Sweet Nothings escrita por Uchiha Bibis


Capítulo 20
"O Anjo da Morte"


Notas iniciais do capítulo

Oieee!
Quanto tempo, não?
O cap de hoje mostra como o Rafael salvou a Lucy, o que ele fez e o que ele é, para quem trabalha... Em fim, explica um monte de coisas.
Sem perder mais tempo, vamos ler? Eu diria que tem bastante ação, nesse cap!
Tomara que vocês gostem, Até as notas finais!



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*Rafael*

Com o passar dos anos, você aprende o que tem de fazer, para a vida que leva não ser tão ruim. Você é obrigado a fazer coisas que talvez não julgaria certo, mas acaba fazendo por que parece certo para aqueles que mandam em você. Eu nunca tive muita escolha, e nem tenho agora. Fui obrigado a abandonar as únicas pessoas mais importantes da minha vida, para começar um treinamento imediato. Meus pais não queriam isso para mim. Por isso eles tinham abandonado essa vida sem escolhas. Mas eles queriam mais. Queriam o filho prodígio de seus queridos agentes. E se eles se recusassem, bem... As consequências seriam altas demais para que eu pudesse me dar ao luxo de recusar. Eles me tinham nas mãos antes. E me tem agora. E eles não conseguiram só o filho prodígio, como os seus dois melhores agentes de volta. Eles voltaram por minha causa.

Eu levava uma vida boa, até poderia dizer que levo agora, mas uma vida boa, sem ninguém, não é boa o suficiente. Moro na Itália, pois é daqui que vem as minhas melhores memórias da vida que eu tinha antes de entrar para a SAFCIA. (em português, Agentes especiais da CIA). Onde lá, eles fizeram muitas pesquisas e "experiências" comigo. Sou praticamente um robô, no sentido figurado, é claro.

Não me orgulho por trabalhar na CIA. Apesar do que alguns pensam, muita sujeira está escondida nessa agência de inteligência. Bem, algumas delas pode-se encontrar na Wikipédia. Nada demais. Eu mesmo pesquisei para ver o que os coitados veem na internet. Se eu não trabalhasse lá, eu acreditaria. Não há futuro para nós.

Assim que fiz dez anos eles começaram a aparecer. Falavam que seu eu não entrasse para a Corporação, eles iriam fazer com que eu desejasse entrar, pois iria me arrepender caso rejeitasse. E isso, eu pude ver com clareza que se eu rejeitasse, iria sofrer pelo resto da minha vida. Então não me arrependo de minhas escolhas. Posso não gostar. Mas é um papel que eu tenho de cumprir para proteger a minha família. E eu prometi a mim mesmo, que para que eles nunca mais corressem risco, eu cortaria qualquer contato com eles. Seria insignificante, imperceptível... Invisível. E eles poderiam estar satisfeitos apenas comigo. Mas incluíram mais pessoas nessa. Minha irmã não queria que eu fosse, e quis fazer parte, mas não deixei com que ela se arriscasse. E minha outra irmã... Nem ao menos deve se lembrar de minha face. Eu tinha cortado ligações, laços... E com ela esquecendo, foi como se eu nunca tivesse existido. De verdade. E tem sido assim... Tirando o fato de que eu os vigiava quando podia. E com minha mãe Sempre mantive contato, já que nós dois temos celulares não rastreáveis. Mas a ligação que recebi dela hoje de noite... Foi horrível.

– Querido... Desculpe estar ligando a essa hora...

– Tudo bem mãe. O que foi? - Pergunto.

Ao julgar pela voz dela, algo ruim aconteceu. E eu não estou com um bom pressentimento quanto a isso.

Ela... Eles a pegaram. Dimitry pegou a Lucy.

Esbarro na cadeira da cozinha, quase caindo, mas me recomponho no segundo seguinte.

– Dimitry fez o que? - Procuro me manter calmo. E lembrar de meus longos anos de treinamento.

Mas apenas não fui treinado para perdas familiares. Não tem como eu não reagir a isso.

– Rafael me escuta, Dimitry está com a Lucy. Os amigos dela estão querendo ir atrás dela, mas acho que você é quem vai conseguir tira-la das mãos dele. Eles ainda são crianças. Podem ter tido um treinamento cedo como você, mas eu gostaria que você fosse. Além do mais, é a sua oportunidade de ver a sua irmã. - Rose fala como se argumentasse comigo com medo de que eu retrucasse e rejeitasse. Mas é óbvio que eu não vou rejeitar. Faço o que faço para manter a segurança da minha família, e do resto das pessoas do mundo. Como eu poderia não ir atrás da minha loira?

– ... Onde ela está?

– Já falei com Herald, ele falou que você está livre para ir atrás dela, e disse para você levar isso como suas "férias", que você pode ter, mas nunca as tira.

Então serão as minhas melhores férias.

– Okay mãe. Mas me fale, onde ela está?

– No Brasil. Clif conseguiu uma gravação, que vinha do Rio De Janeiro. Vou te mandar, e suas passagens já foram compradas pelo Clif também. Tudo está devidamente organizado para você. - Rose diz assumindo seu velho tom profissional.

– Muito bem. Nos falamos depois.

– OK. Boa sorte. E traga ela para casa em segurança.

– Não se preocupe. Esse sempre foi o meu trabalho.

– Eu sei querido. Tchau.

– Tchau.

Assim que desligo o meu celular, vou para a mesa. Pego o Mac Book que estava em cima da mesa e o ligo. Alguns segundos depois recebo uma mensagem de que recebi um novo arquivo. Rose não Perdeu nem um minuto. Ainda bem.

{...2 dia depois...}

Não foi difícil de achar o local depois que cheguei no Brasil. Dimitry foi um dos melhores agentes da CIA. Ele era um bom estrategista. Sempre calculava cada coisinha. E também era muito bom em esconderijos. Principalmente subterrâneos, seus preferidos. Então é claro que ele estaria no subsolo. Mas para ser mais exato, em baixo da estação de trem. Tive a minha certeza quando vi um homem de preto pegar carona no trem. Eu não queria perder mais tempo, esperando e analisando, mas eu tinha de manter a calma. Então voltei para o meu hotel. Era dia ainda e eu tinha que esperar anoitecer. Então comecei os preparativos.

Coloquei uma calça de cotton preta, uma blusa de manga curta preta, e coturno. Dentro da mochila que trouxe, peguei um relógio de pulso, um cinto com bolsos, uma faca média que coloquei dentro da bota, um punhal, e seis facas pequenas e as coloquei no suporte do cinto. Peguei uma bomba de gás lacrimogêneo, uma bomba de fumaça, e mais utensílios aleatórios.

Em cima da mesa tem um envelope escrito "Rafael". Pego e o abro. Tem notas de 100 reais dentro, mais de vinte notas. E o resto em dólares, que eu diria ter cem mil dólares. E tem uma chave de uma moto. Alguns papeis dizendo o que eu deveria fazer e para onde ir. Junto com os papeis tem dois passaportes e duas identidades falsas. Pego a minha mochila e tiro dois envelopes menores dali. Em um envelope coloco o dinheiro e no outro as identidades junto com os passaportes. Coloco os envelopes dentro da mochila, num bolso falso. Eu não tinha a intenção de levar a mochila, mas eu vou ter que sair desse hotel.

Remexi no envelope que continha o meu nome para ver se não tinha mais nada. Encontrei um bilhete.

"Rafael, espero que encontre sua irmã o mais depressa possível. Se já a encontrou, ótimo. Agora vá buscá-la. Sei que você deve estar ansioso e nervoso para vê-la. Mas não se precipite, lembre que a organização junto com a CIA apagaram qualquer memória dela com você. Não vou me preocupar com você, já que você é nosso agente especial. Leve ela primeiro para o hotel XXX antes de viajar. Fiquem lá por uma noite e depois vá para a Itália. Depois de lá se eles os perseguirem, vocês devem ir para Washington D.C. e lá vocês devem encontrar com o Jeff. Nós nos encontraremos em breve.

Você sabe o que fazer.

– Clif"

Olho pra janela, estava começando a anoitecer. Coloco as minhas luvas de couro pretas e olho pro meu relógio de pulso. Faltam quinze minutos pras oito de acordo com o horário do Brasil. Me sento no sofá e respiro fundo.

{...15 minutos depois...}

Com a mochila nas costas, pego as folhas junto com o envelope, e o bilhete de Clif e fico com eles na mão. Saio do quarto do hotel e vou até o hall, como tinha trocado a toca belo boné preto, o puxo para ficar mais na minha cara. O atendente estava distraído com um cliente, pego o meu celular e vou para o sistema do hotel que eu tinha invadido. Desligo as câmera e dou um curto nelas, apagando a minha vinda a esse hotel. Com o curto, o atendente se assusta e os guardas do hotel vão na direção do que eu diria ser a sala de monitoração. Coloco o celular no bolso e saio do hotel.

Com as chaves da moto, aperto no botão e a moto buzina, mostrando onde estava. Era uma Hyundai ninja preta. Levanto o banco e tiro um capacete da moto. Coloco a mochila ali e fecho o banco. Subo na moto e dou a partida. Vou até um beco próximo à estação. Desço e deixo a moto atrás da lixeira grande. Depois de me certificar de que ela estava bem posicionada e o menos aparente possível, vou até a estação.

O trem das oito e meia estava prestes a sair, as portas já tinham fechado, o que era perfeito para mim.

Jogo o meu fio de aço na direção do trem, ele prende na traseira do trem. O trem começa a andar devagar, e eu acompanho o ritmo. Pego a tampa de uma lixeira que estava perto e a uso como prancha quando o trem vai mais rápido.

Fico surfando nos trilhos, o som é abafado pelo barulho do trem. O trem passa por um túnel. Em alta velocidade, quase não vejo uma entrada totalmente discreta , solto a corda do trem.

Recupero equilíbrio e vou para a parede, ao lado do trilho. Não tem porta, apenas uma abertura. Vou até ela e olho dentro. Tem uma escadaria levando para baixo, provavelmente para o túnel onde eles estão. Dou uma olhada, não tem nada, apenas uma lâmpada para iluminar. Pego a máscara de gás e coloco. Acendo a lanterna noturna dela e vou andando até o andar de baixo. Olho pra cima para ver se tem alguma câmera. Por enquanto ainda não. Vou ate um corredor vazio, escuto vozes e fico parado ao lado da parede. São três deles. Pego a o gás de fumaça e jogo. Rapidamente eu vou ate eles, pego o bastão dentro da bota e o forço para se abrir, ele se estica e acerto o primeiro cara que vinha em minha direção com ele, acerto-o nas pernas, ele cai de joelhos e bato de novo dessa vez na cabeça. Ele vai de encontro com o chão. O segundo fica dando socos no ar, tentando me acertar as cegas. Ele vira de costas pra mim e eu faço uma chave de braço nele até ele desmaiar. Um atirou na minha direção, e eu usei o cara q eu tinha desmaiado como escudo. O cara ficou atirando vendo o corpo tremer. Assim que ele cessou os tiros eu fui pra cima dele erguendo o bastão, e o acerto com forca no joelho, no estomago e na cabeça. O alarme estava prestes a ser acionado pelas luzes vermelhas nos corredores e a fumaça finalmente se dissipa. Não enquanto eu estiver aqui. O gerador de energia estava do outro lado mas eu não tinha tempo de chegar nele. Peguei meu celular e o conectei por trás da câmera que tinha logo à frente. Assim que pluguei, consegui invadir o sistema deles. Dimitry está muito fraco com os sistemas. E de homens.

Desligo todas as luzes e desativo a segurança. Com a visão noturna ligada da minha máscara vou até o gerador e destruo todos os cabos que tem ali. Agora eles sabem que alguém chegou. Tenho pelo menos 5 segundos. Se Dimitry foi esperto, ele tem um gerador reserva em algum lugar.

Saio do lugar, e passo por um corredor estreito e comprido com vários corredores, a maioria vazio. Eu diria que no final dele, tem um outro corredor que provavelmente tem o próprio gerador. Pelo que percebi, a maioria dos cômodos são grandes o bastante para ter o próprio gerador. Chegando no final do corredor, entro rasteiramente e me escondo atrás de uns caixotes assim que escuto vozes alteradas neste cômodo.

– Ele! – Exclama um homem. – O “Anjo da morte”. Apenas sei que ele sabe onde ela está, e está vindo!

Nossa, eles ficaram sabendo rapidinho que era eu. Acho que eu tenho a minha marca registrada afinal.

– Como assim?! – Reconheço a voz rouca de Dimitry. – Merda! Como ele ficou sabendo?

– Não sabemos... Talvez aquelas crianças tenham se contatado com ele... Aqueles pirralhos...

Pirralhos? Ele não está falando da CIA, com certeza. A menos que sejam aqueles que minha mãe falou. Mas que merda eles estão fazendo aqui?

– Deixe disso! Não temos tempo para isso. Precisamos ir, e agora! – Dimitry ordenou esbravejando. - Vocês 5 ai, fiquem aqui enquanto eu e o Doug vamos preparar as coisas para irmos. – Ordena. – Peguem a garota e tirem as roupas dela. Deve ter algum dispositivo que nós não vimos que anunciou seu local para eles...Tentem não judiar tanto dela. Tirar uma lasquinha não faz mal, mas não demorem tanto por que ele está vindo, então fiquem atentos!

Sinto meu sangue ferver nas minhas veias. Mesmo ele sabendo que sou eu quem veio atrás dela ele dá uma ordem dessas? Eles não vão tocar na Lucy. Não enquanto eu estiver por perto, muito menos quando eu estiver longe, por que nem mesmo mil quilômetros vão me impedir de chegar até ela.

Assim que escuto passos passando por mim, ergo um pouco a cabeça e vejo que Dimitry tinha saído com um homem. Escuto um barulho de porta sendo fechada e deduzo que os cinco homens que o Dimitry mandou ficar já tinham ido pro quarto onde está a Lucy. Vou até a o cômodo em que eles estavam antes assim que tenho certeza deles todos terem ido embora. Respirei fundo e tentei ficar frio. Agir impulsivamente agora não vai ser bom. Olhei para o cômodo, e fiz uma análise. Vou ter que pensar mais tarde o que eu vou fazer com os amigos da Lucy que ainda estão aqui. Penso nisso mais tarde. Agora tenho que me concentrar na Lucy! Merda!

Não tinha muitas pessoas aqui, eles tinham ido para o único quarto do próximo corredor.. Dimitry tinha saído. Essa sala tinha o próprio gerador de emergência. Vou até ele mas paro ao escutar vozes e risos do quarto.

Me solta! – Escuto a voz dela e congelou no lugar.

Hahaha. Pode tentar. Não vai a lugar algum mesmo.

Socorro! Alguém me ajude! Estou aqui!

Minhas mãos tremem e eu sinto meu corpo vacilar.

Isso. Grite por socorro. Ninguém virá para ajudá-la de qualquer maneira.

Eles começam a falar coisas que eu queria não ter escutado. Sei que não posso mais perder tempo, mas estava paralisado no lugar, então pego a faca que eu trouxe e finco ela na minha perna. A dor me faz voltar à ativa e sinto a adrenalina correr por meu corpo. Sem pensar duas vezes destruo o gerador e as luzes se apagão. Corro até a porta em máxima velocidade e bato nela com meu ombro esquerdo. A porta cai e os caras dentro do quarto se assustam. Eles não me enxergam, e ficam apavorados olhando por todos os lados. Varro o lugar a procura de Lucy e vejo que um deles está segurando ela contra a parede. A raiva toma conta junto com a adrenalina e eu parto pra cima do primeiro cara que vinha na minha direção. Dou um soco no seu maxilar, e no peito dou uma cotovelada. Ele cai no chão sem respirar.

– Quem está ai?! - Pergunta o cara que segura Lucy alterado.

O segundo vem pra cima de mim e tenta uma chave, piso em seu pé, o que faz com que ele vacile, pego em seus braços que estão em volta do meu pescoço e coloco o peso dele por cima de mim, jogando-o no chão. Pego a faca que ainda estava fincada na minha perna e jogo ela no terceiro cara que vinha na minha direção. Escuto o grito de Lucy e olho pra ela. Ela tinha sido feita de escudo para o medroso que a mantinha em suas mãos.

– Cale a boca! - Ele grita com ela.

O quarto cara que ainda faltava me acerta um soco, mas fraco. Ele tenta novamente mas eu pego sua mão e a torço, sem dar tempo para ele reagir ou gritar, quebro o seu braço, pego sua cabeça e a bato contra a parede. Ele cai no chão. Volto a procurar o Lucy e ela recebe um soco do maldito. Ela cai no chão, e ao ver isso vou até ele que nem percebe a minha presença de tão desnorteado que está. Ele a chuta no estômago e antes que ele possa fazer qualquer outra coisa, pego a sua cabeça e quebro o seu pescoço. O corpo cai flácido em cima de Lucy. Ela tenta ficar acordada mas acaba desmaiando. Tiro o corpo de cima dela e a pego em meus braços. Sinto a tenção ainda em meus ombros, mas a fúria estava longe. Com ela em segurança, sem que nada muito grave tivesse acontecido, fico mais calmo. Faço uma pequena oração agradecendo por ela estar bem, por eu ter chegado a tempo e peço a Deus para que ela lembre de mim. Nunca rezei antes, até por que, não sou digno disso. Não com o trabalho que eu tenho, mas dessa vez, fiz isso sem pensar duas vezes, pois sabia que tinha que agradecer por ela estar bem.

Eu voltei pequena. E agora que voltei, não vou mais deixa-la sozinha. Sou seu irmão. Seu irmão de muito tempo atrás... Lembra de mim pequena, por favor. Acho que se você lembrasse de mim, eu seria o homem mais feliz desse mundo. Não precisaria de mais nada. Apenas de suas lembranças e o seu carinho por mim.

Estava saindo do túnel quando ela começou a se remexer em meus braços e logo ela grunhiu de dor.

– Shh. - Digo a ela. - Tente voltar a dormir.

Ela não protesta, nem levanta, mas sei que concorda, pois logo ela fecha os olhos cansada.

Nos tiro dos túneis do trem e vou até o beco. Coloco ela em meu ombro direito e a seguro pelo mesmo braço. Com o esquerdo pego a moto e a posiciono no lugar. Sento na mesma e coloco Lucy de lado sentada em meu colo. Ela descansa a sua cabeça em meu tórax e eu coloco o capacete nela. Dou a partida e me Certifico de que ela não caia.

Chegando no novo hotel, falo que estamos voltando de uma festa e que ela tinha bebido mais do que aguenta. Mas como sou norte americano, o recepcionista do hotel não entende nada, mas parece compreender pelo simples fato de eu estar carregando ela. Mas ele fica horrorizado ao olhar pra minha perna toda ensanguentada. Ele me dá a chave do quarto sem falar nada e eu vou com ela de elevador. Vou ter que cuidar dessas câmeras também.

Chegando no quarto, deito ela na cama. Vou até o banheiro e tomo um banho. Lavo o meu corte e depois que saio do banho e vou para a cozinha. Pego uma colher, vou até o fogão e acendo o fogo. Coloco a colher no fogo, e com a outra mão, pego um pano que tinha ali por perto. Coloco o pano na boca o mordendo, e logo levo a colher pro corte. Sinto uma dor grotesca ao estancar o machucado e mordo o pano com mais força, grunhindo de dor. O som do grito de dor que eu dei foi abafado pelo pano na minha boca. Tiro a colher da minha perna e respiro fundo. Olho pra perna e vejo que ela está com o corte fechado. Tiro o pano da boca e jogo a colher na pia. Faço um curativo na perna e troco a bermuda por uma calça jeans. Dou uma olhada na Lucy, que continua dormindo profundamente. Saio do hotel e vou na primeira loja que vejo para comprar algumas roupas pra ela. Compro roupas pretas, algumas de moletom. E uma mulher chega em mim e começa a falar rápido um monte de coisas. Eu até sei falar em português e entendo o que ela diz, mas ela fala muito rápido! Ela pega roupas de couro e calças jeans pretas e depois pega as minhas roupas. Ela quer que eu leve mais roupas. Não discuto apenas a sigo até o caixa sorrindo grato e pago pelas roupas. Antes de ir, vejo que eles vendem mochilas de camping. Pego uma que é cinza e pago por ela.

Volto pro hotel e o recepcionista me lança um olhar estranho e depois pra minha perna. Ele vê que ela parece estar melhor, apesar de não ver o machucado e sorri um pouco aliviado. Sorrio de volta e volto pro quarto.

Lucy continuava dormindo. Pego as roupas que eu escolhi e as deixo no armário. As outras roupas eu coloco dentro da mochila cinza. Pego o bilhete de Clif, pego o meu esqueiro e o queimo. Jogo o papel pegando fogo pela janela e ele queima todo o papel até desaparecer antes de ir ao chão. O vento joga as cinzas para longe. Volto para o quarto e Lucy continuava dormindo até tranquila dessa vez. Parecia estar sonhando. Mas logo a expressão dela muda e parece preocupada. Vou até ela e coloco a mão em sua testa. Não está com febre. Está fria. Deito ao seu lado e a puxo para perto para esquenta-la. Sua expressão suaviza. A temperatura dela ainda esta baixa, resolvo sair para comprar algum remédio. Isso deve ser por causa daquele maldito chip que ele colocou nela. Só pode ser isso. Tenho que fazer alguma coisa. Era de se esperar que ele colocasse um chip nela. Levanto da cama e vou até a porta, assim que abro a porta me deparo com Clif.

– Olá rapaz. Vejo que realizou sua tarefa.

– Clif? O que está fazendo aqui? - Pergunto pra ele e olho pra Lucy. Ela ainda está dormindo mas se remexe na cama.

– Eu falei que iríamos nos ver em breve. E vim para dar isso a ela. - Ele me mostra um frasco e eu o pego.

– O que é isso?

– São anti-corpos. Para desativar o chip localizador que Dimitry pôs nela. Isso não vai durar muito, mas até que o efeito desapareça, ele não vai saber aonde ela está e ai nos já vamos ter tirado o chip dela.

– Isso - aponto pro frasco. - Vai desativar o chip?

– Enquanto estiver fazendo efeito sim. É por isso que ela está fraca. O chip a consome e eles tem drogado ela. Com esses anticorpos que eu criei, ela vai eliminar a droga em seu organismo e desabilitar o chip.

– Como você sabia do chip?

– Por que eu já trabalhei com Dimitry e conheco os seus métodos. Sem falar que somos da CIA, meu rapaz. Se você sabia, como eu não saberia? Afinal, foi a CIA que inventou esse chip. E eu diria que a garota tem muita sorte também, por que o meu vôo ia se atrasar mas acabou indo até mais cedo. E na verdade, quem me falou do possível chip que ele poderia ter posto nela foi a sua mãe. Eu apenas trabalhei no antídoto. - Confessou por fim.

Agradeço a minha mãe mentalmente e pedi para que Clif entrasse. Ele deixou a mala que trazia consigo no chão, e tirou uma seringa do bolso. Rasgou o plástico da seringa e a esterilizou com álcool. Alcancei o frasco pra ele e ele colocou a seringa no mesmo e puxou o conteúdo, que tinha um líquido meio rosado.

– Agora pegue a cordinha dentro da mala e amarre no braço dela. - Pediu ele e fiz o que ele disse.

Peguei o pedaço de corda amarela de silicone que tinha e o amarrei no braço esquerdo da Lucy. Ela se remexeu e gemeu um pouco mas não acordou.

Clif veio até ela e limpou o local do braço dela com um gel esterilizador. Bateu um pouco até achar a veia dela.

– Assim que ela acordar, você tem que estar aqui. Converse com ela. Pelo menos tente. Ela vai querer respostas, mas tudo isso vai depender de você. Depois daqui meu trabalho vai estar feito.

– Você não vai tirar o chip?

– Isso meu rapaz, quem vai fazer é você. Vou deixar algumas coisas que podem ser úteis. Isso vai durar 42 horas. Tire o chip até lá. Essa é a minha única ordem pra você. De agora em diante, é por sua conta. - Expõe ele o que devo fazer e o olho com admiração. - Se precisar de alguma coisa, os amigos dela estão aqui. Mas acho que você já sabe disso.

– Sei.

– Ótimo. É só isso.

Após dizer isso, Clif aplica o antídoto nela. Estanca com algodão e esparadrapo e tira a corda dela.

– Ela vai dormir mais um pouco por causa do efeito. - Ele avisa.

Eu aceno concordando e ele sai do quarto. Vou com ele até a sala e ele vai embora. Volto pro quarto e toco na testa da Lucy. Ela ainda estava fria. Deito-me novamente ao seu lado, a aconchegado perto de mim. Ela não reclama nem se mexe. Está sob o efeito do remédio. Após alguns minutos eu tiro o curativo do braço dela. Depois deito novamente ao seu lado e agora parece que ela está sonhando com alguma coisa novamente. Ela dormia feito um anjo e eu acho que poderia ficar assim, nessa paz para o resto da minha vida.

{...}

– Quem é você?– Ela me pergunta novamente. – Nós nos conhecemos? - Ela insiste em perguntas e eu não as respondo. Apenas digo evasivo:

– Você não precisa saber disso agora.

Como eu fui ingênuo. Eu achei mesmo que iria ficar em paz? Ou que ela fosse acordar me olhar e dizer: “Oi, irmão!”... Que patético.

– O que? Por quê? – Pergunta ela com a voz tremula.

– Por que você tem que tomar um banho, para trocar de roupa e relaxar. Não temos muito tempo. Nós temos que sair daqui.

– E “daqui”, você quer dizer...?

– Ainda estamos no Brasil. Nosso voo sai daqui a pouco.

– Para onde? - Ela franze a testa esperando pela resposta.

– Itália.

– Itália. – Lucy repete meio cética. – Por que Itália?

Por motivos que você não deve nem mesmo lembrar. E por ordens. Penso e ignoro a pergunta dela.

– Tome um banho. - Digo. - Tem roupas pra você no armário. Vou sair daqui do quarto. Assim que você terminar, me chame.

– Você não pode mandar em mim. – Ela fala irritada comigo.

Sério? Ela vai fazer esse jogo de não manda em mim? Quantos anos a minha irmã tem? O pior é que, tecnicamente eu posso mandar nela sim.

– Você não faz ideia. – Devido os olhos e me encoro no batente da porta cruzando os braços. – Anda Lucy. Vá pro banho como uma boa garota.

– Como você sabe o meu nome? E não fale comigo como se eu fosse um cachorro! - Agora ela estava mesmo irritada.

Por que ela não continuou sendo um anjinho que nem ela dormia?

– Eu sei o seu nome assim como Dimitry sabia. Vá para o banho.

– Não. – Ela determina e se levanta da cama, me encarando firme. Ela tem coragem. Mesmo sem saber quem eu sou, ela me desafia. E seu eu fosse um bandido? O que ela faria? Seria teimosa com o eu bandido também? – Diga-me o seu nome.

– Estou impressionado com a sua teimosia. – Falo começando a me irritar.

Ela franze o cenho pra mim e cruza os braços. Sinto vontade de rir, mas me seguro por que seria capaz dela me bater por eu estar rindo. Ela sempre foi assim. Costumava a bater pé e cruzar os braços, mas sempre por uma boa causa, não por simples e pura teimosia. Ela poderia me escutar, mas ela resolve argumentar em vês disso.

– Eu só estou sendo teimosa por que você não me dá respostas! E nem sequer sei o seu nome! – Rebate ela.

– Quer um nome? Está bem. Rafael. Agora vá pro seu banho. – Respondo perdendo um pouco da paciência.

– Não está bom o suficiente. Eu tenho mais perguntas! Como você me encontrou? Eu te conheço? Onde está Dimitry? E o que você está fazendo aqui? – Ela cospe aquelas perguntas que me acertam uma a uma.

Eu já estava começando a ficar estressado e desgastado por ficar rebatendo ela nos argumentos e agora ela me vem com uma bomba de perguntas. Respiro fundo e fecho os olhos buscando mais energia. Faço uma pequena meditação e rápida, controlando um pouco os meus nervos. Mas não o suficiente para impedir que eu a responda de forma grossa e ríspida.

– Assim que você sair do banho, nós conversamos.


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Notas finais do capítulo

E ai? Gostaram? O que acharam do Irmão Rafa?



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