Acordei cheia de dores nas costas, olhei no meu celular: 15:20. Nota mental: Nunca mais dormir nesse sofá horrivel. Levantei-me e ouvi alguém falando no telefone na cozinha, era o Bruno. Fui até a porta da cozinha e me encostei lá, ele estava de costas pra mim, de frente pra janela, e falava ao telefone:

   -Como posso acreditar em você denovo Rachel? – pausa (sim, a jararaca se chama Rachel) – Isso não faz de você inocente, pedir desculpas não muda o que eu vi, o que aconteceu, nós estávamos NOIVOS Rachel! – longa pausa – Eu queria muito acreditar, o que eu sinto por você não vai mudar tão cedo, mas a confiança sumiu. – pausa – Ok, tanto faz, faça o que você quiser, mas nada vem do céu, e a confiança que eu tinha em você acabou no segundo em que te vi ali com meu próprio “amigo”. – pausa – Já disse faça o que quiser, e boa sorte com isso! Eu duvido que esteja falando sério! – ele me percebe ali e me olha impotente – Rachel, chega, não da pra falar agora! – ele desliga.

   Eu não sabia o que fazer, e acho que nem ele, mas poxa, eu sei que é uma decisão dele, mas essa mulher não serve pra ele!

   - Ahn... Oi Ca. –sorriu envergonhado.     

   -Oi... –me encaminhei para a geladeira e peguei um copo de suco normalmente. Já estava saindo da cozinha tomando meu suco quando ele me perguntou:

   -Ta brava comigo? – parei e me virei para encara-lo. Bebi o resto do meu suco, coloquei o copo em cima da pia, voltei e parei na sua frente olhando em seus olhos. Sorri carinhosamente.

   -Não, eu não estou brava contigo, só quero que se cuide, e se não conseguir cuidar de si mesmo, eu quero que me chame para que eu cuide.

   Ele me olhava meio que surpreso, mas sorriu.

   -Agora tenho outra pergunta... Certeza que a irmã mais velha aqui não é você? – Rimos e nos abraçamos – cuida do seu irmãozinho hoje? – ele me perguntou quando nos afastamos. Ri.

   -Só se ele for pra sala pegar um filme bem massa pra gente assistir. – sorrimos.

   -Opa, fui! – ele saiu correndo pra sala, ri.

   Fiquei na cozinha, preparei pipoca, brigadeiro e peguei umas latinhas de coca-cola. Quando cheguei na sala, sorri ao ver Bru sentado de pernas cruzadas em um colchão no chão feito uma criança esperando um presente de natal. Havia dois colchões de solteiro no chão, um cobertor (estava meio friozinho) e o filme pausado. Apaguei as luzes, coloquei as guloseimas no colchão e me deitei ao lado dele.

   -E ai? O que vamos assistir?

   -Homem de Ferro três.

   Faltou eu me jogar da janela, pelo escandalo que eu fiz. Bruno ria.

   -To louca pra assistir!

   - Avá! Nem reparei! – ironizou. Rimos.

   -Solta logo essa bagaça!

   Ele riu e deu o play, ficamos assistindo o filme cada um deitado em um dos colchões e comendo feitos porcos. Mais ou menos na metade do filme, meu celular tocou, pedi pro Bruno pausar o filme, mas vi que ele estava dormindo, sorri e pausei.

   *LIGAÇÃO ON*

   -Ca?

   -Fale Lu.

   -Então, eu to indo pra sua casa, to meio longe ainda, só que da pra ver que tem alguém ai na frente e... Ta me parecendo que é a Rachel...

   Desliguei.

   Calcei meu chinelo, (ainda estava com a roupa que fui pra escola), é agora que aquela vadia some do mapa! Quem mandou chifrar meu irmão?!

   Abri a porta e ela estava encostada num carro vermelho em frente minha casa, olhando para as janelas e depois viu que eu estava indo em sua direção.

   -Carol! –disse ela com falsidade.

   -O que você quer aqui seu tomate em forma de gente?! Sua jararaca ruiva! Você não é bem vinda aqui! Vê se entende que acabou tudo entre você e o Bruno! –berrei tudo isso na cara dela.

   -Olha aqui toco de gente! Quem você pensa que é pra falar assim comigo?! – ah cara, ela ta pedindo pra morrer. Toco de gente?!

   -Irmã do cara que você não merece ter como marido! Você é uma falsa, comigo, com a minha mãe e até mesmo com o Bruno, você nunca amou ele! Vê se some e volta pro puteiro de onde você fugiu!

   -Ah, seu brotinho de vadia! - ela me puxou pelo cabelo, mas o que? Ela bebeu? Seela pensa que eu brigo de arranhãozinho e puxão de cabelo, ela está muito enganada!

   -Sua vaca de fogo magricela! - e dei um soco na barriga dela, que soltou meus cabelos, logo em seguida dei outro soco naquela cara cheia de osso. Ela me derrubou no chão e veio pra cima de mim. Lucas chegou, e a tirou de cima de mim, no mesmo momento em que ele fazia isso, Bruno abriu a porta e olhava furioso pra tudo o que estava acontecendo ali.

   - Mas que porra está acontcendo aqui?! - Bruno berrou tão furioso que até me encolhi, mas ele se virou pra Rachel e continuou - Sua vaca! Endoidou? Batendo na minha irmã? Sua doente! Se tu não sumir daqui em três segundos eu mesmo te esfolo inteirinha!

   Lucas a soltou.

   -Mas Bruno! Eu só...

   - Um! -berrou ele.

   -Bruno, me escuta, não é o que...

   -Dois! -continuou a contagem.

   Ela me olhou furiosa, ai que medinha dela.

   - Três! - berrou ele mais alto percebendo que ela me ameaçava com o olhar.

   Ela entrou no carro e foi embora dali. Bruno respirou fundo e me abraçou, sorri.

   -Você está bem Ca? - retribui o abraço.

   - De mim ela só tirou um tufo de cabelo, ela sim vai ter problemas mais graves, vai precisar de um plastica e uma bela maquiagem!

   Bruno me soltou, e nós três rimos.

   -É mas se eu não separo a briga, nem sei o que teria acontecido né Carol!

   -O enterro dela, lógico. -rimos mais uma vez.

   Entramos, Bru se jogou no sofá, e eu e Lu entamos nos colchões que estavam no chão.

   -Como tudo começou? - perguntou Bru.

   Lu e eu lhe contamos a história detalhadamente. Por fim ele concluiu.

   - Mulher louca! -rimos- Agora eu tenho certeza de que não volto com ela!

   -Avá! - respondi e rimos.

   -Bom, vou terminar meu cochilo lá no meu quarto, alias mais tarde eu tenho que terminar de comprar os móveis pra ele. Tchau Lu, até mais tarde Ca.

   - Tchau. - dissemos juntos sorrindo, Bruno subiu pro quarto dele.

   Lu e eu terminamos de ver o filme, mas ele não parava de olhar pra mim, estava ficando envergonhada já, ele anda tão estranho depois do ocorrido de ontem.

   O filme acabou, e nós ficamos conversando, mas algo muito incomum entre eu e Lu aconteceu... A falta de assunto.

   -Lu, o que você tem? - perguntei por fim.

   PDV Lucas

   Nossa, eu não conseguia tirar os olhos dela, até ficava mudo. Eu sei, não sou do tipo cara romantico, mas com ela... não consigo evitar. A risada dela me contagiava, mas o sorriso e o olhar, mais ainda. Eu estava mais do que desesperado para conquista-la, antes eu tentava me convencer de que ainda gostava da Pam, mas desde que o Ryan chegou, me bateu um medo de perder a Ca pra ele

   -Lu o que você tem? - percebi que a encarava, sorri.

   -Nada não.

   -Tem sim, você vem agindo diferente depois...

   -Do Ryan. - completei.

   Ela me analisou.

   -Como assim?

   -Depois que você me contou que ele estava te cobrando o encontro, tive medo de você me trocar como a Pamela fez... - é agora Lucas, aproveita que você está com coragem, o que é raro - Ca, eu tenho pensado sobre nós dois... -me aproximei um pouco- sobre o quanto somos apegados um ao outro - me aproximei mais e segurei seu rosto entre minhas mãos... Como ela é linda. Meu olhar assim como o dela se revezava entre seus olhos e sua linda boca rosada. Uma coisa eu sei, a Ca é cheia de atitude, mas não imaginava que ela é que tomaria uma atitude agora, a ponto de me beijar.

   PDV Carol.

   Eu não consegui me segurar e o beijei. Eu só havia beijado o Lu uma vez, e fazia muito tempo. O beijo dele estava diferente, bem melhor, não sei porque. Nos separamos pela falta de ar, e ficamos ali, cara a cara, ele com as mãos macias em meu rosto, e eu com as mãos sobre seus ombros, ficamos nos encarando, tentando processar tudo o que acabou de acabou de acontecer.