Já fazem seis meses... Seis longos e monótonos meses, cheios de tristeza, solidão e lágrimas. Não sei como tenho forças para viver. Talvez seja esse pequeno ser, fruto do meu amor, que está vivendo e crescendo dentro de mim. Talvez seja ele - ou ela - que me faz ver uma pontinha de felicidade, me chamando ao longe, mesmo que eu não consiga alcancá-la. Essa é a única razão para estar viva, tentando me fortalecer aos poucos. Mesmo com uma velha conhecida minha tentando deteriorar-me... A saudade. Ela vem de repente, te abraçando como se fosse uma amiga. Mas se olhar no fundo de seus olhos, perceberá que é um demônio, prestes a sugar a sua felicidade e te lembrar, todos os dias, a cada minuto, que você falhou. Falhei, pois sim. Acabei por não ter demonstrado todo o amor que era necessário, todo o carinho que sentia, toda paixão que queimava meu corpo sempre que o via. Pensei que já havia entregado-me por completo, de corpo e alma, mas percebi que estava errada, completamente errada. Não foi o suficiente, e nem nunca será. Falhei, e me arrependerei eternamente por isso.

Agora, estou aqui, tentando conter as lágrimas, enquanto uma baixinha de cabelos azuis me consola. Percebo que tímidas gotas d'água habitam seus olhos, ao mesmo tempo em que ela acaricia meus cabelos.

– Lu-chan, tudo ficará bem. - Afirma ela, com a sua voz levemente embargada. Lhe respondo com o meu silêncio. Não sei se minhas cordas vocais ainda são capazes de produzir algum som. - Lu-chan.. Você vai superar. Você precisa. Como vai cuidar de uma criança, se não está sendo capaz de cuidar de si mesma ? - Ela tem razão, mas não é tão fácil quanto parece.

– Levy.. - Sussuro para a menina. - Levy, não é tão fácil assim.

– Lu-chan ! Credo, assim parece que ele morreu completamente ! - Não entendi a sua bronca. Ele morreu completamente. Seu corpo já está sendo devorado pelos vermes, e sua alma já está vivendo em outro plano. Como ele não havia morrido completamente ?

– Mas Levy..

– Lucy, - Surpreendi-me, eram poucas as vezes em que ela me chamava pelo nome, sem o sufixo. - ele só morrerá, quando você o esquecer e deixar de amá-lo. E eu sei que isso nunca vai acontecer. Você o amará eternamente, e ele te protegerá para sempre. Entenda isso, por favor.

– Você tem razão.. - E, pela primeira vez em seis meses, eu sorrio.

Obrigado, Levy-chan. Você me fez entender que a saudade pode não ser tão ruim. Ela faz sofrer, mas ela também deixa claro que você perdeu algo que amou muito, e que com certeza, o que você perdeu, será substituído por outra coisa. No meu caso, eu perdi a pessoa que amava. Mas, em troca, vou ganhar uma coisinha pequena e linda, que amarei independentemente do que acontecer. E eu sei que ele amará o nosso filho, ou filha, assim como eu. Não importa o sexo, a cor dos olhos ou a personalidade, é meu filho. É nosso filho, Natsu.

E aquela pontinha de felicidade, pareceu crescer diante de meus olhos, fazendo com que eu entre em um portal. O portal da vida, que agora me foi concedida novamente.

Eu sei, ele sempre me amará, assim como eu sempre o amarei. É uma paixão tão eterna, como foi de Romeu e Julieta.

Natsu... Não importa o quão longe ele estiver, ele sempre cuidará de mim.