Radioactive escrita por Anna Beauchamp


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Desculpem, fiquei sem net, mas sempre tem um jeito ~Desventuras em série~ Boa leitura, pessoal o//



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A Radioativa.

Meu coração estava a milhão.

Noah me deu um leve impulso nas costas para que eu prosseguisse.

Com passos curtos eu entrei no cenário. Tive medo de cair dos saltos, mas continuei andando e tentando disfarçar o nervosismo. Sentei ao lado da repórter - que consegui lembrar o nome alguns segundos depois - e tentei sorrir, esperando que não parecesse falso.

As cadeiras eram cor púrpura, a mesa de centro era prateada e o cenário era todo branco. Haviam duas câmeras que reproduziam luzes azuis quais nos scaneavam e gravavam cada parte do lugar, e logo mais tarde as imagens seriam exibidas nos hologramas de todas as televisões do continente.

Ela fez uma breve introdução sobre os fatos que me levaram a ser o Soldado: eu havia sido selecionada, levada para um campo de treinamento militar e me submeti voluntariamente à uma experiência genética que resultou em me transformar numa arma genética.

– Então, Alex - Jeenie, a repórter/apresentadora se virou para mim - Como se sente sendo uma espécie de super-heroína americana?

Super-heroína? Aquilo soou realmente ridículo aplicado à mim.

– Ahn, é surreal - respondi com a única palavra que eu pude pensar para descrever.

Jeenie dirigiu as câmeras um olhar malicioso.

– Soube que pode fazer coisas realmente incríveis! - ela dizia cada palavra com muita eloquência.

Assenti tentando parecer simpática. Os olhos de Jeenie brilharam.

– Bom, por enquanto não sei muito sobre o que posso fazer, estou aprendendo. Mas o pouco que experimentei, foi...impressionante - respondi lembrando da sensação.

Me sentia como um alienígena em meio aos humanos. E pensando bem isso ainda era uma dúvida: eu ainda era humana?

– Explêndido! - ela disse batendo palmas - Mas não foi só isso que descobrimos.

Ela me dirigiu um olhar travesso.

– Parece que você teve um...romance com um dos voluntários - disse Jeenie me fazendo ficar fria. - Seth Carlyle era seu amigo, certo?

Eu fiquei perplexa por um instante, mas logo depois comecei a ficar irritada com Jeenie. Aquilo não era da conta deles, por que falar disso em rede nacional? Era apenas da minha conta e de Seth, eles não deviam se meter nisso. Pisquei sentindo os olhos arderem, provavelmente estavam mudando de âmbar para lilás, reagindo às minhas emoções, mas me controlei para que eles voltassem à sua cor normal.

– Bem, tenho certeza de que ele vai gostar de nos contar mais sobre isso - disse Jeenie me deixando confusa - Seth?

O que ela estava falando? O que estava acontecendo?

Minutos depois luzes se reuniram no ar, formando então um corpo, uma silhueta. Um holograma. Eu já havia visto hologramas de perto, é claro, mas nenhum me deixou tensa como aquele.

Seth estava parado ao lado de Jeenie, de pé. Ele parecia apreensivo, mas os outros não perceberiam, pois não o conheciam como eu.

– Seth - murmurei.

Quando me viu, ele ficou instantaneamente nervoso.

– Alexandra? - ele me chamou. Sempre odiava quando ele me chamava pelo nome inteiro, mas naquele momento eu estava paralisada. Sentia medo, felicidade, raiva, todas as emoções misturadas.

Ele estava vivo e estava bem. O que ele estaria fazendo ali? Por que o tirariam do Centro de Pesquisas e o trariam para a TV? Senti que algo de ruim eles estavam planejando. E isso era mais um motivo para que eu me comportasse e fizesse tudo o que mandavam, mesmo que eu odiasse.

– É um prazer recebê-lo, Seth - disse Jeenie sorridente, acho que pretendia conquistar os corações dos odontologistas da América - Acho que assim como eu, todos desejam saber como fez nosso Soldado se apaixonar, e como foi a experiência de estar em um Campo de Treinamento competindo com mais de cento e cinquenta Voluntários.

Através do holograma eu podia ver que Seth não parava de me encarar. O que estaria se passando por sua cabeça? Então algo passou pela minha cabeça: era mesmo Seth quem estava falando? Aquele podia muito bem ser um avatar, uma ilusão. Mas o jeito como me olhou, deixou claro que ele sentia alguma coisa, o que máquinas e avatares não podem sentir. Ele parecia estar triste por mim.

Então o holograma se virou para encarar Jeenie.

– Foi algo realmente difícil - ele disse - Era como tentar...sobreviver cada dia.

Jeenie assentia com atenção.

– Bem, mas você quase conseguiu. O que fez com que os responsáveis pela seleção mudassem os planos e escolhessem nossa garota Radioativa ao invés de você, querido? - a voz de Jeenie expressava falsidade.

Senti um aperto no peito. Eles haviam me escolhido por ser a Voluntária que morreu e matou, que foi comportada e que levou uma facada.

– Na última...prova, que teríamos que passar, Alex teve mais destaque - disse Seth, me surpreendendo com suas palavras.

Que droga! Eu queria tirá-lo de onde quer que estivesse, fugir para qualquer lugar e me livrar daquela gente ambiciosa que estavam apenas me usando como arma para resolver seus problemas.

– E como se sentiu ao descobrir que sua namorada é a humana mais poderosa do mundo? - perguntou Jeenie.

Seth engoliu em seco e me olhou com aquele mesmo olhar.

– Não é uma sensação fácil de descrever, Jeenie - ele parecia se controlar. Devia estar pensando em um milhão de coisas.

Senti as pernas fraquejarem. Se eu não estivesse sentada era provável que eu caísse. Um nó se formou em minha garganta e eu o segurei para que não se desfizesse. Não ali, e nem naquela hora.

– Tudo bem, nossa entrevista era bem breve, então vamos nos despedir. Foi um prazer conhecê-lo, Seth, e a você também Alex. Desejamos boa sorte a você quando for para a ação - ela dá uma risadinha e olha para as câmeras - Bom dia, Washington. E não esqueçam de agradecer ao nosso honorável presidente, Jimmy Duncun, por cuidar do nosso país e garantir que permaneçamos sempre de pé. Tenham um bom dia!

Segundos depois, as luzes se apagam e guardas aparecem para me escoltar de volta para o Centro de Pesquisas. Odiava aquele monte de homens-armários me seguindo. Mas eu não estava com cabeça para pensar nisso. Ele estava em algum lugar no Centro e eu precisava encontrá-lo. Se eu conseguisse descobrir onde ele estava eu poderia invadir o lugar, nós poderíamos fugir para algum outro país, eu tinha parentes em Vancouver e no Canadá - parentes afastados -, quem sabe eu poderia construir uma vida diferente em um desses lugares. Nós. Seth e eu.

Ah, isso nunca aconteceria, pensei ficando novamente desanimada. Ao primeiro passo em falso que eu desse, eles me explodiriam em mil pedaços. A mim, minha família e a Seth. Seríamos todos mortos. Eu já havia perdido. Seria para sempre a "Garota Radioativa", a "Arma Genética", o "Soldado", eles sempre me mandariam a qualquer lugar para que eu resolvesse os problemas deles. Me usariam para ficar no topo, ter domínio sobre os outros países. Quem tentaria alguma coisa contra um país que tem como arma uma adolescente mutante?

Seguimos no carro até o Centro de Pesquisas em silêncio absoluto.

Foi quando Noah resolveu falar:

– Alex, eu sei que está abalada por causa do seu...amigo - ele demorou alguns segundos para pensar em como descrever Seth nessa situação - Mas não faça nada precipitado. Eu já disse isso, e estou dizendo novamente porque acho que você talvez tente alguma coisa, mas...

– Eu estou muito abalada sim, Noah - eu o interrompi em tom de voz baixo - Seth, é meu...melhor amigo. Nós somos muito próximos, como você deve ter percebido. Nunca faria nada que pudesse machucar ele. Mas se acontecer alguma coisa eu...acho que não ligo para o que possa acontecer a mim.

Olhei para fora do carro, através da janela. Os edifícios que eram quase do tamanho de arranha-céus, eram espelhados e alguns tinham a forma de uma silhueta.

Noah ficou novamente em silêncio. Ele devia ter vinte e poucos anos, mas o que ele estaria fazendo trabalhando como médico tão jovem? Deveria ser mais um daqueles prodígios.

– Uma certeza que eu tenho é que as coisas nunca voltarão a ser como eram antes - eu disse melancólica.

Ele parecia considerar as minhas palavras.

– Talvez. Ninguém sabe o que pode acontecer - ele disse como se tentasse me convencer - Olhe em volta. Ninguém nunca imaginou que o mundo fosse se tornar o que é hoje. O futuro é imprevisível, Alex, e nem sempre as coisas seguem um plano.

Pensei no que ele havia dito durante alguns minutos. Noah tinha razão, as coisas nem sempre acontecem de acordo com o que planejamos. Mas àquela altura eu não estava tão otimista.

Mas quem sabe se isso também não pode mudar?, pensei.


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Notas finais do capítulo

Comentem ^^ obrigada pelas recomendações, favoritos, comentários e etc...estou super feliz !! Bjuuuuussss