto? Não seria a primeira vez que ele faz isso, e sem dúvidas nem a ultima. Se ele achar o livro é aí que estaremos totalmente encrencadas, principalmente eu. Não é seguro o livro ficar aqui.

         - Mas, também não é seguro ele ficar lá com a gente. Mesmos sendo muito mais experientes do que qualquer um daqui, nós sabemos o que os idiotas do quinto ano gostam de fazer, Julliet, e eles não tem tanto medo de você quanto os novatos...

        - Eu sei. Mesmo assim, eles me respeitam, porque sabem que eu posso acabar com a vidinha deles em um segundo, o livro estará mais á salvo lá do que aqui. Confie em mim, Emy, eu sei o que fazer. Estamos armadas, somos fortes e treinadas, e eu sou meio feiticeira, a gente dá conta disso, mesmo não sabendo o que o livro esconde e mesmo ele sendo super secreto.

         - Ok, você tem razão, mas, se algo der errado a culpa é unicamente sua. – eu sorri, dando um leve tapa nela. O sinal tocou e nós fomos para o refeitório.

No refeitório, tudo estava aparentemente normal. Ninguém comentava nada sobre nenhum tipo de tremor estranho, falavam apenas sobre as aulas que tiveram e outras baboseiras sem importância, o que, sem dúvidas era um sinal de que nada do que tínhamos vivido tinha acontecido fora daquela sala, ótimo, tudo estava ficando mais estranho ainda; e olha que eu nem achava que isso fosse possível!

- Julliet, e se a gente chamasse a Mary pra se sentar com a gente? - Emilly disse, me tirando totalmente dos meus pensamentos -

- Pode ser. Estamos mesmo precisamos nos distrair, pensar em você-sabe-o-que está praticamente me enlouquecendo...

- A mim também. Eu vou lá chamar ela, se você for os novatos vão pensar que respirar é proibido perto de você. Esses estão mais amedrontados do que os dos outros anos... - Emy e eu sorrimos; ela se levantou e foi até a mesa onde Mary estava sentada sozinha. Provavelmente os novatos não queriam andar com alguém que tivesse contato comigo, ou queriam, pensando que teriam privilégio por isso e a Mary explicou que não é nada disso; sendo uma coisa ou outra, não era a primeira vez que isso acontecia, e, sem sombra de dúvidas, não seria a ultima.

- Oi Julliet! - Mary parecia extremamente animada, pelo visto ela estava gostando bastante daqui, e, acho que qualquer pessoa gosta desse lugar, a não ser que já tenha passado praticamente a vida toda trancafiado aqui. -

- Oi, Mary... - Ok, eu não queria ser tão desanimadora quanto eu soei, mas, tinha preocupações de mais para incorporar a “Miss sorridente” hoje. - Então, você está gostando daqui? - tentei ser um pouco mais simpática e amigável -

- Sim! As aulas foram bem legais, e, a 24 horas atrás eu não achava que isso fosse possível!

- Se você já está tão animadinha assim, espere só pelas aulas da tarde, é quando tudo fica melhor... - Emilly parecia estar tão confusa e abalada com tudo que tinha acontecido quanto eu, mas, não havia motivo algum para descontarmos isso na Mary -

- O que tem de tão legal assim nas aulas da tarde? E, a propósito, porque você não estava na aula hoje, Emy?

- Eu estava com a Julliet, não sou obrigada a frequentar as aulas da manhã por meu pai trabalhar aqui, na verdade nem as da tarde eu sou tecnicamente ‘’obrigada’’ a frequentar, mas, são as minhas preferidas, e, as únicas que realmente prestam para o mundo da espionagem, com as matérias normais que ensinam por aqui de manhã você só vai aprender um pouco da história falsa de alguns lugares, línguas diferentes e com certeza vai aprender muito o quanto é bom dormir nas aulas...

- Pare de dar um mal exemplo á Mary, Hastings! - eu disse, mostrando a língua para a Emy logo em seguida -

- Já que você diz..Mas, hoje você vai nas aulas da tarde, certo?

- Sim, eu não perderia elas por nada. É legal ver a cara de todo mundo assustado no começo, logo vocês aprendem que a gente não morde. Não a maioria ao menos... - Mary sorriu, tentando descobrir se havia alguma pegadinha no meio disso tudo, e, não, não havia. Apostaria a biblioteca mágica inteirinha de que um dos idiotas do quinto ano já havia pensado em morder um novato e dizer que estava contaminado por um vírus super maluco e estranho que ele mesmo havia projetado, isso se algum deles ainda não fez isso. -

- Quer saber, eu acho que eu também vou na aula de vocês... - eu disse, espontaneamente. Eu sempre vou nessas aulas, é divertido.  Sim, eu tinha que ver o que o livro continha, mas, meu pai nunca está para brincadeiras, e consegue desconfiar de tudo, qualquer coisa, por mínima que seja, e como eu sempre vou as primeiras aulas práticas dos novatos não ir justamente no ano em que a Emilly vai estudar aqui era mais do que um motivo para ele suspeitar de que eu estava escondendo e/ou tramando algo.

- Se você já se formou, porque frequenta as aulas, Julliet?

- Pelo mesmo motivo que a Emy na maioria das vezes. É divertido, além do mais, eu gosto de ajudar os professores daqui, porque, na maioria das vezes, eles são muito mais legais do que os alunos, ou, ao menos mais ajuizados dos alunos que tem experiência suficiente para não praticamente terem um infarto quando eu chego perto deles armada...

- Então, ok. Eu tenho que passar no meu dormitório, vejo vocês na aula? - Mary parecia contente, assustada e confusa ao mesmo tempo, bom, não era nem um pouco diferente do que eu esperava para uma novata, porém os outros ainda pareciam mais perdidos do que ela. na verdade eles pareciam nem encontrar o caminho para ficarem perdidos.

Assim que Mary se afastou, Emilly me puxou pelo braço e me arrastou até um corredor vazio, como se eu tivesse feito algo de muuuito errado:

- Ei, Emy, o que foi?!

- O que foi? Você tem que descobrir o que significa esse livro o mais rápido possível, Julliet! Há uma razão para tudo isso ter acontecido, e, além do mais, alguém pode entrar naquela biblioteca a qualquer momento, e se derem por falta do livro?

- Emilly, calma! Sim, eu tenho que fazer isso, mas, é tudo muito mais complicado. Meu pai não quer nem que eu faça um feitiço de levitação para evitar que uma lâmpada machuque seu pai, se me pegar lendo um livro de magia que eu roubei da biblioteca secreta e mágica daqui, mesmo não tendo feito isso propositalmente eu vou estar muito mais do que encrencada, e, mesmo assim, eu vou precisar de tempo, não acredito que esse livro esteja escrito na nossa língua, e, você sabe, meu pai desconfia até de um grão de areia. Eu sempre vou nas aulas de treinamento dos novatos, se eu não for, vai gerar uma grande suspeita.

- Ok, você não pode simplesmente fazer isso hoje a tarde, mas, seu pai te vigia praticamente o tempo todo, quando pretende fazer isso?

- Durante as aulas, eu não preciso ficar bancando a espiã altamente treinada super experiente para os novatos o tempo todo, e, além do mais, se eu fizer isso na aula do meu tio ou do seu pai eles nem vão suspeitar ou abrir a boca. E, sei lá, eu vou as aulas de manhã.

- O que? Julliet Night indo a uma aula do primeiro ano, de manhã? Você nem ia ás suas próprias aulas de manhã, Julliet!

- Eu sei, mas, agora eu vou.

- E o seu pai não desconfiaria disso?

- Não com o motivo de acompanhar a minha querida amiga nas suas aulas...

- Julliet,  se você ainda não percebeu, eu não frequento essas aulas.

- Mas, vai frequentar!

- Seu pai também desconfiaria se de repente eu fosse as aulas, e você sabe.

- Não se você fosse porque o seu pai te obrigou a ir.

- Mas, meu pai não me obrigou a ir nelas...

- Mas, ele vai obrigar!

- O que?

- Vamos falar com ele, Emy! Seu pai vai entender, e aí, se meu pai desconfiar e perguntar a ele se realmente obrigou você ele dirá que sim, e estaremos salvas.

- Julliet, isso passou de uma mentira inocente para um caso quase policial!

- Por favor, Emy! Nós duas queremos descobrir o que esse livro contem e porque tudo aquilo aconteceu, não é? É o único jeito! Por favor!

- Ok, ok. Eu não tenho como recusar mesmo já que estou mais curiosa do que você!

- Valeu mesmo, Emy! Você é de mais!

- Você não disse isso quando eu joguei um celular em você...

- É porque com celulares na mão você passa de “de mais” para altamente perigosa, Hastings.


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Notas finais do capítulo

Mereço reviews? Por favor, eu mereço u.u



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