A Rosa De Masyaf escrita por Akiel


Capítulo 14
Caminhos




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A Rosa de Masyaf

Caminhos

– Clay? – o nome deixa os lábios do rapaz em um sussurro surpreso. Desmond fica de pé e caminha lentamente para trás – Não. Isso não é possível. É só mais uma alucinação.

– Acalme-se, Desmond. – Dezesseis pede também de pé, as costas apoiadas em uma coluna, os braços cruzados sobre o peito – Isso não é uma alucinação.

– Mas como? – o mais novo questiona, não acreditando nas palavras do outro. O ex-bartender olha o assassino de cima a baixo. Ele não o vê como no Animus, mas exatamente como ele via Anna. Um fantasma.

– Você fez uma escolha, Desmond. – Clay responde – Abriu um caminho. Parte de um, de qualquer maneira. – as palavras de Kaczmarek fazem o mais novo voltar a pensar em Anna. As mesmas palavras – Você escolheu seguir um erro Daqueles Que Vieram Antes. – Dezesseis continua, começando a se aproximar do outro rapaz – A consequência dessa escolha é me fazer conectado a você para que você possa encontrar o outro erro que abre a parte que falta desse caminho.

Erros? – Desmond pergunta com a voz se elevando um pouco – Que erro eu segui? E que erro devo encontrar?

– Você sabe que erro seguiu. – Dezesseis responde parando a apenas dois passos do outro assassino – Você ouviu quando foi chamado de erro.

Não! Desmond se lembra da voz de Juno. Isso é um erro!

– Anna achou a Maçã de Altaïr. – o ex-bartender diz – Juno disse que era um erro.

– Quase. – Clay diz – Você não vê, Desmond? Anna é o erro.

– Do que está falando? – confusão se desenha na face do mais novo.

– Quando Juno me disse para ajudar você, ela me mostrou os cálculos que eles fizeram para você. – Dezesseis explica – E Anna não fazia parte. Ainda assim, ela foi levada, através de Altaïr, até você. Por quê? Como? Essas respostas eu não sei.

– Mas nada disso explica como ou por que você está aqui. – Desmond diz tentando esconder a surpresa e confusão que sente acerca das palavras do mais velho.

– Eu sou um erro. – Clay diz abrindo os braços – Assim como Anna. E erros se conectam quando são apagados.

O ex-bartender então se lembra da memória da morte de Anna, revivida pouco tempo depois da Ilha do Animus e Clay começarem a desaparecer.

– Você e Anna... Se conectaram? – Desmond questiona não conseguindo acreditar.

– Seguindo-a, seguindo as memórias dela, você abriu parte de um caminho, Desmond. – Clay responde – Com a morte de Anna, uma porta teve que ser criada para que você pudesse encontrar o erro que falta e abrir o restante do caminho. – uma pausa e então o semblante do assassino se torna mais sério – Eu sou essa porta, Desmond. Eu estou aqui para ajudá-lo a encontrar o erro que resta.

– E que – ou deveria dizer quem – é esse erro? – Miles pergunta.

– Ah! – Clay sorri – Se eu apenas dissesse, seria fácil demais, não acha?

– Desmond! – o rapaz ouve no mesmo momento em que Dezesseis desaparece – Você está bem? – Rebecca pergunta, preocupada ao encontrá-lo recuado em um canto do corredor.

– Sim. – o rapaz responde de maneira lenta, balançando a cabeça e coçando os olhos – O que houve?

– Eu vim ver se você está pronto para voltar ao Animus. – a garota responde em um tom suave.

– Claro. – Desmond diz tentando sorrir e caminhando em direção ao local onde a máquina foi colocada – Vamos lá.

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Assim, Desmond retorna ao Animus e a vida de Haytham Kenway. O assassino acompanha enquanto o antepassado tenta localizar o local feito por Aqueles Que Vieram Antes que se abrirá com o amuleto que ele carrega no pescoço. Para tanto, Haytham conta a ajuda de uma índia mohawk. É claro que, para conquistar a confiança dela, o inglês é forçado a ajudá-la a se livrar de alguns inimigos. Uma vez que se prova confiável, a índia o leva até o local. Esse, por coincidência, é o mesmo que Desmond se encontra. Entretanto, a chave de Haytham não é a correta para abri-lo.

Após se despedir de Ziio, Haytham volta a se encontrar com seus parceiros. Nessa reunião, todos concordam em receber Charles Lee entre eles, como um membro oficial da Ordem. É nesse momento que, para a surpresa de todos, Haytham prova ser um templário e não um assassino.

– Todos viram isso, certo? – Desmond pergunta ao ser desconectado do Animus.

– Uau! – é o comentário de Rebecca.

– Uau, mesmo. – Shaun completa.

– A chave deve ser o amuleto que Haytham trouxe de Londres. – Desmond diz.

– Podemos conhecer o seu aspecto, mas isso não nos deixa mais próximos de encontrá-lo. – William diz em um tom sério e firme – Desmond, você precisa continuar.

– Ei, ele também é seu antepassado. – o ex-bartender responde saindo do Animus e caminhando em direção ao pai – Por que não entra no Animus?

– Mesmo? Essa é a sua resposta? – o líder dos assassinos questiona – É como lidar com uma criança de seis anos. O que se passa com você, Desmond? – William pergunta por fim, se aproximando do filho.

– Quer saber o que há de errado? – Desmond pergunta se exaltando um pouco – Estou cansado de ser tratado como se não estivesse presente! Desmond faz isso! Desmond faz aquilo! Desmond, é bom que descubra as coisas antes que o sol transforme todos nós em cinzas. E eu sei que fui muito legal com você, mas na verdade, sou mais um numa longa lista de templários conspiradores e, sim, gostaria muito que fosse controlado por um feiticeiro mágico do espaço para que pudesse me matar. Portanto, aqui está sua resposta. – o rapaz dá alguns passos até o pai – Estou farto de ser tratado como um maldito peão! Pensei que seria diferente contigo. Quer dizer, você é meu pai! Mas acontece que não é melhor do que aqueles malditos templários!

A resposta de William é um soco certeiro no rosto de Desmond. O ex-bartender é amparado por Rebecca.

Nunca mais volte a me comparar com aqueles bastardos, ouviu? – William diz – Tudo que eu faço – tudo o que eu fiz – foi por você. Talvez eu tenha forçado um pouco demais. Talvez tenha pedido demais. Mas tente se lembrar exatamente do que está em jogo aqui. Você precisa se recompor, menino. Estamos ficando sem tempo.

Pai e filho são separados por Shaun, que ignora a pequena discussão e explica sobre a energia que alimenta o templo, proveniente de baterias como a que Desmond encontrou ao entrar no lugar. Infelizmente, parece não haver outras pelo templo, então o historiador explica que tentará encontrar pistas de outros no banco de dados da Abstergo. William aceita o plano e todos voltam a trabalhar. Desmond, por sua vez, decide andar pelo templo para esfriar um pouco a cabeça.

Enquanto caminha e escala pelos corredores, o ex-bartender ouve passos ecoarem no silêncio. Intrigado, o assassino se concentra e tenta localizar a origem do som e, por um momento, vê uma sombra seguindo por uma curva. Rapidamente, ele a segue, acabando em um canto largo e escondido. Desmond olha ao redor, procurando pela sombra e é surpreendido pelo aparecimento de uma luz dourada e pela imagem de Juno, acompanhada por um esquema do sistema solar.

– No princípio, quando pensávamos que podíamos ser salvos, procuramos enfrentar a fúria do sol e contê-la. – Juno começa a explicar – Seriam construídas quatro torres para puxar sua ira para esse local e dissipá-la. – conforme a mulher fala, imagens de suas palavras começam a aparecer – Mas mesmo com tudo o que sabíamos... Com tudo o que tínhamos... Levaria tempo demais. Poderíamos trabalhar mil anos e o nosso trabalho nunca estaria feito. A primeira torre ficou incompleta, o projeto foi abandonado. Nós seguimos em frente. Mas enquanto trabalhávamos em outros esforços, alguns voltaram. Pensaram que podiam automatizar o processo... O metal poderia terminar o que a carne não podia. – há uma longa pausa e então, Juno volta a falar – Se não podíamos ir de encontro ao abraço cruel do sol... Talvez pudéssemos bloqueá-lo. Já conseguíamos gerar os campos – para nos protegerem em tempos de combate. Mas essas eram coisas pequenas e simples. Para replicá-las em uma escala do tamanho do mundo... Faltava-nos a energia para fazê-lo. Metade do mundo, diziam eles, então. É melhor do que nada. Tentávamos. Falhávamos de novo. Um quarto, pediam eles. Mesmo isso, nós não conseguimos... Um sexto! Um oitavo! Um décimo, gritaram eles! A resposta continua a ser a mesma. Talvez, com o tempo, uma cidade pudesse ser poupada... Mas tempo era o que não tínhamos... Por isso, seguimos em frente.

E, então, tão rapidamente quanto surgiram, a luz, as imagens e Juno desaparecem. Sobra apenas o silêncio, as sombras e a sensação de ser observado. Desmond se vira, pronto para se deparar com Clay, mas não é o assassino mais velho que ele vê. É Anna. A ladra italiana parece vê-lo também. Ela sorri e se aproxima com passos lentos e decididos. A filha de Ezio é um fantasma como Dezesseis. Um fantasma que contorna o rosto do assassino com as pontas dos dedos, fazendo com que um arrepio corra pelo corpo do rapaz e encosta os lábios no queixo de Desmond, sussurrando:

– Não tema.

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Voltando para onde os outros se encontram, Desmond passa pela parte do templo que escolheram para fazer de dormitório e percebe que há um celular esquecido sobre um saco de dormir e que está piscando, anunciando uma ligação. O assassino se aproxima e nota que o aparelho pertence ao pai. Ele pega o celular e sente o peito se comprimir ao ler o nome escrito. Sophie. Sem pensar, Desmond aperta o botão para aceitar a ligação, mas não diz nada.

– Pai? – ele ouve a voz de Sophie do outro lado da linha e é como se ele a estivesse ouvindo no Animus de novo – Nós conseguimos localizar o fragmento e tirá-lo das mãos dos templários. Mamãe e Margareth estão com ele e elas vão levá-lo para que Gail o estude. Eu vou me reunir com elas assim que terminar de coletar mais algumas informações. – uma pausa e então a voz de Sophie se torna mais suave – Pai? Como Desmond está? Ele está bem? Você pode dizer a ele que espero vê-lo quando tudo isso acabar? – outra pausa – Eu sei que você está bravo comigo pelo que eu fiz, mas eu fiz por ele, pelo bem dele. Ligo de novo quando estiver com Gail. – com isso, Sophie desliga e Desmond é deixado olhando fixamente para o celular.

– Ela não pareceu se importar com o fato de que não teve nenhuma resposta. – o ex-bartender comenta baixinho tentando controlar toda a inquietação e toda a curiosidade que sente. A que fragmento Sophie se referia? E o que ela fez que não deixou o pai deles satisfeito?

– As ligações entre assassinos são normalmente assim. – Desmond levanta o rosto ao ouvir a voz de Clay. O mais velho está sentado de frente para o mais novo, as costas contra a parede, uma das pernas dobradas apoiando o braço e a outra esticada. – Informações são passadas, pedidos são feitos e acabou.

Desmond volta a olhar para o celular, pensando no pedido feito pela irmã. O assassino não consegue evitar se perguntar se ele realmente poderá voltar a ver Sophie.

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Depois de descansar, Desmond retorna ao Animus, agora sincronizando com as memórias de Ratonhnhaké:ton, filho de Ziio e Haytham. O assassino acompanha o crescimento do índio, passando pela traumática experiência de perder a mãe em um incêndio até a decisão de deixar a vila para perseguir um desenho visto em uma visão proporcionada por uma Maçã do Éden. Após algumas missões sob o treinamento de Aquiles, Desmond desconecta do Animus e é recebido pela notícia de que Shaun encontrou outra fonte de energia.

Seguindo essa informação, os quatro seguem até Manhattan. Chegando, eles formam um plano para que Desmond possa invadir o escritório onde a fonte de energia se encontra pelo telhado. Não é um plano difícil de ser colocado em prática e não demora até que Desmond se encontre com a fonte na mão. Entretanto, o assassino é recepcionado por um rapaz apontando uma arma para sua cabeça. Após uma breve conversa e um soco com a fonte, o ex-bartender consegue escapar.

Indo para a saída do prédio com cuidado e atenção, Desmond acaba sendo emboscado por dois homens. Pelo uniforme, o assassino os reconhece como agentes da Abstergo. Os desconhecidos ficam em posição de ataque e Desmond tenta, rapidamente, pensar em um modo prático e rápido de se defender. Só que antes que qualquer movimento possa ser feito, os dois agentes templários são derrubados no chão por uma sombra vinda da escadaria. Quando a sombra se levanta, o ex-bartender nota as lâminas ocultas em ambos os pulsos.

– Você deveria sair daqui. – a sombra diz. A face se encontra escondida pelo capuz cinza, mas a voz soa familiar para Desmond. – Eu vou te mostrar a saída.

Você sabe quem esse assassino é, não é, Desmond? O ex-bartender ouve a voz de Clay sussurrar em sua mente.

Sem opção e afastando o pensamento, o assassino segue a sombra desconhecida. Durante a corrida para fora do prédio, Desmond nota que a sombra exibe alguns problemas, quase imperceptíveis, para manter o equilíbrio. Esse detalhe o intriga. Logo, ambos se encontram fora do prédio e longe de agentes mandados pela Abstergo. Uma vez na rua, a sombra indica um caminho seguro para que ele siga. Antes que ela possa seguir por uma trilha contrária, Desmond a segura pelo pulso, sentindo o metal duro da lâmina sob os dedos.

– Espere. – ele pede – Não vai falar comigo?

– Eu não tenho nada para falar com você. – a sombra responde e tenta libertar o pulso. Desmond percebe como, mais uma vez, ela falha minimamente em manter o equilíbrio. – Você deveria ir. Tenho certeza de que tem uma equipe esperando por você. – ela consegue se libertar e se afastar alguns passos.

Sophie. – o ex-bartender chama em um tom de voz baixo, porém firme, retirando o capuz que cobre a face da assassina.

– Você deveria ir. – a mais nova diz dando alguns passos para trás – Eu também.

– Eu vou te ver de novo? – Desmond pergunta.

– Quem sabe? Se o mundo não acabar. – Sophie responde dando de ombros sem parar de se afastar. Apesar da fraca iluminação, o assassino pode ver o modo como as íris azuis da irmã brilham e tremem.

– E mamãe? – o rapaz questiona tentando sorrir.

– Ela está bem. Segura. – Sophie para por um segundo, mas não consegue esconder do irmão o fato de que só parou porque quase caiu.

Você está bem? – Desmond dá alguns passos em direção a irmã.

– Não se preocupe comigo, Des. – a assassina responde voltando a caminhar e se misturando entre as pessoas até desaparecer na multidão.


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Notas finais do capítulo

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