Andrew abriu a porta do seu luxuoso apartamento e jogou o paletó no sofá, estava cansado da caminhada e extremamente chateado com Margaret. Olhou para o teto branco e logo depois para a estante, observou as fotografias simetricamente organizadas. Margaret e ele, sorrindo e comemorando o seu primeiro ano novo juntos, depois os dois na piscina num fim de semana na casa de alguns amigos e, finalmente, os dois cortando o bolo do seu casamento. Ele deu um sorriso amarelo, todas aquelas lembranças eram tão boas, que ele mal podia acreditar que Margaret iria estragar tudo isso com a mania idiota dela de fingir que nada está acontecendo, quando o céu está caindo sobre as suas cabeças. Ele levantou-se e foi para o banho, precisava sentir a água correr em seu corpo, só assim conseguia esquecer seus problemas. Quando estava no banheiro, ouviu a fechadura da porta fazer um barulho, provavelmente era Margaret que havia chegado. Ele não parou, continuou a se despir e a entrar no banheiro. Ela simplesmente chegou, tirou os sapatos e se jogou na cama, estava com uma dor de cabeça insuportável. Colocou a cabeça no travesseiro e fechou os olhos, ouviu o chuveiro e implorou desesperadamente que Andrew não notasse que ela não estava bem, não queria iniciar uma discussão, ele iria perguntar mil coisas que ela não estava pronta para responder.  Andrew saiu do banho e se deparou com Margaret deitada, com um dos travesseiros no rosto. Fingiu não vê-la e foi para a sala, se sentou de roupão no sofá e ligou a TV. Quando estava distraído, ouviu um barulho vindo do quarto, pensou em não levantar, mas o barulho ficou mais forte e se misturou com um grito. Ele quase tropeçou nos próprios pés, correu para a entrada do quarto e deu de cara com uma poça de sangue.

-Oh Meu Deus, Margaret- Andrew foi em direção a esposa. – Que diabos você fez?

-Eu....eu fui pegar o frasco, fiquei meio tonta, caiu da minha mão e.... – Margaret tremia, o sangue começou a escorrer da sua mão.

-Calma, vou pegar uma toalha para limpar isso.- Andrew abriu a gaveta, pegou uma toalha e coloco-a na mão da esposa, depois se sentou ao seu lado no chão e a abraçou pelos ombros.- Está tudo bem, eu estou aqui, vou levar você para fazer um curativo.

-Não...não quero voltar para o hospital.- Margaret quase implorou.

-Tudo bem, posso chamar o doutor aqui, agora se acalme.- Andrew deu um beijo nos cabelos de Margaret e a levantou com cuidado.- Fique na cama, vou ligar para o doutor.- Ele discou os números da clínica e a secretária atendeu, ele pediu para o doutor ser rápido, pois não tinha ideia da gravidade do corte.

Meia hora depois o doutor chegou....

-Obrigado por vim, Doutor...

-Onde ela está?

- No quarto....- Andrew acompanhou o homem até o quarto, queria ter certeza de que não era nada grave.

-Ora, é a segunda vez que nos vemos hoje, Margaret- O médico sorriu.

- É, pelo jeito o senhor gosta mesmo de mim;- Margaret tentou brincar.

-Vamos ver o que temos aqui.- O médico segurou a mão de Margaret, se livrou da toalha que estava molhada de sangue, limpou com gases e começou a dar os pontos. – Bom, você tem que tomar mais cuidada, Margaret. – O médico terminou os pontos.- Esses sintomas podem se intensificar, por isso é importante que você tome cuidado, você poderia ter se machucado feio.

-Sintomas? – Andrew olhou para Margaret, depois encarou o médico.- Do que estão falando?

-Você não contou para ele?

- Ok, acho que eu deveria saber de alguma coisa...- Andrew apertou os olhos.- Doutor?

-Please, doutor!! – Margaret encarou o homem com reprovação.- Deixe o Andrew comigo, agradeço pelo curativo, pode ir agora.

-Espera, quero saber a verdade....- Andrew segurou o médico impedindo-o de sair.

- Acho melhor ela te contar....

-Isso, eu vou contar, mas não hoje, não agora- Margaret atalhou a conversa e fuzilou o pobre médico com seu olhar.