A Irmã De Renesmee escrita por Thatty


Capítulo 34
Você tem que acha-la!




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Eu estava com dores e com dificuldade de me mexer.  Eu estava morta? Porque eu sentia como se estivesse...

Quando abri os olhos a luz fraca me incomodou. Eu não estava mais na floresta e aparentemente nem no castelo.

Parecia um quarto simples de hotel, eu estava deitada em uma cama e quando tentei me mexer, percebi que tinha um soro em meu braço.

—Acordou - ouvi a voz suave surgir perto de mim.

Era Carlisle, quando o olhei, ele estava bem atrás de mim.

Estava em pé me observando. Meu coração acelerou quando o vi ali, de verdade, sem ser uma alucinação.

—Vovô - sussurrei com a voz embargada.

Era tão bom ver um rosto conhecido depois de tudo, um rosto familiar.

Minha família.

—Calma querida - pediu sentando ao meu lado vendo que eu estava ficando ansiosa. - Como você está?

Foi quando um Flashback passou pela minha cabeça me deixando sem ar. Tudo que eu vivi repassando na minha mente.

Que noite foi essa? Como eu vim parar aqui?

—Não sei. - disse confusa - Carlisle o bebê, ele está bem? Não minta para mim.

—Não mentiria, você saberia. - disse sério, mas deu um sorriso. - Aparentemente está tudo bem. Mas só saberei com certeza quando chegarmos a Forks. Preciso de exames detalhados. Enquanto isso não se preocupe, vocês dois vão ficar bem.

Eu não sabia que estava prendendo o ar até ele responder. Eu estava aliviada.

—Obrigada vô - sussurrei tranquila.

Sabia que Carlisle faria de tudo para nos manter bem e isso me acalmava.

A presença e a confiança que ele estava sentindo em que tudo ficaria bem, me deixava em paz.

Eu confiava nos seus instintos.

—Quem está aqui?

—Os Volturi estão cuidando de Ícaro com a ajuda dos Roller. Seus pais, Jasper e Emmett estão cuidando dos vampiros que fugiram, tentando rastrea-los. Suas tias, sua avó e Ness ficaram em Forks.

Eu engoli em seco.

Tanta gente aqui na Itália é porque a situação não deveria estar boa.

—A propósito, você nos fez uma família muito mais feliz agora - disse realmente empolgado. - Estou contente por você e Nicolas. Filho é um presente. Estamos felizes por você nos dar esse presente.

—Obrigada, mas duvido que todos pensem dessa foma - sussurrei com a cabeça em outro lugar.

—Liza não se preocupe com isso, seremos uma família muito mais unida agora. - ele pegou em minha mão me reconfortando.

—É loucura, não é?

—Com certeza. Serei bisavô. - ele assentiu rindo e eu ri junto, mesmo estando desesperada por dentro. - Mas você dá conta. Confio em você.

Eu queria dizer: não confie. Mas não podia. Eu ia ser mãe, as coisas tinham que ser diferentes agora.

—Liza nesse tempo que esteve lá, fizeram alguma coisa com você? Te machucaram ou torturaram?

—Fiquei 5 ou 6 dias sem comer nada. Fora isso não tocaram em mim, não se preocupe, estou bem.

—Então vou buscar algo pra você comer. - Disse se levantando. - A propósito, Nicolas está lá fora, quer vê-lo?

Só de falar no nome dele meu coração acelerou de uma maneira inexplicável.

Percebendo isso, Carlisle riu.

—É eu quero. Você pode chama-lo.

Carlisle deu um beijo na minha testa e depois saiu do quarto.

Eu queria tanto vê-lo. Eu sonhei e desejei isso por todos esses dias. Mas não sabia se estava pronta, estava com medo.

Não é ridículo?

Foram quase 10 dias presa naquele lugar sentindo o medo de poder ser morta a qualquer momento e o rosto dele era a única coisa que vinha na minha mente.

Aqueles olhos azuis que eu tanto amava e admirava, eram eles que me deixavam calma diante de tudo.

Agora que vou encontra-lo e estou com um mix de sensações, estou com medo, com saudades, com dor de barriga...

Eu não sabia até que ponto Nicolas ia entender certas coisas.

Eu estava tremendo quando ele abriu a porta do quarto e entrou no meu campo de visão.

Quando vi seus lindos olhos que eu tanto amava me olharem preocupados, eu não aguentei, comecei a chorar antes que ele me dissesse um oi.

Ele veio até mim correndo e me envolveu em seus braços sem falar nada.

Eu mal conseguia respirar de tanto chorar.

—Calma meu amor - ele pediu segurando meu rosto, mas eu não conseguia parar de chorar. - Eu estou aqui agora, estou com você.

Eu o abracei de novo sendo inundada pelo alívio em poder senti-lo, vê-lo, ouvi-lo, cheira-lo... Ele parecia uma alucinação das varias que tive quando estava presa naquele maldito lugar.

A poucas horas isso parecia uma realidade impossível para mim.

—Desculpa, eu não queria que nada disso tivesse acontecido... - ele sussurrou.

—Não pode se culpar toda vez que algo ruim acontecer comigo, lembra? Eu atraio essas coisas.

—Você está bem? - ele perguntou olhando e tocando cada parte do meu corpo procurando por algo errado.

—Estou, para de se preocupar - pedi. Não gostava de vê-lo assim por minha causa.

—É como pedir para o sol não nascer - ele disse automático. - Você sumiu por mais de 10 dias. Tem noção de como eu fiquei Elizabeth Cullen? Do que eu estava disposto a fazer para te achar? E a maneira como te encontrei? Toda machucada, sangrando e com dezenas de vampiros querendo te matar...

Ele parecia bravo enquanto falava, o que me fez sorrir. Eu sentia que ia infarta-lo qualquer dia.

—Estou aqui agora. - disse o puxando. - E está tudo bem.

Estava mesmo tudo bem?

Bom, não importava. Ele me beijou.

E como senti falta disso. Como um dia pude viver sem isso?

Eu me afastei um pouco e ele me encarou. Apesar de me sentir acordando de um pesadelo em poder finalmente estar com Nicolas, eu ainda estava aflita, ansiosa e com medo.

—Eu sei que você já sabe, mas eu queria fingir que não sabe, pode ser? Pra eu poder te contar. - Disse e ele sorriu sabendo do que eu estava falando - Finge que não sabe, ta?

—Eu não sei de nada - ele deu de ombros. - Me conta. Quero ouvir você me contar.

Eu olhei nos olhos dele e viajei por um segundo imaginando um bebê, uma criança metade eu, metade ele.

Aquilo disparou meu coração.

—Vamos ter um filho - sussurrei enquanto ele continuava me olhando. - Eu não sei se estou pronta, ou se você está pronto. Eu nem sabia que podia engravidar até saber que estava grávida. Não sei se vou ser uma boa mãe. Com certeza não vou ser um bom exemplo para ele ou ela... - disse perdida nas minhas próprias atitudes. - Mas eu prometo que vou fazer o melhor que posso. Isso é novo para mim e eu estou com muito medo. Tenho uns 8 meses para mudar muita coisa.

Nicolas estava sorrindo enquanto me ouvia falar. Ele tirou uma mecha de cabelo do meu olho e enxugou uma lágrima minha.

—Eu também estou com medo. - admitiu enquanto falava com a voz calma. - Me pegou de surpresa mais do que você imagina, não achei que isso fosse acontecer tão cedo. Mas eu quero isso. Quero você e o nosso filho Elizabeth. Tenho certeza que você vai ser maravilhosa.

—E se eu não for? - Perguntei.

Eu estava cheia de inseguranças.

—Vai ser, ele ou ela vai te amar e ser tão louco de amor por você como eu sou. Eu te amo demais Liza. Vai ficar tudo bem. - Ele distribuiu vários beijos em meu rosto e colocou sua mão em minha barriga. - Não sei o que faria se algo tivesse acontecido com vocês dois. Eu quase morri só de pensar nessa possibilidade.

Foi então que eu engoli em seco. Não sabia até aonde ele sabia...

—Eu tive ajuda.

—Teve? - Perguntou desconfiado, mudando seu humor na hora. - Como assim?

Então ele não sabia de nada. Respirei fundo me sentando direito na cama.

—Lauren.

Ao ouvir o nome da irmã a feição de Nicolas mudou na hora.

—Lauren? Ela fez alguma coisa com você? - Ele perguntou já exaltado. - Por isso eu vi que você estava sem o colar, ela o roubou...

—Calma - pedi respirando fundo de novo.

—Não me peça para ter calma, é a Lauren!

Ok. Fazia sentido sua reação, ele não sabia das coisas que aconteceram e de muitas outras coisas também.

Eu não sabia como ia ser agora.

—Deixa eu explicar. Ela não fez nada de ruim. Quer dizer, é uma longa história. - contei enquanto seus diamantes azuis me encaravam tensos. - O que estou tentando dizer é que, foi Lauren quem me ajudou. Passamos por coisas juntas durante esses dias. E ela me ajudou a fugir. Foi ela quem salvou seu filho Nicolas. Eu queria poder falar com ela...

Nicolas levantou da cama sem olhar para mim. Ele parou de frente pra janela desnorteado.

—Não sei onde ela está.

—Como é? - Dessa vez foi eu que fiquei inconformada. - Como assim não sabe?

—Lauren fugiu, foi embora. Eu pensei que ela tivesse fugido com Ícaro...

—Não, ela não faria isso. Ele está atrás dela também. - Nicolas me encarou nessa hora balançando a cabeça completamente perdido. - Você tem que ir atrás dela.

—O que? - ele quase gritou - Ta ouvindo o que está me pedindo?

Eu me afundei em memórias dos dias anteriores e em como as coisas foram para nos duas.

—Nicolas, Ícaro quer mata-la, assim como ele também quer me matar. Nos duas matamos a família dele. Eu e ela. - expliquei tentando fazê-lo entender a gravidade da situação. - Você tem que encontra-la antes. Porque se ele acha-la antes de você, ele vai matar a sua irmã. Você deve isso a ela. Eu devo!

Ele parecia transtornado, sem saber o que pensar ou fazer. Acho que ele nem estava respirando.

—Como isso foi acontecer? - ele perguntou frustrado - Como Lauren de repente mudou de lado e agora ela virou uma preocupação pra você? Eu estou confuso... - Sussurrou a última parte. - Foi ela quem ajudou a te sequestrar, não estou entendendo nada.

Eu ainda não conseguia me mexer direito, e nem levantar. Então o chamei pela mão e ele voltou a sentar na cama relutante.

Eu não conseguia imaginar o que ele estava sentindo, eu nunca sabia o que ele sentia. Devia estar em um conflito interno.

Eu segurei em uma de suas mãos que estavam frias e trêmulas e coloquei a outra em seu rosto aflito.

—Nicolas, aconteceram coisas esses dias que mudaram tudo pra mim, e para Lauren principalmente. Eu não vou falar, não cabe a mim dizer algo sobre a família de vocês...

—Do que está falando Liza...

Eu estava falando sobre eles odiarem Lauren por ter matado a mãe deles, quando na verdade não tinha sido ela.

Mas não cabia a mim contar esse segredo.

—Ela precisa de você Nicolas. - disse fazendo-o olhar pra mim - Eu sei que tem uma parte de você que a odeia por tantas décadas de perseguição e sofrimento. Mas sei que outra parte sua ainda a ama. E tudo bem se você odeia ela mais do que a ama, a questão é que, devemos isso a ela. Eu poderia estar morta agora se não fosse pela ajuda dela. Ela me salvou e salvou o nosso filho. É uma dívida quem nem tem como ser paga.

Ele me olhava falar e sua mente parecia não processar. Ele soltou minha mão e se levantou de novo.

—Eu não sei o que vou fazer... - sussurrou.

—Sabe sim - disse com raiva - Se você não for atrás dela, eu vou toda quebrada do jeito que estou. Quer que eu faça isso Nicolas Roller?

Ele não respondeu, ficou analisando o quanto eu estava falando sério.

Eu cogitei levantar para intimida-lo, mas a porta do quarto se abriu. E meus pais entraram.

—Vou deixar vocês a sós - Nicolas saiu disparado pela porta sem olhar pra trás.

Eu suspirei preocupada com ele e sua reação. E agora com a escrota da Lauren.

Que ódio.

Realmente, o que foi que aconteceu que aquela vadia virou minha preocupação de repente?

—Está tudo bem? - Meu pai perguntou olhando da porta para mim, e eu suspirei assentindo.

Mas eu não sabia.

Estava tudo bem?

[...]

Meus pais não tiveram muito tempo para falar sobre a gravidez, estavam ocupados e preocupados com o sequestro. Só queriam saber de como eu estava.

Nicolas não voltou mais depois da nossa conversa.

Eu passei a noite no hotel com minha mãe.

Depois que peguei meu celular de volta, recebi uma mensagem dele avisando que estava procurando por Lauren, junto com sua família.

Eu dormi muito mal essa noite.

Pela manhã quando acordei eu estava sozinha, consegui levantar e tirar o acesso do soro. Não precisava mais daquilo.

Fui até o banheiro e tomei um banho que lavou minha alma. Quando sai tinha uma mala com meu nome em cima da cama.

Vesti um moletom largo e confortável, depois guardei aquela roupa que estava usando. Minha mãe entrou no quarto enquanto eu terminava de me arrumar.

Ela estava estranha, sentada e calada na ponta da cama me observando meticulosamente.

—O que foi? - Perguntei.

Ela me encarou por mais uns segundos antes de respirar fundo e falar:

—Só quero que saiba, que jamais vou te recriminar por estar grávida. 17 anos atrás eu estava no seu lugar. Como mãe, me sinto culpada por não ter te aconselhado a evitar isso...

—Culpada do que? Da onde tirou isso? - Perguntei incrédula.

— Eu fui muito ausente pra você Elizabeth. Mais uma vez sinto muito por estar passando por isso. Não queria que as coisas tivessem sido desse jeito.

—De que jeito? Do jeito injusto? - Perguntei cruzando os braços.

Ela sabia do que eu me referia. Ainda não tínhamos tocado em certos assuntos.

—É - ela sussurrou.

Eu respirei fundo antes de decidir trazer isso a tona. Mas acho que agora eu precisava.

—Mãe nessas quase duas semanas longe e trancada entre quatro paredes, eu tive muito tempo para pensar sobre minha vida. - disse me sentando ao lado dela. - Foi difícil perdoar vocês quando retornei a Forks depois de quase um ano. Eu sinceramente, nunca nem devia ter voltado quando decidi ir embora.

—Minha filha, porquê... - minha mãe me olhou chocada.

—Mas eu voltei. - a interrompi. - Acho que eu estava sendo guiada mais pelos meus instintos, do que pela minha vontade própria. Aconteceram coisas que me marcaram, que nunca vou esquecer e que eu pretendo não repetir como mãe. Mas não me arrependo de ter voltado, sabe porquê? - ela não respondeu, estava chateada. - Se eu não tivesse voltado pra casa nunca teria ido para Hanover. E não teria achado Nicolas. Eu precisava voltar antes de encontra-lo. Se eu tivesse encontrado com ele antes de voltar a Forks, talvez eu tivesse estragado tudo pelo jeito como eu estava naquele momento.

—Eu sinto muito por tudo que aconteceu com você naquela época, pelo que esta acontecendo agora, eu nunca quis isso. Você é minha filha, eu sempre quis te proteger.

—É eu sei - disse com mágoa. - Você e papai passaram mais tempo da minha vida tentando me proteger de mim mesma, em vez de confiar em mim, como tinha que ter sido.

Ela parecia arrasada com o que eu dizia.

—Eu nunca vou me perdoar por isso.

—Mas eu vou. - disse decidida. - Porque se eu tivesse parado por um momento para ter rancor de vocês, eu não teria o que tenho hoje. Tudo que eu fiz, cada decisão que eu tomei, me trouxe exatamente para onde estou agora. Não que eu esteja em um momento muito bom. - disse rindo - Mas eu tenho Nicolas. E ele é minha vida, e me deu uma família agora que é o nosso bebê, e a família dele, que se arrisca por mim todos os dias sem se preocupar com meus defeitos. Eu não me arrependo nem por um segundo de nada na minha vida, e nem dessa gravidez.

—Eu tenho orgulho da pessoa que está se tornando - ela disse com os olhos tristes, mas deu um sorriso. - Não vou te recriminar por nada, o que passou, passou. Nos temos a eternidade para mudar isso.

—É claro mãe - disse a abraçando. - Temos muito tempo.

Eu ainda vivia em conflito com relação ao que sentia pelos meus pais, sobre os últimos acontecimentos antes de eu ir embora de Forks.

Não sabia se tinha superado 100%, mas eu estava satisfeita para onde o destino tinha me levado depois daquilo.

 


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Notas finais do capítulo

(E)