Batalha De Okinawa - 1945 escrita por Alice Kirkland


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo pra vocês! Me empolguei escrevendo isso... Acho que vai sair maior do que imaginei! O_O''
Bom, espero que gostem e... Esse saiu maior! o/



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- Olha o que temos por aqui... - Um deles falou, me olhando com raiva. Ele tinha cabelos azuis escuros, olhos castanhos claros e um olhar amendrontador. Parecia muito com Yuuichi.

- O que uma americana faz sozinha em solo japonês? É muita coragem! Ou... Muita burrice... - Um soldado de cabelos castanhos claros com estranhos redemoinhos, olhos acinzentados e sério falou.

- Falou o mais inteligente daqui... O que faremos com ela? - Outro soldado de cabelos esverdeados, olhos amarelos e brilhantes e certa maldade no olhar falou.

- Kariya, fique na sua! Eu sou muito inteligente! Não fuja do assunto! Temos uma americana a nossa frente! O que faremos com ela? - O de cabelos castanhos claros perguntou. Seria cômico, se eu não estivesse na mira do soldado de cabelos azuis.

- Kyosuke, largue a arma... - Ouvi uma voz conhecida soando detrás dos soldados. Corei ao ver que era Yuuichi.

- Nii-san, temos que matar qualquer americano que cruze nosso caminho... - O soldado falou. Estava pronto para apertar o gatilho a qualquer momento.

- Eu cuido dela... - Ele falou.

Como assim “eu cuido dela”? O que ele vai fazer comigo agora? Tentei levantar-me para sair correndo, mas a dor era insuportável. Yuuichi foi se aproximando de mim com um olhar frio e sério. Não parecia o mesmo de antes. O que farei agora? Ele pegou-me pelo braço e me fez levantar. Lágrimas saíam de meus olhos. Estava com medo e com dor. Ficou me puxando para a floresta que tinha ali por perto. Os outros soldados só riam e comentavam que eu não tive sorte. Que ele era o maldoso entre os soldados.

Quando paramos de andar, ele me jogou no chão. Acabei batendo minhas costas em uma árvore que tinha ali. Fechei meus olhos e esperei o pior.

- Ta vendo o por que de você não poder sair assim, sozinha? Agora entende? - Ele falou.

- N-não vai me matar? - Perguntei com os olhos fechados ainda.

- Deveria! Fiquei com muita raiva de te ver sair correndo assim! Mas não irei te matar... Não sei por que, mas... Sinto necessidade de estar perto de você... - Ele falou.

- C-como é que é? - Perguntei, abrindo meus olhos surpresa.

- Isso que você ouviu... Como está sua perna? - Ele perguntou, tocando nela.

- AI! Não toque nela...! Eu acho que fraturei ela... - Falei, fazendo careta.

- Bem feito...! Quem mandou sair correndo daquele jeito? - Ele respondeu e me pegou no colo.

- Pra onde irá me levar? - Perguntei emburrada.

- Para um lugar seguro... Estamos quase perto do campo de batalha... E os outros soldados estão por perto ainda. - Ele sussurrou. Pude ouvir aqueles três rindo.

- Aqueles três... - Falei com raiva.

- Não os culpe. Você é americana. Se você não tivesse me ajudado, já teria te torturado. - Ele falou friamente. Aquilo me causou um arrepio enorme por todo o corpo.

- Então por que não me matou? - Perguntei baixinho, com medo da resposta.

- Porque não mato os que me ajudam... Meus pais me ensinaram isso... - Ele falou, encarando tristemente o chão.

- … - Não falei nada. Pela sua tristeza, imagino que seus pais foram mortos na guerra.

- Hey... Perdoe meu irmão... Elee se tornou outra pessoa depois que mataram nossos pais... - Yuuichi falou. Então é isso... Mataram os pais deles.

- Ahn... Desculpe a pergunta, mas... O que aconteceu com seus pais...? - Perguntei um tanto curiosa.

- Quando chegarmos as cavernas lhe conto tudo... - Ele falou.

Fomos o caminho todo até as cavernas em silêncio. O clima estava um pouco triste por conta do assunto que surgiu. Não queria vê-lo assim. Quando chegamos lá, ele sentou-se escorado a parede. Reparei que estava no colo dele ainda. Tratei de tentar sair. Não deu muito certo. Ele puxou-me contra seu corpo e beijou uma vez meu pescoço. Aquilo me arrepiou.

- Desculpe ter te jogado contra a árvore daquele jeito... Não quis lhe fazer mal... Reparei que tinha um dos soldados me vigiando para ver o que iria fazer... - Ele falou, encostando sua testa em minhas costas.

- Não foi nada soldado... Lhe devo a vida agora, já que salvou a minha... - Falei com a voz um pouco trêmula.

- Nada disso. Só retribui o que você fez por mim. Agora estamos quites. - Ele falou.

- … - Não sabia o que falar. Será que ele iria me abandonar agora? Afinal, a dívida dele já estava paga.

- Bom, sobre meus pais, lhe contarei o essencial... Há coisas que você não precisa saber... - Ele falou em meu ouvido. Somente assenti com a cabeça dizendo “tudo bem”.


 

Narrador POV’s


 

--------- 12h:40min, Parte norte da ilha de Okinawa ---------


 

Era uma tarde ensolarada. Estava muito quente e as pessoas que moravam naquela parte da ilha faziam de tudo para se refrescar. Alguns sentavam em sombras feitas pelas árvores que ali tinha, juntamente de suas famílias. Outros aproveitavam a água que vinha do Oceano.

Dois adolescentes estavam a beira da praia sentados olhando as águas. Conversavam animadamente. Sorriam. Não imaginavam que algo horrível estava pra acontecer.

Por um descuido de um dos soldados, um americano conseguiu infiltrar-se entre os moradores. Sua missão? Causar o caos naquela ilha e preparar o terreno para um futuro ataque americano.

Para completar sua missão, entrou em uma casa qualquer e rendeu as pessoas que ali se encontravam. Como queria que fosse bem sucedida sua missão, trancou a porta da casa, amarrou o homem que estava sentado a uma cadeira e abusou de sua mulher.

O americano era o soldado mais canalha de toda a América. Ele era o mais cruel e sem coração. Depois de abusar da mulher, tacou um líquido inflamável no corpo dos dois. Antes de atear fogo em tudo, deu vários tiros no homem, que gritava de dor. Sua esposa já se encontrava no chão, inconsciente por causa da dor.

Não satisfeito com as torturas, o homem saiu da casa, trancou-a e derramou o mesmo líquido em toda sua extensão.

Enquanto fazia isso, os dois jovens haviam chegado. Quando viram se tratar de um americano, trataram de se esconder bem entre as árvores que tinham ali. Haviam várias pessoas desesperadas, gritando para salvarem as vítimas que tinham dentro da casa.

Tarde demais. O americano havia tacado fogo em tudo. O imóvel agora estava em chamas e irreconhecível. Soldados japoneses apareceram para tentar apagar o fogo.

Tempo depois, conseguiram fazer as chamas abaixarem. O soldado americano foi preso por tamanha desordem causada. Iria ser julgado e condenado.

As pessoas começaram a procurar vestígios para ver de quem era a casa. Os jovens começaram a procurar por seus pais desesperadamente entre os moradores.

Um dos moradores, espantado, deu um grito. Chamou os meninos e apontou para dois corpos carbonizados. Eram seus pais. Para os jovens, a vida e a diversão haviam acabado naquele mesmo instante. O mais novo começou a chorar. O mais velho, fazia-se de forte para consolar o irmão.


 

Winry POV’s


 

Que história triste... Não imaginei que o passado dele era tão sombrio assim... Tentei me virar para ver seu rosto, mas ele simplesmente enterrou-o em minhas costas. Pude sentir que minha blusa estava molhada. Ele estava chorando.

- E-então é por isso que odeia tanto os americanos... - Falei. Não consegui conter minhas lágrimas.

- E o pior, é que aquele maldito conseguiu fugir! - Ele gritava de raiva enquanto chorava e apertava cada vez mais seu rosto contra as minhas costas.

- F-fugiu sim... Lembro que ele havia saído para uma missão... Depois que voltou, bom... Prefiro não lembrar... - Falei encarando o chão.

- O que...? O que aconteceu...? - Ele perguntou, me virando bruscamente para encará-lo.

- C-calma...! Ele só começou a me perseguir novamente... Quando ele sai a missão, fico aliviada... - Falei olhando para um canto qualquer.

- Maldito... Ele atormenta aqui e lá, é? - Yuuichi falou, socando o chão.

- Fique calmo... Com a guerra acontecendo, ele não tem nem tempo para me perturbar... Nem sabe onde estou... - Falei sorrindo fraco.

- Bom... Que tal cuidar da sua perna agora? Eu não sei o que fazer, mas pode ir falando que eu dou um jeito... - Ele falou se levantando. Parecia mais revoltado que o normal.

- Tudo bem... - Respondi preocupada.

Fui dando as instruções a ele. Yuuichi parecia mesmo estar bravo. Parecia que descontava tudo na coitada da minha perna. Depois que acabamos, fiquei o olhando por um tempo. Este percebeu e corou um pouco. Puder ver suas bochechas mudarem de cor levemente. Sorri um pouco com isso. Apesar da dor, eu estava aproveitando o máximo possível a companhia dele. Sabia que uma hora iríamos ter que voltar as nossas vidas normais.

- Winry... - Ele me chamou.

- Sim...? - Respondi sorrindo pra ele.

- Por que não abandona de vez o Estados Unidos? Por que não vem morar aqui? - Ele perguntou seriamente.

- Porque lá, apesar de sofrer com os preconceitos com meu nome, tenho uma vida, uma profissão... Aqui, eu teria que começar do zero e com os mesmos preconceitos... Só que por eu ser americana... - Respondi encarando o chão.

- Pode morar comigo... - Ele falou sem me olhar.

- O-o que? - É isso mesmo? Ele está me chamando para morar com ele? Mas nos conhecemos ontem! Isso não é possível!

- Isso mesmo... Fique aqui comigo... - Yuuichi falou, ainda sem me olhar.

- M-mas... Nós nos conhecemos ontem! - Falei assustada.

- Eu sei, mas... Depois de ver que você é diferente... Comecei a gostar da sua companhia... Comecei a gostar de você... - Ele falou fechando os olhos. Estava um pouco mais corado.

- O-olha... E-eu também gostei de você, sério... Mas... Não acha muito cedo pra isso...? - Perguntei, tentando fazê-lo mudar de ideia.

- Não penso que seja cedo... -  Ele falou e, no instante seguinte, estava sobre mim.

Não tive tempo de retrucar. Ele começou a beijar meu pescoço. Como as coisas chegaram a esse ponto? Tenho que sair daqui...! Não que eu não goste dele... Muito pelo contrário! Mas tenho medo... Comecei a me debater, para ver se conseguia sair de seus braços. Como sempre, isso tudo foi em vão. Ele é mais forte que eu, pra variar. Tentei falar para ele me soltar.

- Yuuichi, por favor... Me solte... - Falei com dificuldades.

- Te soltarei sim... Mas por favor... Fique comigo... - Ele falou me olhando nos olhos.

- V-você sabe que não posso... Agora vamos soldado... Tenho que ir para o campo de batalha... Já devem estar sentindo minha falta... - Falei tristemente.

- Você não pode ou você não quer...? - Ele perguntou seriamente.

- Claro que quero ficar com você! Mas... Com a guerra estourando, não dá para pensar nisso! Temos que ajudar! - Falei quando ouvi um barulho de bomba por perto.

- Certo... - Ele falou, me libertando.

- Ora, ora, ora... Que ceninha mais linda foi essa...? - Uma voz ecoou pela caverna.

Não acredito...! É um dos soldados que queria me matar! E agora...? Ele vai acabar nos matando! O que eu faço? O que eu faço? Desesperada, levantei-me e tentei correr.

Não deu muito certo, afinal, o soldado havia dado um tiro na minha outra perna. A dor era insuportável. Não conseguia mais andar.

- O que está fazendo aqui...? - Yuuichi perguntou.

- Pensei que estava demorando demais para acabar com essa imundiça... Ainda bem que resolvi seguir os dois... - O soldado de cabelos castanhos claros falou.

- Tenma, falei que cuidava disso sozinho...! - Yuuichi falou seriamente.

- Trazendo a americana pra cá? Que bela ajuda você iria nos dar... Já se esqueceu do que aqueles americanos malditos fizeram com seus pais? - O soldado, Tenma, falou com um sorriso irônico nos lábios.

- … - Yuuichi nada mais falou.

- Deixe que eu cuido desse estorvo pra você... - Tenma falou, apontando sua arma para mim.

Pronto, agora é fato. Irei morrer em uma caverna escura em Okinawa. Não existe morte mais boba que essa... Fechei meus olhos com força e ouvi três tiros sendo disparados. Vi que estava demorando a sentir alguma dor, então abri lentamente meus olhos.

Quando os abri, vi uma cena chocante. Yuuichi com uma arma nas mãos e Tenma ao chão, agonizando de dor.

- Yuuichi! O que você fez? - Perguntei desesperada.

- Salvei sua vida. - Ele respondeu friamente.

- V-você me paga soldado... - Tenma falou com um olhar de dar medo. Mesmo sangrando, estava com uma raiva que até emanava de seu corpo.

- Fique calmo, eu vou te ajudar, e... - Fui interrompida.

- Não quero ajuda de americanos malditos! MALDITOS! - Tenma gritava.

- Cale a boca. Se quiser viver, deixe-a fazer o que tem que fazer. - Yuuichi falou guardando sua arma e indo para o fundo da caverna.


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Notas finais do capítulo

E aí, mereço reviews? Digam que sim, leitores fantasmas, por favor...! 8D



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