Again And Again - Fic Interativa escrita por C R Flanne


Capítulo 5
IX - Orgulho


Notas iniciais do capítulo

GENTE, DESCULPEM D:
Eu demorei ç.ç Não tinha ideias e também estive ocupada, sorry D: Não me abandonem u-u Tá aí o/



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Cuidadosamente todo o cabelo loiro invejável de Megan foi apanhado num penteado simples pela sua mãe, Sra. Vermont. Agora sim, estava pronta para a Colheita. Não que a família desse importância ou algum tipo de valor a essa “cerimónia”, mas era sempre bom parecer bem, onde quer que fosse. Manter uma boa impressão era um jeito de sobreviver ali, num distrito onde as aparências contavam muito. Afinal, a quem compraria peixe? A um homem grotesco com um cheiro horrendo e um aspeto psicopata, ou a uma senhora charmosa e bem vestida, que transparecesse uma riqueza que quase sempre nunca possuía. Não que quando a fome apertasse, isso fizesse alguma diferença. Mas para as famílias mais monetariamente capacitadas, tal pequena diferença que era a aparência, era extremamente importante. E não havia nada que eles pudessem fazer sobre isso. Viviam num mundo de aparências e ilusões, onde ninguém era o que aparentava ser.

Os Vermont não poderiam ser considerados uma família rica, mas também não andavam por aí a rastejar pelas ruas, encolhidos de fome. Eram apenas os dois progenitores e a sua filha, numa cabana barata e velha, perto da praça central. Eram iguais a muitas outras famílias, em muitas outras cabanas iguais àquelas. Apenas outros alguéns na vasta sociedade. Mas talvez tudo mudasse naquele dia…

***

– Odeio este dia. –confessou o Presidente do 4.

– Porquê? Por saber que todas aquelas crianças inocentes que sobem naquele palco podem não voltar nunca? Pelas famílias destroçadas? Por ter que falar e apertar a mão daquelas criaturas do Capitólio?

– Por saber que posso ter que te dar a ti as Boas Vindas aos Hunger Games. – disse ele, frio – Família dos presidentes deveria ter imunidade para os jogos.

– Eu não. Não acha que seria injusto? Afinal, todos somos iguais. Todos sentimos dor. Todos morremos. Não faz a mínima diferença por eu ser filho do presidente ou não. – disse o rapaz, com um sorriso descontraído. Não lhe era comum falar sobre tais assuntos, muito menos com o seu pai, embora ele tivesse plena consciência da realidade dos Jogos, e do peso que eles traziam na sua vida, do seu progenitor e de todo o país. Era incrível como em apenas pouco mais de dois anos, eles conseguiram tornar uma palavra tão comum como “Jogos” em algo digno de tanto terror.

O nome do rapaz era Lumus Field, tinha dezoito anos, e vivia com o seu pai, o viúvo Presidente do 4. O Sr. Field, obviamente, não gostava dos Jogos. Ambos tinham uma opinião bastante negativa sobre eles, e no seu íntimo, apesar de não falarem sobre isso, tinham esperanças de que uma nova revolta acontecesse, tal e qual como leram nos livros. Supostamente, todos os livros, recortes de jornais, e outras coisas do género, em que se falasse algo positivo sobre a revolução, Katniss Everdeen, e outros membros revolucionários, teriam sido banidos. Apenas sobraria aquilo que aprenderam na escola: a Revolução fora algo totalmente desnecessário, uma ideia de uma rapariga demente que não foi controlada a tempo. E um distrito inteiro de loucos que a apoiou. Que ela era uma psicopata que o intuito de destruir uma nação bem constituída, uma terrorista e que quem falasse algo positivo da mesma deveria ser severamente punido, antes que contraísse o mesmo tipo de demência e quisesse tentar ser seu sucessor.

Mas claro que sempre houve cópias escondidas, e partilhadas com o mundo num profundo silêncio. Katniss Everdeen, o mimo-gaio. O símbolo de mudança num país decadente, o fim dos Jogos, do poder opressivo do Capitólio e tudo mais que simbolizasse algo negativo. Era uma mudança boa, algo positivo! Tudo o que se ensinava nas escolas era a mais profunda mentira. As crianças eram criadas para acreditar no que lhe ensinavam, para pensar como o Capitólio queria que eles pensassem. Dois anos pareciam eternidades.

Era nessa Everdeen, a salvadora, que os Field acreditavam. E agora, apesar dos seus restos estarem desfeitos em pó debaixo de terra, apenas restava àquela nação esperar que mais alguém quisesse uma mudança. Que transmitisse coragem, determinação e lhes desse um bom motivo para lutar. Um motivo pelo que valha a pena morrer.

Lumos não era nada desconhecido. Não apenas por ser filho de quem era, o que obviamente lhe trazia grande conhecimento e polémica, mas também por andar sempre com um grupo de garotas atrás dele. Um dos garotos mais cobiçados do distrito, Field também andava sempre em grupo, com os seus amigos, rindo por aí. Era como se tudo de horrível que acontecia a ser redor não existisse, pois a sua alegria era como uma redoma de vidro, que o mantinha afastado psicologicamente desse tipo de energias negativas.

Não que ele e o seu pai tivessem uma má relação, aliás, muito pelo contrário; mas o jovem tinha uma grande diferença do presidente. Enquanto o Sr. Field achava imatura e infantil a sua atitude de ignorar o que acontecia à sua volta. O garoto achava que era um ato positivo, e não-depressivo. Mas apesar de quais queres pequenas diferenças, como esta, os dois conviviam bem um com o outro. Aliás, ao contrário do que todos pensam, o rapaz tem orgulho em ser filho do Presidente do 4. Não num modo arrogante ou esnobe, mas apenas tinha orgulho.

***

Megan saiu de casa, antes dos pais. Apesar da sua boa relação uns com os outros, a menina gostava de estar sozinha, mesmo sabendo que naqueles dias não era algo muito seguro de se fazer. O silêncio a ajudava a refletir, o que ela adorava fazer.

Sabia que teria de esperar os pais perto da praça, portanto foi caminhando devagar. Desde o último mês, eram cada vez maiores as possibilidades das pessoas depararem-se com cadáveres a cada rua. A fome apertava mais, cada vez mais e mais. Era assim que o Capitólio controlava o povo: racionando tudo o que necessitavam. E obviamente, a comida se encontrava no meio disso. As doenças também levavam imensas vidas, ou até mesmo os assassinatos. Apenas restava ignorar os corpos moribundos e esperar que os Soldados da Paz se livrassem deles.

A jovem soltou um baixo grito de pânico. Acabara de pisar algo mole e podre, algo totalmente nojento. Arregalou os seus olhos de terror quando viu que o que acabara de pisar era mais um cadáver. Dos muitos da rua. A época da Colheita era quando aconteciam mais suicídios. Para piorar o seu terror, todo o seu pé estava coberto em sangue que não lhe pertencia. Era um dos seus pontos fracos, o sangue. Rapidamente, Megan correu dali, e apenas parou perto da praça, mas longe o suficiente para que não a avistassem, e assim não a pudessem já no seu lugar como possível tributo.

– Queres ajuda com isso? –ela ouviu perguntarem, com um pano velho e gasto estendido na mão. Levantou o olhar, deparando-se com Lumus Field.

– Sim, obrigada. – tinham andado na mesma escola, portanto já haviam trocado umas palavras casuais. Ela duvidava que ele sequer soubesse o seu nome.

Momentos depois a jovem já estava limpa novamente, e o rapaz despediu-se com um aceno de cabeça, indo para o seu lugar.

– Com que então, o filho do presidente?

A menina olhou para trás, onde se encontravam os pais. Fora a sua mãe que falara, com um sorriso de canto. Após conversas soltas e abraços, lá estava a garota no seu lugar rodeada de muitas outras. Tudo lhe parecera passar demasiado rápido, como nos sonhos, quando tudo parece estar a uma velocidade absurda e perdemos pequenos detalhes que deixam tudo o resto a parecer pequenas memórias soltas.

Os discursos também passaram demasiado rápido a seu ver. A única coisa a que realmente prestara maior atenção fora numa pequena borboleta, que esvoaçava livre por todo o lado. Era assim que ela queria ser, livre como uma borboleta e voar para onde quisesse. Observou cada movimento da pequena, tal e qual como observou ela a aproximar-se devagar de uma rede que estava em volta de todo o palco. A rede estava eletrificada, e a pequena e livre borboleta se foi. Tal e qual como toda a leveza que a menina sentia, amarrando-a forçosamente à realidade.

Tão rápido fora o ritmo a que tudo acontecera, que quando Megan deu por si, já estavam a retirar o papel para a tributo feminina. E aquilo que outrora lhe parecera ser uma rapidez alucinante, era agora uma lentidão agoniante. Até ao momento em que leram o nome…

– Megan Vermont.

A cabeça da garota estava extremamente confusa. Parecia que ela estava apenas a assistir tudo aquilo. Subiu ao palco automaticamente, disse o que tinha que dizer, e sem voluntários. Era a vez de o garoto ser sorteado.

– Lumus Field.

Isso gerou um pequeno borburinho, tanto entro a população quanto no próprio palco. O presidente nem olhou o filho na cara, continuando a falar com o soldado. Não conseguia aceitar o que estava a acontecer.

Megan olhou para o rapaz que teria o mesmo destino que ela, e o jovem fez o mesmo. Ambos se reconheceram, e ele sorriu-lhe ligeiramente. Após um longo tempo, o barulho cessou, e o Sr. Field olhou com pesar para o garoto. Não havia nada que pudesse fazer para evitar o que aconteceria a Lumus. O resto da cerimónia correu normalmente, mas a população ainda estava um pouco surpresa. Ninguém fazia ideia que o filho do Presidente pudesse ser um tributo. Sim, já o haviam visto na Colheita, mas todos pensaram que seria só para causar presença, e não chamar a atenção para o fato de que supostamente o seu nome não constaria dentro daquela bola de vidro.

Mas de que adiantaria agora? Estavam os dois condenados ao mesmo destino e ninguém poderia mudar tal coisa. Nem o presidente tinha poder para tal. E foi assim, com um olhar onde cabiam tantas palavras que jamais seriam ditas, que os jovens entraram no seu transporte.

– Posso dar-te um conselho? – sussurrou-lhe ele no carro.

– Claro…

– Na arena, quando vires um corpo, não o pises. – disse ele com um meio sorriso- Eu posso não estar sempre por perto com um pano.


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Notas finais do capítulo

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HEY, SÓ VI AGORA: TENHO 2 RECOMENDAÇÕES O.O
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