Radioactive escrita por Anna Beauchamp


Capítulo 18
Capítulo 18




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– Alex, acorde - dizia uma voz feminina que reconheci como sendo a da minha mãe.

Droga, eu estava atrasada para a escola. Do contrário, eu teria sido acordada pelo despertador.

Me cobri até a cabeça com o cobertor.

– Entro no segundo período - disse sonolenta.

Ela entrou no quarto pesarosamente e puxou meu cobertor. Estava com uma pequena cápsula na mão, uma espécie de reprodutor de holograma, que ela geralmente usava quando estava trabalhando.

– Nada disso. Levante e vá se arrumar. Vou trabalhar até tarde hoje então se quiser pode chamar algumas amigas para dormir aqui - ela disse. Como se eu tivesse alguma amiga.

Levantei com raiva e a encarei.

– Pronto. Levantei. - bufei com raiva - Posso chamar Seth para vir aqui à noite?

Ela torceu o nariz.

– Aquele garoto? Não acho conveniente... - ela começou.

– Vou chamá-lo.

Andei até o banheiro do meu quarto e tranquei a porta. Ela deve ter ficado irritada, mas apenas a ouvi saindo do quarto.

A última coisa que queria era ir para a escola e encarar a sociedade juvenil da Murray Sams. Mas eu não tinha escolha.

Olhei para a minha imagem no espelho: cabelo completamente frizado, olhos inchados e cara de sono. Peguei a escova de dentes e levei um susto ao senti-la queimar meus dedos.

– Ai! - exclamei franzindo a testa.

Como seria possível uma escova de dentes queimar a pele como carvão?

Ao tentar pega-la novamente, tive outro susto. Minhas mãos, minha pele, estavam levemente arroxeadas. Senti o medo tomar conta. O que estava acontecendo comigo?!

Ao olhar no espelho, meus olhos estavam mudando de cor, estavam ficando com uma tom forte de lilás. Minha pele estava ficando um pouco vermelha. Senti o desespero me possuir. Corri para o quarto.

– Mãe! - eu gritei sem obter resposta.

Eu estava sozinha. E senti como se minha pele estivesse ficando mais quente. Eu estava pegando fogo! Caí no chão sem conseguir me mover.

Eu gritava, esperneava, meu corpo estava incinerando.

Então pude vê-lo entrar no quarto. Seth me olhou assustado. Ele precisava me ajudar, eu estava morrendo.

– Seth! Me ajude! - eu implorei - Eu estou queimando!

Ele estava paralisado. Até que disse suas únicas palavras.

– Não sou eu quem pode te salvar, Alexandra.

Aquilo soou tão sombrio que fiquei momentaneamente assustada.

De repente foi como um slide. Num minuto Seth estava ali, olhando para mim paralisado, no outro, Noah estava me observando com certa preocupação.

– Alex?! - ele exclamou.

Então foi como se eu estivesse me afogando e chegasse a superfície. Inspirei todo o ar que consegui e de repente eu estava olhando para o céu. Ele estava distante.

– Alex! - gritou Noah, e logo seu rosto apareceu diante do meu. Os olhos expressavam grande espanto, sua testa tinha aquela ruga de preocupação, e ele estava sem os óculos - O que aconteceu? Você está bem?

Sentia-me bem, porém era como se eu estivesse na cadeira do dentista. Num minuto eu estava longe, mas logo foi como se eu ingerisse um litro de café. Eu estava deitada em uma superfície fria, levantei ficando sentada e sentindo uma leve dor de cabeça. Olhei em volta percebendo que eu estava deitada no concreto, havia uma roda com algumas pessoas à minha volta que me olhavam espantadas. No chão havia uma cratera, ao meu lado estava a entrada do edifício, e na faxada: Centro de Pesquisas de Washington D.C.

Então eu lembrei. Eu estava caindo. Fiquei assustada instantaneamente. Eu havia sobrevivido a queda.

– O que você fez, Alex? - Noah perguntou preocupado me ajudando a levantar.

Franzi a testa olhando-o nos olhos. O que eu havia feito? Noah não podia saber.

– Eu caí.

Ele respirou fundo como se reprovasse. Mas reprovar o quê? Provavelmente achou que eu não havia tomado cuidado suficiente.

Ele me ajudou a levantar com cuidado.

– Temos que entrar - ele disse olhando para as pessoas que cochichavam em volta de nós - Vamos.

Ele me conduziu pela recepção, em seguida entramos no elevador. Fiquei calada até chegarmos no andar. Me apoiei em Noah que passou o braço por minha cintura me segurando. Se bem que eu não estava tão fragilizada, estava me sentindo até que bem.

Quando chegamos no centésimo décimo andar, Noah me levou para o quarto e me deitou na cama mesmo comigo insistindo que eu estava bem.

– Me conte o que aconteceu. Como você caiu? Não sabe que tem que tomar cuidado, mesmo se regenerando com rapidez, você ainda é destrutível. Ninguém é imortal, Alex - ralhou Noah.

Revirei os olhos automaticamente. Ele se sentou ao meu lado da cama e começou a examinar minha temperatura e minhas retinas.

– Estou ótima. Foi só um acidente - menti.

Ele respirou fundo com certa implicância com meu orgulho.

– De qualquer modo, vou começar a te vigiar. Isso não pode acontecer de novo - disse Noah.

Ele tinha razão. Eu ainda estava em êxtase. Havia sobrevivido à aproximadamente duzentos metros de queda livre. Estava ilesa - fora a irritante dor de cabeça.

– Vai virar minha babá, Noah? - eu disse brincando em meio à tensão.

Ele me olhou com uma cara de irritação.

– Não pretendo ser sua babá, Alexandra. Mas você é o tipo de pessoa que merece atenção redobrada.

Engoli em seco e levantei da cama resistindo aos protestos de Noah.

– Estou ótima, Noah! - eu disse - Agora eu só preciso que me diga uma coisa.

Ele suspirou pesadamente.

– O que quer saber?

Fiquei um pouco receiosa.

– Quero que me diga onde Seth está escondido.

Ele pareceu endurecer um pouco, mas engoliu em seco.

– Não. Isso não.

Me surpreendi com a resposta.

– Por que não? - perguntei irritada.

– Porque se eu te contar tenho plena certeza de que você cometerá uma loucura - ele respondeu.

– E por que você se importa, Noah? - questionei por impulso.

Ele olhou para a janela.

– Essa não é a questão, Alex. Eu sei que você vai tentar alguma coisa. Quer realmente arriscar sua vida por causa de Seth Carlyle?

Aquela pergunta me deixou com raiva. Eu amava Seth, ele era meu melhor amigo e talvez mais do que isso. Tudo o que fiz esse tempo todo foi pensando nele. E tinha certeza de que ele faria o mesmo no meu lugar.

– Faço qualquer coisa - eu disse fria.

Fechei os olhos e respirei fundo.

Mesmo? - ele questionou. Por que esse tipo de pergunta, afinal?

Eu assenti.

– Ponha-se no meu lugar, Noah. Se alguém que você ama estivesse em perigo e você pudesse salva-lo, você o faria, não faria? - perguntei.

Os segundos de silêncio dele indicavam que ele estava pensando. E eu havia conseguido mexer com seus sentimentos de alguma forma.

– Sim. Eu faria qualquer coisa - ele respondeu um pouco cabisbaixo.

Eu o encarei com esperança de que ele me desse uma pista. Mas quando pensei que ele fosse me falar, ele desviou o olhar.

Droga. Nada havia adiantado? Eu ficaria mesmo sem saber onde Seth estava preso?

Fui até a varanda e segurei a balaustrada fechando os olhos. Queria poder senti-lo, adivinhar onde ele estava, mas infelizmente eu não tinha o dom da intuição ou da adivinhação.

– No subsolo - disse Noah - Abaixo do térreo existem mais três andares no subsolo. Ele está no último.

Meus olhos brilharam. Não acreditei, o subsolo. Enquanto eu estava no topo, Seth estava no último andar abaixo da terra.

Corri pelo impulso da empolgação e abracei Noah. E foi um abraço mais forte do que eu esperava pois ele começou a tossir dizendo algo como "não consigo respirar".

– Obrigada - eu disse.

Ele estava vermelho. Poderia ser por falta de ar ou por vergonha. De qualquer modo eu já tinha um plano para salvar Seth, só me restava a esperar que o governo resolvesse não me explodir em um milhão de pedaços...


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Notas finais do capítulo

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