Encantos escrita por Fadinha


Capítulo 3
Viky




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Eric não voltaria, o conhecia bem demais e tinha certeza disso. Eu ainda estava paralisada, não saberia viver sem ele. Forcei minhas unhas contra a palma de minha mão esquerda e senti algo liquido escorrer por ela. Obriguei minhas pernas a se mexerem e corri, me embrenhando na floresta por onde Eric havia sumido.

 

Meu cabelo enroscava em galhos, eu esbarrava em plantas espinhosas, tropeçava e por vezes quase caia. Mas tudo o que eu pensava era em Eric.

 

Estava de tal forma dentro da floresta, que não conseguiria voltar para casa, estava perdida, provavelmente morreria em poucos dias de exaustão, sede ou fome. Mas meu destino era outro.

 

Uma pedra, uma simples pedra. Tropecei nela e meu pé pareceu explodir em dor. Cai e bati minha cabeça com muita força contra o chão, minha visão foi escurecendo. Mas, antes de tudo se apagar, vi, de relance, uma asa, branca e frondosa.

 

 

 

 

 

Abri meus olhos e a primeira coisa que percebi foi uma luz vinda do meu lado direito. No começo minha visão estava turva e fosca, mas logo meus olhos acostumaram com a luz que por ali pairava e eu pude ver melhor o ambiente ao meu redor.

           

A primeira coisa que distingui foi um teto de palha. Logo reparei que me encontrava em uma modesta casa de campo.

           

Levantei-me da cama onde estava deitada e me sentei em seu leito, o qual rangeu muito aos meus leves movimentos. Olhei ao meu redor, era tudo tão limpo e arrumado, cada coisa em seu lugar combinando perfeitamente cor e forma. Uma linda visão. Lembrei de minha mãe, e de como ela deixava a casa impecável. E eu a abandonei. A abandonei sem nem pensar duas vezes, aliais, sem nem pensar uma vez. Simplesmente não lembrei da mulher que me criou com tanto amor e dedicação.

           

Sei que levou tempo para ela me criar, mas não levei tempo algum para deixá-la. Eu deveria suplicar perdão para ela. Faria isso, era uma promessa.

           

Neste momento, uma moça, não muito mais velha que eu, entrou segurando uma bandeja contendo uma jarra d’água  e suculentas frutas que pareciam ter acabo de serem colhidas. Ela tinha um longo, liso e negro cabelo, com tranças aqui e ali, que sempre terminavam em conchas e pedras coloridas, o que realçava ainda mais seu delicado rostp. Usava um top e um shorts verde - acinzentados. Estava descalça, e seus olhos, eu nunca vi nenhum olho assim, eles pareciam água cristalina, numa beleza que não ouso descrever.

           

Ela pareceu surpresa ao me ver ali, sentada na cama. Pelo vão da porta que ela deixou aberta, percebi que havia outro cômodo de onde vinham ruídos mínimos, os quais cessaram assim que a linda moça fechou a porta.

           

-Oi Colega! Está com uma aparência horrível! – Ela disse sorridente, apontando um canto do quarto.

           

Fiquei simplesmente boquiaberta. Não tive nenhuma reação a não ser olhar para o lugar onde ela apontava. Avistei uma janela, de onde vinha a toda a luz do quarto, e logo do lado um guarda-roupas que possuía um espelho fixado a uma de suas portas.

           

Fiquei em pé e fui caminhando até a janela. Quando finalmente consegui ver por ela, vi o campo se espalhar até onde se podia enxergar. O sol, já baixo, quase tocava o horizonte. Dei um passo para o lado de modo a me olhar no espelho.

           

Fiquei espantada ao ver, refletida no espelho, uma garota que eu não associava à minha própria imagem. Meus cabelos, que costumavam ter sedosos cachos dourados, estavam emaranhados e sem o costumeiro brilho. Na minha testa, um grande hematoma se formava, e pelo resto do meu corpo, pequenos aranhões, e meus joelhos e cotovelos estavam esfolados. Era isso que a falta do Eric me fazia. Eu estava horrível, e nem havia percebido ou sentido nada até aquele momento. Agora reparei que meu pé direito ainda doía e minha cabeça latejava.

           

- Será que a nossa visitante tem um nome? – Perguntou a moça, me oferecendo um pouco de água, a qual aceitei, com gosto.

 

- Meu nome? – Hesitei. Meu nome... Há quanto tempo eu nem ao menos pensava em meu nome? - Meise. – Respondi afinal, mas meu próprio nome soou estranhos ao meus ouvidos. Há muito tempo não o havia ouvido, nem mesmo Eric o disse antes de partir.

 

- Ah, Prazer em te conhecer! – Respondeu ela, pegando uma escova de cabelos da penteadeira – Meu nome é Viky. – Agora desemaranhava meus cabelos, nó por nó – Sou uma sereia.

 

- Sereia? Pensei que sereias tinham rabo de peixe.

 

-Rabo de peixe? – Ela riu sonoramente – Isso é Mito!

 

-Sereias são mito – Respondi, arqueando as sobrancelhas.

 

Ela passou algum tempo em silencio, até terminar de pentear meu cabelo. Em seguida ,colocou a escova de volta na penteadeira, e se dirigiu à mim:

 

-Você não acredita em seres mitológicos? – Ela sorria gentilmente – Então venha ver isto...

 

Ela abriu a porta, e a cena que vi em seguida não esqueço jamais.

 


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