Eram 19h quando eu acordei, saí do meu quarto e fui pra sala onde encontrei minha tia Rita e meu tio Gustavo.

- Precisamos conversar – falou minha tia, eu concordei e me sentei no sofá, olhei para ela dando permissão para continuar – Você sabe que por ser menor de idade, precisa de alguém para ficar responsável por ti, não pode ficar por conta própria – Eu concordei e ela continuou – você sabe que nós somos muito próximas, mas eu não tenho como ficar com você, o seu tio Gustavo mora em São Paulo com a esposa e seus primos, e se dispôs a ficar com você. Sei que pode ser complicado pra você nesse momento, mas é importante mudar um pouco os ares e conhecer pessoas novas. – Olhou pro meu tio pedindo para ele se pronunciar.

- Duda, eu sei que não somos tão próximos, afinal nos vimos o que? Duas ou três vezes? Mas acredite ou não, eu e sua mãe erámos muito amigos, nos afastamos por causa da distância e dos nossos compromissos mas sempre quando conversávamos, ela me falava de você, quão comprometida e interessada pelas coisas você é. Seus avós e seus tios não podem ficar com você. Mas mesmo se algum deles quisessem, eu iria pedir a sua guarda, pois eu quero um pedaço da minha irmã comigo, eu quero ser o tio que eu não pude ser todo esse tempo e espero que você possa me dar essa chance.

- Obrigada tio, eu quero ter essa chance de te conhecer melhor, pelo que vocês falaram, vou ter de ir pra São Paulo, realmente pode ser um pouco complicado para eu me adaptar no começo mas farei de tudo pra não decepciona-lo afinal você está se dispondo a cuidar de mim e eu só tenho a agradecer – fui honesta, afinal naquele momento eu não sabia o que seria de mim e ali estava o meu tio com quem nunca tive contato, disposto a me ajudar.

- Fico feliz querida, muito mesmo – falou ele – pode parecer um pouco rápido para você, mas nós viajaremos pra Porto Alegre amanhã de tarde e a noite pegaremos um avião para Sampa, então se quiser pode ir se despedir dos seus amigos agora e arrumar as coisas amanhã de manhã ou pode fazer o inverso, arrumar agora e depois se despedir – confesso que não esperei que fosse tudo tão rápido, mas talvez fosse até bom.

- Certo tio, vou arrumar as coisas agora, e combinar com o Cássio e João de se despedir amanhã de manhã, de que horas sai o nosso ônibus pra Porto Alegre?

- Sai de 15h, mas temos de estar lá uma hora antes. – Concordei e subi para arrumar as coisas, observei bem aquele quarto onde passei a maior parte da minha vida e decidi que não ia mais ficar me lamentando pelos acontecimentos. Arrumei minhas roupas em duas malas, peguei duas mochilas e coloquei lençol, toalha, escova de dente e de cabelo, peguei umas caixas que tinha no quarto da minha mãe e coloquei meus objetos. Minha tia veio no meu quarto e avisou que amanhã de manhã viria um caminhão de mudança pegar meu guarda roupa, minha cama e minha tv. Avisou também que se eu quisesse pegar alguma coisa da minha mãe de recordação poderia, pois ela e minha avó iriam vender algumas das coisas dela e da casa, assim como a própria casa, e o dinheiro seria colocado no banco para quando eu ficar de maior poder utilizar o dinheiro pra comprar uma casa ou apartamento. Liguei para os meus amigos e contei sobre a minha mudança, nenhum dos dois quis acreditar mas concordaram em amanhã cedo me encontrarem na pracinha para nos despedirmos, por mais que tivessem de faltar a escola, já que eu não iria por causa de toda essa mudança. Eram 22h Quando fui dormir.

Eram 9h quando acordei, me arrumei tomei café da amanhã e fui pra pracinha onde me encontrei com Cássio e João.

- Ainda não acredito que você vai embora – Falou João cabisbaixo.

- Nem eu, não vou te ver de manhã indo comprar algo para tomar café com sua mãe quase todos os dias. E ainda tem o nosso encontro, a Mari estava louca pra te conhecer, aposto que vocês iriam se dar tão bem.

- Verdade, vou sentir falta de tudo. E eu também gostaria de conhecer a Mari, ela parece uma garota muito legal, mas nada impede de algo acontecer no futuro – falei tentando não parecer pessimista. – Desculpem por ter feito vocês faltarem a escola hoje, mas eu realmente eu iria poder ir, vou embora hoje de tarde.

-Não precisa se desculpar, quando falei pra minha mãe da sua mudança e que tinha nos chamado para te encontrar aqui, ela concordou logo de cara, afinal somos amigos desde... quase todo o sempre? Haha vamos sentir sua falta as coisas não serão as mesmas sem você baixinha – Disse João. Nos abraçamos e ficamos um pouco mais por lá, quando deu 12h voltei pra casa onde encontrei um caminhão com as minhas coisas, segui pra dentro e encontrei minha tia.

- Oi tia, cadê o tio Gustavo? – Perguntei sentindo falta do homem de cabelos grisalhos, pois não o tinha visto desde onde a noite.

- Foi na sua escola pedir a transferência – disse ela enquanto arrumava algumas coisas da minha mãe, ele e minha avó iriam ficar responsáveis pela venda do imóvel e dos objetos da casa, pois ela morava na cidade e minha avó em Curitiba, mas ficaria um tempo por aqui, assim ficava mais fácil de resolverem as coisas.

Eram 13h30 quando eu e meu tio seguimos para a rodoviária, as 15h em ponto nós estamos deixando Gramado pra trás, a cidade que eu tanto amo e vivi os melhores momento da minha vida, sei que devo ter falado muito isso, mas essa é a verdade. Chegamos em Porto Alegre aproximadamente duas horas depois, pegando a avião para São Paulo as 18h. Pegamos uma rota em escalas, então chegamos lá umas 19h20.