A Lost Soul. escrita por Myo


Capítulo 1
O garoto misterioso.




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Vamos nos atrasar, Neko!

Já estou indo mãe!


Apesar de eu não querer ir junto da minha família para casa dos meus tios, eles, literalmente, me forçaram. Nem se importaram com a floresta que tinha perto de lá. Lembro-me de quando era mais nova. Sempre ouvia uns barulhos e isso me assustava demais. E por conta disso sempre tentava arrumar desculpas para não ir, mas hoje tive que ir. Hoje é aniversario da Mitsu, minha prima. Ela é como minha melhor amiga, não poderia fazer isso com ela. Quando cheguei olhei com um pouco de medo aquela floresta. Já era noite e parecia que só eu ouvia os ruídos vindos de lá, só que pela primeira vez não ouvi nada e assim foi até o decorrer da festa.




No meio da festa Mistu e os amigos dela, junto com alguns familiares para irem à floresta à noite. Eu não queria e não gostava, só que mesmo todos sabendo, fui forçada a ir. No meio do caminho voltei a ouvir uns barulhos que me puxavam para dentro, ninguém percebeu que cada vez mais estavam adentrando naquela floresta deserta e escura. Podíamos ouvir claramente os sons assustadores que tinham no lugar, de repente algo nos separou. Era nítida minha expressão de pavor, então, sem notar, um garoto surgiu do meio da escuridão. Ele estava todo sujo e parecia estar ferido, sentindo minha presença, ouvi uma voz roça, aparentava ser a dele:





Fuja! Ordenou quase gritando.





F-fugir? Mas fugir do que? E afinal, porque você está tão ferido? Questionei enquanto me aproximava, sem medo, do garoto. Sem hesitar, já fui colocando meu braço em volta da cintura dele enquanto fazia se apoiar em mim. O moreno tinha ficado surpreso e começou a acompanhar meus passos lentos, para que assim ambos pudessem sair logo daquele lugar que me dava arrepios.





Algum tempo se passou e já podia ver todos da festa, que estavam a minha procura. Devia ter passado muito tempo lá. Meus pais, tios, primos, primas e convidados de Mitsu; ao me verem tentando ajudar aquele rapaz vieram socorrê-lo imediatamente. Ao ver os mais velhos tirando ele de perto de mim, lembrei-me do que me dissera antes: “Fugir. Afinal, do que ele estava fugindo e por quê? Enfim, quando ele estiver melhor, pergunto para ele. O importante agora é ele melhorar.” Pensei comigo mesma. Logo vi todos os jovens da festa, inclusive as garotas, vindo falar comigo:



Nossa, Neko, o que você fez com o garoto?




Neko, Neko, olha lá hein, ele pode estar só fingindo.




Ele está sendo perseguido, rápido vamos fugir!


E foram esses tipos de comentários que eu ouvi, mas ignorei. Não consiga prestar atenção em mais nada se não fosse naquele garoto que achei no meio da floresta. Acho que poderia ser a minha imaginação, só que quando o vi ele estava bastante diferente de como chegou aqui. Não sei, parecia mais alto e até perigoso. Bom, isso deve ter sido coisa minha mesmo. Então foi assim que me perdi em meus pensamentos até o fim da comemoração de Mitsu que, por conta do acontecido, já estava chegando ao final. Aí só voltei a mim quando ouvi alguém me chamar para dentro da casa de minha prima:




Neko! Disse minha prima, Sakura, aos berros. A sua mãe tá te chamando lá dentro e o garoto lá tá causando mó confusão.



Sakura. Disse seu nome enquanto ouvia-a. Tudo bem, diz pra minha mãe que já vou. Tenho que ver como ele está.



Ao chegar ao quarto do garoto que ainda não sabia o nome, reparei que até mesmo os adultos estavam com medo dele. Olhavam-me com uma cara de preocupação e nervosismo antes mesmo de eu si quer saber o que estava acontecendo. Até então que ouvi uma voz roça saindo daquele quarto de hospedes que se não me engano, era lá que ele estava:




Por que me trouxe aqui? Por que não tem medo de mim? A voz dele parecia ecoar na minha mente, mesmo sem saber o porquê daquilo. Fuja enquanto é tempo...

Cada vez que me aproximava mais do quarto, consiga sentir uma presença forte e que até parecia magia. Só que ignorei essa hipótese já que não sou mais criança para acreditar nisso. Chegando lá vi que todos tinham ido embora e o estado do quarto era horrível. Estava tudo jogado no chão e bagunçado. O garoto tinha percebido minha presença e então sussurrou em um tom enquanto estava em pé olhando a lua através da janela transparente e aberta do cômodo:





Me chamo Hunk. Falou enquanto se sentava no parapeito da janela. Quando eles viram que eu estava melhor, saíram.





E eu me chamo Neko. Sussurrei em um tom baixo meu nome para Hunk. Fiquei olhando aquele rapaz que aparentava ter no máximo 18 anos. Era adulto, moreno e seu cabelo longo de cor escura era fascinante; não pelo fato de ser longo, mas sim porque parecia que a luz da lua aqueles cabelos ficavam roxos. Não tinha percebido que fiquei parada por um tempo olhando para ele.





Está me olhando, por quê? Nunca viu alguém assim ou eu a intriga? Questionou-me, ainda olhando para o céu.





N-não. É que eu fiquei preocupada com você, só isso. Já que eu te encontrei na floresta e tava todo machucado, quis ajudar. Retruquei e logo toquei no assunto que estava tomando meus pensamentos daquela noite. Hunk, você tinha dito para eu fugir... Mas fugir do que? Ao perguntar senti que o deixei tenso. Logo antes de tentar responder me virei e fui em direção ao corredor. Não precisa falar agora, mas ainda quero saber do que estava falando. Bom, se quiser falar comigo eu vou estar lá fora ou então com a minha mãe, já que ela me chamou.





Terminando minha conversa com Hunk, fui procurar minha mãe que estava querendo falar comigo. Depois de um tempo procurando-a, ouvi uma voz que parecia com a dela me chamando:





Neko! Era minha mãe berrando meu nome aos ventos na esperança de me encontrar.





Oka-sama? Respondi com minha voz roça meio afinada baixa.





Neko, quem é aquele garoto e como você o achou na floresta?! Interrogava-me enquanto deixava nítida sua preocupação na voz que saia alta e ecoava pelas paredes que pareciam alongar o seu tom de nervosíssimo.





Calma, oka! Eu posso explicar tudo. Sussurrei tentando acalmar minha mãe.





Enquanto explicava para minha mãe como encontrei Hunk na floresta, o estado da criatura e de como estava ferido; o “assunto” estava se retirando do quarto aonde descansava e indo para fora. Era como se a floresta o chamasse para dentro, para completar um serviço não terminado ou dar fim a algo. Logo percebi um vulto saindo do quarto de visitas de minha família e quando me toquei era o rapaz de pele morena e cabelos longos ora preto ora roxo; despedi-me de Suzuki para ir atrás dele. Tentei chamá-lo, mas senti que me ignorou ou até não tinha me ouvido.





Depois de algum tempo indo atrás do Hunk, resolvi olhar em volta e era pura escuridão. Distrai-me e quando vi por mim estava perdida. Já não gostava nada de lugares escuros, sendo uma floresta e, ainda mais, a que eu sempre temi desde pequena, só piorava a situação:





Hunk? Huuunk! Gritava no meio da floresta em busca dele.





Enquanto adentrava naquelas moitas arrepiantes pude ouvir algo como se estivesse se rastejando sobre o chão, procurando algo para comer. O mais sensato de se pensar era em uma cobra, mas depois que encontrei Hunk no mesmo lugar, comecei a duvidar dos meus pensamentos. Sendo cobra ou uma pessoa, não era bom que encontrasse nada ou alguém que não conhecesse. Afinal, estava sozinha naquele lugar que me dava arrepios desde pequena.





De repente vejo uma sombra que parecia humana, achei que era ele então fui em direção do vulto. Quanto mais me aproximava, avistava a fisionomia bem parecida com aquela. Mas ao chamar seu nome, virou-se e vi que era alguém completamente diferente. A única semelhança era a altura. E esse desconhecido tinha uma pele mais clara, cabelos curtos e levemente loiros. Fiquei sem reação, não sabia o que fazer. Poderia ser amigo ou não do Hunk. Estava escuro demais quando me desviei meu olhar assustado para o céu. Enquanto o outro me olhava com uma expressão estranha, não consegui fazer mais nada além de ficar lá paralisada. Até que me dirigiu a palavra:





Hunk? Não fale o nome desse traidor! E quem é você para me dirigir a palavra? Ainda mais sendo uma humana.





Traidor? Do que está falando? “Humana”? Como assim? Interroguei-o enquanto tentava manter a calma, mas era difícil. Ainda mais depois de ter falado a palavra “humana” como se não fosse um.





Parecia que com minhas perguntas, ele tinha ficado extremamente furioso. Aparentava não gostar dessa raça. A única coisa que consegui sentir foi o vento se cortar com um de seus movimentos, seu olhar era frio junto com sua expressão que deixava nítido o nojo que tinha em seu coração. Então em um piscar de olhos, estava erguida por uma de suas mãos. Assustada, olhei fixamente para ele. O medo tomava conta de mim, não saia nem ao menos um som de minha boca. Achei que estava pirando porque dentro de seus olhos havia um brilho obscuro, com sede de sangue humano.





Acabei perdendo a consciência e quando acordei estava com Hunk. Ele tinha me colocado nas costas enquanto segurava minhas coxas, para me levar até a casa de minha prima novamente. Estava com meus braços perto de seu pescoço, ao perceber minha situação corei sem perceber:





Hunk... Sussurrei em um tom baixo seu nome, enquanto deitava minha cabeça no ombro do mesmo.





Deve estar cansada... Já estamos chegando e parece que estão a nossa procura. Retrucava com uma voz calma e singela enquanto chegávamos até lá.




Depois de algum tempo alcançamos nosso destino, a casa de Mistu. Mas ele parecia perceber de longe a confusão do lugar, e não queria que eles nos vissem daquele jeito. Então me colocou no chão enquanto ficava olhando o rapaz. Mesmo assim uma voz ecoou até que consegui enxergar Mitsu. Ela estava preocupadíssima comigo e percebi o olhar de raiva que lançou para Hunk.



Onde você estava?! Todos estão que nem doidos te procurando. Berrara aos ventos enquanto sentia-a apertar os braços em meu pescoço, findando no abraço que me dera. Quando me soltou foi em direção do rapaz que estava um pouco atrás de mim. O que você fez com a Neko? Bem que suspeitaram de você! Vem, Kamio, nem sei por que você ajudou esse estranho aí. Afinal que pessoa normal iria ficar na floresta? Reclamava com ele parecendo que iria cima do mesmo.




Calma, Mitsu, calma. Tá tudo bem. Todos estão bem, não é? Eu e o Hunk, estamos bem. Retrucava na tentativa de acalmá-la enquanto tirava-a de perto dele.





Não precisa se preocupar. Nem era para sua prima me encontrar, mas agora eu estou indo embora. Desculpe estragar sua festa ou o que for. Adeus. Bradou ele com um tom de voz alto e rígido enquanto se afastava.






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