O Doutor Da Ópera escrita por Lost girl


Capítulo 5
Capítulo 5 - A pintura na parede




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Por todo o teatro podia-se ouvir os gritos de assombro e espanto dos bailarinos e ajudantes de palco que se encontravam lá. O corpo ainda balançava de um lado para o outro, pendurado pelos cabos da cortina. Alguns homens estavam subindo para retirá-lo de lá, antes que mais pessoas o vissem. Apesar de ter acontecido algo tão terrível, as pessoas expressavam um tipo de olhar diferente dos de Caro, Ji Yong e Doutor. Os três amigos não conseguiam acreditar no que viam, enquanto o pessoal do teatro, demonstravam preocupação, como se isso já tivesse acontecido. E, infelizmente, foi o que o sr Garrel quis dizer com “ele atacou novamente”.

Depois de uma longa conversa, somente os quatro, no escritório do curador do teatro, na qual foi explicado que outros dois assassinados haviam acontecido da mesma maneira, com 50 anos de diferença entre um e outro. Sr Garrel não era vivo quando o primeiro acontecera, e o segundo, ele era apenas um garotinho. Mas os acontecidos não passavam de lendas que funcionavam como um chamativo para o teatro: venham ver o fantasma da ópera, quem é a criatura que vive por dentro do teatro mais famoso da França?

O Doutor não gostava do tom da história. Sabia que o que aconteceu não foram acidentes, como todos insistiam em dizer que foi. Ele estava parado no meu da sala, debruçado na cadeira, batendo os dedos no encosto como se tivesse tocando piano. Caro sentava-se numa poltrona, com seu guarda-chuva/bengala ao lado. Seu rosto era uma mistura de inquietude com raiva.  “Como um assassinato aconteceu assim do nada?”, pensava. “O culpado da história teria alguma relação com Moz?”. Doutor não gostava de vê-la assim, e quando a viu franzindo a testa e olhando fixamente para o chão, parou de bater os dedos e foi em sua direção.

— Ei – começou a falar, com um sorriso tímido nos lábios – pare de franzir tanto a cara. Se bater um vento seu rosto fica assim pra sempre.

Pelo jeito que ele falava com Caro, parecia que ela era uma criança de dez anos. Mas a garota já havia passado essa idade em 16 anos. Esse era apenas o modo do Doutor tentar animá-la.

No outro canto da sala, parado em frente a uma parede, observando uma pintura, estava Ji Yong. O rapaz tinha um gosto especial por pinturas. Formou-se em arquitetura e trabalhava em uma companhia pequena na Coreia do Sul. Gostava de história da arte e por isso se interessou ao ver o quadro pendurado na parede da sala do sr Garrel. No entanto, algo chamava sua atenção, muito mais do que a conversa sobre a testa da Caro ficar franzida para sempre.

— Doutor, você pode vir aqui um minuto? – Ji Yong não tirava os olhos da pintura.

— O que foi, meu rapaz? – Perguntou o curador, que se encontrava sentado em sua cadeira atrás da mesa principal. – Você conhece esse artista? Não creio que ele seja famoso em outro lugar, ele fazia pinturas apenas para o teatro.

O Doutor foi a encontro do garoto e começou a observar o quadro.

— Esse quadro não parece nada com o que já estudei sobre artes. Nem mesmo obras com o demônio. Sr. Garrel, quem é o artista?

— Ele foi um antigo curador do teatro. Já faleceu há muito tempo. Gostava de pintar para passar o tempo. Existem outros quadros dele em várias salas por aqui. O que te chamou atenção nesse?

O garoto pensou antes de dar uma resposta. O que chamava tanto seu interesse? Talvez fosse o cenário, muito parecido onde ele, o Doutor e Caro haviam encontrado Moz, no quartinho embaixo do palco. Ao meio do quadro, via-se uma criatura com pernas e braços longos e finos, de pele branca-acinzentada. Na cabeça não se encontrava olhos, apenas uma boca gigante com dentes finos e longos, enfileirados como os de um tubarão. A criatura parecia estar vindo em direção fora do quadro, como se estivesse olhando para Ji Yong e o Doutor. Mas o que o rapaz conseguiu responder foi:

— O que é aquilo atrás desse... dessa... coisa? – ele apontou para algo que parecia ser um monte de cobertor empilhado atrás da criatura. O monte era exatamente igual ao que Moz se escondeu.

— Acho que já sabemos a resposta, meu amigo! – O Doutor respondeu e em seguida deu um pulo em direção ao homem atrás da mesa. - Garrel, senhor... me de licença, preciso checar uma coisa com meus associados. Venham, logo! – Ele disparou pela porta, com o rosto curioso pelo mistério que encontrou.

Caro e Ji Yong o seguiram, cada um a seu passo, pois nunca conseguiam acompanhar direito quando o Doutor se empolgava com algo.

— Você acha que aquela pintura possa ser verdadeira? – perguntou Ji Yong assim que parou ao lado do Doutor.

— Talvez, e talvez aquele monte seja alguém que já conhecemos. Venham, precisamos voltar para nosso amigo, ele está nos esperando.

Desceram pelo buraco no chão do palco novamente, seguiram o caminho exato que fizeram da outra vez e, quando chegaram no quarto de Moz, ele não se encontrava mais lá.


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