Suicide Meeting. escrita por Prissy


Capítulo 1
Hate myself and want to die.


Notas iniciais do capítulo

OLÁ! Eu encontrei essa fanfic em um armário abandonada, depois de ter sido escrita por mim há muito tempo. Então decidi postar aqui e no meu blog (http://everysinglebeatofmyheart.blogspot.com), onde estão as outras. Obrigada por ler!



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Eu estava no topo de um prédio, planejando pular dali. Minha vida era muito ridícula. E eu tinha sido feita de idiota.  

Eu odiava minha vida.

Sentei-me na ponta do prédio, esperando o momento certo para saltar. Eu não duvidava que a hipócrita aparecesse ali, só para se deleitar com a minha morte.


 

Eu a odiava também.

Fiquei olhando para meus braços, para as marcas dos cortes que eu tinha feito, as iniciais do nome dela. Como eu era tola, por fazer aquilo por causa de uma vadia.

Eu me odiava.

Não percebi que um vulto se aproximava por trás de mim. Me virei, furiosa, esperando que fosse ela.

Mas não era.

Era um garoto.

Ele era alto, devia ter mais de um metro e oitenta. Era magro, longilíneo, com pernas finas, o que dava a seu corpo uma elegância. De longe, no escuro, parecia uma garota. Uma linda garota.

Seu cabelo escuro era arrepiado para os lados, formando uma juba bela e impressionante. Ele usava uma maquiagem preta, carregada, e tinha longas unhas pintadas de preto. Seus olhos cor de avelã me fitavam.

“Oi,” ele disse.

Não respondi, olhando para o horizonte que me aguardava. Ele se aproximou da beirada, abrindo os braços e fechando os olhos.

“O que está fazendo aqui?” eu perguntei.

“Vou pular daqui,” ele respondeu. Se sentou na beirada, como eu. Sentou-se do meu lado. “E você?”

“Também vou pular.”

Ele sorriu, um sorriso amargo. Pegou um cigarro do bolso e acendeu, me oferecendo um. Peguei, agradeci e o acendi.

“Último pecado.” Ele disse, tragando pensativo e soltando a fumaça lentamente. “Por que vai se matar?” ele perguntou.

“Por causa de uma vadia,” eu respondi.

Ele sorriu.

“Nossa! Você é lésbica?”

“Bissexual,” traguei mais uma vez antes de responder.

“Também sou. Você parece... um garoto.” Ele disse, com uma expressão de desculpas. “Um garoto delicado, mas um garoto.”

Foi a minha vez de sorrir.

“Todos dizem isso. E você parece uma garota.”

“Todos dizem isso,” ele repetiu.

Passei a mão pelo meu cabelo louro e curto, na altura dos lóbulos da orelha, levemente repicado.

“E você? O que te traz aqui?” eu quis saber. “Surpreenda-me.”

“Tá. Foi um garoto.” Ele disse lentamente. Ao ver que eu o molhava espantada, ele disse: “Meu ex-namorado.” Ele ergueu o braço, me mostrando um corte no pulso bem parecido com o que eu tinha.

“Ah.” Eu não tinha palavras. “O que ele te fez?”

“Ele era charmoso, lindo, poderoso. Mas era muito galinha. Me amou como nunca, mas não ligou para os meus sentimentos. Foi embora com uma vadia.” Ele fez uma pausa para levar o cigarro mais uma vez aos lábios. “E a sua vadia?”

“Eu amava ela mais do que tudo, mas ela não ligava muito para mim. Cansou das minhas loucuras e me deixou. Eu disse que morreria sem ela e ela riu de mim. Agora estou aqui.”

Ele suspirou, revirando os olhos.

“E agora vamos nos matar no mesmo dia. Que modo legal de nos conhecer.”

“Quem sabe nós vamos pro inferno juntos.”

Ele riu.

“Qual era o nome do seu garanhão?” perguntei.

“Tom. E o da sua vadia?”

“Telmah.”

“Tomara que eles sejam infelizes.”

“Tomara.”

Ele jogou o que sobrou do cigarro fora, fazendo-o cair prédio abaixo. Eu fiz o mesmo.

“Mora perto daqui?”

“Moro. Umas duas ruas abaixo.”

“Também. Somos vizinhos.”

“E vamos morrer no mesmo dia. Que coincidência!”

Me levantei.

“Vamos acabar logo com isso?”

“Vamos.” Ele se levantou. “Antes que alguém nos impeça. Logo vão aparecer as viaturas.”

Olhei para baixo. Era muito alto, e o ar era tão frio e calmo... Fechei os olhos.

“Hey, moça...” ouvi ele dizer.

Abri os olhos e o encarei. Olhei em seus olhos castanhos. E me perdi neles. De repente tudo parecia tolo.

Tentei organizar meus pensamentos.

Eu me odiava e queria morrer. Ok.

E então? Por que eu queria desistir, por causa de um garotinho andrógino que queria se matar também?

Ele me olhou de volta.

“Moça...” repetiu.

“Sim?”

“Eu não quero mais pular.” Ele olhou para baixo. “Pode ser tolice, mas para mim não vale mais a pena.”

“Por quê?”

“Porque eu tenho uma razão para viver agora.”

“Qual?” eu perguntei, mas eu já sabia o que era. Ele enrubesceu no escuro. Era tão adorável!

“Você,” ele disse.

Eu o olhei, fascinada.

“Sabe?” eu disse. “Não quero mais pular também. E é por causa de você.

“Que bom,” ele disse sorrindo.

Sorri, um sorriso bom e verdadeiro. Eu não sorria assim fazia semanas.

Ele estendeu a mão para que eu descesse. Aceitei.

“Vamos ficar juntos na noite?” perguntei.

“Vamos.”

“Na noite. Nesta e pelo resto de nossas vidas?”

“Sim.” Ele disse sorrindo. Um sorriso lindo, sincero, terno.

Ele me abraçou, e seu abraço me deixou arrepiada, transmitindo faíscas pelo meu corpo.

“Obrigada por me salvar,” eu disse.

“De nada, agradeço também.”

Ele me soltou, segurando minha mão. As faíscas persistiram.

“Nem sei seu nome,” ele disse.

“Adele,” respondi. “E o seu?”

“Bill.”

“Muito prazer, Bill.”

“O prazer foi meu, Adele.”

Eu o abracei dessa vez. Ele envolveu seu braço em volta da minha cintura. Era confortável assim.

“Vamos?”

“Vamos.”

Descemos juntos do prédio, para uma vida nova. Lembrei do final de uma música da Adele, minha xará. Dizia:

Now rumour has it he’s the one I’m leaving you for.”

Desci com ele, sentindo como se tivesse renascido.

Renascido para amá-lo eternamente.


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Notas finais do capítulo

Se você chegou até aqui, é porque leu (ou não). Mesmo que não tenha lido, muito obrigada, me deixou mais feliz. Se leu, OBRIGADA com letras maiúsculas, porque me deixou mais feliz. Beijinhos, Prissy.